#pandagravidinho 🐼
🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑
"Jungkook"
ㅡ Por que será que estamos aqui? ㅡ Jimin perguntou, balançando os pés, nervoso. Estávamos na sala do médico que havia lhe atendido e Taehyung segurava sua mão com afinco ㅡ será que deu algo na imagem?
ㅡ Eu tentei ver algo e só vi o seu útero ㅡ o respondo, pois como antes, eu e Taehyung o acompanhamos no exame de ultrassom. ㅡ mas eu não entendo nada daquilo.
ㅡ Eu não queria dizer nada, mas estava parecido com a primeira vez ㅡ Taehyung comenta, nos fazendo lhe olhar ㅡ Lembra que Ariel era só uma bolinha? Pareceu como agora.
ㅡ Verdade. ㅡ Jimin olha para a frente, perdido ㅡ E tinha mesmo uma bolinha lá? Ai, meu Deus, eu tô mesmo grávido! Jun? ㅡ ele me olhou.
O abracei, observando Taehyung deitar a cabeça em seu ombro também.
ㅡ Calma, Minie.
ㅡ É, amor, calma. Seja o que for, vamos esperar o médico e depois pensar a respeito.
Ele assentiu, mas continuou nervoso. Seus pés não paravam por um minuto sequer de balançar.
E quando a porta se abriu, ele quase sobressaltou ao ver o médico.
ㅡ Me desculpem fazê-los esperar. ㅡ o médico diz, sorridente. ㅡ Que bom tê-lo aqui, senhor Park. Minha filha é sua fã.
ㅡ Obrigado. ㅡ ele tenta sorrir, mas seu rosto não muda. Ele exala nervosismo.
ㅡ Senhor Jeon, senhor Kim. Que bom tê-los, também! ㅡ o médico logo diz, sentando à nossa frente.
Taehyung e eu apenas acenamos com a cabeça, mas quando o médico voltou os olhos para Jimin, eu juro que meu corpo inteiro gelou.
O médico agora parecia sério, observando Jimin atentamente, e isso aumentou a tensão na sala. Jimin engoliu em seco e perguntou com uma voz trêmula:
ㅡ Então, doutor, o que eu tenho? O que as imagens mostraram? Eu tô mesmo grávido?
O médico respirou fundo antes de cruzar os dedos e responder:
ㅡ Jimin, eu pude analisar bem as imagens e elas não mostraram nenhum sinal de gravidez. No entanto, notei algumas irregularidades no seu sistema reprodutor que podem afetar sua saúde se não tratarmos.
Jimin ficou pálido, e Taehyung apertou sua mão com mais força. Eu senti um nó na garganta, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. Era óbvio, talvez nós três estivéssemos esperando realmente por um resultado de gravidez, mas Jimin estava longe de estar grávido e a preocupação com sua saúde agora pairava sobre nós.
ㅡ Irregularidades? O que isso significa? ㅡ perguntei, ansioso por respostas.
ㅡ Eu tô... doente? Tipo... ㅡ Jimin respira fundo.
ㅡ Calma. ㅡ o médico pede ㅡ Significa que o que você tem é uma condição conhecida como Síndrome do Ovário Policístico, SOP, que é uma disfunção hormonal que infelizmente ainda não se sabe a verdadeira causa, mas acredita-se estar relacionada a genética ou problemas hormonais.
Meus olhos foram rapidamente pra face do meu noivo, ele tinha os próprios olhos um pouco mais arregalados.
ㅡ A SOP resulta em desequilíbrios hormonais, afetando seu ciclo menstrual e causando os atrasos que você tem experimentado, além de inúmeras outras coisas, como, acne, obesidade, depressão e até infertilidade.
ㅡ E... isso pode me matar? ㅡ Jimin pergunta ㅡ Eu... meu Deus, eu não sei nem o que pensar! O que eu faço agora?
ㅡ Não é algo que vai te matar, mas é uma condição que requer cuidado e tratamento adequado. A SOP se não tratada pode levar a problemas de saúde a longo prazo, como, doenças cardiovasculares, apneia do sono, diabete tipo 2 e como já citei, depressão, obesidade e infertilidade. E no seu exame, eu pude notar alguns pequenos cistos no ovário esquerdo.
ㅡ Cistos? E isso... pode se tornar em algo pior tipo... câncer? O que eu posso fazer?
ㅡ Calma. ㅡ o médico pediu novamente. ㅡ A maioria dos cistos nos ovários não vira câncer. No entanto, a síndrome dos ovários policísticos pode aumentar em até três vezes o risco de câncer do corpo uterino. Mas, não está claro se existe uma relação direta com o aumento do risco de câncer de ovário, colo do útero ou mama, por exemplo. Então, calma, tudo bem? O primeiro passo para você é iniciar um tratamento e adotar uma dieta mais equilibrada e saudável, que pode ajudar a controlar os sintomas e também a diminuição dos cistos. Em alguns casos, pode ser considerado até o uso de medicamentos para regular seu corpo.
ㅡ Medicamento com hormônios femininos? Mas eu... eu talvez volte para TH. Estive pensando em voltar com minhas consultas com a psicóloga para entender se eu quero isso. E se sim, eu iria reiniciar meu processo de terapia para entender melhor o que a testosterona vai me causar em meio ao meu trabalho. Eu vou ser proibido de fazer isso, então?
ㅡ Entendo sua preocupação, Jimin. O tratamento com testosterona é uma opção, mas pode afetar a SOP e seus hormônios femininos desregulados. Recomendo que converse com seu médico para encontrar a melhor abordagem, considerando seus objetivos de saúde e bem-estar.
Jimin ainda parecia assustado. Eu ainda estava. Ele assentiu devagar, mordendo o lábio inferior enquanto mantinha a atenção.
ㅡ Cada caso é único, Jimin, por isso digo que a abordagem de tratamento deve ser discutida com um médico. Você é um homem transgênero, é importante discutir todas as opções de tratamento, levando em consideração os riscos e benefícios de cada intervenção. O tratamento da SOP e a terapia hormonal são assuntos complexos e devem ser cuidadosamente avaliados por um profissional de saúde.
Jimin suspirou, pensativo.
ㅡ Então eu devo procurar o meu médico?
ㅡ É o primeiro passo, Jimin. Marque uma consulta com um endocrinologista também. Ele será capaz de avaliar sua situação de maneira mais detalhada e criar um plano de tratamento adequado, considerando seus desejos em relação à terapia com testosterona. Além disso, vamos encaminhá-lo a um nutricionista de antemão caso não consiga uma consulta ainda essa semana com seu médico, para ajudá-lo a adotar uma dieta equilibrada que possa controlar os sintomas da SOP. A mudança na alimentação é essencial.
Jimin assentiu outra vez.
ㅡ Obrigado, doutor. Vou marcar as consultas e seguir as orientações à risca. Estou comprometido em cuidar da minha saúde a partir de agora.
O médico sorriu. A consulta foi finalizada e Jimin precisou de um tempo a sós quando saímos de lá.
ㅡ Ele vai ficar bem ㅡ Taehyung falou, de braços cruzados.
Estávamos parados no estacionamento. Jimin estava dentro do carro, ele não chorava, mas olhava para um ponto fixo qualquer, pensativo.
ㅡ Eu espero que sim. ㅡ falei.
Não sabia se o que havia mexido mais com Jimin era o fato dele estar com os cistos no ovário e toda aquela desregularidade no seu corpo, ou o fato de que, talvez, ele precise administrar mais hormônios femininos para seu corpo. Isso certamente estava fazendo sua cabeça explodir.
Mas continuei ali, esperando ao lado do meu cunhado e quando enfim vi a porta do carro abrir e nós dois olhamos imediatamente para o rosto de Jimin, completamente triste.
ㅡ Podemos ir? ㅡ ele pergunta.
Assinto, mas antes de qualquer coisa, entrego a chave do carro a Taehyung.
Eu quero e preciso me manter ao lado de Jimin agora.
Mas antes de seguir para o banco do motorista, Taehyung senta ao lado dele e o abraça. Em seguida, o olha nos olhos.
ㅡ Está aliviado? ㅡ Taehyung perguntou.
ㅡ Não sei. ㅡ ele foi sincero ㅡ acho que esse é um dos problemas mais difíceis que tive para lidar.
ㅡ Mas vamos resolver. ㅡ falei, também me sentando ao seu lado. ㅡ E vamos começar saindo para comer. O que diz, Taehyung?
ㅡ Acho perfeito. Assim eu posso falar da minha lua de mel.
ㅡ Ótimo. ㅡ sorri e olhei para Jimin ㅡ nós vamos dar um jeito nisso, juntos, amor.
Ele sorriu e assentiu novamente. Em seguida, apertou meu braço e observou seu irmão ir enfim para o banco do motorista.
O trajeto foi silencioso até o restaurante do centro. Ele não soltou meu braço por nenhum momento e até entrou no lugar ao meu lado, me largando apenas quando puxei a cadeira para ele sentar e me sentei a sua frente, observando Taehyung sentar ao seu lado.
ㅡ O que querem comer? Esse restaurante é bem famoso pela carne.
ㅡ Carne, vida? ㅡ Jimin me olha. Ele está numa dieta nessa exata semana de comer apenas salada, mas talvez se lembrando de sua promessa ao médico, ele suspira e volta os olhos para o garçom que se aproxima e nos cumprimenta, nos entregando os cardápios. ㅡ tá, eu acho que posso comer um pouco de carne e legumes.
ㅡ Coma tudo o que quer, minie, eu pago. ㅡ Taehyung piscou.
Sorri guiando meus olhos também para o cardápio e me senti extremamente feliz ao ouvir Jimin pedindo por uma porção inteira de carne e Kimchi, junto a arroz e legumes.
ㅡ Não quer pedir algo para beber? ㅡ perguntei, optando por comer o mesmo que ele. Talvez o ajudasse a comer tudo, ao menos.
ㅡ Não, água tá bom.
Assenti, devolvendo o cardápio quando Taehyung começou a falar sobre sua lua de mel.
Era divertido passar um tempo com ele, mas eu não conseguia parar de analisar Jimin e como ele estava quietinho, mesmo rindo por todas às vezes que seu irmão contou como ele e Seokjin tentaram se aventurar em outro idioma durante a curta semana em Veneza.
Quando a refeição foi servida, Jimin comeu realmente tudo. Eu o fiz sorrir quando coloquei um pequeno pedaço da minha carne em seu prato e mandei um beijinho no ar. Após aquilo, eu dirigi e deixei Taehyung em sua casa, rindo com Jimin quando ele disse em alto e bom som que Seokjin iria se lascar em ter que levar as malas de ambos para a casa sozinho.
ㅡ Não entendi o porquê vocês foram diretamente para a empresa e não para casa. ㅡ Jimin indaga, o olhando.
ㅡ Primeiro, que Seokjin e eu estamos resolvendo onde vamos morar. Deveríamos ter feito isso na viagem, mas ou estávamos passeando, ou transando, então não deu.
ㅡ Nossa... ㅡ Jimin negou.
ㅡ É que aqui é minha casinha, mas é pequeno demais para nós três. Mas a de Seokjin é alugada e enorme, mas eu quero ajudar ele nas despesas, então estávamos pensando em alugar uma mais barata para vivermos mais confortavelmente financeiramente falando.
ㅡ Mas a casa do Seokjin é incrível ㅡ eu falo, olhando-o.
ㅡ E realmente é, eu amo aquele lugar. Mas Seokjin ganha bem, ele ganha muito mais que eu, aliás. Mas eu gosto de dividir tudo. Não me sinto bem com o fato de que, talvez, ele precise arcar com as contas, isso me faria mal.
ㅡ Mas, Tae-ah, você trabalha bem, tem sempre bons clientes. ㅡ Jimin fala.
ㅡ Mas, Minie, nem alugando o prédio eu conseguiria pagar quase três milhões de won todos os meses de aluguel fora todas as outras contas. Isso é, três milhões porque é a metade! Seokjin tem uma vida financeira estável, mas eu ainda não consegui isso. Não tenho uma empresa fixa e isso afasta muitos possíveis clientes. Só quem realmente conhece meu trabalho, me contrata. E mesmo que eu receba bem por cada evento, ainda não tenho é um dinheiro que entra na minha conta todos os meses.
Jimin faz bico, indo até o irmão e o abraça forte.
ㅡ Lembra que os nossos sonhos eram entrelaçados? ㅡ ele pergunta, segurando o rosto de Taehyung pertinho do seu ㅡ a minha cirurgia e o seu escritório? E você lutou muito ao meu lado, me deixa lutar ao seu, agora?
ㅡ Você não pode abrir um escritório para mim, maninho.
ㅡ Eu posso. Não agora, mas talvez no próximo mês quando eu receber o novo valor das vendas dos meus álbuns, viu que eu sou o número um em muitos países?
ㅡ Não posso aceitar, Minie. É o seu dinheirinho, você vai fazer sua cirurgia ainda.
ㅡ Eu vou, mas é muito dinheiro mesmo, Tae-ah. Vá para a casa do Seokjin, fique um tempo lá e aproveite um pouco mais a sua lua de mel, ainda podem, mesmo aqui. A gente se encontra em breve e faremos muitos planos sobre o nosso futuro, ok?
ㅡ Como você consegue ser assim? ㅡ Taehyung o abraçou forte, fazendo-o rir ㅡ como pode ser um ser humano tão bom assim? Me sinto mal porque sou o irmão mais velho, eu deveria cuidar de você, mas veja só, você cresceu e conquistou o mundo, agora é um homem adulto e responsável, me enche de orgulho.
ㅡ Eu juro, Tae-ah, eu aprendi a ser assim com você.
Taehyung volta a lhe abraçar com força e eu sorrio ainda maior. É engraçado ver como eles são mesmo tão unidos e pensam tanto um no outro.
Às vezes me questiono sobre a criação de Jimin e seu irmão e talvez tal companheirismo tenha vindo porque literalmente eles praticamente se apoiaram um no outro desde a infância.
Quer dizer, a diferença de idade entre eles é de seis anos, apenas. Mas Jimin, como sabem, não teve muito com quem contar além de seu irmão. E o fato dele não conhecer o pai e sua mãe sequer o respeitar, fazia-o ter apenas Taehyung a quem recorrer. E mesmo que meu cunhado seja filho de um pai completamente diferente do de Jimin, ele também não o tem hoje porque infelizmente já morreu. Foi assim que Taehyung obteve o prédio onde ele e Jimin moraram por anos, por exemplo.
E eu verdadeiramente me sinto bem sabendo que um tem ao outro.
ㅡ Podemos te levar para a casa do Seokjin ㅡ falei, mas meu cunhado negou, ainda abraçado ao meu noivo.
ㅡ Não precisa. Eu vou separar algumas coisas minhas que estão por aqui e Seokjin vem me buscar mais tarde. Vocês podem ir. ㅡ Assenti e o vi voltar a olhar para Jimin ㅡ Minie, por favor, se cuida, tá? Mas, por favor, novamente, não pira e nem chora sozinho. Se ficar triste, me liga ou deixa o Jungkook te dar colo. Como ele disse, a gente vai dar um jeito, lembra?
ㅡ Eu sei.
Jimin sorriu, acenando quando seu irmão enfim se foi.
Na volta para casa, pois Jimin informou a Sejin que remarcasse tudo o que desse pelos próximos dois dias devido a sua saúde, ele me fez companhia no banco da frente e até se aproximou, deitando em meu ombro.
ㅡ Você ficaria muito triste se por acaso eu morresse?
ㅡ Que conversa é essa, Jimin?
ㅡ Não é nada sério, só que eu pensei que as coisas acontecem tão do nada que pela manhã eu acreditava estar bem, depois pensei estar grávido e agora sei que o que tenho é hormonal, tipo... meu corpo, que há um ano atrás tinha testosterona, agora está bagunçado com os hormônios completamente opostos e que eu sequer gosto de tê-los. E isso me faz pensar que se eu tiver uma dor de cabeça, por exemplo, pode ser só uma dor comum ou pode ser um tumor, por exemplo. E isso me deixa com muito medo de morrer, Jun.
ㅡ Você precisa parar de pensar demais. Você não vai ter um tumor cerebral e tampouco vai morrer agora, amor. Você vai morrer velhinho, aos cento e dois anos, bem na nossa cama.
ㅡ Ao seu lado? ㅡ ele sorri, me olhando.
ㅡ Ao meu lado. Vamos morrer juntos, ok? ㅡ ergui meu dedo mindinho para ele.
ㅡ Ok. ㅡ Jimin enroscou o dedo no meu, e em seguida deu um pequeno beijinho neles.
O mantive perto de mim enquanto seguíamos de volta ao nosso lar.
Quando chegamos, Jimin teve um tempo com os bebês enquanto eu tentava marcar seus horários com os médicos que já o conhecem, tentando poupá-lo de estresse extra.
E não é tão difícil, afinal. Logo anoto todos os horários em sua agenda particular e trato de compartilhar com minha agenda também. Eu não sou louco de deixar Jimin passar por isso sozinho, então me dou a liberdade de liberar meus horários para me dedicar a ele um pouco.
Quando volto a olhá-lo, sorrio. Jimin estava conversando com os bebês, falando sobre tudo o que passamos hoje, inclusive que ele está um pouquinho "dodói" e por incrível que pareça, as crianças estão lhe dando toda atenção que podem.
ㅡ Pa, pa, pa, gu! ㅡ é o que NamHa diz quando Jimin finaliza.
ㅡ O papai vai ficar bem. ㅡ Jimin o responde.
ㅡ Na, na, bru! Na, na! ㅡ Ariel expressa, e por mais que seja engraçado, Jimin assente pra ela, realmente levando aqueles sons a sérios.
ㅡ Eu sei, o papai vai se cuidar mais. Obrigado por se preocuparem comigo.
O tempo com eles passa rápido. Nós nos unimos no fim daquele mesmo dia para dar banho em ambos na banheira e acabamos fazendo mais sujeira que tudo. Mas foi divertido.
Colocamos pijamas iguais nos bebês e até demos mamadeiras a eles no mesmo segundo, observando como já tinham o reflexo de segurar a mamadeira, mesmo sem força para mantê-la da forma certa.
ㅡ Em menos de dois meses vamos começar a introdução alimentar, estou tão ansioso. ㅡ ouço-o falar e assinto.
ㅡ Eu também estou. Já decidiu o que vai ser o primeiro alimento?
ㅡ Acho que frutas, mas estou decidindo qual será a melhor. Como eles ainda não tem dentinhos, terá que ser em papinha, então a fruta precisa ser fácil de amassar.
ㅡ Mas e se forem laranjas? Tem algumas mais leves, seria divertido vê-los chupando laranja pela primeira vez, também.
ㅡ Pode ser. A gente compra um monte de fruta e você prepara uma câmera, quero registrar tudo.
Adoro ver Jimin empolgado e instintivamente me sinto assim também.
E quando o novo dia chega, Jimin se arruma para encontrar seu médico e eu o acompanho.
Doutor Choi é um médico geral e ele parece ter um vínculo forte com Jimin.
Quando chegamos ao consultório, Jimin o abraça e o médico lhe parabeniza por NamHa e Ariel, e me cumprimenta em seguida.
ㅡ Não me digam que estão aqui novamente porque estão com suspeita de gravidez.
Ele ri, nos fazendo rir também e nos olhar. Mas Jimin nega, mordendo o lábio inferior como sempre faz ao se sentir inseguro ou amedrontado.
E eu o ouço contar tudo o que aconteceu ao médico e até mostrar os exames que havia feito no dia anterior.
ㅡ É, você precisa iniciar o tratamento. Está vendo isso? ㅡ ele mostra na imagem, nos fazendo observar ㅡ seu ovário está com um tamanho bem maior que o outro e do que deveria ser em sua natureza ㅡ ele aponta de um para o outro ㅡ isso é devido os cistos.
ㅡ E isso está me matando de preocupação. ㅡ Jimin diz ㅡ eu quero que isso pare já, mas o médico que me consultou falou que o tratamento é com hormônio feminino, e eu não quero ter mais disso no meu corpo.
ㅡ Bem, o tratamento pode ser esse também, mas você precisará ir a um endocrinologista antes. A depender apenas com a reeducação alimentar e hábitos saudáveis, tudo já melhore.
ㅡ E então eu vou poder iniciar a TH? ㅡ os olhos do meu Park brilham.
ㅡ Se for o que ainda quiser, sim. Eu aconselho a você, primeiro de tudo, se acalmar e marcar com o endócrino mesmo. Aproveite e marque com a psicóloga. A depender do tempo de tratamento que levar, no fim da SOP você estará mais direcionado ao que realmente quer, além de que a terapia pode te ajudar a enfrentar o diagnóstico melhor.
Jimin assentiu, suspirando ansioso como no dia anterior.
ㅡ Eu sei que apenas palavras não ajudam muito, Jimin, mas você é forte e entenderá bem. O que você tem não é algo raro, pode acontecer com qualquer pessoa com um sistema reprodutor e é fácil de tratar. Só tenha ciência de que sua saúde é a chave e tudo vai ficar excelentemente bem.
ㅡ Muito obrigado, doutor Choi.
ㅡ Não é nada. Agora, você por acaso pode me dar um autógrafo? ㅡ o homem ergueu a caneta, explodindo em uma risada junto a Jimin.
🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑
Os dias iam passando e Jimin parecia cada vez mais ativo.
Ele ao menos foi realmente em todas as consultas e entrou em contato com sua antiga psicóloga. Iniciou a terapia no momento por vídeo-consultas e está se alimentando incrivelmente bem.
Os resultados de seus novos exames já haviam saído e eram excelentes. Os cistos não existiam mais e ele já havia até mesmo menstruado, mas com a nova reunião marcada junto toda equipe, minha preocupação voltava com o fato de que toda rotina dele certamente vai mudar.
ㅡ Bom, eu quero primeiramente parabenizar a você, Jimin, pelo excelente lançamento, e a todos vocês que trabalharam nele. ㅡ Yoongi fala.
Jimin é aplaudido e sorri sem jeito, agradecendo a todos e também se mostrando grato pelo nosso desempenho.
ㅡ E, como já deve saber com os rumores, estamos planejando sua primeira turnê. ㅡ os olhos do meu Park se abrem. Eles brilham como estrelas ㅡ não será nada grandioso, ainda, vai ser mais como um teste. ㅡ Yoongi continua ㅡ pensamos em países apenas da ásia e uma turnê de apenas um mês e meio em arenas com a capacidade para vinte mil.
ㅡ Vinte mil? ㅡ Jimin perguntou.
ㅡ É, inicialmente seria algo tipo cinco ou seis mil pessoas, mas acreditamos no seu potencial e que consegue encher um local com capacidade para vinte mil pessoas. Mas só há um problema.
ㅡ Problema? Qual?
ㅡ A turnê aconteceria de janeiro até o final de fevereiro, e até lá, você precisa ter outro álbum pronto, para termos, pelo menos, uma hora e meia no palco.
ㅡ Outro álbum? ㅡ ele balbucia e olha para Seokjin.
ㅡ Acha que consegue? ㅡ Yoongi perguntou. ㅡ se quiser contratar alguns compositores internacionais, a equipe já tem uma lista.
Observo quando Taemin se aproxima e entrega a lista a Jimin, fazendo seus olhos crescerem ainda mais quando nomes importantes e até de outros cantores estão ali.
ㅡ Mas... e o Seokjinie? ㅡ ele pergunta, voltando a olhar para o cunhado outra vez.
ㅡ Nós podemos trabalhar juntos ㅡ Seokjin fala ㅡ não seria a minha primeira vez com esse pessoal, então podemos trabalhar em dupla ou em equipe tranquilamente.
ㅡ Mesmo? ㅡ Jimin sorria com os olhos.
ㅡ Uhum. ㅡ Seokjin assentiu, ainda relaxado na cadeira.
ㅡ Então nós conseguimos, senhor Min ㅡ Jimin diz a Yoongi ㅡ conseguimos entregar esse novo álbum sem problemas.
ㅡ Então, ótimo. Tente não trabalhar demais. Nenhum de vocês. Sejin vai te instruir melhor sobre o restante.
ㅡ Restante? ㅡ Jimin perguntou, já observando nosso chefe ir.
Ele era sempre tão impaciente.
ㅡ Ah, você foi escalado a concorrer o maior prêmio do ano. Estamos em agosto, então você tem alguns meses até dezembro para montar uma apresentação e uma setlist de três músicas, pois você vai ficar entre uns dos últimos a apresentar por ter mais relevância.
ㅡ Woah, fala mesmo sério, senhor Min? Mas e o Hobie?
ㅡ Ele também foi, mas já está mais acostumado por não ser a primeira vez. Aliás, devo lembrar que por alguns anos, ele vem levando o prêmio. Então, caso não ganhe, não fique triste.
ㅡ Triste? Só de saber que eu vou participar e concorrer, já estou feliz e grato, senhor Min. Muito obrigado! Muito obrigado a vocês todos! ㅡ ele se volta a equipe, fazendo inúmeras referências.
Sorri para ele, mas o segui até meu estúdio quando a reunião acabou.
Eu sabia que viria uma chuva de trabalhos com Jimin e Hoseok se preparando ao mesmo tempo, fora os artistas menores que também faziam parte da empresa e mesmo sem indicações a prêmios, fariam apresentações ao público, mas também me sentia grato, no fim, depois da minha família, o trabalho era definitivamente o meu amor.
Mas nós também começamos a nos ver menos. Mesmo na empresa, eu sempre estava em uma produção e Jimin estava em reuniões ou ensaios. A gente se via para comer quando dava, mas era gostoso pela noite, porque conseguíamos sentir saudade um do outro e isso acendia nossa relação como nunca.
Porém, mesmo com o nosso relacionamento indo bem, eu ainda não conseguia controlar meu ciume de Jimin com o San, e mesmo Jimin tendo falado com ele, citado o que me incomodava e que poderiam continuar como amigos, mas sem tantos toques, ele parece se fazer de besta e continuar com tudo. E eu sempre vejo como Jimin ergue as sobrancelhas com a surpresa do ato, mas o retribuiu, certamente não o querendo deixar sem jeito.
Mas eu não era Jimin. Não era e dava graças ao universo por isso, porque enquanto ele não quer deixar o San sem jeito, eu só quero dar-lhe um aviso.
Um aviso de que ou ele para por vontade própria, ou o meu punho o forçará a parar.
E quando ele passa ao meu lado, carregando seu sorriso debochado, eu o puxo e aproveito o corredor vazio para lhe jogar contra a parede, mas vejo a porta de saída de emergência ao lado e prefiro lhe levar para lá, o jogando outra vez contra a parede, enquanto aperto meus dedos no moletom que ele usa.
ㅡ Qual o seu problema, cara? ㅡ pergunto, vendo-o com os olhos assustados, mas logo em seguida ouço seu riso.
ㅡ É sério, cara? Você é tão insuficiente assim? Ainda sente ciúmes de mim? Fala sério...
ㅡ Eu não tô pra brincadeiras, San. E você pode agir como um babaca, eu me fodo para isso. Mas entenda, Jimin é calmo, é pacifico e gosta de ser gentil até com quem não merece. Mas eu? ㅡ assoprei uma risada ㅡ estou louco para te comer no soco, seu infeliz.
ㅡ Então tente! ㅡ San pediu, olhando nos meus olhos. ㅡ tente, e seja preso, seu imbecil!
ㅡ Imbecil? ㅡ o puxei e o joguei no chão ㅡ com quem acha que está falando, seu idiota imprestável?
Ele se ergueu do chão com pressa, eu me preparei para brigar ali mesmo.
Mas a porta se abriu, e quando Sejin apareceu ali, surpreso conosco, San abaixou a cabeça e fez uma reverência.
ㅡ O que está acontecendo? ㅡ ele perguntou, mas me olhou, em específico.
ㅡ Só estou dando um recado para o nosso idol. ㅡ falei, mas San ergueu os olhos raivosos e respirou fundo.
ㅡ Entendi... ㅡ Sejin caminhou, mas me puxou e me levou consigo, abraçando meus ombros ㅡ tem uma coisa da agenda do Jimin que eu quero discutir com você.
Olhei para o imprestável do San ficando para trás e ainda queimava em mim o desejo de matá-lo com socos.
Mas eu não faria aquilo, óbvio, e quando parei, encarei Sejin.
ㅡ Que coisa? ㅡ perguntei.
ㅡ Nenhuma, eu só te tirei de um possível processo de agressão. Você não pensa, não?!
ㅡ Quem não pensa é ele! Eu ia quebrar a cara dele ali mesmo.
ㅡ Você é mesmo um idiota, não é? Não se lembra do que aconteceu com você e Jimin apenas porque você puxou o braço dele na frente de todo mundo? Agora imagina quando explodir uma fofoca de: noivo de Park Jimin, agride idol da mesma empresa por ciúme. Você acha que isso é bom?
ㅡ Eu não pensei nisso... ㅡ resmunguei.
ㅡ Mas tem que pensar, cabeça de ovo! Ainda bem que Jimin está ensaiando e não viu isso. Você iria receber um pé na bunda daqueles porque sabe como ele não gosta de agressão. Ele já sofreu com isso!
Franzi meu cenho, Sejin sabia muito sobre a nossa vida mesmo.
Mas ele estava certo.
ㅡ Eu vou me controlar mais.
ㅡ Eu espero. ㅡ ele deu dois tapinhas no meu ombro e seguiu.
Suspirei, se existe um ser humano que eu odeio nesse momento, ele é Choi San e eu tenho muitos motivos justificativos.
🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑
Eu tentei novamente deixar as minhas diferenças de lado e foquei no meu trabalho. Como antes, o tempo continuou passando rápido e quando Jimin e eu pudemos notar, já era novembro e os nossos bebês já tinham seis meses e meio.
Mas naquele momento, Jimin continuava trabalhando muito e se estressando também. Mas ele também parecia mais vivo, atento e até mais alegre.
Existiam deslizes em sua rotina e um deles era com a alimentação. Às vezes ele começava a fazer suas loucas dietas por sempre se achar acima do peso que um idol deveria ter, mas não durava dois dias por eu simplesmente lhe encher o saco para que ele se alimentasse bem e ele sempre cedia e voltava atrás, mas às vezes ele chorava por se sentir um fraco e "louco" por controle e aparências, e isso machucava o meu coração.
ㅡ Você não precisa chorar, amor, eu te digo sempre. É comum isso, você não é o único. Mas você está tratando do seu corpo e da sua mente, para que melhor, uh?
Jimin fungou e ficou quieto naquele momento.
ㅡ E-Eu sei... mas às vezes não consigo parar com isso e acabo fazendo.
ㅡ Está tudo bem, tudo bem mesmo. ㅡ o abracei forte, ouvindo-o fungar.
No segundo seguinte, seu celular vibrou e ele se desgrudou de mim como um flash, limpando o rosto.
ㅡ Está na hora.
Assenti, me erguendo também.
Jeongyeon estava com os bebês no quarto, mas nos acompanhou quando fomos até lá e buscamos os dois.
Agora, eles conseguiam ficar sentadinhos sozinhos e faziam ainda mais barulhos.
E como num dia especial, eles usavam macaquinhos amarelos iguais, e naquele momento, quando Jimin e eu os colocamos nas cadeirinhas de refeição, ambos usaram também dois guardanapos de tecido azul com desenhos de baleia.
ㅡ Preparado? ㅡ Jimin me perguntou, fungando, mas sorrindo.
Ajeitei a câmera no ângulo e assenti. Depois, observei meu noivo se aproximando com a bandeja com as rodelinhas de laranjas sem casca, e a papinha de mamão que havia feito também.
ㅡ Ai, eu tô nervoso. ㅡ falei, o fazendo rir.
Com expectativa, ele sentou ao lado dos bebês e entregou uma rodela na mão de cada um.
E como bebês curiosos, ambos levaram a laranja até a boca imediatamente, fazendo caretinhas no mesmo segundo.
ㅡ Ih, eu acho que não rolou. ㅡ falei, mas Jimin me pediu um tempinho.
NamHa continuou encarando a laranja, talvez entendendo o que era aquilo com um gosto tão novo. Ariel, por outro lado, levou a boca novamente e chupou, fazendo o suco escorrer um pouquinho, enquanto agora ela degustava, deixando um barulhinho alto ecoar pela casa.
E NamHa, a observando, tentou dar outra chance também. Ele voltou a laranja a boca e franziu o nariz outra vez. Mas em seguida, na terceira tentativa, ele também chupou a fruta e a experimentou, sorrindo quando a apertou e fez o suco escorrer por seu queixo também.
Jeongyeon que estava ao meu lado estava sorrindo como uma boba.
Jimin deixou que eles comecem em seu tempo. E quando finalizaram, foi a vez da papinha, e dessa vez, eu me sentei ao lado oposto.
Busquei a colher e encarei NamHa. Jimin ergueu a dele com um pouco de mamão amassadinho e levou a boca de Ariel. Sem experiência, ela demorou a entender como comia diretamente da colher, mas como com a laranja, ela franziu o nariz com o gosto, mas logo em seguida estava experimentando o novo alimento com gosto.
ㅡ Agora é o bebê do papai. ㅡ falei para NamHa, erguendo a colher. ㅡ abre a boquinha pro papai.
ㅡ Pa... pa...
ㅡ Isso, pro papai ㅡ sorri.
ㅡ Papa!
Jimin ofegou e eu quase caí da cadeira.
Jeongyeon olhou para a câmera, checando se aquilo tinha sido gravado.
ㅡ V-Você ouviu, amor? ㅡ perguntei a Jimin, e o vi correr rapidamente, me expulsando do meu lugar para enfim sentar.
ㅡ Você falou papai? ㅡ ele sorriu, apertando a bochecha do bebê. ㅡ fala de novo, por favor? Papai. Pa, pai!
ㅡ Papa. ㅡ NamHa repetiu e ele ofegou outra vez, cobrindo a boca.
ㅡ Isso! ㅡ Jimin comemorou com palminhas. ㅡ Papai!
ㅡ Papa! ㅡ olhei para Ariel e ri, desacreditado, vendo-a bater palminhas como Jimin, emitindo o mesmo som ㅡ Papa!
ㅡ Você também? Amor! ㅡ olhei para Jimin, mas ele não aguentou. Num segundo estava surpreso, no outro, chorava e eu corria para lhe dar colo. ㅡ oh, vida, mas você tá igual um manteiga hoje.
Jimin ri, mas funga e limpa o rosto novamente.
ㅡ Os meus bebês cresceram tanto...
ㅡ É, e eles cresceram saudáveis. E sabe por quê? Por causa de você.
Jimin funga novamente e nega. Ele me abraça, mas nem se demora. Volta a dar o mamão de Ariel enquanto eu dou o de NamHa. E sob a plateia de Jeongyeon, nos divertimos naquele momento enchendo a casa com "papai Jimin" ou "Papai Jungkook", e recebendo vários e vários "Papa" seguidos, nos fazendo ter a certeza de que estávamos no melhor lugar do mundo.
[Continua]