🤍 Capítulo não foi revisado, então desculpem os eventuais erros 🤍
#pandagravidinho 🐼
🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑
"Jungkook"
Meu mundo havia ruído. E eu era o único culpado.
Observando a paisagem distante de Seul do avião, eu me controlava para não cair novamente no choro, já que havia tantas e tantas pessoas ao meu redor, mas era difícil controlar quando agora eu tinha a plena certeza de que tinha feito a pior e mais impulsiva decisão da minha vida.
E eu não podia mais voltar atrás.
Eu havia enganado friamente Jimin para ele ir naquela premiação e não perder a oportunidade de sua vida.
ㅡ Ele ganhou. ㅡ ouvi a voz de Yugyeom e despertei do meu transe. O olhei ao meu lado, com a tela do celular virada para mim.
"Park Jimin faz apresentação memorável e leva o maior prêmio da noite".
ㅡ Eu nunca duvidei dele ㅡ sorri pequeno, observando seu sorriso na foto.
Ele estava lindo, mas não parecia feliz.
Mas ainda assim, seus olhos estavam brilhantes.
ㅡ É... ㅡ Yugyeom falou, guardando o celular. ㅡ Jimin é incrível, ele me surpreende cada vez mais.
Eu suspirei, assentindo, e voltei a olhar através da janela, mas ouvi novamente a sua voz:
ㅡ Aconteceu alguma coisa?
ㅡ Não aconteceu nada.
ㅡ Hyung, eu... eu não gosto de ser intrometido, mas eu tô vendo os seus olhos inchados e você não tocou no seu celular um minuto sequer. E como eu sei que você é o apoiador número um do Jimin, estou preocupado. Vocês não estão bem, né?
Suspirei pesadamente novamente, prendendo o lábio para não romper em choro.
ㅡ Dá mesmo pra perceber?
ㅡ Dá, e dá pra sentir. Eu pensei que iríamos viajar amanhã por causa da premiação e do vídeo que você pediu para encaixarem há alguns dias atrás, mas quando o chefe avisou que iríamos hoje, eu estranhei.
ㅡ Eu acho que tô sendo o maior babaca da vida do Jimin nesse momento. Eu disse a ele que iria à premiação porque ele estava quase desistindo de ir, mas não pude ir realmente, seria esperança demais pra ele e isso iria magoá-lo ainda mais.
ㅡ Esperança? Então... as coisas estão ruins assim?
ㅡ Estão no fim. ㅡ o olhei com sinceridade ㅡ E tudo o que eu não quero agora é magoá-lo mais.
ㅡ Mas... você acha que mesmo estando aqui, não está magoando ele? Quer dizer... você mentiu pra ele, né? Disse que iria vê-lo e não foi.
ㅡ Menti... ㅡ abaixei a cabeça, mirando minhas mãos ㅡ eu menti feio.
ㅡ E eu posso te perguntar o que realmente aconteceu? Não tô gostando de te ver assim, triste, a gente é brother.
Sorri para Yugyeom, me maltratando quando lhe contei:
ㅡ A gente terminou. Jimin e eu. E... eu fiz isso através de uma carta porque fui covarde e não pude olhar nos olhos dele.
ㅡ Vocês... ㅡ ele olhou ao redor, abaixando o timbre de voz ㅡ Vocês terminaram? Como assim, cara? E por uma carta, hyung? Isso é tão ruim quanto por mensagem! É sem respeito nenhum!
ㅡ Sem respeito? ㅡ olhei para minhas mãos, as unindo em vergonha ㅡ Acha que Jimin nunca mais vai me olhar na vida?
ㅡ Eu não sei, mas você deveria ter falado com ele, eu acho.
ㅡ Eu sinceramente não consegui pensar no que fazer, minha mente está tão cheia comigo mesmo que eu só consigo pensar em como me deixei ser quem agora sou. Mas eu não quero irritá-lo assim, nós temos dois filhos juntos, precisamos ficar bem por eles. E é isso que eu quero que Jimin sinta. Quero que ele seja feliz, e longe de mim, quem possivelmente é a pior pessoa do mundo pra ele.
ㅡ Ser quem você é, não é algo ruim. E mesmo eu achando que não perdoaria facilmente alguém que terminasse tudo comigo por uma carta, ainda acho que você e Jimin precisam conversar, o que vocês têm é algo verdadeiro demais, hyung. Eu só tinha visto isso em filmes e com os meus pais. Se acabou mesmo, Jimin ao menos merece saber isso olhando nos seus olhos, não acha?
ㅡ Eu sei, é o correto. Ele realmente merece isso. E eu o farei, com o tempo, quando voltar e ele não sentir nada por mim além de sentimentos que não lhe dê vontade de voltar comigo.
ㅡ Você não deveria se tratar assim...
ㅡ Como não? ㅡ voltei a mirar os olhos de Yugyeom ㅡ eu quase matei um cara e o fiz sentir medo.
ㅡ Mas, porra, hyung, você tava defendendo ele. Acha que eu ou qualquer outra pessoa que visse a pessoa que ama na situação que você o viu, não faria igual?
ㅡ O problema é que essa não é a última vez... quando eu descobri da traição da Dahyun com o Namjoon, eu bati muito nele, também, ele foi ao hospital naquele dia. E agora, eu fiz a mesma coisa. Eu me descontrolo quando estou explodindo em raiva. E o Jimin... ele já sofreu com isso. Ele foi vítima de agressão por homofobia e transfobia. Ele tem medos em si, e eu sempre quis lhe deixar o mais confortável possível porque eu jamais imaginei como foi o medo que ele sentiu. E sabe a dor que está sendo em mim, o homem que ele diz amar, fazê-lo sentir isso novamente? Eu... ㅡ respirei fundo, sentindo uma lágrima escorrer por meu rosto. Yugyeom foi rápido em buscar um lenço em sua bolsa e eu agradeci. ㅡ só me desculpa. Eu ando ferrado, eu tô ferrando tudo. Acabei com algo incrível porque sou alguém ruim, descontrolado e perigoso para ele. Agora eu vou aceitar as consequências. Certamente serei preso, ele vai afastar as crianças de um pai criminoso e acho que até a minha mãe se envergonhará de ter um único filho como eu. Ficarei sozinho no mundo.
ㅡ E você sinceramente acha que isso é melhor do que qualquer outra coisa, hyung? Não! Você tem dois filhos lindos, eles são seus independente de tudo. Eu ouvi os boatos do Jimin ir sem medo algum até a delegacia, e ele saiu em notícias por isso. Mas sabe o que elas diziam? Que ele havia sido a vítima, mas você havia sido o herói. Ele te ama infinitamente, eu nem preciso ser ele pra saber. E ele com certeza está desolado agora. Talvez com ódio, mas também com o coração partido porque sabe que você foi embora assim porque está com medo. E tudo, hyung, absolutamente tudo no mundo pode ser superado quando a gente quer. Então apenas queira, tá? Pode não ser agora, tome um tempo se precisar, mas apenas queira tê-los de volta e isso acontecerá. Mas, por favor, fale com ele. Se desculpa, conta o que sente, qualquer coisa, só não deixa ele no escuro como se não fosse nada.
Abaixei minha cabeça, sentindo mais lágrimas romperem e eu me sentir completamente vazio.
Yugyeom me tocou, afagou meus ombros e informou que buscaria uma água para eu beber, talvez me acalmar mais.
Mas não havia nada que fizesse o meu coração acalmar naquele momento.
O restante da viagem foi quieto. Nós chegamos no hotel e já passava da meia-noite. Eu me despedi de todos e segui sentindo o peso sobre os meus ombros.
Sequer desfiz minhas malas. Apenas retirei minhas roupas e fiquei por minutos infindos debaixo do chuveiro, derramando todas as lágrimas que eu podia e me permitia, sentindo ódio, culpa e arrependimento.
Quando me deitei, passava das três. Busquei meu celular, havia mensagens de todos, menos de Jimin. Havia inúmeras ligações da minha mãe, de Seokjin e até Taehyung, que a propósito, havia me mandado uma mensagem com xingamentos compreendidos facilmente.
Eu era um babaca naquela altura.
Entrei na mensagem com Jimin, mas não consegui lhe enviar nada além de uma única frase.
Jungkook:
|Por favor, me odeie.
Ele não deveria estar online naquele momento, mas quando fechei meus olhos para tentar dormir, senti meu celular vibrar, e com peso, o busquei.
Jimin:
|Você por acaso já me odeia?
Suspirei, me sentando sobre a cama, pensando se deveria lhe responder realmente. Aquilo seria a porta aberta para continuarmos ligados, e eu queria fechá-la.
Mas meu coração parecia diferir da minha mente. Meus dedos digitaram ao seu comando.
Jungkook:
|Acho que te odiar é a coisa mais difícil que eu terei que conquistar. Certamente irei falhar.
Jimin:
|Então quando você me odiar, eu te odiarei, também. Até lá, se cuide.
Me cuidar?
A mão que apertava meu coração naquele momento, infiltrou suas unhas, rasgando, fazendo-o queimar em culpa.
Naquela noite, eu não consegui pregar meus olhos. Não respondi ninguém, sequer atendi a ligação de minha mãe e Seokjin. Foquei no meu trabalho, mas conseguia ver a notória forma em como todos me olhavam.
ㅡ Cara, você não dormiu? ㅡ Yugyeom me perguntou. Eu apenas neguei. ㅡ você tá péssimo, mas isso aqui só vai pra frente se você estiver.
ㅡ Eu sei, não se preocupe, farei meu trabalho com profissionalismo, pode seguir com o seu.
Yugyeom assentiu, mas se afastou e por vezes ainda me olhou, ele parecia preocupado.
Quando voltei para o quarto, recusei o convite de todos da equipe para jantarmos fora. Me privei de tudo o que poderia me tirar o mínimo riso, era como uma drástica punição.
Jantei no silêncio, e deitei novamente, desejando apagar para fazer ao menos um pouco de todo o turbilhão de pensamentos em minha mente, cessar.
E foi assim no dia seguinte e no dia seguinte aquele também. Eu não conseguia me alimentar bem, não conseguia dormir por mais de uma hora sem acordar e ficar mais horas esperando o sono voltar.
Mas no quarto dia, como no primeiro, por volta das três da manhã, recebi uma nova mensagem, e como se meu corpo nutrisse forças apenas para ele, em meio ao turbilhão de mensagens não respondidas, eu o respondi outra vez sem esperar por sequer um minuto.
Jimin:
|Passaram-se alguns dias. Você já me odeia?
Soprei uma risada sem humor algum e me mantive deitado.
Jungkook:
|Ainda não consegui...
Jimin:
|Tudo bem. Descanse, então.
Jungkook:
|Eu... eu posso te perguntar algo?
Jimin:
|Claro.
Jungkook:
|Por que ainda não me odeia?
Jimin:
|Eu sinto muita raiva de você agora, Jungkook. Mas não odeio ainda. Então, isso quer dizer que, de alguma forma, eu ainda te amo. Eu me importo e me preocupo até no porquê você estar acordado a essa hora. Se você está comendo, descansando, em tudo...
Jungkook:
|Me desculpa por tudo o que eu te fiz, Jimin. Eu fui tão covarde, mas não conseguia ver que iria te magoar mais do que já havia feito.
Jimin:
|Não. Eu não vou te desculpar. Quando você estiver olhando nos meus olhos, você pede desculpas e fala tudo o que tem para falar. Então você poderá me deixar. Tudo bem?
Jungkook:
|E se eu não conseguir? Eu acho que tenho medo de me aproximar de você. Tenho medo de nunca mais conseguir.
Jimin:
|Tudo bem, sem pressa, então. Eu vou continuar esperando por você.
Senti quando novamente minhas lágrimas desceram sem aviso, e limpei o mais rápido que pude.
Jungkook:
|Seria mais fácil se você me odiasse.
Jimin:
|Eu sei. Eu já tentei por esses dias, mas não consegui. De verdade.
Jungkook:
|Você é perfeito até com quem não merece.
Jimin mandou um emoji que naquele segundo, eu não soube lê-lo. Não sabia se ele concordava, se estava chateado, nada.
Por tanto, envergonhado até por falhar com meus filhos, eu resolvi mudar de assunto.
Jungkook:
|Como eles estão?
Jimin:
|Estão acordados. Os horários andam um pouco confusos.
Jungkook:
|Eles estão bem?
Jimin:
|Acho que estão com saudade. Saudade de você, da sua voz, não sei. Você... Você por acaso quer vê-los? Havia prometido que os ligaria e não o fez ainda...
Meu coração acelerou naquele segundo, minha saudade maior eram os meus filhos, e ter criado a fantasia de que Jimin os afastaria de mim, estava me matando aos poucos porque eu ainda não havia lhe ligado por puro medo.
Jungkook:
|Por favor, eu quero muito, Jimin.
Me sentei sobre o colchão e limpei meu rosto com pressa. Respirei fundo quando Jimin me ligou por vídeo e quando pude enfim atender, notei seus olhos desesperados. Os meus eram fracos, tremiam enquanto prendiam mais do meu choro.
ㅡ Oi, papai. ㅡ ele desviou os olhos, sorrindo para Ariel em seu colo, a fazendo acenar para mim.
Dei meu primeiro sorriso em dias, sentindo um alívio sem igual ao ver o rosto de Ariel.
ㅡ Oi, princesa... ㅡ falei, um pouco rouco, mas me senti cheio de energia quando vi seus olhos se abrirem e buscarem por mim.
Jimin riu baixo, e me aqueceu ainda mais o coração por percebê-lo sobre a nossa cama, e segundos depois, NamHa aparecer ao seu lado, engatinhando até se segurar na camisa que ele usa, tremendo todo o corpinho ao ficar de pé sobre o colchão.
ㅡ Papa? ㅡ ele falou, e mesmo que naquele momento, um novo riso tivesse me escapado, uma nova lágrima também desceu, e eu me envergonhei por Jimin vê-la.
ㅡ Me desculpa. ㅡ pedi baixo.
ㅡ O papai está aqui, filho. ㅡ Jimin o buscou, talvez não se importando com aquilo ou apenas fingindo que não havia acontecido.
ㅡ Oi, filhão? Vocês deveriam estar dormindo.
ㅡ Papa! ㅡ Ariel sorri, enfim me vendo, e NamHa se aproxima, todo tortinho, tentando buscar o celular da mão de Jimin enquanto saliva escorria por seu queixo.
Jimin riu, o buscando para deixar sentado em seu colo também.
ㅡ Eles estão mesmo sem conseguir dormir?
ㅡ É, está um pouco difícil, mas tudo bem. ㅡ ele me respondeu ㅡ trouxe eles para ficarem comigo hoje ㅡ Jimin deixou que eu visse os bercinhos desmontáveis ao lado da cama. ㅡ logo vão dormir. Não é? ㅡ ele olhou para nossos filhos.
Suspirei sem perceber, sentindo meus próprios olhos pesarem. Mas naquele momento, o mais incrível foi ver Ariel bocejar e buscar melhor o colo de Jimin, enquanto NamHa começou a chupar dedo, brincando com os próprios cabelos, também sonolento.
Naquele momento, Jimin e eu ficamos em silêncio. Eu não conseguia desligar, tampouco desviar os olhos dele.
E ele parecia tão quieto.
ㅡ Como foi o natal? ㅡ perguntei, vendo-o enfim parecer sair de seus próprios pensamentos.
ㅡ Foi bom. Sua mãe, diferente do ano passado que passamos sozinhos, veio para cá. Ela, Taehyung, Seokjin... ficamos juntos até o jantar, e depois ela dormiu no quarto de hóspedes. Fez até um bolo de baunilha no dia seguinte.
ㅡ Deve ter sido maravilhoso.
ㅡ Foi quase. ㅡ ele pareceu dizer sem pensar. ㅡ Estava tudo muito quieto, faltava algo.
ㅡ Eu presumo...
Jimin sorriu pequeno, mas olhou para nossos filhos, sorrindo maior quando os viu dormindo bem ali.
ㅡ Acho que agora só acordam amanhã. ㅡ falei ㅡ e eu nem lhes dei boa noite...
ㅡ Eu dou por você. ㅡ ele disse, me olhando ㅡ mas acho que é melhor você ir descansar também.
ㅡ Tudo bem. Eu te...
Jimin respirou fundo, assistindo quieto, mordendo o lábio inferior como antes eu fazia para reprimir algo.
ㅡ Boa noite, Jimin.
ㅡ Boa noite.
A ligação findou-se e eu me mantive na mesma posição por minutos, até cair a ficha de que eu não disse que lhe amava. E eu não parava de pensar que aquilo talvez tenha sido ainda pior.
Mas não lhe mandei uma mensagem com o dito, caso esteja pensando a respeito. Eu tentei dormir, e quando passava das quatro, eu enfim consegui.
No dia seguinte, tivemos a primeira eliminação do programa da Dae-min e eu me senti nervoso quando vi que agora havia câmeras, e todos da equipe teriam que dar seus depoimentos sobre o que achavam dos participantes que haviam sido eliminados.
ㅡ Relaxa, hyung, você tá bonito. ㅡ Ouvi Yugyeom falar, mas ia além disso.
Eu não nasci para estar de frente com câmeras, e isso me dava um nó no estômago.
Mas como se fosse habitual e já tivesse ouvido por inúmeras vezes, ouvi a voz de Jimin falando sempre como imaginava ser alguém que ele amava no lugar da câmera e assim sorria mais. Ou simplesmente esquecia que era uma câmera, e assim acabaria mais rápido.
Mas eu não tinha o mínimo jeito disso.
Não conseguia imaginá-lo ali pelo fato de não estarmos no melhor momento, mas fiz a maquiagem e até ouvi elogios da maquiadora sobre minha pele estar boa, mesmo comigo sempre bocejando por aí.
ㅡ Não tem dormido bem? A cama do hotel não é boa? ㅡ ela perguntou, finalizando.
ㅡ É excelente, eu só não consigo dormir em uma cama que não é a minha, mesmo. ㅡ menti, a vendo sorrir e tendo uma breve sensação de que a conhecia de algum lugar.
Mas não era pra muito, afinal, ela era da Dae–min, seu crachá indicava isso.
Sentei no local que haviam me indicado e olhei para a câmera. Minhas mãos suavam, mas eu não conseguia me sentir menos nervoso.
ㅡ Relaxa, olha pra mim. ㅡ ouvi a voz de Seokjin e arregalei meus olhos ao vê-lo parar atrás da câmera.
ㅡ Hyung, é você mesmo?
ㅡ Ué, você acha que está tendo uma visão? O que comeu no café da manhã?
Ri baixo, negando.
ㅡ Torradas. Mas eu pensei que você não estava escalado pra esse programa.
ㅡ Não estava, agora estou. Mas se concentre, respire fundo e comece.
Assenti, ouvindo o diretor me dar instruções e enfim iniciei a filmagem. E mesmo que eu não tenha me saído com excelência, ter Seokjin ali me ajudou muito.
E quando tudo enfim finalizou, eu o abracei, sentindo um pouco de conforto em senti-lo me retribuir o toque.
ㅡ Me desculpa não ter te respondido. ㅡ falei.
Ele negou e me deu um tapa no ombro. Um tapa nada fraco.
ㅡ Não desculpo nada. Mas vamos para o seu quarto.
ㅡ Você não tá com um quarto só pra você?
ㅡ Eu tô, mas quero ver o seu. ㅡ ele falou.
Assenti, me despedi da equipe, ouvindo Seokjin aceitar o convite de jantar fora até mesmo por mim, e seguir para o quarto que eu o indiquei.
ㅡ Pela santa fé no cordeiro! ㅡ ele falou, assim que entrou no meu quarto ㅡ quem morreu aqui?
ㅡ Ninguém, poxa... ㅡ busquei minhas roupas sujas e coloquei no cantinho ㅡ eu só esqueci de pedir o serviço de quarto.
ㅡ Jungkook, você tá dormindo nesses lençóis há quanto tempo? ㅡ ele indicou com os dedos ㅡ que marcas são essas? ㅡ pegou o travesseiro com as pontas dos dedos.
ㅡ São só lágrimas, hyung, para de frescura...
ㅡ Frescura? Isso aqui parece um túmulo de tão escuro, fedido e triste. Nem quando eu fui ao seu apartamento após a primeira separação estava tão ruim assim.
ㅡ Eu sei...
Seokjin suspirou, negando, mas foi até o interfone e pediu serviço de quarto, mesmo sabendo que talvez fosse custar caro pelas condições que tudo estava.
ㅡ Graças a Deus, o Yoongi é rico. ㅡ ele falou, sentando na mesa onde eu estava. Seus olhos estavam em mim, me analisando para ser mais correto. E ele parecia não gostar de nada o que via. ㅡ posso ser sincero?
ㅡ Mais? Não, por favor.
ㅡ Vou ser mesmo assim. Você tá péssimo.
ㅡ Eu sei...
ㅡ E tá com o cabelo péssimo. Eu não deveria ter te deixado gravar com esse ninho de beija-flor na cabeça.
ㅡ Tá ruim assim?
ㅡ Tá. Mas enfim, você sabe que eu só tô aqui por você, né?
ㅡ Por mim? Você não está no trabalho?
ㅡ Agora eu tô. Forcei o Yoongi a achar uma vaga pra mim e ele ainda vai me pagar o dobro, oh, glória! ㅡ ele ergueu as mãos, me fazendo rir brevemente, mas logo em seguida voltou a me olhar, então meu riso cessou no segundo em que ele inclinou o corpo sobre a mesa ㅡ que merda você acha que está fazendo, Jungkook?
ㅡ Por favor, não me julga.
ㅡ Eu julgo, e julgo muito! Você é burro, seu idiota?
ㅡ Hyung...
ㅡ Sem hyung dessa vez, Jungkook. Meu marido e meu filho estão na sua casa nesse instante, porque agora estou em outro país por um idiota que não para pra pensar no que faz.
ㅡ Shibal tá lá em casa?
ㅡ Não muda de assunto! ㅡ ele grita, mas sorri quando ouve batida na porta e se ergue para abrir e receber as moças que vieram para limpar o meu cantinho deprimente.
ㅡ Eu não pensei, eu sei.
ㅡ Ainda bem que sabe. O que você acha que está fazendo, Jungkook? Você vai mesmo abandonar tudo?
Suspirei, olhando as moças ali.
ㅡ Vou trocar de roupa e então a gente pode conversar melhor.
Ele apenas assentiu, cedendo.
Tentei não demorar tanto e logo estávamos seguindo até o grupo, que caminharia até o restaurante próximo do hotel.
ㅡ Desembucha. ㅡ ele pediu. Caminhávamos um pouco distante em prol da privacidade.
ㅡ Hyung, eu não vou abandonar minha família. Eu não sei porque todos acham que só por que eu e Jimin terminamos, que o meu relacionamento com meus filhos também se findou.
ㅡ Por que é isso que na maioria das vezes acontece, Jungkook.
ㅡ Mas eu não sou assim. Eu preferia morrer a ficar realmente longe dos meus filhos. Eu ainda não sei como será, mas eu quero continuar tão perto deles quanto era antes.
ㅡ Então você vai voltar pra casa?
ㅡ Eu não posso, Seokjin.
ㅡ Que mané não pode, Jungkook. É claro que pode.
ㅡ Não posso. E estou cansado de ter que explicar isso. Ninguém sente o que eu sinto agora. Ninguém está no meu corpo, no meu coração. Ninguém sabe o que é encontrar o amor da sua vida e vê-lo se proteger com medo de você mesmo! Eu sei.
ㅡ E você também sabe como é ter o amor da sua vida e simplesmente abrir mão dele, né? Porque é isso que você está fazendo, Jungkook, pelo amor de Deus! Jimin não tem medo de você, Jimin tem um trauma. Apenas isso. E ele estava sendo assediado naquele momento, estava sendo invadido, assustado, e tudo aconteceu numa proporção de tempo muito pequena.
ㅡ Mas ele olhou nos meus olhos, Seokjin... Olhou e se encolheu!
ㅡ Aish, que cabeça dura... ㅡ Seokjin ergueu a mão para me bater e eu rapidamente me encolhi ㅡ viu? É isso!
O olhei, assustado.
ㅡ Um reflexo, Jungkook. Não é medo, é?
ㅡ É um pouco, sim... Por que ia me bater assim, hyung? Poxa...
ㅡ O seu cu que é! Porra, você tá me deixando irritado, mas eu entendo você. Entendo o que você sentiu e acha. Mas, cara, acredite. Jimin não acha que você é um agressor capaz de bater nele. Ele não acha que você vai explodir assim. Afinal, você não explodiu, você o defendeu. Fez menos do que com certeza Taehyung faria se tivesse no seu lugar. E sabe o porquê? Porque vocês amam Jimin com a carne, o sangue e a alma São as duas pessoas que eu mais vi amar Jimin na minha vida inteira.
ㅡ Mas, hyung...
ㅡ Sem "mas", Jungkook. Quando você voltar, promete pra mim que vai conversar com Jimin, que... sei lá, vão fazer terapia de casal juntos ou terapia separados, tanto faz. Mas dá uma chance pra tudo, cara. Para sua própria mente se curar desse novo trauma que te culpa. Porque você não fez nada além de proteger seu noivo. Ou você se arrepende do que fez?
ㅡ Sinceramente? Eu refaria tudo. Absolutamente tudo, mas não o faria perto de Jimin. Ele estava tão assustado que fiquei cego. Eu ouvi através da ligação, o medo que ele sentiu. E eu tentei ao máximo chegar rápido, mas quando cheguei, já era tarde daquele jeito. Então eu fiquei cego, e quis matar aquele desgraçado. E eu sei que o faria se Jimin mesmo não tivesse me parado. E é então que eu paro pra pensar, hyung, e se um dia for Jimin a me fazer sentir algo assim? Eu tenho medo de me descontrolar por ele.
ㅡ Seja sincero comigo, você acha que alguém que ama faz algo assim com a outra pessoa?
ㅡ Jamais, hyung.
ㅡ Então aí está a sua resposta. Talvez seja necessário abordar essa raiva com a ajuda de um profissional, pois pode estar relacionada à primeira vez que você explodiu. Jimin me contou como você já sentia ciúmes do San, e com razão. Ele passou a perceber isso depois que vocês conversaram a respeito. Cuidar da saúde mental é essencial, mas terminar assim? Isso é desastroso. Irreversível. Eu conheço Jimin muito bem. No entanto, você precisa parar e pensar: o que vocês eram desde o início? Uma noite resultou em uma gravidez, e mesmo que o aborto não fosse legal naquela época, Jimin poderia tê-lo feito de forma clandestina, porque Taehyung e eu estaríamos dispostos a apoiá-lo em tudo, e você seguiria sua vida. Mas não, ele te incluiu em todas as decisões, mesmo quando, inicialmente, apenas ele tinha direito a elas por ser o corpo dele. Ele mudou tudo por vocês, irmão. Literalmente tudo, porque ele quis. Ele começou a sonhar tantos sonhos que me deixou admirado. Uma carreira, uma família, um recomeço com você. Parecia que estavam destinados a se completar. Não é algo que deve terminar assim, do nada.
Assenti, devagar, olhando para frente quando todos pararam diante o restaurante.
Seokjin abraçou meus ombros, me levando a sentar numa das cadeiras e pediu bebida para todos nós, mesmo que eu ainda digerisse suas palavras, me colocando novamente, contra parede.
Parecia tão simples, mas infelizmente eu ainda não conseguia acreditar que era.
No último dia de viagem, tudo estava um pouco melhor. Eu voltei a falar com meus filhos por todas as noites, mas não voltei a falar muito com Jimin. Na maior parte das vezes, eu liguei antes do anoitecer, então era Jeongyeon que me atendia e me deixava falar por horas com ele.
Entretanto, naquele momento, no saguão do aeroporto, esperando o horário de embarque chegar, eu me perguntava como seria rever Jimin após semanas, pois, já era janeiro, e de uma forma ou outra, nós precisaríamos conversar definitivamente.
ㅡ Eu passei a viagem toda me perguntando se deveria me apresentar novamente ou você iria me reconhecer ㅡ ouvi a voz feminina ao meu lado e olhei para uma das membros da equipe. Mais precisamente, a maquiadora.
ㅡ Perdão? ㅡ franzi o cenho, sem entender.
ㅡ Não me reconhece mesmo? ㅡ mantive minha confusão, mas a ouvi rir baixo e erguer a destra ㅡ Ji Eun, do supermercado. Sabe, da promoção de fraldas.
Me mantive confuso por mais alguns segundos, até que minha memória me trouxe o momento exato e meus olhos se arregalaram.
ㅡ Meu Deus! Eu não acredito, oi! ㅡ falei apertando sua mão.
ㅡ Oi... ㅡ ela riu sem jeito. ㅡ eu esperei que você realmente me conhecesse.
ㅡ Ah, me desculpa, eu ando um pouco cheio, minha cabeça não para um segundo.
ㅡ Eu imagino, afinal, você é pai de dois, não é isso?
ㅡ Uhum, um casal. Já estão com quase dez meses.
ㅡ O tempo passa rápido. Quando eu fui transferida para a equipe da Dae-min, fiquei surpresa em saber que você era o noivo do idol Park Jimin, você é...
ㅡ Comum? ㅡ ri baixo ㅡ é, eu já ouvi falarem isso.
ㅡ É que não passou mesmo pela minha mente que você fosse o noivo dele. Eu acompanhei os sites que sempre ficavam criando matérias durante a gestação dele. E quando saiu naquela revista, te olhando agora... acho que mudaram o seu nariz no photoshop.
ㅡ Poxa, não fala assim, parece que eu tenho um nariz terrível.
ㅡ Não é isso. ㅡ ela abanou a mão, mas riu no final ㅡ seu nariz é lindo.
Agradeci sem jeito, mas ouvi o chamado. Seokjin se aproximou de nós dois enquanto comia um Hotteok que ele havia comprado em algum lugar e se apresentou a ela, antes de me puxar e me levar consigo, contando que havia até mesmo conseguido um assento ao lado do meu no voo.
ㅡ Você realmente não vai me largar, né? ㅡ brinquei.
ㅡ Só quando você começar a ter juízo.
Neguei, mas sorri quando Ji Eun passou por nossos assentos e sentou alguns assentos atrás.
Sem muito o que fazer, conectei meus fones, mas antes ouvi Seokjin contar que Jimin havia sido convidado para uma sessão de fotos para uma nova revista, e por mais que eu imaginasse que ele estivesse lindo, nada me fez ficar tão confuso quanto ao tema que Seokjin me contou que regia aquelas fotos.
ㅡ Como assim "vicissitudes"?
ㅡ Você sabe, algo que retrata as mudanças na vida, os altos e baixos. Jimin está fazendo uma série de fotos que capturam as diferentes fases e reviravoltas da vida.
Aquilo me fez pensar sobre o que Jimin havia decidido, afinal, nós não nos falávamos há dias, e se ele tivesse simplesmente cansado de esperar, era seu direito contar aquilo a todos.
Mas, estranhamente, eu senti aquele pensamento doer meu coração. Era uma droga entender que estávamos de fato tomando o rumo para o nosso fim.
E por minha causa.
Enfim, conectei meus fones, mas quando estava prestes a fechar meus olhos, observei a nova notificação na tela do meu celular.
Jimin:
|Você pode me encontrar nas margens do rio han hoje?
Rio Han?
Jungkook:
|Como assim? Não é um local público demais para você?
Jimin:
|Eu sei me cuidar. Só quero acabar com isso de uma vez por todas, não aguento mais fingir que está tudo bem.
Jungkook:
|É compreensível... Eu só não sei se consigo, Jimin.
Jimin:
|Por favor, Jungkook. Por mim. Eu mereço ao menos isso.
Mirei a janela, assentindo sozinho, quieto com os meus pensamentos.
Jungkook:
|Tem razão. Eu te encontro lá.
Jimin:
|Ok.
ㅡ Onde você vai ficar? ㅡ Seokjin perguntou, me fazendo lhe olhar.
ㅡ Em um hotel.
ㅡ Não quer ficar lá em casa?
ㅡ Com o seu marido que me odeia e com razão? Não, obrigado. Eu vou ficar bem.
Ele riu baixo, mas assentiu.
O assunto rapidamente morreu, diferente de antes, eu não consegui pregar os olhos, e em menos de quatro horas de voo, quando já estávamos em solo coreano, eu senti o nervosismo me tomar, principalmente quando cheguei no hotel e senti a estranheza me matar. Não era como antes, que ao chegar em casa, tinha muitos sorrisos, abraços e barulhinhos de bebês, tampouco com eles me chamando com tanta empolgação de "papa".
Mas eu tomei banho, fiz minha barba e até lavei os cabelos. Me sentia um trapo, mas Jimin não precisava me ver daquela forma.
Quando ele me enviou uma mensagem com o local que eu deveria ir lhe encontrar, não estranhei por ser um local menos frequentado.
Chamei um táxi pelo fato do meu carro estar na nossa casa e caminhei encolhido na noite fria de inverno. Já havia nevado, mas mesmo que agora a fina camada de gelo não cobrisse o chão, a temperatura era completamente baixa, e me preocupava se ele estava sentindo o mesmo que eu por não estar preparado.
Mas meu corpo inteiro gelou mais quando enfim cheguei ao local. E eu não precisei procurar por ele, pois o encontrei facilmente sentado sozinho observando o rio. Me aproximei, em silêncio, mas ainda assim, ele ouviu meus passos.
Jimin se ergueu, parecia sério quando me olhou, mas caminhou devagar e parou à minha frente, e seu ato seguinte àquele, fez todo o frio se esvair.
Jimin me abraçou.
Ele me deu um abraço forte, quente e necessário.
Meus olhos se fecharam, meu corpo inteiro formigou, mas minhas mãos o seguraram, apertando em retorno.
Ficamos daquele jeito por mais tempo do que o necessário. Ele deitou a cabeça em meu peito e suspirou. Eu, por outro lado, o toquei com medo, deslizando os dedos por seus cabelos, e apenas naquele segundo, pude ver o que de fato a "vicissitude" significava.
ㅡ Você pintou? ㅡ me afastei devagar, vendo seus fios pretos, ressaltando sua pele branca e suas bochechas rosadas.
Jimin abaixou os olhos, mas assentiu.
Com curiosidade e delicadeza, afastei alguns fios, sentindo meu coração pulsar com força por nunca tê-lo visto daquele modo.
E nunca tê-lo visto tão lindo quanto.
ㅡ Vamos sentar ali? ㅡ ele apontou, mas antes que eu pudesse assentir, Jimin buscou minha mão e me puxou, me levando até lá.
Quando sentei, me arrepiei ao sentir o gelado diretamente na minha bunda, mas Jimin parecia confortável naquele lugar, principalmente por não ter muitos fãs ao seu redor, e sorria pequeno olhando o rio.
ㅡ Você já jantou? ㅡ ele perguntou.
ㅡ Ainda não. E você?
ㅡ Eu comi sopa, a sua mãe fez pra mim e Taehyung. ㅡ contou, brincando com os dedos sobre o concreto.
Assenti, respirando fundo e olhei o rio, também.
ㅡ Eu não sei como iniciar essa conversa ㅡ ele foi sincero.
ㅡ Eu também não. Mas... acho que te devo desculpas.
ㅡ Me deve um milhão delas.
O olhei, sorrindo pequeno, mas ainda olhando em seus olhos, enfim pedi:
ㅡ Me desculpa por tudo, Jimin. Por ter te deixado através de uma carta, por mentir, por ser covarde, por ter te feito chorar... Eu nunca, jamais, quis quebrar seu coração assim.
ㅡ Eu sei. ㅡ ele buscou minha mão, brincando com seus dedos sobre os meus ㅡ mas eu ainda estou muito chateado com você, Jungkook. Não sei se consigo te desculpar agora.
ㅡ Tudo bem, sem pressa, não é?
Ele forçou um sorriso e assentiu, voltando ao silêncio, mas mantendo nossos dedos juntos.
Eu o toquei com meu polegar, sentindo meu corpo arrepiar quando passeei pelo dorso de sua mão, a sentindo quente.
ㅡ Nós vamos mesmo acabar? ㅡ ele perguntou baixo, olhando para o toque.
Me aproximei um pouco mais, fazendo nossos ombros se tocarem.
ㅡ Me desculpa...
ㅡ Eu só quero ouvir da sua boca. ㅡ ele continuou no mesmo tom ㅡ se for isso, tudo bem. Eu não vou mais insistir. Não vou mais te esperar e ainda não vou te odiar. Eu só quero te ouvir, Jun...
Abaixei minha cabeça, sentindo o bolo na minha garganta, sentindo-a seca, enquanto sentia, também, meu mundo ruir.
ㅡ Fala, por favor.
ㅡ Eu não consigo. ㅡ falei, quase inaudível, deixando, outra vez, que minha vergonha rompesse e minhas lágrimas escorressem sem permissão e na frente de Jimin.
Mas, para minha surpresa, senti o polegar pequeno tocar minha pele e secá-la.
Ergui meu rosto, olhando-o de pertinho, e foi como perder meu chão.
ㅡ Você não quer desistir, não é?
Neguei, ainda sentindo seu dedo em minha bochecha.
ㅡ Mas é preciso. ㅡ falei.
ㅡ Você acha que é, Jun, mas não é...
ㅡ Como não, Jimin? Eu...
ㅡ Você não me dá medo, eu cansei de te falar. A única coisa que você me traz é felicidade, e agora é saudade e raiva de ser tão teimoso e cabeça dura, mas não me dá medo.
ㅡ Mas e no futuro? ㅡ senti uma nova lágrima romper, e ele novamente secou.
ㅡ Não haverá esse medo no futuro se você escolher nos entendermos e nos superarmos, ao invés de nos esquecermos.
ㅡ Mas eu nunca te esqueceria, Jimin.
ㅡ Mas eu iria tentar com todas as minhas forças te esquecer, Jun. Porque eu sempre te disse que conseguia viver sozinho e com os bebês, e isso não mudou, eu realmente consigo, mas eu não quero. Não vou me sentir completo sem você, e assim, eu vou tentar te esquecer até enganar meu coração com uma falsa cura.
ㅡ E você acha mesmo que há algo a fazer além disso? Acha que há algo melhor?
ㅡ Há superações, Jun. E nós podemos consegui-la.
ㅡ Eu não acredito nisso. Eu não consigo olhar para o futuro e me ver esquecendo completamente do que eu te fiz passar.
ㅡ Mas eu sim. Você vai conseguir entender que o meu ato foi um reflexo do meu trauma, que eu estava assustado e que não tinha nada a ver com você, Jungkook. Poderia ser qualquer um ali, eu agiria igual. Fosse meu irmão, Seokjin, Sejin, qualquer um, eu iria fazer a mesma coisa porque foi um reflexo de algo que ainda não foi superado em mim.
ㅡ Mas e a minha raiva? Não foi a primeira vez, Jimin.
ㅡ Todo mundo sente raiva uma hora ou outra na vida, e todo mundo extrapola. Você bateu em um cara, e foi para me proteger, eu não vejo isso como algo imperdoável, mas se você vê, um profissional pode te ajudar nisso também, eu vou ficar ao seu lado sempre. Há solução para superarmos, e eu te garanto que vai doer menos do que carregar essa culpa ou nos afastarmos por algo que simplesmente aconteceu porque outra pessoa praticou um crime, por toda a nossa vida.
ㅡ Eu só... eu não quero que você sofra por minha causa, não mais. E isso me deixa tão confuso e perdido. Principalmente por você estar aqui, lutando por nós dois quando eu te deixei.
ㅡ Eu sei, Jungkook, eu deveria estar o mais longe possível de você, mas eu te amo e você me ama, lembra? Até earendel...
ㅡ Até earendel. ㅡ repeti, olhando em seus olhos.
ㅡ Eu também estou confuso e estou sofrendo, mas o que eu sei é que o amor não é apenas sobre a felicidade, mas também sobre as dificuldades que enfrentamos juntos. Não acho que desistir seja a nossa solução. Nós sentimos sua falta.
ㅡ Eu também sinto a falta de vocês. Sinto muito, mas ainda tenho medo. E se eu não conseguir superar a raiva que sinto? Principalmente a raiva por mim mesmo?
ㅡ Você não está sozinho. Nós podemos buscar ajuda, terapia, conversar com pessoas que entendam, e juntos superaremos.
ㅡ Eu só quero que você seja feliz, Jimin.
ㅡ Minha felicidade está com você, Jungkook, e com os nossos filhos. Eu não quero seguir em frente sem você. Nós enfrentaremos os obstáculos juntos, porque nosso amor vale a pena. A vida é cheia de altos e baixos, mas o importante é estarmos juntos para superá-los.
ㅡ Mas e a questão de eu ainda poder ser preso?
ㅡ Você não será, isso eu sei com certeza. Fui chamado para depor, sabia? E eu falei tudo. Tem vídeo, tem a voz do San dizendo coisas nojentas para mim ainda no corredor da empresa. Ele não vai se livrar dessa de jeito nenhum, e você não será incriminado.
ㅡ Acha mesmo?
ㅡ Claro que eu acho, vida. ㅡ Jimin afagou minha bochecha novamente.
Suspirei, me aproximando mais dele até deitar minha cabeça em seu ombro, sentindo seu perfume.
ㅡ Senti tanto a sua falta. ㅡ sussurrei. ㅡ e eu quero mais do que tudo ficar com vocês. Quero mesmo. Eu só...
ㅡ Vamos com calma. ㅡ Jimin falou, apertando um beijo sobre os meus cabelos. ㅡ vamos dar um tempo. Eu vou te dar liberdade para fazer o que quiser, no tempo que quiser. Pode ficar no hotel, também.
ㅡ E ficar longe de vocês assim? ㅡ ergui meus olhos.
Ele deu de ombros, sem falar nada.
Ergui meu corpo, ficando de frente com ele. Olhei nos olhos de Jimin novamente, pensando em mil coisas ao mesmo tempo. Mas com seus olhos tristes em mim, só havia uma coisa que eu realmente queria falar.
ㅡ Jimin, eu não...
Meu celular tocou, nos causando um leve susto. Busquei, vendo o nome do Advogado que Yoongi contratou, piscar na tela e mirei os olhos de Jimin antes de enfim atender.
ㅡ Alô?
ㅡ Senhor Jeon? Onde o senhor está?
ㅡ Estou com Jimin. ㅡ apenas falei.
ㅡ Ah, eu presumi. Vocês podem vir aqui?
ㅡ Aqui? ㅡ mantinha meus olhos em Jimin, mas só pensei nos meus filhos no segundo em que ouvi sua resposta:
ㅡ É, na residência de vocês. Aconteceu algo e...
ㅡ O que aconteceu, senhor?
Um breve silêncio se tomou, e meu corpo inteiro gelou, novamente. Jimin ficou de pé, já caminhando na frente, em busca de um táxi.
ㅡ A polícia está aqui, senhor Jeon, e...
ㅡ Eu serei preso? ㅡ Perguntei.
Jimin arregalou os olhos e negou, olhando para um táxi que vinha a frente e não demorou até dar o sinal e pedir para ele parar.
ㅡ Senhor, é melhor você vir. ㅡ o Advogado falou ㅡ e não se preocupe, eu estou aqui, nada de ruim irá te acontecer.
ㅡ Ok. ㅡ concordei e findei a ligação.
Jimin me chamou com pressa e quando entramos enfim no veículo, o vi indicar o endereço, já sentindo minha cabeça doer e girar em torno de apenas uma coisa:
Serei preso e esse sim, será o meu verdadeiro fim.
[Continua]
🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑
Oie, cês tão legal agora?
Eu tô supimpa!
Gente, passando mais uma vez para avisar sobre os IG's dos personagens, e por lá tem sempre entretenimento, mesmo que nem tudo o que aconteça lá, acontece aqui, ok?
Caso queiram seguir, os IG's são: @Jiminumanoitee e @Jungkookumanoite. Eles também recebem DM's, mas quem usar disso para xingar, espalhar ódio ou faltar respeito, não será respondido. Lembrem-se que mesmo sendo personagens fictícios, há pessoas por trás de tudo, e principalmente há uma autora que está se dedicando ao máximo para fazer algo bom para vocês.
Mas, enfim, é isso. Até depois! Beijos 🤍