Serendipity of a dream

Par Estrela_rana

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[ LIVRO FÍSICO EM BREVE PELA EDITORA SINGULARITY 📖 ] [Em andamento] Jeon Jungkook, um adolescente que tem s... Plus

AVISOS!
Lembranças
O loirinho bonito.
Tudo que sinto é... medo.
Sorvete de menta
Quase um encontro
Molho de pimenta
Rosa azul
Sombras do passado
Foi só um beijo bobo, né?
Cheirinho de morango
Viva sem medo
Verdade oculta
O meu único refúgio
Pelo teu sorriso
sinceridade
Foi tudo um sonho
Me apaixonando mais a cada dia
Um passo de cada vez
Perdido por você
Meu coração palpita por você
Eu sou você...
Você sou eu
Amizade em primeiro lugar
Mudanças
onde a verdade se revela (1)
uma palavra dá autora :)
Onde a verdade se revela (2)
Arrependimento
Ainda há esperança?
Memorias perdidas
Coração quebrado
NOVA TEMPORADA
Novo cronograma
Pesadelo
Desavenças
Um momento de paz
Uma volta no tempo
Confusão
Grupo novo no Instagram
Calmaria
Sofrimento
Mostrando as garras
A dor que sempre volta
"Nervos a flor da pele"
Melhor amigo
A última briga
Apenas Continue
Dores do passado
O seu lado da dor
Uma nova chance
Incerteza
Estou com você
Um momento só nosso
Me deixe ser feliz
A noite em que fizemos amor
O monstro se revelou

Sem forças

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Par Estrela_rana

Oi, oi, gente. Tô postando o capítulo mais cedo por motivos de, meu celular está morrendo, e eu não sei se ele aguenta até amanhã a noite, por isso decidi postar hoje. Bom, é isso, se eu sumir por uns dois a + do que o combinado no cronograma vocês já estão cientes do que aconteceu. Vou TENTAR resolver esse problema o mais rápido possível, eu prometo.

🚨 Esse capítulo contém gatilho para automotilação, pessoas sensíveis ao tema, peço que, por favor, não leiam a parte em que estará sendo sinalizada por esse sinal (⚠️) 🚨 Não esqueçam de votar no capítulo e comentarem, eu sempre leio os comentário de vocês

Boa leitura 📚


Yoongi me contou que Jungkook finalmente teve alta do hospital. Durante todos esses dias que estivemos afastados, eu tive que me segurar ao máximo para não correr em sua direção. Minhas noites de sono não têm sido tão boas, estou preocupado com Jungkook, com nosso relacionamento, com o meu futuro, e com a minha mãe também. 

Desde que o meu pai foi preso, ela parece muito deprimida. Não se alimenta direito e mal sai de casa para fazer qualquer coisa, noite passada quando estava descendo até a cozinha para pegar água, passei em frente ao seu quarto e pude ouvir ela chorando, eu fiquei parado em frente a porta, não saberia como consolá-la quando eu mesmo me sinto desolado, fui covarde e voltei para o meu quarto ouvindo de longe os baixos soluços da minha mãe. O único que ainda consegue fazer ela se animar um pouco, é Sirius. Me pergunto se Jungkook sente falta dele, os dois eram muito próximos. 

Eu não sei o que fazer da minha vida, não quero desistir do meu sonho, mas não posso abandonar minha mãe e o Jungkook aqui. E eu ainda penso no meu pai, mesmo depois de tudo que ele me fez, mesmo sentindo ódio por ele, eu ainda me sinto mal por ver onde ele está agora. São tantas preocupações na minha cabeça que se continuar assim, sou capaz de enlouquecer. Mas eu não posso. Eu não posso ser fraco, preciso suportar tudo, preciso encontrar uma saída para a confusão que está minha vida, preciso fazer isso antes que eu acabe me perdendo de vez. 

Faz alguns minutos que saí de casa, estou indo até a casa de Jungkook, não me importo se a mãe dele não me quer por perto, não vou deixá-lo sozinho nesse momento. 

Continuo a andar por mais algum tempo, estou agora próximo ao Ho'omau. Yoongi ainda não disse nada ao Jungkook sobre a senhora Choi, e eu não acho que seja certo, por isso, mesmo que o Yoongi me odeie, hoje vou falar a verdade para Jungkook. Sei que não vai ser fácil para ele lidar com essa notícia, mas eu sei que é pior ainda esconder a verdade dele. Já cometi esse erro uma vez, e não vou cometê-lo de novo. 

Quando estou há mais ou menos dois metros de distância do Ho'omau, percebo que há uma pessoa de pé em frente ao memorial da senhora Choi. Me aproximo ainda mais para checar de quem se trata, e é Jungkook que está ali. Meus pés travam no chão, não consigo me mover de imediato, engulo em seco quando percebo que ele está chorando descontroladamente. Vejo Jungkook sair correndo. 

— JUNGKOOK. — Grito pelo seu nome e começo a tentar acompanhar seus passos rápidos. Contínuo o perseguindo pela rua, mas sou impedido de continuar quando por descuido quase sou atropelado por um carro. — Me desculpa, moça. 

— Toma mais cuidado quando for atravessar a rua, garoto. — Ela fala me olhando pela janela do carro. 

— Desculpa. — Digo uma última vez antes de continuar a correr. Jungkook já não está mais a minha vista, e sem saber exatamente em qual rua ele entrou, decido seguir o caminho que leva até a sua casa. Assim que paro em frente a mesma, preciso de alguns segundos para recuperar o meu ar. A porta está escancarada, o que me deixa aliviado em saber que ele não foi para outro lugar. Passo pela entrada sem me preocupar se irei encontrar com a mãe dele lá dentro ou não. 

Subo as escadas e sigo pelo corredor até estar em frente ao seu quarto. 

Toc,toc,toc. — Jungkook. — A porta está trancada, então a minha única opção é bater até que ele a abra. — Sou eu, Jimin. Abre a porta, por favor. — Fico em silêncio para tentar ouvir o som que vem de dentro. E quando ouço seu choro, sinto meu coração se apertar. Parte disso é culpa minha, se eu não tivesse ajudado Yoongi a esconder o que aconteceu, se eu tivesse vindo falar com ele no mesmo dia em que soube do ocorrido, Jungkook não estaria chorando agora. 

— Abre essa porta, por favor, eu quero falar com você. 

— Vai embora… — Ele começa a socar a porta. — Vai embora! Vai embora! 

— Jungkook, se acalma, por favor, eu quero falar sobre a senhora Choi. — O barulho da porta então para. — Eu não vou embora se você não abrir a porta. — Me sento no chão com a testa apoiada na porta. 

[•••]

Jungkook 

Estou sentado no chão com a testa apoiada na porta. Minha visão está completamente embaçada por conta do meu choro. Jimin está do outro lado da porta. Não sei como ele veio parar aqui, achei que ele estivesse em Seul agora, mas isso já não importa mais para mim. Tudo que eu queria agora era poder ver a senhora Choi outra vez, dizer a ela o quanto ela é especial na minha vida, dizer o quanto eu a amo e o quanto preciso dela ao meu lado. 

— Jungkook. Abre a porta, por favor. — Ouço a voz de Jimin outra vez. — Por favor, meu amor. 

Sinto como se cada palavra sua fosse espadas sendo cravada fundo em meu peito. 

Querendo me livrar desta dor, grito para ele com toda a força de meus pulmões; 

— AAAAAAAA… VAI EMBORA. — Os soluços atrapalham minhas palavras. — Por que todos mentiram pra mim de novo? Porque não me contaram sobre a senhora, Choi? Porque?! Porque?! Eu merecia saber. 

— Não foi uma escolha minha Jungkook, eu queria contar desde o primeiro momento, mas o Yoongi disse que se eu fizesse isso seria pior pra você. 

— O Yoongi?… — Minha voz sai baixa. 

Não consigo acreditar que isso foi ideia dele. O Yoongi sempre soube da minha amizade com a senhora Choi, ele sabia desde o início o quanto ela era importante para mim, então porque ele preferiu me enganar, assim como todos os outros? Que tipo de melhor amigo faz algo assim com você? E minha mãe… ela também sabia, mas mentiu para mim outra vez, porque continuam a brincar com os meus sentimentos? 

— Eu vim até a sua casa hoje justamente porque queria contar pra você sobre isso, Jungkook. — Ele bate na porta outra vez. 

— Deixa eu entrar e falar com você, por favor. 

— Quando ela morreu? — Pergunto em meio aos soluços.

— No dia em que você foi pro hospital. 

Fecho meus olhos permitindo mais lágrimas a saírem enquanto solto um longo suspiro de dor. — Sai daqui, Jimin. — Dou um murro na porta. 

— Jungkook. — Ele fica em silêncio por um momento e tudo que se é ouvido é o meu choro. — Eu vou embora, mas eu ainda vou voltar pra te ver. Eu não vou desistir de nós, Jungkook. — Então ouço seus passos indo em direção às escadas. 

Vendo a bagunça que está em meu quarto, eu me arrasto pelo chão até estar próximo a um estilete de cortar papel que caiu da minha escrivaninha. Seguro o objeto em minhas mãos o deixando ao lado do meu corpo. 

Olho para o teto buscando alguma luz neste quarto escuro e frio. 

— Senhora Choi, me perdoa, me perdoa por ter deixado a senhora sozinha por tanto tempo. — Fecho meus olhos e a imagem dela me vem em mente. — Eu devia ter ido visitar a senhora mais vezes, devia ter abraçado a senhora mais, eu… Eu… Eu sinto muito, senhora Choi. — Sinto as lágrimas escorrendo por minhas bochechas. 

Observo o objeto cortante em minha mão. Ergo a manga longa da minha camisa branca, deixando meu antebraço exposto. Coloco a lâmina do estilete para fora e a aproximo da região. — Me desculpa por não cuidar bem da senhora. A senhora só tinha a mim e eu deixei a senhora sozinha. 

⚠️
— Sentindo mais lágrimas abandonando meus olhos, eu lentamente arrasto a lâmina na minha pele, colocando pressão sobre ela. A dor invade o meu corpo enquanto gotas de sangue cobrem minha pele, por algum motivo a dor externa que sinto consegue amenizar a dor da minha alma. Paro com a lâmina por um momento e observo o sangue escorrendo. — Eu mereço ser punido, eu mereço sofrer sozinho, mereço ser castigado por não ter conseguido salvar você, senhora Choi. Foi por isso que eu não morri, porque meu castigo é viver com essa dor. — E então outro corte é feito em meu braço. E mais outro, e outro, e outro. Os cortes que faço não são fundos o bastante para me matar, só o suficiente para me fazer sofrer. Não consigo parar, porque sempre que paro a dor do meu coração se sobrepõe de novo.

Quando estou prestes a fazer o sexto corte, a lâmina cai das minhas mãos, não consigo ter forças para pegá-la de volta, então deixo que meu corpo tome conta do chão. ⚠️

Minha cabeça está um branco total, meus olhos cansados vacilam para se fecharem. De onde estou consigo ver por debaixo da minha cama, vejo papéis jogados e meu chinelo velho, mas o mais estranho é que também vejo uma pessoa parada me olhando, minha visão só está em seus pés, porém quando ela se aproxima se abaixando ao meu lado, reconheço o seu rosto, é a senhora Choi. 

— Senhora, Choi. — Meus olhos são tomados por lágrimas outra vez. — É a senhora mesmo? 

Sua cabeça balança negativamente. Fecho meus olhos quando a sua mão toca em meus cortes recentes. — Não faça isso, meu netinho querido. Eu estou bem, não se preocupe. 

— Me desculpa. — É tudo que consigo dizer em meio ao choro. Ela sorri para mim e se aproxima me dando um abraço, o seu corpo aquece o meu. Eu a abraço com toda a minha força como se minha vida dependesse disso. 

— Eu preciso ir agora. — Ouço ela dizer. 

— Não. Por favor, não vai. Não me deixa senhora Choi, por favor, fica aqui comigo. — Continuo me agarrando ao seu corpo em uma tentativa falha de tentar convencê-la a não me deixar. 

— Você é mais forte do que pensa, Jungkook. Você só precisa acreditar em si mesmo. — E então, como um sopro que se desfaz com facilidade no ar, ela desaparece na minha frente. 

— Jungkook, Jungkook, abre essa porta. — Ouço a voz da minha mãe do outro lado.

Mas eu não respondo nada. Em vez disso, abraço meus joelhos buscando por algum conforto, e continuo a chorar até apagar por completo.

[•••]

Jimin 

Alguns minutos atrás… 

Assim que desço as escadas da casa de Jungkook encontro com a sua mãe entrando pela porta. Fico parado quando o olhar pesado dela recai sobre mim. 

— O que você veio fazer aqui? Como entrou na minha casa? — Ela pergunta jogando as sacolas que carrega no chão. 

— Eu vim ver o Jungkook. — Ji-woo se aproxima ficando de frente para mim. 

— Quantas vezes mais será necessário eu falar que não quero nunca mais que você se aproxime do meu filho?! 

— Eu não me importa com o que a senhora pensa de mim ou da minha família, eu não posso e não vou abandonar o Jungkook agora, eu sei muito bem que errei em mentir pra ele, e acredite, eu estou pagando por isso, eu amo o Junk- — Sou impedido de continuar a falar quando sua mão pesada bate contra o meu rosto. 

— Eu vou falar pela última vez. — Seu dedo está apontado para o meu rosto. — Some da nossa vida. O meu filho não precisa de você, ele está assim por sua causa, se você não existisse na vida dele, ele seria muito mais feliz e nada disso estaria acontecendo. Vai embora da minha casa, garoto, vá e não volte nunca mais.

É inacreditável ouvir cada palavra que sai de sua boca — Eu achava a senhora uma mãe maravilhosa, sabia? Eu estava feliz em saber que o Jungkook tinha ao lado dele uma mãe que não rejeitava ele por conta da sexualidade e que tudo que queria era ver o filho feliz. Mas agora eu tenho pena dele… tenho pena porque sua própria mãe não consegue enxergar o mal que está fazendo a ele. — A mulher à minha frente fica em silêncio, e eu sem ter mais nada a dizer saio da casa o mais rápido possível.

Eu a odeio por tudo que me disse e pelo que causou a Jungkook. Não importa o que aconteça, eu nunca irei perdoá-la. 

[•••]

Jungkook 

Manhã do dia seguinte… 

— Filho, o seu café da manhã está aqui, você precisa se alimentar. Você não comeu nada ontem. — Ouço a minha mãe falar do outro lado da porta. — Vou deixar aqui perto da porta, por favor saia e coma. Estou indo trabalhar agora. 

Com meu corpo inteiramente dolorido, eu tento me levantar do chão, assim que encaro a cerâmica, as manchas vermelhas ganham minha atenção, eu observo os cortes em meu antebraço, o sangue agora entre as aberturas está congelado, abaixo a manga da minha camisa para encobrir os machucados. Solto um longo suspiro e vou até a minha cama para me deitar. Estico o braço para conseguir alcançar o celular jogado na mesinha ao lado, há várias notificações de ligações de Jimin, e uma mensagem do meu primo, que foi enviada nesta manhã, na mensagem ele diz que está vindo para minha casa. Eu apenas desligo o celular e o jogo de volta no lugar em que peguei. 

Não tenho certeza se foi um sonho ou não, mas lembro claramente de ter visto a senhora Choi ontem. Nunca acreditei em espíritos ou fantasmas, mas por um momento queria que eles fossem reais, assim ao menos eu teria a certeza de que ela realmente esteve comigo…. Mas, isso é impossível, não é? Tudo era apenas uma alucinação da minha mente, certo? Talvez eu só não queria aceitar o fato de que eu nunca mais irei vê-la outra vez. 

Sorrateiramente lágrimas invadem os meus olhos, é quase que impossível conseguir contê-las. Me viro deitando de lado. 

— Quando isso vai parar de doer tanto? — Sussurro para as paredes do quarto. E eu continuo a chorar, choro até que minha respiração desande e meus olhos encharcados fiquem inchados. 

Tempo depois, quando já não consigo derramar uma lágrima, ouço Yoongi batendo em minha porta. O meu corpo implora para que eu não me mova um centímetros, mas a racionalidade que ainda me resta, se esforçar para levantar e abrir a porta, não faço tal coisa por ele ser a única pessoa que desejo ver, mas sim porque preciso ouvir da boca dele se o que Jimin me disse é verdade. 

Assim que a porta é aberta me deparo com Yoongi segurando a bandeja com a comida que minha mãe trouxe mais cedo para mim. Eu apenas recuo dois passos para trás, esperando que ele entre. 

— Acho que essa comida é sua. — Ele estende a bandeja na minha direção, mas eu apenas ignoro. 

— O que você veio fazer aqui? — Pergunto sem ânimo algum na voz. 

— Eu… o Jimin ele me falou o que aconteceu ontem, e… eu vim me desculpar com você. — Então o que Jimin disse era realmente a verdade. — Sei que não preciso mais dizer o que aconteceu porque você já ficou sabendo. Mas ainda assim, eu queria me desculpar. 

Deixo um pequeno sorriso escapar, não é um sorriso que reflete alegria, pelo contrário, é um sorriso carregado de contradição. 

— Você é mesmo meu amigo, Yoongi? 

— Que pergunta boba é essa, Jungkook? Claro que eu sou. 

— Um melhor amigo mentiria assim pro outro? — Respiro fundo antes de continuar. — Uma semana, Yoongi. A senhora Choi morreu faz uma semana e você só apareceu agora pra falar sobre isso e tudo porque o Jimin resolveu me contar primeiro. Porque você não me contou antes? 

Ele abaixa a cabeça evitando contato visual comigo. — Você tava muito mal no hospital, eu não queria que você ficasse pior. 

— YOONGI! — Digo seu nome em voz alta. — Quem te deu esse direito? Uma pessoa importante pra mim morre e você acha que o melhor é que eu não saiba de nada? — Sem perceber já estou chorando outra vez. — Eu não pude nem ir ao funeral dela. Eu não tive a chance de me despedir. O que fez você achar que essa era uma decisão que você tinha que tomar? É a minha vida, Yoongi, eu tinha todo o direito de saber. De todos você sabe muito bem que eu era o mais próximo dela. Quem ficou recebendo as visitas no funeral? Era pra esse ser o meu papel, porque a senhora Choi não tinha mais ninguém que cuidasse dela nesse mundo, eu Yoongi, era em mim que ela confiava, era pra eu estar lá com ela, mas eu não pude fazer isso porque você simplesmente decidiu que o melhor seria esconder a verdade de mim. 

— Jungkook, não é nada disso, me desculpa, não era isso que eu queria. Me desculpa de verdade. 

Olho diretamente em seus olhos. — Onde ela tá? — Pauso um instante puxando o ar dos pulmões. — Eu quero visitar a senhora Choi, me diz, onde ela tá? 

Ele coloca a bandeja em cima da minha escrivaninha. — Eu levo você até lá, vamos. — Ele fica parado em frente a porta me esperando sair. 

— Eu perguntei onde ela tá, Yoongi, eu não quero que você vá comigo até lá. Só me diz, e vai embora, vai embora e não aparece aqui outra vez. 

— Você vai mesmo querer acabar com a nossa amizade assim? 

— Me diz você já que aparentemente é você quem decide as coisas por mim. 

— PORRA, Jungkook. Eu não disse nada antes porque queria o seu bem, eu não fiz nada na má intenção, eu passei noites e noites preocupado com você, fiquei com medo de te perder também seu otário, sabia? Porque você é importante pra mim, acha que foi uma decisão fácil? Eu reconheço que errei e peço desculpas por isso, mas agora você querer que eu suma da sua vida depois de tudo, isso já é demais. 

— Não importa se foi fácil ou difícil, Yoongi. Você não tinha o direito de ter escondido sobre a morte da senhora Choi. Eu confiava em você, confiava porque sabia que de todos você e a senhora Choi eram os únicos com quem eu ainda podia contar, mas você fez como todos os outros, mentiu pra mim com a desculpa de que fez isso pensando no meu bem. Eu nunca faria algo assim com você, Yoongi. Mas você nem pensou duas vezes, não é? 

— Eu… Eu. — Ele parece se perder em meio às palavras e não consegue concluir sua frase. 

— Só me diz onde ela tá, é só o que eu quero saber. 

— Tudo bem, eu falo. 

[•••]

Depois que Yoongi me passou o endereço do local, saí de casa deixando ele sozinho para trás. Nem ao menos troquei de roupa, apenas coloquei um tênis velho no pé, peguei o primeiro táxi que encontrei na rua e pedi que o motorista me levasse até o endereço que entreguei a ele. 

Quando chego no local, o meu corpo que antes estava frio por conta da baixa temperatura do tempo, se aquece com o clima agradável do ambiente. É um lugar enorme e com várias salas, é bonito apesar de ser triste, cada uma das salas contém milhares de histórias, há vários compartimentos contendo as cinzas de entes queridos de várias famílias coreanas. 

Esse lugar não é novo para mim, já estive aqui antes há muito tempo atrás quando meu pai faleceu, porém passei muito tempo sem visitar ele, porque sempre que eu vinha a saudade só aumentava, e agora que estou aqui outra vez sinto como se estivesse revisitando o passado, posso ver claramente o meu eu criança andando cabisbaixo por estes corredores. Na última vez que estive aqui prometi que um dia voltaria, mas nunca imaginei que viria por ter perdido outra pessoa querida na minha vida. 

Entro na sala à minha esquerda e em meio a todos os outros túmulos eu avisto a foto sorridente da senhora Choi em um deles, é a mesma foto que vi na frente do Ho'omau. 

Eu não consigo me controlar e imediatamente começo a chorar. 

— Senhora Choi, é o Jungkook, a senhora ficou esperando por mim, como costumava fazer? — Fecho meus olhos e sua imagem me dizendo o que sempre costumava dizer me vem à mente "Achei que tinha esquecido dessa velhinha aqui outra vez" Ela estava sorrindo, sempre que me via ela sorria. Toco em seu rosto na foto. — Me desculpa por chegar atrasado, eu juro que não foi porque esqueci da senhora, eu só não estava bem e não queria que a senhora me visse daquele jeito. Me perdoa por tudo, eu juro que nunca mais vou passar muito tempo longe, juro que vou sempre trazer presentes quando eu vier. — Olho para minhas mãos vazias. — Eu não consegui trazer nada hoje, mas prometo que da próxima vez eu vou trazer as flores mais bonitas que eu encontrar. — Cubro a boca com a mão por um instante tentando impedir que meu choro seja alto demais. — Porque isso teve que acontecer com a senhora? Eu não entendo. Volta pra mim, por favor, a senhora lembra que disse que quando eu estivesse sem forças a senhora usaria da sua força para me ajudar a levantar? Eu estou sem forças agora senhora Choi, e eu não sei mais como me manter de pé, então me ajuda, por favor, eu preciso que a senhora me ajude a levantar pra que eu possa continuar a andar. 

[•••]

Não sei quanto tempo já se passou, mas ainda continuo parado aqui. O meu choro já cessou e tudo que eu faço agora é olhar para ela em silêncio. 

Solto um longo suspiro antes de começar a falar; — Eu preciso voltar para casa agora, senhor Choi, mas eu prometo que vou voltar. — Faço uma reverência para ela e então deixo a sala. 

Quando estou andando pelo corredor penso em entrar na sala em que meu pai está, vou até seu túmulo e além de sua foto noto flores que parecem terem sido colocadas há pouco tempo, talvez sejam flores dadas pela minha mãe. 

— Oi, pai, eu demorei a voltar, não é? Desculpa é que muita coisa aconteceu. Eu não sei se o senhor pode me ouvir, mas eu queria dizer que agora eu já sei de tudo. A minha memória voltou, e junto com ela veio as lembranças ruins que tive com o senhor. Lembrar disso me magoou muito, e ainda dói aceitar a verdade. Sabe, quando eu ainda não lembrava de nada, eu sempre via o senhor como o meu herói um modelo de homem a seguir… mas isso mudou agora, eu ainda amo o pai que me ajudava a tocar violão e me colocava pra dormir, mas sinto nojo do homem que me batia. Eu não quero me tornar uma má pessoa assim como o senhor era. — Sinto meu estômago revirando de fome. — Eu preciso ir agora, até mais papai. 

[•••]

Jimin 

Nem acredito que estou neste lugar. 

É a primeira vez que venho até o manicômio em que meu pai está internado, tudo aqui é branco e em alguns lugares barulhento demais, conforme o guarda me acompanha até o quarto em que meu pai está preso, posso ouvir vozes desesperadas pedindo por socorro. Eu sinto um arrepio subindo pelo meu corpo inteiro, mas tenho medo de questionar algo ao homem de cara fechada ao meu lado. 

Eu não estou aqui porque perdoei meu pai por tudo que ele me fez passar, pelo contrário, não sei se algum dia vou conseguir perdoá-lo, mas eu preciso deixar os meus sentimentos de lado por um instante e agir como alguém que precisa cuidar daqueles que ama. Vim ao meu pai não em busca de desculpas, mas sim de respostas. 

O homem abre a grade que bloqueia a passagem no corredor, assim que passo por ela, ela é fechada, mais a frente tem uma porta. Sabendo que vou encontrar meu pai do outro lado, já sinto minhas mãos começarem a suar. O guarda então abre a porta, a primeira imagem que tenho é das costas do meu pai, ele está deitado de lado com o rosto virado para a parede. 

— O senhor tem visita. — O guarda diz. Ele continua por perto por motivos óbvios, e eu agradeço mentalmente por isso. 

— Pai. — Meu pai se vira quando ouve minha voz. Tendo agora completa nitidez de seu rosto percebo o quanto ele está pálido e seu olhar parece espantado, as olheiras deixam claro que ele não tem dormido nada bem. 

— Jimin. — Eu dou um passo para trás quando ele se levanta da cama. Mas a algema em seu pulso evita que ele venha em minha direção. — O que veio fazer aqui? 

— Eu preciso conversar com o senhor sobre a empresa. — Reunindo todas as minhas forças consigo burlar o meu medo e finalmente dar um passo adiante me colocando mais perto dele. O quarto não tem nada além de uma cama, então minha única opção é continuar de pé. — Um advogado foi me procurar e disse que a empresa agora está sob minha responsabilidade. Isso é tudo culpa do senhor, porque o senhor quer me obrigar a tomar conta da empresa? Esse nunca foi o meu sonho. — Ele fica em silêncio olhando concentradamente para uma mancha na parede atrás de mim. — O senhor me ouviu? 

— Hun? — Ele então olha para mim. — Jimin? O que você veio fazer aqui? É você mesmo ou é só outra alucinação minha? — Ele sorri e se senta na cama. — Deve ser só uma alucinação, o Jimin jamais me visitaria depois da surra que eu dei nele. 

— Pai, sou eu sim. — Coloco a mão sobre os ombros dele tentando fazer com que toda a sua concentração esteja em mim. — Sou Jimin, seu filho, não uma alucinação. 

— Jimin? — Ele pergunta outra vez. — O que você está fazendo aqui? — Ele então se levanta bruscamente. — V-v-você tem que tomar muito cuidado, ele voltou, ele voltou. Ele veio me ver e disse que vai roubar a empresa da nossa família. — Ele segura firme em minha mão. — Você não pode deixar ele fazer isso, Jimin, não pode. Não deixa ele encontrar os documentos. 

— Quem documentos pai de quem o senhor está falando?

— O Ji-chul, ele não para de me perseguir, eu vejo ele todos os dias, ele não me deixa dormir e nem comer direito, ele está tentando me matar e pegar minha empresa pra ele. Mas você não pode deixar, você não pode deixar. 

Me afasto dele, ele tenta se aproximar, mas não consegue. — O senhor não tá bem pai. 

— Não, eu estou bem sim. Você tem que acreditar em mim, eu vi o Ji-chul, vi ele, ele veio aqui, ele vai voltar a noite ele sempre volta. 

Vendo meu pai no estado em que está, tudo que consigo sentir é pena, pena de ver quem ele se tornou e de ver onde ele está agora. 

E então eu deixo o quarto, não posso falar com ele neste momento, seria inútil. 

Na volta para a saída, paro na recepção, há uma moça trabalhando. — Senhora, alguém veio visitar o senhor Park Seo-joon? 

Ela para de olhar o computador para poder falar comigo. — Ah, o novo detento? Não, você é a primeira vista dele.

— Certo. Obrigado. — Digo antes de sair. 

Como eu pude cogitar acreditar no que meu pai disse? Essa não é a primeira vez que ele tem alucinações com o pai do Jungkook, não me surpreende que elas continue. 

[•••]

— Eu não tenho outra opção, não é? — Pergunto fazendo carinho na cabeça de Sirius que está deitado em minha perna. — Vou ter que assumir a empresa do meu pai e desistir de ir para Seul. — Ouço o meu celular tocando ao meu lado, o contato indica que é Hoseok ligando. — Oi. — Digo assim que antenado a chamada. "Oi, Ji, liguei pra saber como estão as coisas. Você já sabe quando vai vir para Seul?" — Eu não vou mais, Hoseok. — "Como assim? Porque você não vem?" — Eu não posso, minha mãe precisa de mim e o Jungkook também. — Ele fica em silêncio por um tempo antes de começar a falar; "Eu não sei o que está acontecendo com você ai, Jimin, mas saiba que eu vou sempre apoiar as suas decisões. Mesmo que de longe você pode sempre contar comigo" — Obrigado, Hoseok. Por favor siga o nosso sonho por nós dois e se torne um dançarino mundialmente reconhecido. — "Se você continuar falando assim eu vou acabar chorando." Ele sorrir e eu também. "Não se preocupa, a gente ainda vai se ver um dia e eu tenho certeza que, mesmo que não seja agora, eu ainda vou ver o meu melhor amigo realizando o sonho dele. Não esquece que eu te amo, Park Jimin." — Isso foi muito gay, sabia? Mas eu te amo também. 

11h da manhã do dia seguinte… 

Empresa Park C.I (construções inovadoras) 

— Desculpa pelo atraso. — O advogado senhor Jackson se desculpa assim que para ao meu lado em frete a grande porta da sala de reuniões. — O senhor está pronto? Todos os acionista estão lá dentro esperando pelo senhor. Vieram os representantes das empresas do Japão e dos EUA também, todos estão ansiosos para conhecer o novo CEO da empresa. Não queria dizer isso, mas o senhor precisará se mostrar digno de assumir o cargo, caso contrário, se os acionistas se juntarem eles poderão eleger um novo CEO, todos esperavam que o vici-presidente Mim Kwan assumiria a empresa, mas ele não pôde por conta dos documentos que seu pai deixou, porém há uma cláusula que diz que, se o senhor não demonstrar uma boa liderança, aquele que possuir mais apoio dos acionistas será o novo CEO. 

Se antes eu já estava nervoso, agora eu estou mil vezes mais. No entanto, preciso aceitar o fato de que uma nova fase da minha vida está começando, eu já não posso mais agir como um adolescente sem preocupações, agora eu sou um homem adulto com responsabilidades em mãos. Guardeirei o meu sonho de ser dançarino em meu coração e de agora em diante me tornarei alguém que possa assumir esta empresa. É o melhor a se fazer, porque não adianta tentar fugir do meu destino, há coisas demais para peder se eu resolver me esconder, então a minha única opção é aceitar a minha realidade e enfrentar todos os obstáculos que estão à esperar por mim. 

Folgo um pouco a gravata em meu pescoço — Vamos entrar. — Digo olhando para ele. 

— Certo. — E então ele abre a porta. 

Assim que entro na sala, os olhares dos homens e mulheres sentados envolta da grande mesa de vidro recaem sobre mim.

Jackson caminha para se sentar em uma cadeira da mesa, e eu me posiciono em frente ao telão usado para apresentações. 

Fico em silêncio por um tempo observando que todos estão com olhares confusos, alguns dos rostos são familiares, lembro de já tê-los vistos nos eventos e reuniões que meu pai me obrigava a participar. Mesmo que tentem disfarçar percebo alguns cochichando entre si.

Solto um pigarro antes de começar a falar. 

— Olá, a todos, sou Park Jimin o novo CEO da Park C.I. — Me curvo em demonstrar de respeito. — É um prazer conhecê-los. 


———————

Prometo que uma hora essa sofreria acaba 😭 bjs, e até qualquer dia.





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