Lucy chegou à sala e se espantou com um jovem rapaz ao lado de Lucy. Esta, porém, estava com todos os dentes a mostra.
- Olá, Senhorita Macclesfield. - Linus curvou-se diante dela e beijou sua mão - Sou Linus Turner. Encantado.
Charlotte apenas o cumprimentou, sorridente. Linus não demorou muito em sua presença; logo pediu licença - e permissão - para levar Lucy à um passeio pela cidade. Eloise cedeu, meio a contra-gosto.
- O que há, mamãe? Não está feliz por Lucy? - Charlotte perguntou depois que os dois saíram porta afora.
Eloise resmungou algo inaudível.
- Pensei que quisesse isso para ela. - Charlotte sentou-se na poltrona ao lado da mãe, não deixando outra alternativa a não ser a conversa.
- Eu quero. Mas quero os melhores pretendentes para você. Você merece muito mais.
- Mas fique sabendo que eu não quero um pretendente agora, e pouco me importa se é melhor ou não que os pretendentes de Lucy.
- Os? No plural? Esse foi o primeiro! E já é dos bons. - ela grunhiu. Estava insatisfeita com algo que Charlotte não conseguia decifrar.
- Ora, mamãe. Deixe de implicância. Lucy parecia bem feliz com o rapaz. O que a impede de ficar feliz também?
Eloise aproximou-se da filha e segurou seu rosto com as duas mãos.
- Olhe para você, Charlotte. É tão bela, tão cheia de encantos. Merece encontrar alguém muito antes de Lucy. Não aceito que depois de tanto tempo sem ninguém ela vá ficar com o melhor agora.
Charlotte irritou-se com as palavras e tirou as mãos de Eloise de seu rosto.
- Já disse que não me importo se Lucy casar-se primeiro. Aliás, era isso que eu esperava minha vida inteira. Por que não agora? Por mim está tudo nos lugares.
- Pois por mim não! - Eloise levantou-se e saiu como um raio. Charlotte não ouviu o que ela disse em seguida, só decifrou o final: - Não vou deixar que isso aconteça.
Eloise estava louca, ela concluiu.
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- Ele é tão encantador, Charlie! - suspirava Lucy, falando sobre Linus.
- Estou tão feliz por você, Lucy! Não tem ideia. - Charlotte disse enquanto penteava os cabelos.
- Ah, é tudo tão maravilhoso. Eu imaginava como seria ser tratada dessa forma, mas nem em um milhão de anos pensei que iria me sentir tão bem.
Charlotte suspirou pesadamente. Queria contar tudo a Lucy, sobre Edward e os beijos roubados, sobre o dia do baile, sobre o incidente do corredor. Queria contar que sabia como era sentir-se daquela maneira pois o coração dela acelerava só de pensar em Edward e seu sorriso não podia ser contido. Queria dizer como se sentia, queria se abrir para o mundo, mas sentia que aquilo poderia ser um segredo só deles - dela e Edward - e não sabia como ficaria se expusesse para alguém. Será que as coisas estavam sendo tão maravilhosas por que eram escondidas? Por que eram só deles? Ela sentiu medo ao pensar dessa maneira e mais uma vez se manteve calada.
- Você vai adorar a sensação de ter algum cavalheiro segurando-lhe a mão e beijando-a tão delicadamente.
- Eu já senti isso. - Charlotte tentou argumentar.
- Mas nunca com alguém que você goste.
Era verdade, até onde Lucy sabia, pelo menos.
- Eu já senti isso, Lucy. - ela repetiu. Uma coisa era não contar à irmã o que lhe havia ocorrido, mas quando questionada, não podia manter segredo de Lucy. Nunca manteve.
- Já? Mas com quem?
Charlotte engoliu em seco diversas vezes antes de começar a contar, desde o começo, tudo que houve com Edward. Ao terminar, Lucy estava de queixo caído. Literalmente, a boca da mais velha estava aberta formando um "O" redondo, perfeito.
- Eu não acredito! Sr. Crane! Charlotte! - ela levantou-se da cadeira, animada demais, como sempre ficava quando as notícias eram boas. - ele gosta de você? Vocês vão se casar?
- O quê, Lucy! Não saia atropelando os bois. - Charlotte riu, nervosa. - É só o começo de algo que pode nem dar certo, mas é o começo...
- Você não pensa em casar-se?
- Claro que penso, mas não agora, certo?
- Mas ele a beijou! Vocês têm que se casar.
- Ora, quem lhe disse uma coisa dessas? - Charlotte perguntou, um pouco irritada. Não queria ser obrigada a casar só por que beijou alguém.
- É o certo, você não acha?
- Então quer dizer que você conheceu Linus hoje e já pensa em casar-se?
- É... claro. - Lucy respondeu, um pouco desanimada.
- Você não quer ter outras opções? Não quer conhecer outros rapazes?
- Seria ótimo, Charlie, mas em anos e anos disponível, nunca me apareceu ninguém. E o primeiro é o mais encantador que poderia ter aparecido. Por que não?
- É... - Charlotte se deu por vencida. - por que não?
Não queria aceitar aquelas condições, mas com certeza não iria forçar Lucy a pensar como ela.
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- Edward!
Edward ouviu aquela vozinha irritante chamar seu nome e virou-se, mas tudo o que queria era seguir andando pelo corredor até chegar ao escritório da mãe. Adorava visitar sua antiga casa, mas Elizabeth sempre o lembrara do por quê decidiu sair de lá. Ela não era O motivo, mas era um dos.
- Que bela visão. - soltou, sarcástico.
A menina riu, igualmente sarcástica.
- O que o traz aqui?
- Não posso visitar minha mãe?
- Não tantas vezes em uma só semana.
- Vim conversar com ela, sobre você. - Edward encostou na parede e cruzou os braços. Bem que ele poderia se divertir com Elizabeth, só um pouquinho.
- Sobre mim? Ah, mas que ótimo. Me adiante o assunto.
- Vou colocar na cabeça de mamãe a ideia de mandá-la para o campo. - ele sorria maliciosamente enquanto pronunciava as palavras, abrindo mais e mais o sorriso ao ver a reação da menina.
Elizabeth estava com os olhos arregalados e a boca franzida.
- Você não faria isso.
Edward arqueou as sobrancelhas, ainda sorrindo, e suspirou.
- É, irmãzinha. Parece que você está errada. - então ele começou a andar depressa em direção à porta do escritório de Lady Crane.
Elizabeth agarrou-o pelo braço.
- Você não fará nada disso, Ed. Não ia querer que eu contasse a ninguém o que vi...
- O que você... - Edward começou, mas logo lembrou que Elizabeth estava perto demais do beijo, será? - o que você viu?
- A-ha! Não vi nada, irmãozinho. Eu apenas desconfiava, mas sua cara de espanto e a mudança de cor no seu rosto confirma meus palpites. Vocês estava mesmo atracado com Charlotte Macclesfield ontem a tarde!
Edward ficou sem reação. Enquanto seu corpo permanecia parado, por dentro seu sangue estava fervendo e ele estava prestes a encostar na parede novamente, mas dessa vez sem charme ou sorrisos. Como aquela criatura conseguia ser tão diabólica?
- Bem, eu só posso dizer que mamãe vai adorar saber disso. Vai ser um ótimo casamento, sabia? - ela disse enquanto saía andando. Agora era sua vez de se direcionar ao escritório da mãe.
Edward correu e quase cuspiu as palavras no rosto da irmã.
- Fique quieta. - Sussurrou entredentes. Seu olhar e o tom de voz deixavam bem claro que ele estava falando muito, muito sério.
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Leia Um Clichê Para Chamar de Meu, da mesma autora. Uma comédia romântica sobre uma escritora independente em busca do seu clichê perfeito; seja na vida real ou na ficção.