Serendipity of a dream

By Estrela_rana

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[ LIVRO FÍSICO EM BREVE PELA EDITORA SINGULARITY 📖 ] [Em andamento] Jeon Jungkook, um adolescente que tem s... More

AVISOS!
Lembranças
O loirinho bonito.
Tudo que sinto é... medo.
Sorvete de menta
Quase um encontro
Molho de pimenta
Rosa azul
Sombras do passado
Foi só um beijo bobo, né?
Cheirinho de morango
Viva sem medo
Verdade oculta
O meu único refúgio
Pelo teu sorriso
sinceridade
Foi tudo um sonho
Me apaixonando mais a cada dia
Um passo de cada vez
Perdido por você
Meu coração palpita por você
Eu sou você...
Você sou eu
Amizade em primeiro lugar
Mudanças
onde a verdade se revela (1)
uma palavra dá autora :)
Onde a verdade se revela (2)
Arrependimento
Ainda há esperança?
Memorias perdidas
Coração quebrado
NOVA TEMPORADA
Novo cronograma
Sem forças
Desavenças
Um momento de paz
Uma volta no tempo
Confusão
Grupo novo no Instagram
Calmaria
Sofrimento
Mostrando as garras
A dor que sempre volta
"Nervos a flor da pele"
Melhor amigo
A última briga
Apenas Continue
Dores do passado
O seu lado da dor
Uma nova chance
Incerteza
Estou com você
Um momento só nosso
Me deixe ser feliz
A noite em que fizemos amor

Pesadelo

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By Estrela_rana

Mil perdões pelo atraso, gente. Desde as 14h que deu um apagão aqui na minha cidade e a luz só voltou agora. (AMEM!)

Hoje se inicia uma nova fase na história da fic, o nosso casal está afastado, mas prometo que logo, logo, eles estarão juntos de novo. Por favor, VOTEM no capítulo, isso me anima a continuar escrevendo, e se quiserem comentar eu vou ficar muito grata também, amo interagir com vocês.

Boa leitura 📚



 — Alô. — "Jimin, o Jungkook… ele tá no hospital" — O quê? — É a única palavra que sai da minha boca. 

— O que ele falou, Ji? — Hoseok pergunta curioso. 

— Ele disse que o Jungkook tá no hospital. 

— O que? 

Volto minha atenção para a chamada. — Me explica isso direito, o que aconteceu com ele, Yoongi? — "O Jungkook, ele…ele tentou cometer suicídio. — O que você disse? Pergunto incrédulo com o que acabei de ouvir. "Eu não sei muito bem os detalhes, a tia Ji-woo ligou pra minha mãe hoje cedo desesperada dizendo que tinha encontrado ele desacordado no chão" — E quanto tempo faz isso? — "Mais ou menos umas duas 2h.. Minha mãe chegou agora em casa e disse que ele já tá fora de perigo, mas que ainda não acordou.. eu tô indo lá agora, sei que hoje é a sua viagem, mas achei que você deveria saber disso". — Obrigado por ter me contado Yoongi, tchau, eu encontro você no hospital. — Desligo a chamada e guardo o celular no bolso. 

— O que aconteceu, Ji?

— Hoseok, desculpa, mas eu preciso ir. — Seguro firme na alça da minha mala. 

— Ir pra onde, Ji? Já é quase a hora do nosso voo sair. 

— Desculpa mesmo, mas eu preciso ver o Jungkook. — Dito isto, não dou mais chances de ouvir os questionamentos do meu amigo. Eu simplesmente corro para fora do aeroporto o mais rápido que posso, sem me importar com minhas outras duas malas que ficaram largadas. 

Paro na calçada e assim que o primeiro táxi passa por mim, faço sinal com a mão pedindo que ele pare. Entro no carro e só agora me dou conta de que não sei qual o endereço do hospital. Mas por sorte, assim que mando mensagem para Yoongi ele me envia a localização. 

Chego no hospital e vou direto na recepção, pergunto o quarto do paciente Jeon Jungkook, a moça questiona se eu sou alguém da família, digo que sou o namorado dele, ela me olha estranho, mas depois de checar as informações na tela do computador a sua frente, libera a minha entrada, me informando que ele está em um quarto da área VIP. Pego o elevador me sentindo completamente sem rumo. Depois de andar alguns minutos chego no corredor que me foi informado, Yoongi, que está parado olhando para porta fechada do quarto, vem até mim assim que nota minha presença. 

— Como ele tá? — Pergunto a medida em que caminho até a porta. 

— Ainda dormindo. — É a primeira vez em anos que vejo Yoongi triste, sua voz soou fraca como a de alguém que tem receio de falar, seus olhos inchados deixam claro que ele estava chorando. À medida que andamos Yoongi me explica que Jungkook foi colocado em um quarto da área VIP graças ao namorado da senhora Ji-woo, que é diretor no hospital. Antes que a porta seja aberta, Yoongi para me olhando. — Por que isso tá acontecendo, hein Jimin? — Sem que eu tenha tempo de pensar ele me abraça buscando algum conforto em meus braços. 

Mesmo que me doa admitir eu sei que grande parte disso aconteceu por minha causa — A culpa é minha. — Por ser poucos centímetros mais baixo que ele, apoio minha cabeça em seu ombro, uma lágrima acaba escapando de mim, mas tento me controlar para não parecer fraco demais na frente dele.

Ele se afasta segurando nos meus ombros me fazendo olhar em seus olhos. 
— Não diz isso, Jimin, isso não é culpa sua. E eu tenho certeza que o Jungkook pensa o mesmo que eu. — Ele continua me olhando e enquanto faz isso, me lembro da noite em que fui a casa de Jungkook "a culpa é sua, Jimin" foi o que ele disse naquele dia. 

Yoongi se vira e abre a porta para que ambos possamos entrar. 

— Jungkook. — Chamo pelo seu nome. E como se cada parte do meu corpo sentisse a dor que está presa em meu peito, lágrimas pesadas fogem dos meus olhos em uma quantidade exagerada, me sinto tão desamparado que dessa vez não luto para controlá-las. Jungkook está imóvel na cama, seu pulso é abrigo de agulhas que levam soro ao seu corpo. 
Yoongi, não consegue olhar para o primo, ele se vira e sai da sala logo em seguida. Ao lado de sua cama deixo que meus joelhos se dobrem no chão. Com minha mão trêmula toco em seu rosto pálido. 
— Jungkook. — Sou impedido de continuar por conta do meu choro que é forte demais para que eu controle a respiração da forma certa. — Meu amor, me desculpa, desculpa, desculpa… desculpa. — A cada palavra que digo mais lágrimas são liberadas. Seguro firme em sua mão, que está rígida ao lado de seu corpo, aproximo meu rosto e deixo um breve beijo nela, sinto seus dedos se movimentarem por um curto espaço de tempo, encaro seu rosto esperando que ele acorde, mas Jungkook continua dormindo. 
— Você tem que acordar, você tem que acordar e ficar bem, por favor. Você não pode me deixar, Jungkook, não pode. Seu idiota, você ia mesmo me deixar viver sozinho neste mundo? Você é o meu príncipe, Jeon Jungkook, lembra? Você não pode me abandonar, eu não vou deixar isso acontecer — cubro minha face com a palma da mão, sentindo minhas lágrimas quentes a umedecer. 

— Jimin. — Sinto a mão de Yoongi tocando em meu ombro. — A tia Ji-woo tá vindo aí, acho melhor você sair antes que ela entre. 

Eu continuo segurando firme na mão de Jungkook. — Eu não posso deixar ele sozinho, Yoongi. Ele vai ficar com medo de ficar aqui, o Jungkook já me disse uma vez que não gosta de hospitais. 

— Ele não vai ficar sozinho, Jimin. 

A porta é aberta. — O que você pensa que veio fazer aqui, garoto? — Ela se aproxima e em um ato bruto e rápido separa minhas mãos de Jungkook, eu acabo caindo sentado no chão.
— Já não foi o suficiente o que você fez ao meu filho? Olha onde ele está agora por sua causa. 

— Tia, para com isso. 

— Vai embora daqui agora seu verme, vai embora e nunca mais aparece na minha frente. — Ela me puxa pelo braço. Eu não consigo a impedir, não porque não tenho mais forças que ela, mas sim porque sei que mereço ser culpado. 

— Tia, solta ele. — Yoongi consegue me separar dela. — Ele já vai embora. — Eu continuo sem dizer uma palavra. Yoongi me tira do quarto, e do lado de fora chama a minha atenção. — Jimin, não vai embora não, eu vou dar um jeito nisso. Tem uma cafeteria aqui, fica lá até eu mandar mensagem pra você, ok? 

Eu não respondo com palavras, apenas balanço a cabeça para cima e para baixo em concordância. Entro no elevador, na parede há uma placa com o mapa do hospital, vou para o quinto andar. Chego na cafeteira e me sento na primeira cadeira que vejo. 

3 horas depois… 

Pela milésima vez checo se tem alguma mensagem de Yoongi. O relógio já marca 14h40. Espero por mais alguns minutos até que ele finalmente manda uma mensagem pedindo que eu vá até o quarto de Jungkook, pergunto o que fazer caso a mãe dele me ataque outra vez, mas Yoongi disse que ela saiu e pediu que ele ficasse como acompanhante. 

Volto para o quarto de Jungkook. Yoongi está sentado na poltrona no canto do cômodo, há também uma enfermeira checando o medicamento. 

— Ele vai ficar bem, senhora? — Pergunto a ela. 

A mulher me olha de cima a baixo antes de responder. — Vai, mas esse garoto deu sorte de não ter morrido. Você é o que, amigo dele? Garoto, se eu fosse você revia as minhas amizades, viu? Quem é capaz de tentar tirar a própria vida só pra chamar atenção é capaz de cometer até assassinato. 

Essa mulher só pode estar louca de dizer algo assim. Fechei meu punho com força, tentando me controlar ao máximo possível para não xingar na cara dessa velha. Ela passa por mim prestes a ir embora, mas para assim que me ouve falar: 

— A senhora está muito enganada. Quem busca o suicídio como uma opção não está tentando chamar atenção. É um pedido de socorro, porque ¹o suicídio é última súplica por ajuda daqueles que desejam viver. — Ela continua me olhando em silêncio . 
— A senhora trabalha cuidando de pessoas doentes, como pode ser tão desumana? 

— No meu trabalho eu tenho empatia por aqueles que desejam se curar, e não por pessoas que estão vivendo suas vidas bem e se esforçam para se matar. 

— Senhora… 

— Já chega garoto. E tenha mais respeito, sou muito mais velha que você. — Ela sai batendo a porta. 

— Vou falar com o namorado da tia e perguntar se ele pode trocar a enfermeira do Jungkook. — Yoongi se levanta. — Você pode ficar aqui o tempo que quiser, convenci a tia de que ela precisava descansar e eu ficaria aqui cuidando do Jungkook e assim que ele acordasse eu ligava pra ela. 

— Obrigado, Yoongi. 

— Não foi nada. Vou indo agora. — E então ele me deixa a sós com Jungkook. 

Me sento no chão ao lado de sua cama e seguro em sua mão. — Você ainda usa o nosso anel de namoro. — Olho para o anel em minha mão. — Eu também nunca tirei o meu. — Observo o seu rosto, seus olhos estão espremidos como se estivesse se forçando a dormir, ou talvez tendo um pesadelo. 
— Eu vou cuidar de você, não se preocupa. — Apoio o lado da minha cabeça na cama e conforme o tempo passa sinto meus olhos pensando cada vez mais até que eu acabo adormecendo. 

[•••]

— Jimin. — Abro os olhos quando ouço a voz de Yoongi me chamando. Percebo que ainda estou no chão, me levanto espreguiçando o meu corpo dolorido por culpa da posição em que dormi. — Acabei dormindo, que horas são? 

— Pega eu achei que você ia acordar com fome, então comprei isso. — Ele me entrega uma marmita com arroz e alguns acompanhamentos. — Já são 18h45, você parece que tá cansado se quiser pode ir pra casa descansar, eu aviso quando ele acordar. 

— Obrigado pela comida Yoongi. E não se preocupa, eu tô bem, se você não se incomodar eu quero passar a noite aqui com ele. 

— Tem certeza disso? 

— Tenho sim. 

— Então, ok. Vou indo pra casa, mas amanhã cedo eu tô de volta, porque a tia acorda muito cedo e ela não pode saber que você ficou aqui.

6 horas depois… 

Dormir durante o dia me fez não conseguir dormir a noite, depois que Yoongi foi embora continuei acordado olhando atentamente para Jungkook, na esperança de que ele acordasse logo, mas ele continuou dormindo, a mesma enfermeira veio checar ele a noite, mas dessa vez ela não disse nada. 

Sinto que preciso esticar minhas pernas, então levanto e vou até o banheiro lavar o meu rosto. Assim que volto para o quarto vejo Jungkook acordado olhando de um lado para o outro. Sem nem secar as mãos direito eu corro em sua direção. 

— Jungkook. — Sem pensar muito, deixo meu corpo agir por impulso e acabo abraçando ele. Com a cabeça em seu peito, posso sentir seu coração batendo. 

— Como eu vim parar aqui? — A voz dele sai rouca e baixa. 

Me afasto para olhar em seus olhos. 
— Você não lembra do que aconteceu, Jungkook? 

— Jimin? — Ele pergunta parecendo notar só agora que sou eu quem estou diante de si. — O que você tá fazendo aqui? 

— Eu vim cuidar de você, meu amor. — Levo a mão até o seu rosto e faço carinho em sua bochecha. Jungkook deixa uma lágrima rala escapar. — Por que você tá chorando? Não chora.

— Eu tô com medo.

— Não se preocupa, eu tô aqui com você. — Ele segura em minha mão que ainda faz carinho em seu rosto, o seu toque me faz parar. 

— A sua mão tá quentinha, isso é tão bom. — Dessa vez sou eu que não consigo conter as lágrimas. Jungkook leva a mão até o meu rosto e limpa a lágrima que escorre. — Eu queria ser forte como você é, mas desculpa, eu não consigo. — Sua mão volta a cair sobre a cama. Jungkook vira o seu rosto para o lado e como se tudo tivesse sido uma grande ilusão minha, imediatamente ele volta a dormir. 

Volto a fazer carinho em sua bochecha. 
— Eu não sou forte, Jungkook. Mas eu finjo ser, porque sei que se eu me entregar a dor por completo, eu nunca mais vou conseguir me livrar dela. 

[•••]

Jungkook

— Jungkook, pega sua bolsa, a gente precisa ir. — A minha avó avisa assim que para na porta do meu quarto. Eu estou sentado na cama observando o quarto que foi meu por alguns anos. 

Pego minha bolsa e vou correndo até ela. Minha avó pega sua bolsa também e junto saímos em direção à rodoviária. Como o caminho para a casa dela é longe, tivemos que pegar um taxi, assim que chegamos na rodoviária fomos em direção aos ônibus. Entramos e nos sentamos. Não demora para que o ônibus comece a andar. Eu fico olhando pela janela observando os carros passando pelas ruas, mas estranho o silêncio da minha avó. 

— O que a senhora tem, vovó? Porque tá tão calada? — Ela não me olha nos olhos diretamente, prefere continuar encarando seus dedos. — A senhora está chateada comigo? 

— Não é isso. — Ela finalmente levanta a cabeça para me olhar, mas fico preocupado ao perceber que seu olhar está coberto por lágrimas. — Você tem que me prometer que vai ficar bem, ok? Independente de qualquer coisa, você tem que prometer que vai ser forte e que vai cuidar de você e da sua mãe. 

— Aaah, então a senhora tá triste porque eu tô voltando pra casa? Não fica assim não Vovó, eu prometo que vou pedir ao meu pai pra sempre me trazer pra visitar a senhora.

Ela respira fundo antes de continuar a falar: 
— Me promete, Jungkook. Me promete que mesmo quando o seu pai não estiver mais do seu lado, me promete que vai ser forte. 

— A senhora diz isso porque meu pai passa muito tempo no trabalho? Não se preocupa Vovó, eu sei que ele não fica em casa porque trabalha muito. Mas eu prometo sim, prometo que vou ser forte. — Ela me puxa para um abraço apertado

[•••]

Horas passaram e a gente finalmente chegou na minha cidade natal. Pegamos outro táxi, esse que nos deixou na porta de um lugar que até então só tinha visto nas novelas, é um salão de velórios. 

— Por que a gente tá aqui? — Pergunto olhando para os vários carros parados aos arredores. Há também pessoas entrando e saindo do local. Minha avó pede que eu espere um momento. 

— Você lembra do que me prometeu, não é? 

Balanço a cabeça em concordância. — A senhora está me assustando, vovó. Onde a minha mãe e o meu pai estão?

Minha avó me abraça outra vez, dessa vez ouço seus fungados serem mais frequentes. Ela está chorando, mas por quê? 

Ela abre a bolsa que trouxe com ela de viagem e tira uma faixa de dentro, ela coloca no meu braço. 

— Por que eu tenho que usar isso? 

— Vamos entrar. — Ela segura em minha mão. Passamos por um grande corredor cheio de salas, por cada um que passo vejo coroas de flores e pessoas lamentando a morte de alguém. Caminhamos por mais alguns segundos, até então entrar em uma das salas. Paramos para assinar nossos nomes em um papel, mesmo que eu continue questionando minha vó, ela continua me ignorando, depois tiramos nossos sapatos para podermos entrar na sala menor, onde um grande altar de flores é exposto aos olhos de quem ver. Posso finalmente ver o rosto da minha mãe.

— Mãe. — Meu coração começa a acelerar, sem muito pensar, corro até ela. Assim que me vê minha mãe pede desculpas. 

Minha mãe está totalmente de preto, assim como minha avó também, e só agora percebo que a roupa que uso é da mesma cor, minha avó escolheu essa roupa para mim, porque disse que eu fico bem de terno. — Onde o papai tá? — Ela não consegue me responder com palavras, em vez disso aponta para a foto do homem que está próxima ao caixão. Só agora me dou conta do que está acontecendo. Eu já não consigo conter minhas lágrimas. — Pai. É o meu pai que tá aqui, mãe? — Coloco a mão sobre a tampa do caixão. 

— É seu pai, meu filho. 

— Não, não é. Como a senhora sabe que é ele? Não dá pra ver nada aqui. — O caixão está na parte de trás do altar, trancado, então mesmo que eu esteja olhando para a foto dele, eu me recuso a acreditar que é real. 

— Jungkook. — Ela tenta segurar a minha mão, mas eu em um ato de rebeldia acabo puxando meu braço para longe de si. — Eu sei que é difícil aceitar, meu bem. Mas é o seu pai que está nesse caixão. 

Caio sentado no chão — Pai, eu voltei pra casa, voltei pra ficar com o senhor e a mamãe. Mas porque o senhor tá aí dentro? Papai, papai. — Minha avó vem até mim e me ajuda a ficar de pé. — Vovó, o papai… a senhora já sabia e não me disse nada? A senhora mentiu pra mim. A senhora sabia de tudo e mentiu pra mim?

— Eu fiz isso pro seu bem, Jungkook. Você me prometeu que ia ser forte, lembra? Então você precisa ser forte agora. — Ela olha para minha mãe. — Sua mãe vai precisar de você. 

— Eu não quero ser forte. Eu quero o meu pai de volta!

Sinto alguém se aproximando. Levanto a cabeça para olhar e vejo um homem alto de terno, com uma pinta pequena ao lado direito do nariz. Ele toca em meu ombro. 

— Meus sentimentos. Eu era um grande amigo de trabalho do seu pai. 

— Obrigada. — É minha avó quem responde. Já eu não consigo dizer uma palavra sequer, porque continuo chorando. 

[•••]

Abro meus olhos com dificuldade por conta da luz que atravessa o vidro da janela. Tudo aqui é branco demais o que me faz levar um tempo para conseguir enxergar com normalidade. Sinto minha garganta seca, e meu corpo mais fraco que o normal, levanto brevemente o braço e observo o soro que vai em direção às minhas veias. A porta é aberta, uma senhora que parece ser enfermeira passa por ela. 

— Finalmente acordou? — Ela observa a fixa em sua mão. — Jeon Jungkook, não é? Ontem eu fui repreendida pelo diretor do hospital por sua causa. — Ela se aproxima checando algo no monitor cardíaco. 
— Parece que tá tudo certo aqui. 

— Como eu vim parar aqui?

— Ah, você não lembra? Não lembra que tentou se matar tomando remédio pra insônia? — Ela começa a gargalhar. — Parece até piada, um menino jovem como você tendo uma vida inteira pela frente fica fazendo esse tipo de coisa. Acha que é só você que passa por dificuldades, garoto? Não é só você não, todo mundo sofre também. Então sabe o que você faz na próxima vez que quiser fazer esse drama seu aí? Vai pescar. Ou procure uma igreja, certeza que isso aí é falta de Deus. — A mulher se afasta de mim indo até a porta. 
— O meu turno já acabou, então você agora não é mais problema meu.

Após ela se calar a porta é aberta outra vez. 

— Olá, senhora. — Ela comprimenta minha mãe. — seu filho já acordou. Eu já estou indo agora, mas em poucos minutos o médico chega. Tenha uma boa tarde. — E então ela sai. 

Minha mãe vem até mim. Eu não consigo reagir. As palavras duras que acabei de ouvir contribuíram mais ainda para eu me sentir um lixo. E agora que lembro do que aconteceu antes de vir parar aqui, sinto vergonha de mim mesmo. Eu sou tão fraco que não pensei duas vezes em tentar acabar com minha vida. Quando olho para minha mãe vejo que ela está chorando. — Por que você fez isso, filho? Como você foi capaz de fazer isso comigo? Meu filho, olha pra mim. — Ela segura dos dois lados do meu rosto me forçando a encarar. — Eu sei que você se machucou com o que o Jimin fez, eu sei que não foi nada fácil, mas eu sou a sua mãe, quando você se sentir sozinho pode confiar em mim pra me contar tudo, não tenta fazer o que você fez outra vez, entendeu? Eu não vou suportar perder mais ninguém. 

Tiro a mão dela do meu rosto. 
— A culpa foi do Jimin? — Pergunto. 

— Foi por culpa dele que tudo isso começou.

— Foi o Jimin que fez aquele jantar? Foi ele que mentiu sobre eu ter perdido a memória? Foi o Jimin mãe que fez isso? — Mesmo que a confiança que eu tinha nele tenha sido quebrada, é insuportável o fato de que minha mãe faz de tudo para se livrar da culpa que também carrega.

— Você quer dizer que tentou se matar por minha culpa, Jungkook? Eu que sempre fiz de tudo para dar o melhor pra você. Você sabe o quanto é difícil ser mãe solteira e criar uma criança sozinha? Eu sempre estive do seu lado. E agora você tem a coragem de dizer que por minha culpa você tentou acabar com a própria vida? 

Não consigo responder a sua pergunta. Eu apenas permaneço em silêncio. A porta é aberta novamente e dessa vez um médico passa por ela. Ele parece ser um conhecido da minha mãe, percebo isso pela forma informal que conversam. Depois de explicar sobre o meu estado atual para a minha mãe, ele começa a falar comigo.

— Jungkook, tudo bem? — Eu não respondo.  — Bom, muito prazer, eu sou o doutor Kim, sou do departamento de neurologia. Sua mãe me informou sobre o trauma que você sofreu quando criança. Sei que deve ter sido um choque para você descobrir sobre isso tão de repente, é normal que pacientes com esse diagnóstico tenham muita confusão mental, uma depressão pós trauma e em alguns casos até alucinações. Você ainda vai precisar passar por um acompanhamento com um psiquiatra para ter um diagnóstico mais correto, mas dado a situação, julgo que você tentou cometer suicídio em decorrência da depressão que o estresse pós traumatico trás. Você está conseguindo entender tudo que estou dizendo? 

Fico em silêncio.

— Filho, ele está falando com você.

Continuo em silêncio.

— Se não tiver entendido, eu repito outra vez, não tem problema. 

— Não precisa. — Respondo. 

— Certo. Você não vai poder ter alta hoje, ainda precisa ficar em observação, então pode descansar e lembre-se de se alimentar direito, e tomar muita água, porque o seu corpo precisa ficar forte. 

— Senhora Ji-woo, podemos conversar um instante lá fora? 

— Claro. Deixa só eu conversar uma coisa com meu filho, pode ir na frente encontro você em um minuto. — O homem então sai da sala. 

— Eu não tenho nada pra falar com a senhora. 

— Ainda não terminamos nossa conversa Jungkook. 

Eu me viro para o lado direito ficando de costas para ela. — Eu só quero ficar sozinho, mãe. Por favor. — Não vejo o momento exato, mas posso ouvir a porta se batendo, então acabo por concluir que ela se foi. 

Fecho os meus olhos deixando que lágrimas escorram por eles. Meus pensamentos que antes já estavam uma confusão parecem agora mais um labirinto de um amontoado de coisas que não tenho controle. Lembro do sonho que tive com o dia da morte do meu pai, antes de eu acordar neste hospital, e isso só ajuda mais ainda para que eu continue a chorar. Não sei o que dói mais em mim, saber que perdi meu pai tão cedo, ou saber que ele nunca foi o homem que imaginei. 

Em meio às fungadas, outra lembrança de sonho me vem à cabeça. Nesta lembrança, Jimin está neste quarto fazendo carinho em minha bochecha. O sonho foi tão real que ainda posso sentir a sua mão quentinha tocando em meu rosto.

Minha cabeça está tão confusa que eu já não sei mais o que devo fazer. Um lado meu grita pelo nome do Jimin, pedindo mais que tudo que ele venha de volta para mim. Mas o outro lado só quer fugir, de Jimin, de todos e principalmente de mim mesmo. 

Sei que eu nem deveria estar pensando nele. Jimin já deve ter viajado para Seul. Talvez ele ter ido embora foi a melhor decisão possível. Porque eu não sei quanto tempo mais iriam conseguir olhar em seus olhos e fingir que meu coração não bate descontroladamente toda vez que ele está perto.

— Jungkook. — A porta é aberta outra vez. A voz que me chama é familiar. — Primo, que bom que você finalmente acordou. — Yoongi me abraça, tento limpar meus olhos o mais rápido possível para que ele não perceba que eu estava chorando. 

— Dá pra me soltar? Eu não morri não. — Yoongi está de terno preto, o que não é nada normal vindo dele. 

— Se acha engraçado com essa piada sem graça, Jungkook? — Yoongi dá um tapa na minha perna. — Você tá comendo bosta? O que deu em você pra tentar fazer uma coisa dessa? Mano, você sabe o quanto eu chorei por sua causa? Eu fiquei de olho inchado.

— Aí! Não precisa me bater também, né? Você chorou por minha causa? Já não basta tanta gente mentindo pra mim, agora até você vai mentir? Já que é assim é melhor ir embora. 

— Jungkook, para de brincar com coisa séria. Você deveria ter ligado pra mim, você sabe que pode contar comigo quando precisar, não sabe? Eu sou seu amigo, cara. Eu sei que eu sou chato às vezes e que não sou bom em dar conselhos, mas sempre que você precisar de alguém pra conversar pode contar comigo. Só não tenta fazer uma coisa dessa outra vez, por favor. 

— Não quero falar sobre isso. — Tento mudar o foco da conversa. — Por que esse  terno preto? Veio achando que seria o meu velório? — Faço mais uma piada sem graça achando que ele ficaria irritado, mas Yoongi muda sua expressão, de preocupado para sério. 

— Não é nada. — Ele não olha para mim enquanto diz isso. 

— Você pode pegar um pouco de água pra mim? 

Yoongi não diz uma palavra, apenas concorda com a cabeça. Ele sai da sala dizendo que vai pegar minha água, assim que ele volta me entrega o copo, e pode parecer a maior besteira o que vou falar agora, mas é como se essa fosse a água mais gostosa que eu já tomei na vida. E isso me faz pensar que se eu tivesse conseguido fazer o que eu tentei, hoje eu não estaria aqui tomando essa água. 

— Obrigado. — Agradeço devolvendo o copo plástico nas mãos dele. — Você vai ficar aqui?

— Agora não vai dar, eu preciso ir em um lugar, mas assim que terminar lá eu venho visitar você. 

— Não precisa. Eu quero ficar sozinho mesmo.

— Nem adianta negar, falei sério quando disse que você podia contar comigo pra tudo. — Ele checa o horário em seu celular. — Agora eu preciso mesmo ir. Volto depois. 

Yoongi sai da sala. Eu começo a encarar o teto branco. 

Eu sou mesmo um idiota desprezível. 
Além de não conseguir ter forças para me manter de pé, eu acabo machucando pessoas ao meu redor. 

[•••]

Jimin 

— O senhor está muito abatido, a senhora que morreu era muita próxima? — É o motorista do meu pai que pergunta, assim que o carro começa a andar. 

— Sim. Ela foi a minha primeira patroa, ela me deu um emprego mesmo sabendo que eu não tinha experiência alguma. A senhora Choi era muito mais que uma simples chefe, ele era uma amiga. — Apoio minha cabeça na janela do carro. Uma lágrima cai sobre minha bochecha. 

Eu ainda não consigo acreditar que isso seja real. Não consigo acreditar que a senhora Choi está realmente morta. Porque tantas coisas ruins estão acontecendo ultimamente? Primeiro a minha separapação com Jungkook, depois a tentativa de suicídio dele e agora a senhora Choi…. Como tudo isso aconteceu em tão pouco tempo? 

Soube da morte dela hoje pela manhã quando Yoongi me contou. Eu não pude ficar no hospital até o momento em que Jungkook acordasse porque queria evitar confusão com a mãe dele. Então vim para minha casa, como combinado. Assim que cheguei encontrei minha mãe, ela parecia muito confusa em me ver. Tive que explicar a ela o motivo pelo qual não embarquei naquele avião. Mas tarde ela me disse que havia recebido a ligação de um advogado da empresa do meu pai, o homem disse que queria falar comigo, mas como eu não estava, ele deixou o contato para que eu pudesse retornar. Não sei o que ele quer de mim.

Antes de entrar no carro fiz uma ligação para Hoseok, antes que eu pudesse falar sobre o que aconteceu ele me interrompeu para dizer que havia mandado o motorista de sua mãe buscar as minhas malas no aeroporto e que depois eu poderia buscar em sua casa, eu agradeci a sua gentileza e depois contei a ele tudo que está acontecendo, e como esperando ele ficou sem acreditar quando soube da morte da senhora Choi. Perguntou para quando vou marcar minha viagem para Seul, mas disse que preciso de um tempo para pensar. São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que essa viagem é a última coisa que me vem à mente. 

— Chegamos. — O motorista avisa. 

Desço do carro e vou em direção ao salão de velórios. Antes de entrar na sala onde está o caixão, assino uns papéis na recepção informando que sou um amigo próximo e que vim prestar minhas condolências. Tiro o meu sapato antes de entrar na sala principal. Assim que passo pela entrada, ao lado direito vejo Suzy, Yoongi e uma mulher que não conheço, me pergunto se ela é alguma parente da senhora Choi. Pego um incenso e acendo, o coloco sobre o altar, olho por alguns instantes para foto da senhora Choi. E então me curvo três vezes fazendo a minha reverência. Quando me levanto, o apropriado seria me curvar para alguém da família, mas até onde sei a senhora Choi não tinha ninguém. 

— Essa é a mãe da Suzy, Jimin. Foi ela que se ofereceu pra cuidar dos gastos do velório. — Yoongi me explica tirando a dúvida que eu tinha assim que cheguei. 

— Muito prazer, senhora. Desculpa a pergunta, mas, porque quis pagar por tudo?

— Conheço a senhora Choi há muitos anos, ela já foi ao meu consultório algumas vezes. Minha filha começou a trabalhar no Ho'omau porque eu pedi a senhora Choi que desse um emprego a ela. Eu não ia conseguir dormir bem sabendo que ela não teria um ente querido pra cuidar de tudo. — Ela fala olhando para foto da senhora Choi exposta no mural. 

— Entendo. Muito obrigado por isso. Eu tenho certeza que a senhora Choi está muito grata também. — Faço uma reverência a ela, antes de sair da sala acompanhando de Yoongi. Ambos entregamos dinheiro para a moça que recebe os presentes da família. Eu e Yoongi vamos até o salão de comida, nos sentamos e assim que a comida é servida começamos a conversar. 

— Você sabia sobre a doença da senhora Choi? 

— Não, eu não fazia ideia. Ela parecia tão bem, sempre com um sorriso no rosto, mesmo quando tudo estava ruim. A senhora Choi vai fazer falta. 

— Ela era mesmo como um raio de sol. Nunca vou me esquecer do tempo em que trabalhei no Ho'omau. Sabia que foi lá que eu vi o Jungkook pela primeira vez? — Solto um sorriso fraco. — Foi lá que nossa história começou, e desde sempre a senhora Choi nos apoiou. Ela foi incrível em todos os sentidos. 

A mesa fica em silêncio por um momento. 

— Falando no Jungkook. — Yoongi começa — Ele acordou. 

— Sério? E como ele tá? 

— Não acho que ele esteja muito bem, mas consegue disfarçar. Disse a ele que ia lá depois que saísse daqui. 

— Eu imagino que ele deve ter ficado mais abalado ainda depois que descobriu sobre a senhora Choi. Como ele reagiu?

— Ele não sabe. 

— O quê? Porque vocês não falaram pra ele? 

— Ele já tá muito mal, Jimin. Se o Jungkook descobrir que uma pessoa tão próxima dele, como era a senhora Choi, morreu. Imagina só como ele vai ficar. 

— Yoongi. Eu entendo, mas o Jungkook merece saber, ele era o mais próximo entre nós da senhora Choi. Se ele descobrir outra vez que mentiram pra ele. Ele vai se afundar ainda mais. 

— Eu sei que é uma possibilidade, mas por favor, não diz nada pra ele agora. Deixa ele melhorar um pouco mais. 

De repente quando olho para o lado, vejo, Seokjin, Namjoon, Taehyung, Leia, Heeseung, Lisa, e vários outros colegas de escola entrarem no salão. Todos estão de roupas pretas e com um olhar triste. Tae e Leia se sentam à nossa mesa. Meu irmão e o namorado acenam para nós e se sentam na mesa mais a frente da nossa. 

— E aí. — Taehyung diz. — Compartilhei nas minhas redes sociais uma nota de falecimento sobre a senhora Choi, contei que ela não tinha família, e todo mundo que participou da festa no Ho'omau quis vir prestar as condolências a ela. 

Olho em volta vendo todos sentados. A senhora Choi era mais amada do que imaginava. 

— Eu nem era tão próxima dela e quase não acreditei quando fiquei sabendo da notícia. Imagino que o JK deve tá muito mal também, não é? Falando nele, porque ele não tá aqui? 

— Ela não tá sabendo sobre o Jungkook? — Eu pergunto olhando para Yoongi. 

— Eu não contei pra ninguém além de você. 

— Como assim? O que aconteceu com ele? — É a vez de Taehyung perguntar. 

— O Jungkook tá bem? — Leia questiona.
 
Passo a mão pelo cabelo jogando os fios para trás. — Por que tantas coisas ruins estão acontecendo? 

[•••]

3 dias depois…

Hoje o corpo da senhora Choi foi cremado, e levado para um cemitério de cremação. Colocamos flores e uma foto sua em frente ao Ho'omau também. O dia foi longo e triste, mas ainda não posso descansar porque tenho uma reunião com o advogado da empresa do meu pai. Como eu estava na rua pedi que ele me encontrasse em um restaurante, estou chegando agora no local da recepção, noto que já à um homem com a descrição que me foi informada esperando por mim na terceira mesa ao lado das janelas do restaurante. 

— Olá. — Digo assim que paro em frente a mesa. — Foi o senhor que entrou em contato comigo? 

O homem de terno azul escuro se levanta, ele é alto, aparenta ter uns 30 anos, mas certeza que tem 38. Hoje em dia se você cuida bem da pele consegue enganar qualquer um facilmente. Ele tem uma pinta pequena no lado direito do nariz. 

— Olá. Sim, sou Jackson Wang, advogado pessoal do seu pai, eu ajudo com as questões da empresa também. Sente-se, por favor.

Faço o que ele pediu. — O que exatamente o senhor queria falar comigo? 

Ele pega umas páginas da pasta que está sobre a mesa e me entrega. 

— Esses aqui são documentos que seu pai me pediu para preparar e autenticar, faz um tempo que foram feitos, ele disse que eu teria que usá-los em situações complicadas. E agora que o senhor Park está restrito da sociedade e a empresa está um caos por conta disso. Eu precisei tomar as devidas providências. 

Olho rapidamente para o papel, mas não leio o que está escrito, em vez disso, decido perguntar diretamente para ele. 

— O que o senhor quer dizer com tudo isso? 

— A empresa do seu pai pertence a você. 

— O quê? Senhor, isso não faz nenhum sentido. O meu pai me odiava, porque ele deixaria a empresa dele para mim? 

— Não sei quais são as desavenças entre a sua família, mas posso afirmar com certeza que o que estou dizendo é a verdade. Como eu disse esses documentos foram feitos há um tempo atrás, antes o nome de Kim Seokjin ocupava o cargo de herdeiro, mas depois o senhor Park quis fazer alterações, colocando o nome do seu segundo filho, que no caso é o senhor. Quis fazer esse primeiro contato apenas para informar isso, porém o senhor ainda precisa comparecer na empresa para assinar alguns papéis e fazer o anúncio de novo CEO, os acionistas estão preocupados com o futuro da empresa, então quanto antes o senhor se apresentar, melhor será, acredito que o seu pai deve ter o criado para ser o seu sucessor, então julgo que não vai ter tanta dificuldade para se adaptar às normas da empresa. 

Conforme ouço o homem falar fico sem reação. Como assim a empresa do meu pai agora é minha? Esse nunca foi o meu sonho, eu ia às reuniões com ele porque era obrigado, e não porque eu gostava, eu achava que meu pai só me forçava a fazer aquilo por implicância. Mas na realidade ele estava me treinando para assumir de fato o seu lugar um dia? 

— Eu posso entrar em contato com o senhor depois? Preciso pensar um pouco. 
— pergunto.

— Claro, o senhor já tem meu contato então fique à vontade para ligar, só peço que não demore muito. — Balanço a cabeça em concordância. — Preciso ir agora, uma boa tarde ao senhor. — E então ele vai embora. 

Assim que ele sai imediatamente pego o meu celular e ligo para o meu irmão. 

— Seokjin, atende por favor. — O celular continua chamando, mas depois de uns minutos a ligação cai. Não desisto fácil, então continuo na espera até que ele finalmente atenda a chamada.

"Oi, Ji. Algum problema? Desculpa a demora, eu estava ocupado com umas coisas" — Seokjin um advogado da empresa veio falar comigo, ele disse que eu tenho que assumir a empresa do nosso pai agora. — "Jimin, uma hora ou outra isso ia acontecer. Você vivia indo para reuniões com o senhor Park, é claro que ele colocaria você como sucessor.
— Então você já imaginava que isso fosse acontecer? — "Sendo bem sincero, sim, eu imaginava até porque ele me expulsou de casa. Você talvez não lembre porque era pequeno demais, mas quando mais jovem, e até mesmo antes de você nascer, o nosso pai sempre me ensinava a como ser um bom líder, porque ele queria que eu assumisse a empresa, mas aconteceu o que aconteceu e no fim ele me abandonou, eu tive que lutar para sobreviver no mundo, por isso tive que mudar os meus sonhos, hoje em dia eu gosto da minha profissão, mas não era o que eu queria me tornar, eu precisei abrir mão de sonhos antigos em busca da minha própria sobrevivência."
— Você tá dizendo que eu vou ter que abandonar os meus sonhos também? — "Estou dizendo que a vida nem sempre é fácil, e sempre haverá momentos em que precisaremos fazer escolhas difíceis, na vida ou você dá um passo à frente ou você cai parado onde está." — Mas eu não quero assumir aquela empresa. — "Eu sei, mas você não tem outra escolha. Porque se você escolher abandonar tudo, você sabe que a mamãe vai ser afetada por isso também, não sabe? Todo o dinheiro que vocês usam vem da empresa, a não ser que você esteja disposto a abrir mão de tudo isso, você não tem outra escolha".

[•••]

Jungkook 

5 dias depois da internação …. 

Hoje eu finalmente pude ter alta do hospital. Meu primo e minha mãe não saíram do meu lado durante todo o tempo em que passei trancado naquele quarto. Mesmo que eu pedisse que eles me deixassem sozinhos eles insistiam em continuar, minha mãe só saia às vezes porque precisava trabalhar, já Yoongi não me deixava sozinho nem por um dia. 
 
No hospital fui obrigado a conversar com uma psicóloga, mas evitei responder todas as suas perguntas mais profundas. Ela tentou ganhar minha confiança, mas de nada adiantou. No fim o médico, amigo da minha mãe, me passou o cartão de uma psicóloga que tem uma clínica perto do bairro em que moramos. Guardei o cartão, não porque pretendo fazer terapia, mas sim porque não queria ouvir reclamações da minha mãe. 

Minha mãe e eu viemos para casa no carro do namorado dela. E agora eu estou deitado em minha cama olhando para o teto, enquanto minha mãe está na sala com o namorado.

Toc, toc, toc. 

Ouço alguém batendo na porta. 
— Vou sair com pra comprar comida, mas eu não demoro pra voltar. — Eu prossigo em silêncio.

É estranho estar nesse quarto depois de tantos dias dormindo em um hospital. No entanto, o mais estranho ainda é que mesmo com a escuridão e solidão presentes no ambiente, eu me sinto muito mais seguro aqui, porque sei que não tem ninguém que possa mentir ou me enganar, e sendo assim, eu não vou precisar sofrer como da última vez. 

Minha atenção é roubada quando ouço o meu celular tocando. Estico a mão e pego ele na mesa de cabeceira, mas quando vejo que o nome do contato na tela é do Jimin, o meu corpo congela por uns segundos e logo em seguida a minha única reação é desligar a chamada. Me viro de lado na cama repousando o meu braço direito sobre as pernas. 

— Será que a senhora Choi tá bem? — Pergunto baixinho para as paredes. — Faz muito tempo que eu não a visito, ela deve tá com saudades. — Mesmo que o meu ânimo para sair de casa não esteja nas alturas, a única pessoa que eu ainda confio é a senhora Choi, sei que só posso contar com ela, por isso decido ir até o Ho'omau. 

Por sorte quando desço as escadas não vejo minha mãe na sala. O que facilita a minha saída da casa. O tempo está frio por isso estou usando um dos meus moletom de tecido mais grosso que encontrei. Sinto frio nas mãos e as coloco dentro dos bolsos da roupa. Depois de andar por alguns minutos estou finalmente a uma rua de distância do meu destino final. Por estar um pouco longe, e mesmo de óculos, tenho um pouco de dificuldade para identificar o retrato que é cercado por várias flores em frente ao café. 

O sinal de trânsito finalmente muda de cor indicando que os pedestres podem passar. Atravesso a rua e quando estou de frente para as flores a foto no centro me chama atenção. É uma foto da senhora Choi sorrindo. Mesmo achando isso estranho, começo a bater na porta, talvez ela esteja limpando o andar de cima, é o que eu acho, porém, ninguém vem até a porta e eu acabo desistindo. Mas algo ainda está me deixando intrigado, essas flores, porque tem tenta flores aqui? Tenho certeza que já vi essas mesmas flores em algum lugar, mas não me lembro onde. 

— Veio prestar suas condolências também? Tão triste o que aconteceu com a senhora Choi. 

Olho para o lado assustado quando uma moça que trabalha no estabelecimento ao lado começa a falar de repente. 

Sinto um aperto forte no coração. 
— Condolências? Mas condolências é prestado somente a quem morreu. 

— Ah, espera…. Você não ficou sabendo do que aconteceu com a senhora Choi? 

Cominho para mais próximo da moça. 

— O que aconteceu com ela? — Mesmo que ela ainda não tenha respondido a minha pergunta, já sinto meus olhos prestes a transbordar em lágrimas. 

— Faz uma semana, eu acho, que encontraram ela morta no café. Não tenho certeza, mas parece que foi uma funcionária dela que encontrou ela caída no chão, coitadinha, morreu sem ninguém por perto pra ajudar. 

Involuntariamente sinto minhas pernas fraquejarem, só não caio no chão porque a moça age de maneira rápida e consegue me segurar. 

— Você tá bem? — Ela pergunta. Mas não consigo responder a sua pergunta. 

Me aproximo do mural de flores em frente ao Ho'omau. — Senhora Choi. Senhora Choi. Não, isso não pode ser verdade. — Assim como minhas lágrimas que caiam sem o meu controle eu acabo deixando que meus joelhos caiam no chão. Coloco a mão sobre sua foto. — Senhora Choi, me desculpa, eu não tava do seu lado quando a senhora mais precisou de mim. 

— Garoto, levanta, não é bom ficar muito tempo nas ruas com esse tempo frio. — Sem que eu tente impedir a mulher me ajuda a ficar de pé novamente. — Eu tenho que voltar ao meu trabalho, mas fica bem aí, ok? — Ela me dá dois tapinhas no ombro como forma de consolo antes de sair. 

Eu continuo chorando olhando para o rosto alegre da senhora Choi na foto. 
Eu não entendo como isso aconteceu, ela estava bem da última vez que nos vimos. 
— Por que, senhora Choi, porque a senhora teve que me deixar tão de repente? Isso foi porque eu não fui forte como prometi à senhora? Me desculpa, eu prometo que vou tentar ser forte dessa vez, mas por favor, volta pra mim, senhora Choi. Eu preciso sentir o seu abraço quentinho outra vez, eu sou o seu netinho número um, lembra? Eu preciso conversar com a senhora como a gente sempre fazia antes, então por favor, não me abandona. Por favor, senhora Choi, volta pra mim. 

Sem aguentar mais olhar para a foto onde ela parece está tão feliz. Eu começo a correr de volta para casa. 

Queria que tudo isso fosse só um grande pesadelo, queria poder acordar e ver o seu sorriso largo na minha frente queria poder ver ela me chamando para um abraço apertado. Mas eu não estou sonhando e sei que a senhora Choi nunca mais vai votar.

—————~~~~~~—————

Senhora Choi, a senhora será pra sempre lembrada 😭💔 (chorei tanto escrevendo essa cena)

Bjs, e até sábado 😘












































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