Serendipity of a dream

By Estrela_rana

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[ LIVRO FÍSICO EM BREVE PELA EDITORA SINGULARITY 📖 ] [Em andamento] Jeon Jungkook, um adolescente que tem s... More

AVISOS!
Lembranças
O loirinho bonito.
Tudo que sinto Ă©... medo.
Sorvete de menta
Quase um encontro
Molho de pimenta
Rosa azul
Sombras do passado
Foi só um beijo bobo, né?
Cheirinho de morango
Viva sem medo
Verdade oculta
O meu Ășnico refĂșgio
Pelo teu sorriso
sinceridade
Foi tudo um sonho
Me apaixonando mais a cada dia
Um passo de cada vez
Perdido por vocĂȘ
Meu coração palpita por vocĂȘ
Eu sou vocĂȘ...
VocĂȘ sou eu
Amizade em primeiro lugar
Mudanças
onde a verdade se revela (1)
uma palavra dĂĄ autora :)
Onde a verdade se revela (2)
Arrependimento
Ainda hå esperança?
Coração quebrado
NOVA TEMPORADA
Novo cronograma
Pesadelo
Sem forças
Desavenças
Um momento de paz
Uma volta no tempo
ConfusĂŁo
Grupo novo no Instagram
Calmaria
Sofrimento
Mostrando as garras
A dor que sempre volta
"Nervos a flor da pele"
Melhor amigo
A Ășltima briga
Apenas Continue
Dores do passado
O seu lado da dor
Uma nova chance
Incerteza
Estou com vocĂȘ
Um momento sĂł nosso
Me deixe ser feliz
A noite em que fizemos amor
O monstro se revelou

Memorias perdidas

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By Estrela_rana

Um novo dia se inicia, Jimin já não está mais ao meu lado, me sinto aliviado por isso. Vou direto ao banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes. Ao sair do quarto noto que meu primo está jogado na cama encarando o teto. 

— Pelo visto a sua noite foi boa, né? 

— Digamos que a noite começou ruim e ficou boa e depois ficou ruim de novo. 

Me sento na cama. — Como assim? O que aconteceu entre você e o Hoseok? — Ele se senta na cama também.

— Como você sabe que eu tava com o Hope? 

— Ontem a noite quando fui levar o Jimin no quarto dele ouvi que você e o Hoseok estavam fazendo... você sabe o que. — Sinto aflição até de lembrar que ouvi meu primo gemendo. 

— Aí não cara, você tá me tirando. Quer dizer que você ouviu aquilo? 

— Infelizmente. Preferia ter caído em um precipício, mas fazer o que, fui pego de surpresa. 

— Mas pera, se o Jimin não dormiu no quarto dele e você disse que tava junto com ele, então isso quer dizer que vocês dormiram juntos? — Faço que sim com a cabeça. — Então vocês já se acertaram? 

— Não. Eu só ajudei ele porque ele tava bêbado. 

— Humm, e você vai resolver o seu lance com ele quando? 

— Melhor deixar esse assunto quieto, Yoongi. Agora me diz, porque sua noite terminou ruim? 

Ele deita na cama de novo, cruza os braços em cima da barriga. 

— É que depois da noite que passamos juntos eu achei que o Hope ia me perdoar, mas quando ele acordou me expulsou do quarto, dizendo que a noite passada tinha sido um erro. Resumindo, ele ainda tá com raiva de mim. 

— Que chato isso. 

— Pois é, primo. Parece que o deus do amor tá com raiva da gente, porque ultimamente eu e você tá fodido com esse lance de romance. 

Me levanto e dou um tapinha de leve em sua testa. — E você levou o fodido ao pé da letra, né? Se levanta logo, que o professor já deve tá esperando os alunos no andar de baixo. 

Depois que todos os alunos tomarem seu café da manhã, o professor explicou que hoje iríamos para um lugar diferente. Seguimos viagem por cerca de 40min até chegar em um lar para idosos. Todos pareciam muito curiosos sobre qual seria a atividade do dia. 

O professor então começou a explicar. 

— Bom, hoje a nossa atividade será neste lar para idosos. Há muitos idosos aqui que se sentem sozinhos, esquecidos pela família. A nossa escola em parceria com o lar de repouso decidiu que queríamos fazer algo para ajudar essas pessoas, nem que fosse um pouquinho. Hoje vocês farão duplas com seus parceiros de quarto e cada membro da dupla irá acompanhar um idoso. Vocês terão que passar o dia com eles os ajudando a lembrar que não são pessoas esquecidas, porque mesmo que suas famílias tenham feito eles acharem isso, vocês hoje iram criar memórias que ficarão para sempre marcadas em seus corações. Então sejam gentis e respeitosos com todos eles. Pois vocês estarão sendo avaliados por eles, ou seja, suas notas dependem do quanto eles iram gostar de vocês. Alguma dúvida? 

— Não, senhor! — Todos os alunos respondem em uníssono. 

Eu e Yoongi fomos acompanhados pelo corredor por uma enfermeira, ela nos entregou uma ficha com informações sobre os pacientes que iríamos supervisionar. Na minha ficha dizia: 

Nome: Kim Eun-Ji. 
Idade: 78 anos. 
Informação pessoal: Mora no lar de idosos há mais de 4 anos, a filha da senhora apenas faz o pagamento, mas raramente vem visitar a mãe. Eun-Ji adora música e é conhecida por todos como a cantora do lar. 

— Qual o nome da pessoa você vai ajudar? — pergunto para Yoongi. 

— Aqui diz, Kim Do-Yoon, idade 63 anos. Foi diagnosticado com demência e mora aqui há pouco menos de 1 ano e meio. Apesar da memória curta ele ama jogar xadrez e surpreendentemente, é muito bom. Seus filhos não o visitam, porque dizem que o pai não os reconhece mais e por isso preferem apenas fazer o pagamento mensal da clínica. 

— Essa é a sala em que o que tem a ficha da senhora Eun-ji irá ficar. — a enfermeira que está à nossa frente diz. Me despeço do meu primo antes de entrar na sala. 

É um ambiente mais aconchegante do que eu imaginei. Se parece mais com um quarto do que uma sala de uma clínica. Nas janelas há finas cortinas brancas impedindo que o sol entre por completo, ao lado da janela uma cama de solteiro ocupa o espaço, na parede ao lado esquerdo da porta, há uma estante com muitos livros e até alguns discos de bandas antigas. Tem também um lindo tapete na cor caramelo disposto por metade do chão, uma mesinha de cabeceira e uma mesa pequena com duas cadeiras, à direita do quarto. 

Antes de me deixar a sós a enfermeira diz que a senhora que mora no quarto chegara em cinco minutos, pois não estava em seu quarto porque estava fazendo seu passeio matinal. 

Sem saber o que fazer, me sento em uma das cadeiras e aguardo a senhora chegar. 
Não demora muito e a porta é aberta. Por ela passa uma senhora baixinha de cabelos grisalhos e pele enrugada, ela usa uma bengala para se manter firme no chão. Ao ver ela entrando eu me levanto e me apresento, dizendo que estou ali para ajudá-la no que precisar. 

— Você é muito bonito, Rapaz. — Dou um sorriso tímido. — Agora vem aqui e me ajuda a sentar, porque minhas pernas velhas já estão cansadas. 

— Claro, senhora, pode deixar — corro para perto dela e ajudo sentar em uma das cadeiras da mesa. Porém, continuo em pé. 

— Não é porque você é novo que suas pernas não vão se cansar, senta também, eu não mordo não. — Me sento como ela me pediu. 

Fico em silêncio por uns minutos, não sei como deveria iniciar essa conversa. Lembro que na ficha dela dizia que ela gosta de música, então penso a falar sobre isso. 

— Senhora, é verdade que a senhora é cantora? 

— Sou sim, querido. No meu tempo de adolescência eu cantava em vários restaurantes e até já participei de uma banda uma vez. 

— Uau, deve ser incrível participar de uma banda. 

— Nem tanto, é difícil trabalhar com muitas pessoas, geralmente são poucas bandas que ficam juntas por muito tempo. Mas eu confesso que foi a época em que eu mais me diverti. Tá vendo aquele disco ali — Ela aponta pra estante — Foi um dos discos que nossa banda gravou, mas ele não fez tanto sucesso e acabou que a empresa cancelou a venda dele. 

— Que pena isso ter acontecido. Eu gosto de música também, na verdade até já me apresentei em um cayber café de uma grande amiga. Além de tocar violão eu também escrevo as minhas próprias letras. 

— Olha só, quando olhei pra você sabia que era um jovem de talento. Canta uma das suas músicas pra mim? Fiquei curiosa pra ouvir sua voz agora. 

De repente minhas mãos começaram a suar, ainda fico um pouco nervoso de ter que cantar na frente de outras pessoas. 

— Ah, não sei. Minha voz nem tá aquecida. 

— Eu não me importo com isso, se você cantar eu prometo que canto também. Olha e não sei se você sabe, mas eu sou a melhor cantora desse lugar, viu? — Abro um grande sorriso. 

— Tudo bem, eu vou cantar, mas é pra senhora cantar também. 

— Fechado. — Ela faz sinal de joinha. 

Tento pensar em qual música devo cantar e acabo escolhendo uma das minhas músicas autorais mais recentes. Respiro fundo antes de enfim comecar:

"Mesmo sem esperanças, toda noite eu procuro"
"Nas nossas memórias perdidas 
A onde está você?"
"O nosso amor se perdeu e acabou"
"Mas ainda me pergunto"
"A onde está você"

"E mesmo que anos tenha se passado" 
"E mesmo que você nem lembre o meu nome" 
"O meu coração, ele ainda é seu"
"Mas a onde está você?"

"Quando a noite cai, eu penso em nós dois"
"Em tudo que vivemos, tivemos"
"Que não volta mais"

"Eu quero te apagar da memória"
"Acabar com eessa dor" 
"Estou aqui sofrendo sozinho"
"Por causa desse amor... "

"Que já se foi, já se foi"
"O nosso amor não volta mais" 
"Já se foi, já se foi"
"O nosso amor ficou pra trás"

A senhora parece ter gostado de me ouvir cantar. Ela bate palmas e sorri para mim.

— Você é mesmo bom em cantar, rapazinho. Você pensa em seguir a carreira na música ou tem outros planos?

— Eu quero muito entrar pra uma faculdade de música, falta pouco pra eu me formar e depois quero me dedicar estudando música. O meu primeiro violão eu ganhei do meu pai, eu nem sabia tocar, mas ele me incentivou e desde então eu sigo amando a música.

— Vejo que é verdade mesmo, porque seus olhos brilham quando você fala sobre música. 

Lembro da promessa que ela havia feito há minutos atrás. — Senhora, não é sua vez de cantar? 

— Fica pra outro dia, eu não tô muito bem da garganta hoje. — Ela finge uma torce. É sério que essa senhorinha está tentando me enganar? — Jungkook você pode pegar um pouco de água pra mim, por favor? — olho para os lados procurando onde tenha água. — Em cima da mesa da cabeceira tem. — verifico e realmente tem, vou até lá e depois volto para encher seu copo em cima da mesa. 

— Senhora, eu posso fazer uma pergunta pessoal? 

— Fique a vontade, diferente dos seus colegas você deu sorte de não ficar tomando conta de um vovó que gosta de andar por aí. — Ela sorrir.

Me preparo para fazer a pergunta.

— A senhora não se sente sozinha aqui? Vi na sua ficha que faz 4 anos que mora aqui e que sua filha quase nunca faz visita. 

Ela puxa o ar bem fundo antes de começar a falar: 
— Eu acabei nesse lugar porque não tinha pra onde ir. Perdi minha casa pro banco e fui morar com minha filha. Tempos depois ela arrumou um marido. Eu cozinhava, passava, e tentava ajudar ela o máximo possível, porque não queria ser um fardo. Mas ainda assim sempre que ela e o marido discutiam, ele dizia que não gostava de ter uma velha como eu na sua casa. — Ela sorri, mas seu sorriso não demonstra nem uma gota de alegria. — Minha filha disse que se eu morasse em um lugar como esse aqui eu me sentiria melhor, já que tem pessoas da minha idade pra eu conversar quando quiser. Assim que cheguei aqui ela prometeu que viria toda semana me visitar, mas nesses 4 anos que estou nesse lugar, ela só veio me visitar 5 vezes. E na última ela estava grávida, eu nunca pude ver o rosto do meu netinho, mas tenho certeza que ele é lindo.

Como uma filha pode fazer algo assim com a própria mãe? 

— Desculpa, senhora Eun-ji. Eu não devia ter perguntado sobre sua vida. 

— Tudo bem, é bom se abrir com alguém de vez em quando. Tudo que desejo agora é que minha filha consiga ter uma vida feliz. 

De repente uma ideia surge na minha cabeça. Pego o meu celular no bolso. — Senhora, qual o nome da sua filha? 

— É Sunbin. 

Abro no app do Instagram. E pesquiso pelo nome, mas não consigo encontrar nada, peço pelo sobrenome e finalmente consigo achar um perfil que tem grandes chances de ser ela. — A sua filha é alguma dessas duas? — Viro o celular em sua direção para que ela olhe com calma. 

— Sim. Essa aqui na fotinha em cima, é ela minha filha.

Entro no perfil. Não tem tantas postagens, mas a última é da moça segurando um bebezinho com roupa de abelha. Mostro a foto para a senhora Eun-ji. 

— Esse é o meu netinho? — Ela pergunta emocionada. 

— É sim senhora, olha aqui na legenda diz que essa foto é do aniversário de 2 meses dele. — Ela continua olhando a foto com tanto carinho que parece que está olhando diretamente para o bebê. — A senhora não tem celular ou computador aqui? — pergunto olhando em volta. 

— Eu só tenho um computador velho guardado no meu armário. Porque? 

— É que se a senhora quiser eu posso enviar essa foto pro seu computador. 

— Eu quero sim. — Ela se levanta e vai até uma porta que só agora eu notei. Minutos depois aparece segurando um monitor, CPU e vários cabos. Me levanto e vou ajudar ela.

Monto o computador em cima da mesa, o aparelho ainda está em bom estado. Assim que ele liga digo a ela que vou colocar a foto como papel de parede. A senhora Eun-ji fica tão contente que me abraça em gratidão. Fico um tempo mostrando pra ela que pode se divertir assistindo novelas no computador. Ela me agradasse, pois disse que antigamente amava assistir novelas na tevê.

Um tempo depois, quando o silêncio se instala no ambiente outra vez, tenho uma nova ideia. 

— A senhora tem papel e caneta aqui? — pergunto me levantando da cadeira. 

— Tenho. Mas pra que o papel e a caneta? 

— A senhora mesma acabou de dizer que é bom se abrir de vez enquanto. Tenho certeza que a senhora tem muita coisa que deseja falar pra sua filha, então vamos fazer uma carta pra ela!

Ela me mostra onde ficam o que eu pedi, coloco uma folha de papel e uma caneta na sua frente. 

— É só pensar que a senhora tá conversando com sua filha. 

— Mas do que adianta, minha filha nunca vai ler essa carta mesmo. 

— Vai sim, eu prometo que se a senhora escrever eu proucuro sua filha e entrego essa carta a ela. 

— Promessas não podem ser quebradas. Ela diz.

— E essa nunca será. — Senhora Eun-ji sorri e eu também. A senhora então cria coragem e começa a escrever. Alguns minutos depois ela me chama. 

— Pega outro papel e caneta aí.

— Por que? A senhora errou ou a caneta não tá funcionando?

— Não é isso. Quero que você escreva uma carta também. 

— Pra sua filha? — questiono realmente confuso. 

— Não, rapaz. Faça uma carta pra alguém que você ama, coloque na carta tudo aquilo que você guarda no seu coração. Sabe, filho, uma coisa que a velhice ensina é que nada dura para sempre, principalmente as pessoas. O tempo passa tão rápido que quando você menos espera uma pessoa que você ama acaba sumindo da sua vida. E depois que algo é devorado pelo esquecimento, não tem mais como voltar atrás. Eu confesso que já estava esquecendo disso, mas hoje você me lembrou que o tempo é curto demais para guardar o que a gente sente no peito. Então se você tiver alguém pra quem entregar uma carta dessas, escreva. 

Penso um pouco sobre o que ela disse e decido escrever uma carta também. Coloco nela toda a raiva que estou sentindo pelo que aconteceu, e questiono entre as palavras escritas no papel o porquê de tudo isso estar acontecendo logo no momento em que estava tudo indo tão bem na minha vida.
Isso me faz lembrar da senhora Choi que me disse que a vida é cheia de altos e baixos. Ela não errou em dizer isso, pois agora me sinto no fundo do poço. 

Depois que termino de escrever minha carta a amasso e jogo fora. 

— Por que você jogou ela fora? Errou muito enquanto escrevia? — Senhora Eun-ji pergunta. 

— Não, eu só não quero guardar tudo de ruim que escrevi nela pra mim. Mas e senhora, terminou a sua carta? 

— Terminei sim. Vai mesmo entregar pra minha filha? 

— Vou sim. — Ela me entrega a carta e em seguida se levanta caminhando até a estante ao lado da porta. Fico observando o que ela vai fazer. A senhora pega o disco de músicas, que comentou mais cedo, e volta para o lugar de antes. 

— Pra você. — Ela me entrega o objeto. 

— O quê? Não, eu não posso aceitar, isso é algo importante pra senhora. 

— É por isso mesmo que eu quero que você cuide bem dele. Eu queria poder dar a minha filha, mas já que não posso fazer isso, quero dar pra alguém que ame música assim como eu. 

— Mas é que a senhora nem me conhece direito, tem certeza que vai dar algo tão importante assim pra mim? 

Ela sorri. — Tenho. Eu sei que vou acabar morrendo sozinha nesse lugar. — Ela olha as paredes em volta. — Tudo que eu tenho hoje vai ficar esquecido, quero que depois de morrer, ao menos alguém tenha uma lembrança boa de mim. Então, por favor, leve isso com você, e sempre que olhar pra ele, lembre que existe uma velhinha que mora em um lar de idosos que acha sua voz uma beleza. 

— Obrigado, senhora Eun-ji. Prometo que vou cuidar dele bem. — mostro a carta que ela escreveu. — E prometo que vou entregar isso pra sua filha também. 

Ela sorri e posso notar lágrimas em seus olhos, mas ela é firme e antes que possa chorar começa a falar:

— Acho bom você ir ver seus amigos agora. 

— Mas eu ainda tenho que ficar aqui cuidando da senhora. 

— Meu filho, eu sei me cuidar bem sozinha, não sou mais criança e sei que é chato ficar conversando com uma velha, então pode ir aproveitar o resto do seu dia. 

— Não senhora. Vamos aproveitar esse dia juntos! — Me levanto. — Que tal a senhora me levar pra conhecer as instalações daqui? Vi que lá fora tem um jardim lindo. 

Consigo convencer ela a passear comigo pelo prédio. Aqui é bem grande, e levando em conta que ela anda devagar, passamos mais de 30 minutos andando por todo o lugar. Por fim ela me apresentou o jardim, sentamos em um dos bancos. 

— Acho que fazia um bom tempo que eu não andava tanto assim. — Ela diz. 

— Fazer uma caminhada de vez enquanto é bom. 

— É, você tem razão. 

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas sentindo a brisa serena bater em nossos rostos. 

— Bom, agora eu preciso ir, está na hora dos meus remédios. — Ela tenta se levantar e eu a ajudo. 

— Deixa que eu levo a senhora até o quarto. 

— Nada disso. Eu consigo chegar lá sozinha. Senta aí e aproveita a vista mais um pouco. 

— Tá bom. Mas antes de ir embora eu vou me despedir da senhora. — Ela se virou e saiu andando calmamente. Respiro fundo. — Até que foi bom ter vindo nessa viagem. 

— Jungkook. — Ouço alguém me chamando e quando me viro para olhar encontro Jimin parado, segurando em uma mão seu sorvete preferido e na outra leite de banana. — Posso sentar aqui? — ele aponta pro lugar vazio ao meu lado. — Prometo que não vou tocar naquele assunto. 

— Tudo bem, pode sentar. — Ele se senta e me oferece leite de banana. Fico na dúvida se devo aceitar ou não, mas acabo aceitando.

— Obrigado. — Ele diz. 

— Pelo quê? 

— Por ter cuidado de mim ontem a noite. Se não fosse você eu acho que teria dormindo no corredor. 

— Ah... aquilo não foi nada demais. — O silêncio reina entre nós. Ele cumpre a sua palavra sobre não tocar no assunto do jantar e eu agradeço mentalmente por isso. — Já terminou de ajudar o velhinho que você tava ajudando? 

— Ele acabou dormindo e eu preferi sair do quarto pra deixar ele descansar. 

— Ata. — Continuamos em silêncio por mais uns minutos, até que eu terminasse a minha bebida e ele o seu sorvete. 

— Bom, já vou indo então. — Ele se levanta e saí. 

Não demoro muito para voltar ao quarto da senhora Eun-ji também, no corredor me encontro com meu primo, ele comenta sobre ter perdido cinco vezes no jogo de xadrez contra o senhor Kim. Como ele também já está livre eu peço a ajuda dele para me ajudar a encontrar a casa da filha da senhora Eun-ji. 

Depois de sair do quarto dela com o endereço, saímos do prédio escondido dos supervisores, pegamos um táxi e partimos rumo ao desconhecido por nós. O carro parou em um prédio muito chique. Implorei ao porteiro que pedisse que a dona do apartamento 1020 viesse buscar algo que a mãe dela havia mandado, e por sorte meu pedido foi atendido. Assim que a mulher veio até mim pude perceber a semelhança que tem com sua mãe. É uma pena uma mulher tão bonita ser ruim por dentro. 

— Quem é você garoto? 

— Olá, senhora. Sua mãe pediu que eu entregasse essa carta. — Ela olha o papel em minha mão por um instante. — Por favor, aceite a carta, sua mãe quer muito que você leia o que tem escrito nela. 

— E de onde você conhece minha mãe? 

— Do lar de idosos. Sou um funcionário de lá. — Minto descaradamente. — Aceite, por favor. 

Ela aceita a carta e diz pra gente ir embora. 
Felizmente consegui voltar a tempo, o professor nem notou nossa ausência. Já no fim da tarde passei no quarto da senhora Eun-ji pra me despedir e pegar meu presente. Prometi a ela que na próxima vez que voltasse iria visitá-la, ela disse que ia aguardar ansiosa. 

Já se passa das 18:40 da noite. O professor deixou que os alunos aproveitassem esse tempo para fazer o que quisesse, então todos estão distraídos pelo prédio em que estamos hospedados. 

Hoje depois da conversa que tive com a senhora Eun-ji decidi que preciso ouvir o que Jimin tem a me dizer. Sei que estou sendo duro demais com ele, por isso que agora estou indo em seu quarto para chamar ele pra conversar.

Passo pelo quarto 066 e paro em frente ao quarto de Jimin e Hoseok, a porta está entreaberta, não bato de imediato, pois eles estão conversando e meu lado curioso me faz prestar atenção na conversa. 

— Eu não vejo a hora da gente poder ir pra Seul. — É Hoseok quem diz. — Você tem noção de que depois da formatura vamos poder finalmente realizar o nosso sonho de estudar na maior escola de dança do país?! Eu tô muito feliz. 

Quer dizer que Jimin vai embora? 

— Eu também tô muito feliz com isso. — Ouço a voz de Jimin falar. 

— Sério mesmo? É que não parece, o Ji que eu conheço estaria pulando de alegria agora. 

— É que você sabe, Hoseok. Eu e o Jungkook não nos acertamos ainda e eu não queria ter que viajar estando de mal com ele. 

— Ji, sinto muito dizer isso. Mas você já tentou mais de uma vez falar com o Jungkook, ele não é mais criança se não quer aceitar suas desculpas, deixa esse assunto morrer então. Ir pra essa escola é seu sonho e você não pode desistir dele por conta do idiota do Jungkook. Poxa, você errou em mentir, mas ele tá sendo um babaca com você. 

É o suficiente. Não quero e nem consigo ficar ali ouvindo mais nada. Volto para o meu quarto pensativo sobre a conversa que acabei de escutar. Jimin vai embora, desde quando ele planejava se mudar para Seul? Isso quer dizer que eu nunca mais vou ver ele?

[•••]

— Ei, Jungkook. Que tal a gente sair pra comer? — Yoongi se joga na cama ao meu lado. 

— Tô sem fome. 

— Aconteceu alguma coisa? Você tá todo borocoxô. 

— Você sabia que o Hoseok e o Jimin vão embora pra Seul depois da formatura? 

— O que? O Hope vai embora? Como assim, explica isso direito. 

— É o que parece, mais cedo eu ouvi ele e o Jimin conversando sobre isso. Eles vão estudar em uma universidade em Seul. 

Yoongi se levanta rápido da cama e vai em direção à porta. 

— Onde você vai? — pergunto. 

— Preciso falar com Hoseok. — Ele abre a porta. — E Jungkook, eu sei que você não gosta que eu me intrometa nesse assunto seu com o Jimin, mas se eu fosse você, chamaria ele pra conversar. Você não é o único que tá machucado nessa história. — Ele então sai me deixando a sós com meus pensamentos. 

Alguns minutos depois da saída dele, decido mandar uma mensagem para Jimin. O chamo para vir até o meu quarto. Não demora muito e ouço batidas na porta, me levanto e vou até lá para abrir. Quando vejo ele ali, parado me olhando fundo nos olhos, tento controlar as batidas do coração para que ele não ouça o quanto o meu coração bate rápido toda vez que vejo seu rosto. 

— Entra. — Digo a ele. — Pode sentar em uma das camas se quiser. — respiro fundo antes de fechar a porta, me preparando para o que vem pela frente. Como na noite anterior ele se senta na minha cama, eu me sento ao seu lado. 

— Você me chamou aqui pra gente poder conversar sobre aquele assunto? 

— Sim.... — respiro fundo uma outra vez. — Jimin... porque você mentiu pra mim? — Sinto que ele se vira na minha direção, mas eu ainda não consigo olhar em seus olhos.

— Eu tinha medo, Jungkook... tinha medo de perder você outra vez, medo de que sua mãe não aceitasse mais nossa relação se descobrisse de quem eu sou filho. Eu não queria passar por toda a dor que eu passei na infância outra vez. 

Me viro e encontro seus olhos tristes me encarando.

— Desde o início você sabia quem eu era? 

— Não, Jungkook. Eu juro que no início eu não fazia ideia de quem você era, foi só quando eu vi sua foto com seu pai que eu tive a certeza. 

— Faz tanto tempo assim, Jimin? — Sinto um aperto no coração e meus olhos começam a transbordar meus sentimentos. — Por que você não me contou assim que descobriu, porque continuou me enganando? 

— Eu não tava enganando você, Jungkook. Tudo que a gente viveu nesses últimos meses foi real. Eu sei que menti sobre saber quem você era, mas eu nunca brincaria com os seus sentimentos. Você me conhece Jungkook — Ele segura em minhas mãos. — Você sabe que eu nunca faria isso com você, acredita em mim, Jungkook. Por favor. 

Eu não sei o que devo pensar, muito menos o que devo dizer. E porque meu coração dói tanto por ver ele chorando? Eu não quero perder ele, mas agora que sei que Jimin pretende ir embora, não sei se quero continuar com o nosso relacionamento. E se eu aceitar as desculpas dele e ele querer ficar por minha causa? Não quero que Jimin desista dos sonhos dele por mim. Sem saber o que dizer. Eu apenas decido esquecer por uma noite tudo o que aconteceu naquele jantar. 

— Jimin... — levo minha mãe até seu rosto e limpo a lágrima que escorre. — Não chora, eu não gosto de te ver desse jeito. — Me aproximo mais ainda dele e beijo a sua cicatriz na sobrancelha. É um beijo delicado e demorado, nos segundos em que meus lábios se encontram com sua pele, ouço ele soluçar. — Você tá bem? — Não preciso ser específico sobre essa pergunta. Ele sabe que estou perguntando sobre tudo que aconteceu entre ele e seu pai. 

Ele me abraça. Cada soluço seu me faz querer derramar uma lágrima. 

— Eu fiquei com tanto medo, Jungkook. Eu não reconhecia o meu pai, eu achei que ele iria me matar. — Ele pausa, recuperando o fôlego. — Me desculpa Jungkook, foi mesmo o meu pai que matou o seu pai. Naquela noite eu fui até a minha casa porque eu queria ouvir da boca dele se aquilo que sua mãe disse era verdade. Mas eu juro que não sabia de nada disso, Jungkook. Eu juro. — Ele me aperta mais ainda, como se tivesse medo que eu fugisse. 

Ouvir ele confirmar sobre o que aconteceu com o meu pai, faz as lágrimas que eu tanto lutava para segurar, escorrer por minhas bochechas. Me faz sentir ódio e amor na mesma proporção. Porque nesse momento eu odeio ter me apaixonado pelo filho do assassino do meu pai. 

— Você tem que me perdoar, Jungkook. Por favor, não me olha mais com raiva igual você me olhou no dia daquele jantar, não me afasta de você de novo, me deixa ficar com você, por favor. 

Afasto de seu abraço para olhar em seus olhos. Limpo suas lágrimas outra vez. E calmamente me aproximo para beijar os seus lábios. — Não vamos mais falar sobre isso. Só por hoje. — Nem sei o que se passou pela minha cabeça que me fez dizer isso. Talvez eu esteja deixando de pensar com a cabeça e pensando só com o coração, porque agora eu quero mais que tudo poder beijar ele a noite inteira e nunca mais me separar de Jimin. 

Jimin leva sua mão até a minha nuca e sem aviso prévio me puxa para iniciar um beijo. Por algum motivo esse beijo é diferente de todos que já dei nele antes. Ao mesmo tempo em que eu quero ter a boca dele só pra mim, eu queria não poder ser tão sedento por ele. 

O nosso beijo continua se intensificando cada vez mais. Inclino o meu corpo em sua direção fazendo com que ele se deite na cama, a mão de Jimin segura firme em minha cintura trazendo o meu corpo para mais perto de si, mas com medo de que meu peso o incomode, apoio a mão esquerda na cama. Eu abandono os seus lábios e começo a beijar o seu pescoço, seus suspiros altos e pesados causam arrepios por todo o meu corpo. 

— Jungkook. — Ele chama com a voz fraca. — Se você continuar assim, eu não vou querer parar. 

Paro de beijar seu pescoço para dar um beijo rápido em sua boca — Tudo bem, Jimin. Eu também não quero parar. 

Ele segura o meu rosto com suas duas mãos. — Você tem certeza disso? 

— Tenho. 

— Mas... então, é que a gente vai precisar d- 

— Camisinha? — interrompo ele para perguntar. 

— Isso, eu não tenho nenhuma aqui comigo. 

Me levanto da cama e vou até a bolsa de Yoongi, meu primo carrega várias dessas pra todo lugar. Parece até um cachorro no cio, também acabo encontrando um lubrificante. 

Quando volto a olhar para Jimin ele já está sem camisa, seu corpo apoiado na cama apenas pelos cotovelos, me faz ter uma visão sexy de si. 

Engulo em seco quando a minha ficha sobre o que eu estou prestes a fazer começa a cair. Eu coloco a embalagem na mesa ao lado da cama e volto a fazer o que antes havia parado. 

Nossos beijos se intensificando a cada momento. O calor sobe por cada parte do meu corpo. É minha vez de ficar de costas para cama, Jimin, já sem sua calça de moletom, sobe em cima de mim. Ele usa suas mãos para tirar a minha camisa.

— Você é tão gostoso. — Ele fala enquanto me observa. E não demora muito para começar a distribuir beijos por todo o meu peitoral. Sentindo a excitação é impossível controlar os baixos gemidos que deixo escapar. — Você tá me deixando louco com esses gemidos, Jungkook. — Ele sussurra no meu ouvido. 

Aproveito que seu rosto está perto do meu e levanto minha cabeça levemente para usar os dentes para puxar a ponta da sua orelha entre eles. E ainda próximo de seu ouvido, eu digo: — Você também tá me deixando louco, Park Jimin. 

Sem mais demoras dou um jeito de me livrar da minha calça, ele volta a se sentar em mim. Mas dessa vez sua intenção é me fazer enlouquecer de vez, porque ele começa a movimentar seu corpo para frente e para trás em cima do volume que já se formou em minha cueca. Eu uso as duas mãos para agarrar em sua cintura, ajudando o seu corpo a se movimentar com mais controle. 

— Ah, Jimin. — falo roucamente. Ele então inclina o seu corpo para frente e com sua língua começa a pincelar o bico do meu peito.

Mordo o lábio inferior para conter os gemidos que querem de todo jeito saírem. Pois não posso esquecer que estou em um hotel cheio de alunos em volta. Depois de me torturar um pouco mais ele volta a beijar a minha boca. Já não aguentando mais tanta pressão, eu viro o seu corpo, tomando o comando de sua posição anterior. Ainda sem cortar o beijo vou descendo minha mão, do seu peitoral até o cós de sua cueca. Quando eu paro com a mão ali, Jimin pega em minha mão e me incentiva a continuar. Ele me faz massagear seu pênis duro, por cima do tecido preto. Adorando ver o prazer que minha mão causam em si. Decido colocar a mão debaixo do tecido. O corpo de Jimin responde rapidamente ao meu toque. 

— Aaahh, Jungkook. — Ele geme o meu nome, enquanto minha mão se movimenta. 

Eu aproximo os meus lábios do seu, não para beijá-lo, mas para dizer algo. 

— Ji, a gente não pode fazer tanto barulho, desse jeito vão ouvir a gente. 

Ele sorri — Você não podia deixar pra ser fofo em um outro momento? — Ele me dá um selinho rápido. — Vou tentar me controlar, agora por favor, tira logo essa sua cueca que eu tô doido pra sentir você dentro de mim. 

Enquanto faço o que ele pede, Jimin abre a embalagem da camisinha. Mesmo sendo a primeira vez em que vamos fazer amor, não sinto vergonha de exibir o meu corpo nu para ele, até mesmo porque essa não é a primeira vez que ele me vê assim. 

Me sentindo bastante excitado, peço a ele que me dê a camisinha, mas ele nega o meu pedido. 

— Deixa que eu ajudo você. — É o que ele diz. E em seguida espalha o lubrificante sobre o meu pênis e em sua entrada também. 

Com o meu copo em cima do seu corpo, me preparo para começar a penetração. 

— Não fica nervoso Jungkook. Eu confio em você. 

E então lentamente eu começo. Sinto suas unhas arranhando as minhas costas. Conforme vou me acostumando com a pressão o meu corpo clama por mais e mais. Vou aumentando os movimentos de estocadas. Mesmo que Jimin tenha dito que ia tentar se controlar, ele acaba deixando alguns gemidos altos escaparem, eu não sou diferente. Mesmo pressionando os meus lábios é impossível me conter por completo. 

— Jungkook, eu aah, eu. — Continuo com meus movimentos fortes. — Eu amo você, Jungkook. 

É a primeira vez que Jimin diz que me ama com todas as letras. E eu deveria responder o mesmo, mas não consigo dizer nada. Para que ele não estranhe o meu silêncio, eu me aproximo do seu rosto para beijar sua boca. 

Eu sei que também gosto muito de Jimin, mas não consigo dizer que o amo agora.  

[•••]

Acordo no outro dia bem cedo, sei disso porque o meu despertador das 7h ainda não tocou. Olho para Jimin ao meu lado e ele dorme calmamente. Agora que a noite de ontem passou, me pergunto se fiz certo em ter passado a noite com ele. Eu ainda não o perdoei por ter mentido para mim, mas não resisti em beijá-lo quando tive a oportunidade. Isso faz de mim um babaca? Porque é assim que eu me sinto agora, me sinto uma pessoa desprezível. Ele até disse que me ama ontem, mas eu nem sequer consegui retribuir. Como vou olhar em seus olhos hoje depois disso? 

Cansado de me depreciar, resolvo ir ao  banheiro, depois de fazer minhas necessidades e tomar um banho. Pego meu celular na mesinha de cabeceira. Vejo uma notificação de um novo e-mail que chegou ontem a noite para mim, desbloqueio o celular e abro na notificação. 

@Hospital_Busan.St.Mary

Olá, senhor Jeon Jungkook. Aqui é da equipe de informação do hospital, St.Mary. A não muito tempo atrás o senhor entrou em contato com nossos atendimentos pedindo por informações sobre o seu estado clínico. Pois bem, após checar os registros conseguimos encontrar sua ficha. E o motivo dos exames de tomografia e ressonância magnética, foram devidos ao quadro em que o paciente se encontrava. O paciente, Jeon Jungkook, de 11 anos sofreu um acidente que fez com que ele perdesse parcialmente algumas de suas memórias de antes do acidente. Na época vários outros exames foram feitos, mas como o quadro do garoto não mostrou perigo, ele foi mandado para casa. Não conseguimos encontrar mais nada além disso. 

Da equipe de informação, para o paciente. Espero ter ajudado da melhor maneira possível. Se possível, peço que por favor deixe sua avaliação sobre seu atendimento no site do hospital. Tenha uma boa noite.

Deixo o meu celular cair de minhas mãos. 
— Eu perdi minha memória? — Jimin se mexe na cama e eu olho para ele. — É por isso que eu não consigo me lembrar de ter crescido ao lado dele? 

Com a confusão que se forma em minha cabeça saio do quarto o mais rápido possível. Todo o corredor está silencioso tornando os meus passos pesados mais altos ainda. Já do lado de fora do prédio, começo a correr pela rua que leva em direção à praia. Corro como se isso fosse aliviar os meus pensamentos, corro para tentar esquecer de tudo mais uma vez. Depois de correr por uns 8 minutos, chego na praia. 

Só então me sento e paro para respirar. 
Fico observando as ondas, indo e vindo, e acho tão lindo que por um instante consigo me sentir limpo dos meus pensamentos. 

Sinto uma gota d'água pousar em meu ombro. Ergo minha visão e noto que o céu está coberto por nuvens escuras de chuva. O nevoeiro da manhã se mistura com o clima úmido e faz meu corpo ter arrepios com o vento frio. Tento me levantar, mas quando o faço sinto uma forte dor de cabeça, o que me faz permanecer sentado. 

A minha visão fica turva e o mar a minha frente parece mais um borrão. Imagens começam a surgir na minha mente. 
Na primeira lembrança eu estou me afogando e pedindo por ajuda, somente Jimin está na água comigo, ele tenta me ajudar, mas a correnteza me puxa para longe e a última coisa que sinto é uma pancada forte na cabeça.

— Aaaaa. — Grito conforme a dor na minha cabeça se intensifica cada vez mais. Seguro minha cabeça com as mãos tentando fazer a dor parar. E então outras curtas lembras aparecem. Eu na casa de Jimin brincando com ele, o dia em que andamos de bicicleta, eu lhe dando uma rosa com o nome de Sírios, a minha mãe indo me buscar na escola para me levar no dentista. E várias outras lembranças como essas surgem como mágica. — Para, para, para! — são tantas lembranças que sinto que minha cabeça é capaz de explodir a qualquer momento. Não aguentando tanta dor, deixo o meu corpo cair por completo sobre a areia. 

Pisco os meus olhos pesados, e como se usasse a tecnologia mais avançada do mundo, em questão de segundos minha mente volta no tempo, em uma memória que meu cérebro escondeu tão bem, que acho que nem mesmo se eu não tivesse perdido a memória conseguiria me lembrar dela. 

Na minha memória do passado estou sendo espancado pelo meu pai. Agora eu lembro que nesse dia, ele chegou estressado em casa e me bateu porque disse que não gostava que eu fosse tão próximo de Jimin. Eu fui pego de surpresa enquanto estava estudando, ele me puxou pelo braço e começou a me xingar das piores coisas possíveis. Eu era só uma criança, mas isso não importava pra ele, meu pai me fez ficar de quatro no chão e com a ajuda do seu cinto ele me bateu até que as marcas ficassem estampadas em minha pele. Quando minha mãe chegou do trabalho e me viu sangrando no chão do quarto, ela me abraçou e perguntou o que tinha acontecido. Mas eu não disse nada, eu não conseguia dizer uma única palavra. Porque foi naquele momento em que o meu herói se tornou o vilão. 

De volta ao presente. A dor de cabeça me atinge outra vez. Ouço vagamente vozes chamando pelo meu nome. E com a visão embaçada consigo perceber duas silhuetas de corpos se aproximando de mim. Mas antes que eu reconheça os seus rostos. Meus olhos acabam cedendo ao cansaço e eu desmaio na areia da praia. 

—————~~~~—————

A música que o JK canta no capítulo é uma música autoral, eu não sou uma boa cantora, mas fiz um vídeo com a parte que ele canta, não me julgue, eu sei que o vídeo tá horrível kkk mas queria compartilhar com vocês.


Espero que tenham gostado do capítulo. Até semana que vem. Bjs 💋




























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