Cidade em Chamas - Shingeki n...

By LaisDeLuca

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Em "Cidade em Chamas", somos apresentados a uma cidade dividida em dois pela opressão do governo. As pessoas... More

✨ 𝒩𝑜𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝒜𝑢𝑡𝑜𝑟:
Capítulo I - O Ataque
Capítulo II - O Encontro
Capítulo III - Conhecendo o Inimigo (+18)
Capítulo V - Vilões?
Capítulo VI - Testes (+18)
Capítulo VII - Monstro
Capítulo VIII - Flashback
Capítulo IX - A primeira vez +(18)
Capítulo X - Amanhecer
Capítulo XI - Treinamento
Capítulo XII - Sombra Crescente
Capítulo XIII - O Castigo
Capítulo XIV - Descobertas
Capítulo XV - Problemas
Capítulo XVI - Laboratório

Capítulo IV - Sangue Raro

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By LaisDeLuca

Eu o deixei onde estava e retornei rapidamente à entrada do local, desesperadamente procurando pela garota de cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo e óculos. Após um tempo de observação minuciosa dos soldados, finalmente a encontrei.
Corri até ela, chamando-a com urgência.

--- É o Capitão Levi, ele não está bem. —  Falei afoita.

--- Ele se machucou? — Hange largou alguns caixotes que estava organizando e se apressou na mesma direção em que eu apontava.

--- Sim, ele levou dois tiros na noite passada e algumas facadas. — Respondi, baixinho. A culpa pesava em meus ombros.

--- Esse baixinho desgraçado, acha que só porque tem um sangue raro é imortal. —  As palavras de Hange ecoaram em minha mente, fazendo-me refletir sobre inúmeras possibilidades. Sem perceber, já estava auxiliando Levi até a sala de enfermagem improvisada no navio.

Depois de ajudá-lo a subir na maca alta, me preparei silenciosamente para sair do quarto, mas Levi interveio.

--- Você! Fique aqui. — Apontando para mim e, em seguida, para uma cadeira próxima. Compreendi o recado e obedeci, sentando-me imediatamente.

--- Vamos lá, Levizinho. Vamos precisar tirar suas roupas! — Hange sorriu de maneira tenebrosa, revelando talvez um interesse especial por ele, já que não conseguia esconder sua satisfação.

--- Me poupe, Hange. Apenas rasgue a maldita calça na altura do tiro! — Levi rosnou com impaciência, a dor nublando sua voz.

Ela assentiu tristemente enquanto pegava uma tesoura e cortava delicadamente o tecido verde, agora manchado totalmente de sangue.

--- É, a bala está alojada em sua perna. Vamos tentar tirar. Não está sentindo dor? — Perguntou Hange, surpresa com a aparente resistência de Levi.

--- Deve ter atravessado. — Ele disse com sarcasmo, uma referência ao que eu lhe dissera na noite anterior. Seus olhos queimavam de fúria, e seu olhar carregava uma raiva mortal que me fez encolher e baixar a cabeça.

--- Vou te dar anestesia e você não sentirá nada.

--- Não precisa. Apenas tire essa merda logo de dentro de mim.

--- Levi, você já está fraco, sentir essa dor só vai piorar seu estado. — Hange argumentou com preocupação.

--- Anda logo com isso Hange! — Ele gritou, fazendo a moça seguir suas ordens.

--- Sim senhor. Garota, qual é mesmo o seu nome? — Hange se virou para mim.

--- Mikasa Jeager.

--- Ótimo, Mikasa. Vou precisar de sua ajuda.

Eu me levantei prontamente, me aproximei para auxiliá-la em qualquer coisa. Hange me entregou um par de luvas de látex e colocou em si.
Vi o momento em que pegou alguns utensílios e os esterilizou com álcool, colocando-os meticulosamente sobre uma toalha completamente branca.

--- Pegue, Levi, caso precise morder. — Ela tentou oferecer uma toalha, mas ele rapidamente deu um tapa em sua mão e segurou firmemente na maca. Respirou profundamente, enchendo os pulmões antes de deitar, preparando-se para o procedimento doloroso que estava prestes a enfrentar.

--- Mikasa, segure a perna dele. Ele não pode se mexer enquanto eu puxo a bala. — Hange ordenou.

--- Sim, senhora. — Posicionei minhas mãos com firmeza ao redor da perna de Levi enquanto Hange pegava um alicate de metal com um bico comprido e afiado. Ela o introduziu profundamente na carne de Levi, fazendo-o gemer de dor. Ele cobriu o rosto com o braço, enquanto seus punhos estavam cerrados.

--- Achei! — Riu toda feliz, comemorando como se fosse um gol. — Vou puxar. Não se mexa. — Anunciou, iniciando a difícil tarefa. Levi gemia baixinho, tentando ocultar sua fragilidade, mas era evidente o tormento que ele estava suportando, seus dedos agarrados com firmeza à sua coxa que não parava de tremer.

Ele teve espasmos leves, que eu me esforcei para conter. Era óbvio que ele estava sofrendo, afinal, estavam retirando uma bala de dentro de sua perna. Que psicopata não aceitaria anestesia nessa situação?

Após Hange finalmente retirar a bala e colocá-la em um pequeno pote de vidro, a respiração de Levi começou a se normalizar, embora seus olhos permanecessem fechados. O sangue ainda escorria do ferimento, e eu continuava segurando sua perna.

Hange limpou o ferimento com destreza, mas a hemorragia persistia. Com uma expressão séria e concentrada por trás dos óculos, ela começou a suturar o ferimento, unindo as bordas do machucado.

--- O sangramento não está parando. —  Murmurou Hange consigo mesma, a preocupação pintando seu rosto. — Mikasa, pressione essa toalha aqui. Com força. — Instruiu com urgência, enquanto buscava solução para a situação.

--- Ele levou outro tiro, na barriga. — Confessei, amedrontada.

Ela caminhou até ele, que estava imóvel e silêncio.

--- Ele desmaiou. — Declarou, fazendo meu coração acelerar de pânico. Ela o sacudia levemente e chamava por seu nome, até pegar uma pequena lanterna para examinar suas pupilas, que não reagiam.

--- Diga-me, Mikasa. Ele sangrou muito? — Sua voz expressava preocupação genuína.

--- Sangrou bastante. — Respondi, tentando manter a calma. — Até que coloquei um cinto apertando sua perna.

--- Levi precisa de uma transfusão de sangue.

--- Qual é o tipo sanguíneo dele? — Minha boca falou involuntariamente, a ansiedade tomando conta de mim. Ele não podia morrer, pois isso arruinaria todos os nossos planos.

--- O tipo sanguíneo do Levi é A-. E o seu?

--- AB+. — Respondi rapidamente. — Posso doar para ele?

--- Maldição... Não, infelizmente não pode. — Lamentou Hange. — O sangue dele só pode receber de A+, A-, O- e O+. Fique aqui com ele. Vou procurar alguém compatível.

Ela saiu às pressas da sala carregando uma maleta, deixando-me sozinha com o homem desacordado.
Fiquei paralisada no mesmo canto, olhando-o e pressionando a toalha em sua perna. Estava anestesiada, perdida em pensamentos sobre como sobrevivería em território inimigo sem Levi.

Então, ouvi sua voz me chamando, quebrando instantaneamente todos os meus pensamentos e preocupações.

--- Ei, pirralha.

--- Você ainda está vivo. — Comemorei internamente, aliviada por ouvir sua voz.

--- Troque meus curativos antes que Hange chegue. Não quero que ela veja esses cortes. Seja rápida. — Ele falou com uma voz enfraquecida, revelando sua vulnerabilidade.

--- Sim, senhor, mas... E o tiro? — Hesitei, preocupada. Ele ergueu levemente o corpo, inclinando-se para frente para facilitar a remoção de sua blusa. Comecei imediatamente a retirar os curativos antigos e a limpar os ferimentos. Alguns já estavam começando a cicatrizar, outros, no entanto, permaneciam abertos.

--- Tire a merda da bala. — Instruiu com firmeza.

--- Mas eu nunca fiz isso...

--- Ótima oportunidade para aprender.

Deitado novamente na maca, com seus olhos tampados por seu braço, eu seguia fazendo o possível para encontrar a bala

Com ele deitado novamente na maca, seus olhos cobertos por seu braço, eu seguia fazendo o possível para encontrar a bala. Eu suava frio, e a cada movimento com o alicate, via suas mãos se agarrarem com força à maca. Após alguns minutos angustiantes, finalmente a encontrei, puxei lentamente, fazendo mais sangue jorrar. Porém, consegui controlar o sangramento. Me senti como uma cirurgiã, mesmo sem experiência.

--- Posso dar pontos?

--- Faça rápido.

--- Vai doer um pouco...

--- Garota. — Ele segurou meus cabelos me fazendo olhar diretamente para ele. — Vocês acabaram de puxar uma bala da minha perna e outra da minha barriga. Bala essas, você quem atirou. Então me costure logo.

Assenti com uma leve raiva e comecei a passar a pequena agulha pela fina e macia pele dele. Logo percebi que havia terminado a sutura. Cobri os pontos com gaze e os fixei com esparadrapo.

--- Terminei. — Declarei, aliviada.

--- Pegue aquela camisa para mim.

Fiz o que ele pediu e entreguei a camisa, que ele vestiu rapidamente. Em seguida, sentei-me na cadeira e aguardei Hange retornar. A toalha que ela havia me instruído a colocar sobre o ferimento na perna de Levi estava completamente encharcada.
Ele havia desmaiado novamente devido à perda de sangue, e a fraqueza era evidente. Temi pela sua vida enquanto aguardava a ajuda de Hange.

Após quase meia hora de ansiedade e espera, Hange finalmente chegou, trazendo consigo bolsas de sangue que conectou às veias de Levi.
Ela tratou do ferimento em sua perna novamente e o deixou dormindo.

--- E você, garota? O machucado em sua mão, como está? — Perguntou enquanto arrumava os utensílios que usará a pouco tempo.

--- Você pode dar uma olhada? — Respondi e com um aceno, ela cuidou gentilmente do meu ferimento.

--- Agora eu tenho outras coisas para resolver. Deixe ele dormir. — Falou enquanto se afastava.

--- Vou ficar aqui, caso ele acorde e precise de mim.

Ela sorriu e saiu do quarto. Levei a cadeira até o lado da cabeceira da cama e me sentei. As horas passaram lentamente, meus pensamentos vagando e me enlouquecendo. Como estaria meu pai? Que clã era esse? Nossos sobrenomes eram os mesmos... Quando eu teria a chance de voltar para minha casa? Será que, após tudo isso, eu conseguiria realmente realizar meu plano?

--- Onde está a quatro-olhos? — Levi interrompeu abruptamente meus pensamentos.

--- Ela disse que tem outros negócios a tratar, então saiu.

--- Estamos sozinhos?

--- Creio que sim...

--- Feche a porta.

Atendi ao seu pedido e fechei a porta, temerosa. Lentamente caminhei até a cadeira onde estava anteriormente sentada.

--- Seu pai... Nunca mencionou nada sobre o sangue que corre nas suas veias? — Ele questionou, sua expressão curiosa e intrigada.

--- Ele me disse que era especial.

--- Tsk... Especial é? — Riu em sarcasmo.

--- Me explica que clã é esse?

--- Olha, Mikasa, esse sangue não é uma coisa boa, pelo que imagina. É uma maldição. — Ele disse, sua voz séria, seus olhos fitando os meus. — Fomos usados como cobaias, desde os primórdios.
Só servimos de teste até finalmente conseguirem achar a perfeição.
Então tivemos que nos relacionar e gerar filhos, para aumentar a população. Éramos homens e mulheres imensamente fortes, com fator de recuperação altíssimo, além de inúmeras habilidades, sem contar que nosso sangue não permite que nos transformemos naquelas aberrações do inferno.

--- Aberrações? Que tipo de aberrações?

--- Ah... Mikasa, logo você descobrirá.

---Quem nos criou? — Indaguei, tentando compreender.

--- Fomos criados por experimentos em laboratório, há séculos e séculos passados. — Ele explicou.

--- Como assim em laboratório? Como você sabe dessas coisas, não faz sentido algum.

--- Ao contrário do seu pai. O homem que me criou, me contou sobre nossos antepassados. — Vi seu olhar entristecer levemente.

--- Para que nos criar? — Continuei buscando respostas.

--- Para acabar com os demônios.

--- Eu não entendo.

--- Eu sei.

--- Por isso resolveu me ajudar?

Ele me olhou confuso por um momento, ponderando minha pergunta.

--- Quando soube o meu nome, você resolveu me ajudar. Como era isso que eu queria, não contestei. Agora eu quero saber, por quê? — Contestei esperando uma resposta sincera.

--- Provavelmente somos os últimos sobreviventes da nossa raça. Não podia deixar você naquela ilha, para ser alvejada no próximo ataque.

--- Próximo ataque? — Levantei-me da cadeira e me aproximei dele. Segurei sua mão e olhei profundamente em seus olhos. — Quando será o próximo ataque?

Ele puxou a mão friamente, se afastando do meu toque desesperado e sua única resposta veio de um pequeno gesto de  levantar e abaixar com os ombros. Indicando que ele não sabia quando, mas provavelmente iria acontecer.

--- Sabe que não vou desistir de salvar meu lar, não é? — Afirmei, determinada.

--- Eu sei. Mas você não tem escolha agora.

--- Levi, sempre há uma escolha.

--- Capitão... E a sua única escolha agora é esperar, seja sábia, Mikasa. — Ele disse antes de se calar, notando um ruído na porta. — Entre. — Ele ordenou, desviando seu olhar do meu rosto para a porta.

--- Com licença, Capitão. — Uma garota ruiva, baixinha, entrou trazendo consigo uma bandeja com duas xícaras e um bule.

--- Petra. — Levi disse com um sorriso de milímetros no rosto concedendo a sua entrada no quarto da enfermaria.

---Trouxe chá de camomila. Achei que gostaria. — Disse ela enquanto servia as xícaras.

--- Obrigado Petra, gentil como sempre. — Levi pegou a xícara de uma forma peculiar, segurando-a com os dedos por cima.

--- Petra, quero que conheça a nova integrante do esquadrão. — Levi me anunciou, e a garota olhou para ele com uma expressão confusa.

--- Tão de repente Capitão. O que o forçou a tomar essa decisão tão repentina? — O questionava, demonstrando sua imensa surpresa.

--- Ela me salvou durante o ataque. — Disse ele com um semblante sério. Devo confessar que Levi mentia muito bem, ele foi impecável.

--- Oh, céus... Muito obrigada! — Petra caminhou em minha direção e me abraçou de forma repentina, deixando-me sem reação.

--- Só fiz o meu dever.

--- Petra, quero que consiga um quarto para Mikasa. Não muito distante do meu. Agora estão dispensadas.

--- Sim capitão. — Ela respondeu e recolheu a xícara, colocando-a de volta na bandeja. Logo me chamou para segui-la.

Caminhamos por um tempo, passando pela cozinha onde ela deixou a bandeja em cima de uma bancada, onde várias pessoas ajudavam a cozinhar, enquanto outras limpavam e lavavam. Em seguida, subimos as escadas para o primeiro andar do navio. No final do corredor, havia três quartos, enquanto os demais quartos estavam no segundo andar, e a cozinha e a enfermaria se encontravam no terceiro e último andar.

--- Pronto, seu quarto é esse. — Petra abriu a porta e entrou, ligou a luz e sorriu. Era pequeno, obviamente, mas muito bem organizado e limpo, com uma decoração que causava inveja. Tinha uma cama de casal, repleta de travesseiros e almofadas fofas. A colcha azul tinha o mesmo tom da cortina que cobria parcialmente a grande janela de vidro. Um sofá, uma mesa de centro, uma televisão na parede e um tapete felpudo e macio compunham o quarto. Deixando um toque refinado e muito aconchegante.

--- Aqui também tem um banheiro. — Petra informou, me mostrando o caminho.

--- Onde está seu quarto? — Perguntei, inocente, sem perceber a tensão que surgiu nos olhos dela.

--- O quarto do resto da tripulação fica no segundo andar. Caso não lembre.

--- Perdão, eu bati com a cabeça, minha memória não está muito boa.  — Um frio imenso tomou conta do meu estômago, o medo me causou os piores pensamentos naquele momento. Eu tinha que ser mais cautelosa.

--- Bom. Seu quarto ficará perto do quarto da Tenente Hange e do Capitão Levi. Agora vou ajudar na enfermaria. —  Ela disse com um sorriso breve antes de sair do quarto, me deixando sozinha fisicamente, mas acompanhada do medo, insegurança, tristeza e centenas de pensamentos que tumultuavam minha mente.

Deitei na cama, exausta, parecia que o peso dos últimos dias tinha me acertado com força total. Assim que encostei minha cabeça no travesseiro, tudo pareceu ficar mais lento. Nem mesmo as ondas do mar balançando o navio conseguiram me enjoar mais.
Finalmente, fechei os olhos e adormeci.

TOC TOC

O som na porta me fez despertar abruptamente. Sentei-me na cama, passando as mãos nos olhos e respirando fundo, reunindo forças para ficar em pé. Com preguiça, caminhei até a porta, destranquei-a e a abri lentamente, espiando através da fresta que se formara.

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