Ao seu lado

By SrtaSnapeWinchester

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Samantha é uma jovem interna da medicina que tem sua vida destruída quando um agiota resolve cobrar uma enorm... More

Notas da autora
Passagem sem estorno
O novo acordo
Desejo de agrada-la
Descontroladamente
O que foi que te fiz
Dói te ver em outros braços
O que é perdido jamais voltará
Seu olhar e como um vírus
Perdoe-me com um beijo
Uma nova vida em Lisboa
Mais um dia normal

Sonhos roubados

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By SrtaSnapeWinchester

Atenção: o seguinte capítulo possui agressão doméstica e tentativa de assassinato.

Boa leitura!

Samantha tinha apenas 18 anos, mas já havia passado por coisa que muitos adultos nem sequer sonharia em passar.

Sua mãe morrera quando mais jovem e desde então seu pai começou a beber demais e se tornar um homem muito violento.

Sempre que chegava alterado em casa, batia na filha e dirigia vários insultos a ela. Samantha não via a hora de se livrar do karma que era o pai.

Até que um dia, Jonas, seu pai, passou dos limites. Quando chegou em casa, não somente bêbado, mas aparentemente drogado também, acompanhado de uma cara mal encarado, ele lhe acertou uma bofetada no rosto apenas porque ela demorou a abrir a porta.

- Não deveria bater em uma princesa dessas - disse o estranho. - Não vê que é muito linda e atraente para ficar com o rosto marcado?

- Você tem razão - falou Jonas se aproximando novamente da filha, que ainda chorava com a mão no rosto. - Ela realmente é muito atraente e se não fosse minha filha... - ele não completou o que ia dizer, pois cambaleou o pegar a jovem pelos cabelos e teve outra ideia. - Quanto você me paga por ela?

Samantha se horrorizou com as palavras do pai e começou a se debater em seu aperto. Ele a estava vendendo sem o menor pudor e ela não podia deixar isso acontecer. Se debateu ainda mais e o estranho abriu um sorriso totalmente felino.

- Posso deixar pela sua dívida, Jonas. Ela vai render muito mais na minha coleção.

Jonas a levou para o homem sob protestos e gritos e a entregou para ele. Por sorte, Samantha conseguiu escapar ao chutar entre as pernas do estranho quando este a tocou e correu porta afora. Ela não sabia por onde ir, não tinha ninguém, mas sabia que ficar ali por perto significava correr o risco de ser encontrada de novo e aí sim sofrer terríveis consequências.

Após muito correr sem parar, suas pernas bambearam e seu coração parecia querer saltar pela boca, estava cansada e precisava de um lugar para passar a noite.

Ela parou para se localizar, foi somente então que seu cérebro lhe permitiu processar o que realmente tinha acontecido, então chorou.

Chorou por ter um pai tão desgraçado que teve a coragem de vender a filha apenas porque não superou a morte da esposa e se acabou na bebida e nas drogas.

Após um tempo, ainda parada no mesmo lugar, Sam ouviu vozes murmuradas. Samantha não prestava atenção onde estava, e somente então percebeu que havia um terreno com um matagal por perto. Ela se escondeu atrás de um entulho e as vozes se aproximaram.

Samantha sentiu que seu coração iria saltar novamente. E se fosse alguém a mando daquele homem desprezível para capturá-la e levá-la para a prostituição?

Então ela começou a rezar para todos os santos possíveis para que não a encontrassem. As vozes se aproximaram mais. Samantha tapou a boca com a mão e prendeu a respiração, pois seja lá quem fossem, estavam muito perto. Então ouviu o barulho de algo sendo jogado ao lado dela.

As vozes se afastaram gradualmente e ela estava tão encolhida que ninguém a viu, para sorte dela.

Mas ela viu o que foi jogado ali ao seu lado. Era um corpo. Samantha mordeu a mão para não gritar, não conseguiu se mexer por muito tempo, com os olhos arregalados e o medo dominando cada centímetro do seu corpo.

Depois de um tempo, ouviu um gemido, e somente então ela saiu do transe em que estava.

O corpo estava vivo, como estudante de medicina, deveria ter sido a primeira coisa que ela deveria ter observado, mas ainda estava em choque.

Foi essa constatação que fez Samantha reagir. Estava escuro já, apenas a claridade da lua iluminava o local, mas a garota percebeu que se tratava de um homem e que ele sangrava.

Se tivesse notado esse pequeno detalhe antes, perceberia que o rapaz não estava morto há mais tempo, tendo maiores chances de salvar sua vida e se sentiu tola por isso, até mesmo preocupada.

- Consegue me ouvir? - ela perguntou baixinho e ele gemeu. - Tudo bem, não faz esforço, eles já foram. Ai, virgenzinha, o que eu vou fazer? - ela suplicou olhando para o céu sem ter uma direção.
Samantha se levantou e tentou saber onde estava.

O pânico ainda tomava conta dela, por isso não estava reconhecendo aquela parte da cidade, mas percebeu que a poucos metros dali havia uma casa em construção abandonada.

Mediu a distância entre a construção caindo aos pedaços e o entulho e pensou em mil maneiras de ajudar o homem a ir com ela até lá para não passarem a noite a céu aberto.

- Olha - ela falou após verificar se ele ainda estava consciente -, tem uma casa abandonada aqui perto, cerca de cinquenta metros, mas sozinha eu não consigo te levar. Você vai ter que fazer um esforço e me ajudar.

O homem bem que tentou, mas caiu por cima de Samantha, que caiu sobre o entulho. Ele desmaiou. Samantha se desesperou, mas começou a arrastá-lo devagar, muito devagar.

Quando enfim chegou dentro da casa abandonada, rezando para que as paredes não caíssem sobre eles, tateou os bolsos do homem à procura de fósforo ou isqueiro para iluminar o local e ver a gravidade do ferimento.

Não era um corte muito profundo, provavelmente fora nocauteado e por isso estava mal. Sobreviveria mesmo que ela não tivesse o ajudado.

Samantha decidiu que passaria a noite ali e antes do amanhecer iria embora, mas quando tentou cumprir esse intento viu que a pele do homem estava febril. Isso era um mal sinal, percebeu, e não poderia deixá-lo só, pelo menos não por enquanto.

Sam se sentiu culpada por não têhlo ajudado antes, mas pensou, "eu estava muito assustada, não teria como eu saber de qualquer forma, o que eu preciso fazer é baixar sua febre e procurar por sinais de infecção, mas como vou fazer isso neste ambiente tão precário?"

Quando o dia amanheceu, ela foi atrás de água e algo para baixar a febre. Percebeu que o terreno vazio era muito maior do que pensava e que não havia vizinhança por perto.

Sorte deles, mas ainda precisava de algo que o ajudasse e encontrou, um pouco distante dali, uma casa sem muros, sem reboco, totalmente desprotegida. Notou que as pessoas que moravam ali erram humildes.

Quase não havia mobília na casa, apenas um fogão que funcionava à lenha, algumas redes emboladas, onde provavelmente seus moradores dormiam e duas prateleiras, uma contendo panelas e outras poucas louças e outra contendo algumas poucas roupas e uma caixa em cima dela.

Samantha pegou a caixa. Para sua sorte havia algumas cartelas de remédios, entre elas, antitérmicos. Mesmo sabendo que era errado, pegou os remédios, uma garrafa de água, algumas goiabas que encontrou no pé ao lado da casa e saiu.

Ao chegar de volta na velha tapera, Samantha medicou o homem. A jovem notou as feições dele pela primeira vez e se perguntou em que estaria metido para que ficasse naquela situação.

E pela primeira vez ela sentiu medo de estar ali, ele poderia ser qualquer um, inclusive trabalhar para as pessoas que estavam procurando-a.

Ainda comendo uma das goiabas que pegou, se levantou e deixando a cartela de comprimidos e a garrafa ao lado do homem, se virou para sair, mas antes que cumprisse seu intento, uma mão a segurou.

- Obrigado.

Samantha observou o homem. Seus olhos castanhos combinavam com o cabelo grande e com a barba por fazer. Ele não deveria ter mais que 25 anos, ela pensou, e sua voz grossa arrepiou toda a sua espinha.

- Fico feliz por você já estar consciente - ela falou -, mas não me agradeça ainda. Estamos em um local muito precário, sem falar que podem nos encontrar aqui. Eu... eu já vou indo.

Samantha tentou soltar o braço, mas o homem continuou a segurando. Mesmo estando muito mal, e tendo perdido a consciência algumas vezes, notou que ela esteve a noite velando por ele.

- Não vai embora. - Ele estava tentando não assustá-la, mas continuava segurando em seu braço, surtindo o efeito contrário.

- Tudo bem, olha - Samantha mesmo assustada falou devagar -, eu trouxe goiabas. Sei que não é lá algo muito bom para comer, mas foi o que consegui.

- Obrigado. - Ele respondeu novamente, tentando se levantar, mas a jovem o impediu.

- Não, você não pode se levantar! Está com um ferimento aberto e com febre. Sabe o que isso significa? Que seu ferimento pode estar infeccionado e... -
Samantha não conseguia mais parar de falar devido ao seu nervosismo e o homem notou.

- Se você me ajudar, vou poder me levantar. - Ele a cortou já sem muita paciência com aquele falatório. - E se é goiaba o que temos, eu quero uma sim, estou com fome.

Sem opção, Samantha o ajudou a se sentar e lhe entregou duas goiabas. O homem comeu as duas e bebeu um pouco da água. Ainda estava sentindo dor, mas se levantou e se pôs a olhar o local.

- Que lugar é esse? - ele perguntou encostado no portal da tapera.

- Sinceramente, eu não sei. - Samantha sentiu-se envergonhada. Tantos anos morando no mesmo lugar e nunca tinha ido à parte mais humilde da cidade.

- Você não é uma garota da rua - ele constatou ao olhar para ela.

Embora Samantha não tivesse em sua melhor performance, dava para perceber que ela tinha uma educação razoável, e suas roupas não negavam que não pertencia à mais humildes das classes.

- Está enganado - ela respondeu. - Se eu não fosse, não estaria aqui.

- Não estou, mas se você diz, quem sou eu para discutir? Só tenho que lhe agradecer por ter salvo a minha vida.

- Qualquer um faria o mesmo. Não é preciso agradecer.

Samantha se afastou um pouco, entrando ainda mais na tapera velha. Ali aquele homem asqueroso e seus capangas não a encontrariam, mas não era um lugar seguro. Ela precisava mesmo encontrar outro local para passar daquele momento em diante, mas se encontrava totalmente perdida.

Se sentou no chão sujo, cheio de lixo, em posição fetal, e chorou por não saber o que seria da sua vida dali por diante.

Samantha não sabia o tempo exato em que estava ali, reclusa, mas pelo silêncio que estava, pensou que o homem tivesse tornado a se deitar.

Ela se levantou para ver se o homem ainda estava com febre, mas não o encontrou mais ali. Por um lado, a jovem se sentiu aliviada, nem ao menos sabia quem ele era e estava sozinha com ele, de qualquer forma ninguém a defenderia se lhe quisesse fazer mal.

Por outro lado, se preocupou. Não sabia quem era aquele homem, e ele percebeu que ela não era uma garota de rua. E se falasse dela para alguém? E se através disso, aquele cafetão asqueroso a encontrasse? Samantha novamente se desesperou, mas sabia que não podia sair naquele horário, seria muito arriscado.

Mesmo sendo um lugar com pouco movimento, alguém poderia vê-la e não era isso o que a jovem queria. Decidiu então que a noite sairia da tapera e passaria a noite em uma casinha de ferramentas que ficava perto da casa onde pegara os remédios.

Era um bom plano na cabeça de Samantha. Ela esperou e quando escureceu e a lua estava apontando, deixando a noite uma penumbra, resolveu sair. Estava certa quando pensou que aquele não era um local seguro, pois quando estava a uma certa distância, viu faróis de carro parados bem perto do entulho.

Samantha sentiu a pele se arrepiar e seguiu o mais rápido que pôde para seu local de destino. O carro, percebeu, havia saído do lugar onde estava e seguia na direção em que ela estava. Por estar andando escondida, acreditou que ninguém a viu, principalmente porque o motorista estava andando devagar, como se procurasse algo, ou alguém e passou direto.

Samantha estava com o coração batendo a mil, pensou até em desistir e ir para outro local, mas decidiu que pelo menos naquela noite seguiria o plano. Ela chegou no local onde a casinha ficava situada e sentiu um arrepio, o que fez com que tentasse entrar o mais rápido possível, mas para sua infelicidade, havia um cadeado trancando a porta.

-  Essa não! - ela sussurrou. - De manhã essa porcaria não estava trancada.

E foi nesse instante que ela sentiu uma mão enluvada em sua boca.

No desespero a jovem se debateu tentando se livrar da pessoa, mas seu oponente era demasiado muito mais forte do que ela.

- Não lute comigo e não vou machucar você. Vem. - Uma voz masculina entoou no ouvido dela em sussurros.

Ainda tentando se soltar, Samantha foi arrastada pelo homem, que a levou até o carro. Chorando, foi jogada no banco de trás do veículo, e quando pensou em sair correndo pela outra porta, alguém disse ao seu lado, sentado no mesmo banco à sua espera.

- Que bom que você está bem, Samantha Smith.

Samantha conhecia aquela voz. Seus pelos eriçaram com o cumprimento e ela soube que sua vida agora não pertenceria mais a ela mesma.

- Vamos conversar com calma em outro lugar mais agradável, menina. Você não se importa em dar um passeio, não é? - o homem perguntou enquanto o motorista arrancava com o carro.

Samantha ainda cogitou saltar do veículo em movimento, mas quando olhou de relance para o velocímetro, percebeu que estavam a mais de 120 e isso a fez desistir na mesma hora de seu intento e deixasse que o destino resolvesse como ficaria sua vida dali por diante.

Publicado: 09/11/2023

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