Capítulo Nove

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O sol que saíra de manhã permaneceu no céu o dia inteiro, embora isso fosse raro. Charlotte não parou de sorrir e agradeceu mentalmente sempre que tinha a oportunidade, pois não suportava sair na chuva. Por volta das quatro da tarde Lucy bateu na porta do seu quarto e logo entrou, tamanha era sua ansiedade.

- Uau, estou suando.

- Ora, Lucy. - Charlotte sorriu abertamente ao ver a irmã - por que está tão nervosa?

- Não sei. - ela respondeu, sentando-se na ponta da cama. - Acho que nunca fui convidada à um chá com uma família importante.

- Os Crane são importantes? Não sabia - Charlotte respondeu pensativa.

- Não sei... já ouvi falar deles, claro. Em vários dos bailes que frequentei. Mas só sabia do filho mais velho, não conhecia a garota.

- São duas, eu acho.

- Como nós! Em três irmãos. Que ótimo. - ela pareceu genuinamente feliz.

Charlotte sorriu em resposta e continuou escovando os cabelos louros. Lucy já estava pronta quando batera na porta do quarto de Charlotte, embora sua caracterização não fosse das mais sofisticadas. Apenas um vestido simples, cor de creme, e os cabelos amarrados num coque baixo, para poder acomodar o chapéu. Enquanto esperava a irmã se arrumar, Lucy falava sobre os rapazes com quem dançou no baile. Nenhum que ela achasse que fosse seu futuro noivo, mas ficou feliz em ter alguém para pensar. Alguma dança especial, ou uma conversa em particular da qual se lembrar.

Ao ouvir Lucy falando com tanta paixão de tantos rapazes, Charlotte lembrou-se de Edward. Lembrou do beijo, da mão, de como saiu correndo de perto dele, e lembrou que não tinha contado nada disso à Lucy.

- Lucy... - ela disse, depois de abrir e fechar a boca inúmeras vezes. Virou-se na direção da mais velha e fitou-a. - Conheci um rapaz ontem, no baile.

- O quê? Ah, meu Deus, Charlie! Quem é ele? - Lucy estava mais animada do quê minutos atrás.

- Chama-se Edward. - Charlotte sentia seu rosto ruborizar. - Foi estranho.

Lucy franziu o senho, claramente querendo perguntar "Por quê?"

- Ele... - Charlotte engoliu em seco várias vezes - ele me beijou.

A reação de Lucy com certeza fora exagerada. Ela saltou da cama batendo palmas leves, mas aceleradas. Seus olhos estavam esbugalhados e ela sorria de orelha à orelha, perguntando como foi, quanto tempo durou, onde foi, etc. Esgotou todo um repertório de perguntas sobre beijo, das quais Charlotte tentou se desvencilhar depois.

- Foi no jardim e foi rápido. - respondeu apenas.

- Eu quero mais detalhes, Charlie. Por favor. - Lucy sentou-se novamente, parecendo desapontada. - Não pode ter sido só isso.

- Mas foi. E foi estranho. - virou-se novamente para o espelho e anunciou: - pronto! Já podemos ir.

- O quê?

- Vamos para a casa da srta. Crane.

Lucy caiu em si.

- Ah! sim. - disse sem nenhuma animação na voz. - O Chá.

- Não fique assim, Lucy. Se acontecer algo mais empolgante eu lhe conto.

"Na verdade aconteceu, mas não posso contar", acrescentou mentalmente.

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Sim, Charlotte sempre fora observadora, mas qualquer pessoa pararia ao menos dois minutos para absorver toda a elegância da casa Crane. As portas eram todas - sem exceção - brancas com detalhes em dourado, assim também estavam os corrimãos das escadas e os lustres, tais como os detalhes das molduras. Para todo lugar que olhava, a menina via um vislumbre de dourado, alguma coisa reluzindo em seus olhos, que, ela tinha certeza, estavam mais azuis que o normal, resultado de toda aquela cintilação.

Um Casamento AdorávelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora