Mitsuo
Olhei para Kurai, ele também fazia o mesmo, não havia uma única recepção da parte dele. Mas nós éramos grandes amigos.
- Como vai a vida, Kurai? - Perguntei.
- Está ótimo - Ele murmura.
- O que veio fazer aqui? - Perguntei.
- Vim ficar com Rafaela. A sua visita será hoje, não é?
- Sim, eu creio que será... Bem, eu estou prestes a desistir.
- Não se preocupe, eu vou proteger ela. Afinal é o meu trabalho.
- Não a assuste. Ela está chegando.
Rafaela aparece na sala. A presença de Kurai fez a moça me encarar surpresa, olhei para ele, que só deu de ombros. Disse:
- Este é Kurai, Rafaela, um amigo meu que vai ficar contigo até eu voltar.
- Por que não posso ir junto? - Perguntou a moça.
- Terá gente que você não gostaria, coisas chatas e pessoas que podem querer seu mal.
- Isto é tão ruim! - Reclamou Rafaela.
- Concordo - Kurai murmura.
- Ah! Que susto! - A jovem reclama.
Parecia que um pequeno sorriso tinha surgido nos lábios dele.
- Desculpe, Rafaela, Kurai não fala tanto.
- Percebi... - Ela sorriu. - E como nós dois!
E, se virando para Kurai:
- Seja bem vindo ao clube dos introvertidos!
O rapaz encarou-a com estranheza.
Kurai
Olhei para a tal Rafaela, fiquei espantado, ela não ficou irritada por ter o meu espacinho, que tipo de garota ela era?!
- Você é muito quieto... - Ela riu.
- Rafaela, acho que estou indo - Mitsuo se levanta.
- Tudo bem... - Rafaela concorda.
Mitsuo
Cheguei perto da Rafaela. Ela me deu um beijo na bochecha.
- E vê se não faz nada de errado! - A moça riu.
Como se respira mesmo?
Quase caí, mas recompus minha postura. Kurai dá um sorriso, estava se divertindo com aquela cena.
- Tudo bem... - Murmurei, ainda meio vermelho.
Kurai levantou-se. Ele não falou nada. Saí.
Rafaela
Encarei Kurai, ele olhou para mim, sua mão pegou um pacote de biscoitos.
- Gostaria? - Perguntou.
- Bem... Eu... Tudo bem - Falei.
Ele encheu uma tigela, colocou na minha frente e jogou a caixa fora. Não criou nenhuma emoção na sua face.
- Você... Vai querer também?
- Não. Obrigado - Ele respondeu.
Comecei a comer, Kurai só me observava. Parecia não estar feliz com algo.
- Está tudo bem? - Perguntei.
Ele não respondeu. Eu não insisti.
Gayan
Será que eu esqueci de algo?
Comecei a vasculhar a sala, procurando se tinha o papel ou documento que parecia faltar, mas tudo estava no lugar, porque sentia que esqueci?
O que devo ter esquecido?
Foi quando peguei um caderno, que lembrei.
- Meu Deus! - Gritei. - Esqueci de falar a Kurai que Rafaela não sabe sobre nós!
Parei. Estava exagerando.
- Ele não iria falar tão abertamente sobre isso. Das poucas vezes que revelou, foi para amigos. Então não vai conversar sobre isso com uma completa estranha!
Rafaela
Kurai me olhou duas vezes.
Será que eu estou lhe irritando?
- Rafaela, é este seu nome, não?
- Sim - Confirmo.
- Acho que vou passar um tempo contigo, você e o Mitsuo fazem o que geralmente?
- Uh, vemos TV, jogamos... - Comento.
- ... E algo mais? - Perguntou.
- Não sei. Mitsuo é muito reservado neste assunto para fazer alguma coisa.
Kurai ficou em silêncio, olhei para uma mochila, o zíper estava aberto, posso ver um livro com cores preta e amarela.
- Que livro é esse? - Pergunto.
- É um caderno, na verdade. Quer ver?
Ele me mostra a capa.
Kurai
Por que estou mostrando esse livro para ela?! Eu devo estar louco!
Ela leu o título:
Desejos Podem Ser Fatais
O olhar dela se encontra com o meu.
- O que significa isso? - Ela pergunta.
- Tudo ou nada, depende do ponto de vista - Digo.
Por que diabos estou fazendo isso?!
- Como assim?
Decidi ir com mais calma desta vez:
- Olha, este caderno é um lugar onde desejos são reais, ou seja, tudo o que você escrever, acontece realmente, como se agora comandar o mundo só estivesse em suas mãos. Este caderno é perigoso e pode fazer alguém amar ou odiar, viver ou matar é algo que todos podem controlar, se tiverem esse caderno. Por isso o guardo comigo.
- E você está me contando tudo isso por quê?
- ... Não sei - Respondo com franqueza.
- ... Eu acho melhor você esconder isto, não é fácil manter alguém desconhecido longe disso.
- Uh? Você não vai perguntar como funciona?
- Você iria me contar? - Perguntou a moça.
- Creio que não.
- Então, estamos seguros por enquanto... - Ela riu.
- O que quis dizer com “ estamos ” ? Pois quem vai ser expulso será eu!
- Haha, eu estou incluída para não falar dos danos psicológicos.
- Oh, entendo! - Eu... Ri?
Como essa moça me fez rir?
- Bem, pudera! Estamos, creio, em plenas férias!
- ... É.
- Ah, sim! Você está aqui a trabalho!
Ela não pode conter um sorriso.
Será que é por isso que Mitsuo se apaixonou por ela?
Olhei para a moça, que estava pegando mais um biscoito, parecia não oferecer perigo algum, mas eu sempre tenho de estar em alerta.
Mitsuo
Bato na porta, um mordomo abre para mim, uma pequena retirada antes de entrar na sala fez-me perceber a fama de Collette entre os empregados.
- Entre! - Ela diz, quando bati.
Obedeci.
- Oh, Mitsuo? Vejo que recebeu minha carta.
- Sim. Caso contrário, não estaria aqui.
- Então, vamos falar do assunto que lhe trouxe. Eu vi que você saiu com uma garota, quem é?
- Não sei, Collette.
- Oh, faça-me o favor, claro que sabe! - Ela riu. - Eu a vi!
- Collette, por favor, saiba que eu não quero ter de envolver inocentes como da última vez!
- Oh, Mitsuo, você mudou muito! - Ela riu. - Ou vai me dizer que esqueceu o tempo passado?
- Não...
Mas Collete me silencia.
- ... Você se lembra? Ou terei de me lembrar?
Ela se senta de novo.
- Valery ainda está gostando de você? - Collette dá um sorriso.
- Sim... - Digo.
- Que bom! - Ela riu. - Isso me lembra aquela vez que você hipnotizou um homem só para fingir ser o ator mais popular, apenas para... Hey, espera...
Oh não.
- ... Você queria impressionar uma de nós?! - Ela se levanta.
- Collette...
Também me levanto. Collette sorriu.
Fiquei olhando-a sorrir.