Turnê Vida | Miotela

By beaushinewiser

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"No amor não adianta você achar que as coisas vão sempre a favor da maré. Você pode esperar que sempre o gran... More

Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo Especial
Capítulo 05
Capítulo Especial
Capítulo Especial
Capítulo Especial
Capítulo 06
Capítulo 07

Capítulo Especial

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By beaushinewiser

Volteeeei e dessa vez com um capítulo diferente. Eu tenho alguns como esse guardados e eu decidi postar esse depois que eles anunciaram a volta.

Esse capítulo começou a ser escrito um dia depois do episódio do avião e eu nem ia postar agora, mas eu fiquei tão feliz com o anúncio da volta deles que decidi terminar e postar pra vocês.Com certeza é um dos mais longos que eu já escrevi e um dos mais - se não o mais - importantes.

Eu espero do fundo do meu coração que vocês gostem, comentem e me deixem ver os surtos de vocês, eu AMO. Falo mais com vocês lá embaixo... boa leitura!

*

9 de outubro de 2023,
Domingo.

Ana Flávia pov's

Nesses últimos 2 anos, em que muitas vezes por conta do meu trabalho precisei subir em um avião, eu acho que nunca tive tanto medo como hoje.

Estávamos no alto, a caminho de Londrina, depois de mais uma semana de shows concluída. Antes de decolarmos fomos alertados sobre o clima e até então estava tudo sob controle. Subimos e entramos no avião sem intercorrência alguma, sentamos eu e meu pai frente a frente e a Bruna na poltrona ao meu lado. Eu estava desenhando no meu Ipad quando senti o avião balançar um pouco, olhei pra frente buscando contato com meu pai querendo algum tipo de conforto, e ainda com um pouco de receio olhei pro lado e vi que a Bruna estava tranquila. A tranquilidade dela e do meu pai, de certa forma, me tranquilizaram.

É apenas uma turbulência Ana Flávia, já passou por algumas, já já passa.

Voltei a esboçar no tablet, ainda um pouco preocupada, mas continuei firme e não me desesperei. Não tinham motivos pra desespero.

Esse mesmo pensamento se esvaiu em questão de segundos.

Dentro de alguns segundos o que parecia ser uma simples turbulência, se tornou pra mim motivo de pânico dentro do avião, que começou a balançar de uma forma intensa, algo que eu nunca tinha passado antes em qualquer outro voo. O desespero me invadiu de verdade e eu desesperada comecei a orar. Orar e pensar na minha família e nas pessoas que eu amo, em como eu queria abraçar a minha mãe, olhar no rostinho da Antonella mais uma vez e dizer o quanto eu a amo. E quando me dei conta estava aos prantos falando com Deus e pedia desesperadamente pra que Ele nos guardasse e levasse o avião pra um lugar seguro. Meu pai e a Bruna tentavam me acalmar a todo momento, mas com a limitação de permanecer em seus lugares por conta da turbulência, se tornou uma tarefa quase impossível.

— Por favor, meu Deus, por favor... — eu sussurrava por diversas vezes, enquanto chorava e soluçava copiosamente. — Pai, eu tô com muito medo. — eu tinha medo de abrir os olhos.

— Filha. — me chama, mas eu não consigo olhar pra ele. Minha visão está turva pelas lágrimas, minha respiração é falha e o desespero já tinha tomado conta do meu organismo. — Ana Flávia, olha pra mim, filha, por favor!

Ao contrário do cenário caótico em que nos encontrávamos, a voz do meu pai era calma, firme, mas calma. Levantei a cabeça ao mesmo tempo em que estendi a mão pro lado em busca do contato da Bruna e fiz um esforço até conseguir enxergar nitidamente meu pai a minha frente.

— Eu tô aqui com você, respira fundo. — ele me incentiva, mas eu só consigo focar no avião chacoalhando a gente. — Ana Flávia, por favor!

— Ana, você tá me escutando? — a voz da Bruna soa finalmente depois de várias tentativas falhas do meu pai de tentar me acalmar.

— Eu quero chegar em casa, quero abraçar minha mãe e minha irmã. — digo aos prantos.

— Eu sei que sim, Ana, aposto que elas também querem. Mas agora, eu preciso que você se acalme, consegue? — eu tentei me concentrar neles, no que realmente importava, mas era quase impossível quando tudo à nossa frente era o caos e o desespero. — Respira fundo e foca na minha voz, esquece um pouco o que tá acontecendo.

Ao contrário do que me diziam o avião não diminuía o chacoalhar, eu via as coisas indo ao chão e isso me apavorava ainda mais. Eu clamava por socorro e pra que Deus me ouvisse. Eu só preciso que o avião pousasse em segurança, pra que eu desça pra terra firme.

— Eu não quero morrer... — falei o pensamento que me afligia a todo momento.

— Ninguém vai morrer, Ana Flávia, para de falar besteira. — meu pai elevou o tom da voz. — Filha, se acalma por favor, daqui a pouco o avião volta pro eixo.

As vozes que antes eu ouvia perfeitamente começaram a ficar longe, um zumbido insuportável no meu ouvido se fez presente, um aperto e sufoco enormes no peito, um nó na garganta e um medo descomunal. Um misto de sensações e nenhuma sendo boa. Um filme da minha vida passou pela cabeça e o desejo de poder abraçar cada pessoa que eu amo e dizer o quanto eu as amo também. Meu pai conseguiu prender a minha atenção e me fez respirar junto a ele várias vezes, enquanto ao lado a Bruna segurava minha mão e me dizia o tempo inteiro que estava ali comigo, que o momento de desespero iria passar. E realmente passou.

Aos poucos o avião foi voltando ao eixo e em menos de 20 minutos estávamos pousando em terra firme. Abracei meu pai e chorei mais um pouco — lê-se: muito — depois abracei a Bruna e a agradeci sem parar, por ter me ajudado a me acalmar minimamente antes de surtar, ou desmaiar. Quando descemos do avião, pude avistar de longe duas das pessoas mais importantes da minha vida. Exatamente quem eu precisava nesse exato momento. Minha irmãzinha solta a mão da minha mãe e corre em minha direção, eu me abaixo e espero até que ela venha de encontro a mim e quando ele finalmente está nos meus braços, posso sentir que finalmente voltei pra realidade. Beijei o topo da sua cabeça e senti o seu cheirinho enquanto a abraçava carinhosamente. Me afastei apenas o suficiente pra ter seu rosto entre minhas mãos e antes de olhar em seus olhos e dizer o que queria, admirei cada detalhe do seu rostinho e guardei na memória.

— A mana te ama, Antonella, sabia disso? — eu ainda chorava, mas agora era de alívio. Quando ela passou a mãozinha em meu rosto limpando minhas lágrimas, fechei os olhos e agradeci a Deus por poder senti-la mais uma vez.

— Aham, você me fala todo dia isso. — ela coloca as mãozinhas no meu rosto também, uma de cada lado. — Não precisa mais chorar, maninha, a gente já tá aqui com você e eu também te amo. — dou um último abraço apertado nela antes de me levantar e ir pros braços da minha mãe.

— Filha... — ela se distancia do meu pai a medida em que eu me aproximo dela, já com os braços abertos, quando estamos próximas o suficiente, me encaixo no melhor abraço do mundo e descarrego mais um turbilhão de sentimentos. — Graças a Deus, vocês estão bem!

— Eu tive tanto medo, mãe. — falo entre lágrimas deitada no seu ombro.

— Shhh, tá tudo bem... — sua vez de segurar o meu rosto entre as mãos. — Vocês estão aqui. Voltaram pra casa. Foi só um susto. Tá tudo bem agora!

O papai se aproxima com a Antonella e eu abraço minha família com uma sensação reconfortante no peito. Vivi um pesadelo acordada, mas agora estava tudo bem. Eu estava com eles e só isso me é necessário, é tudo que me importa. A calmaria em meio a turbulência. Minha família.

Esse abraço era tudo o que eu precisava, mas a falta dele aqui se fez presente, era a única peça que faltava e tem o espaço certinho pra ele se encaixar. Só faltou ele estar aqui.
E eu daria tudo pra que ele realmente estivesse.

.

Já estávamos todos em casa e eu posso afirmar que eu nunca estive tão feliz por chegar em casa e estar com a minha família. Depois de pensar por momentos que nunca mais veria minha mãe, ou abraçaria minha irmã e arrumaria algum motivo besta pra brigarmos, ou até mesmo chegar em casa e ser recebida pelos meus bichinhos, estar aqui, com todos eles é um alívio. Como de costume, a Bruna veio pra casa com a gente, já se acomodou no quarto que ela sempre fica quando vai passar a noite aqui em casa, mas amanhã ela já volta pra casa já que só tenho show no próximo final de semana. Decidi postar sobre a turbulência nos meus stories e deixei bem claro que eu já estava bem. Eu ainda estava abalada, mas nada que muito carinho da minha família não resolvesse, fiquei um tempão com eles na sala aproveitando o carinho da minha mãe e rindo das gracinhas do meu pai e da minha irmã mais nova.

Passados quase 1 hora dos stories que eu tinha postado falando sobre a turbulência, estava indo pro meu quarto quando a tela do meu celular acende notificando uma mensagem. Meu coração quase para quando identifico quem é o dono da mensagem e eu respondo imediatamente. Entro no quarto e fecho a porta atrás de mim.

Nem um minuto depois, recebo sua ligação e não penso duas vezes antes de aceitar.

— Ei, princesa, como você tá? — assim que sua voz chegou aos meus ouvidos me deu uma vontade imensa de chorar. Era nítido o tom de preocupação na sua voz e isso mexeu comigo.

— Ainda estou um pouco assustada, mas eu tô bem. Foi só um susto. — a angústia e o nó na garganta voltaram, algumas lágrimas teimam em escapar dos meus olhos e eu não consigo conter, já estava chorando outra vez. — Foi horrível, Gu. Eu tive tanto medo, eu achei que... Eu achei... — soluço alto pelo choro e perco a linha de raciocínio. Escutar a voz dele e saber que eu não posso tê-lo, pra ao menos abraçá-lo dói muito.

— Ana, se acalma, por favor. Eu realmente não imagino o que você passou, mas agora tá tudo bem. — sua voz era calma, mas eu consegui sentir a sua aflição por estar do outro lado e não aqui do meu lado, porque é a mesma que eu sentia. — Você tá viva e não sabe o quanto eu agradeço por isso. — ele fez uma pausa e logo depois continuou. — Quando eu abri os seus stories, eu pensei na possibilidade de te perder... O medo que eu senti, foi inexplicável. — as lágrimas rolavam soltas pelo meu rosto e eu nem fazia mais questão de contê-las. — Isso só reforça mais uma vez o quão incerta a vida é! Não controlamos ou muito menos sabemos de nada, então temos que aproveitar cada instante que a vida nos dá. Aproveitar as oportunidades de dizer "eu te amo" pra quem amamos.

— Eu sei...

— Por isso eu quis te ligar, pra além de conferir se você estava realmente bem, dizer que te amo.

— Gustavo... — eu me desmanchei e desejei ainda mais que ele estivesse aqui. — Não precisa...

— Preciso, Ana Flávia, eu preciso. — ele pontuou firme. — Imaginar que eu nunca mais teria a oportunidade de dizer um "eu te amo", acabou comigo. Então eu preciso sim!

— Ah, Gustavo, você é surreal! — eu sussurro, mais pra mim, do que pra ele mesmo.

— Eu te amo, Ana Flávia! E por incrível que pareça, eu te amo ainda mais hoje, do que quando você era minha. — eu perdi o fôlego. Ainda tinha muitas dores e sentimentos feridos entre nós, mas também muito amor e eu sabia que o amor seria mais forte do que qualquer dor.

Eu sempre vou ser dele.

— Eu também te amo, Gustavo. Te amo muito!

Agora estávamos os dois chorando. Ele de lá e eu de cá. A ligação ficou em silêncio por alguns minutos, mas foi um silêncio confortável, aproveitamos a "presença" um do outro como dava. Foi reconfortante.

— Eu queria tanto que você estivesse aqui comigo. — falei como uma criança que pede colo pra mãe.

— E eu daria tudo pra estar com você.

— Eu sei que não precisava ser assim, me perdoa. — eu realmente me sentia culpada pela nossa distância.

— Do que você tá falando, meu amor? — não importa quantas vezes ele já tenha me chamado assim, as borboletas no meu estômago sempre se agitam quando escuto isso.

— A gente... não precisava ser assim, não era pra ser. — eu já não conseguia mais respirar normalmente, as passadas do meu coração estavam completamente descoordenadas e tudo em mim gritava por ele. Por um mísero toque dele. — Essa maldita distância!

— Lembra do que eu te disse? — continuei em silêncio, acredito que ele deve ter entendido como um "sim". — Então... o resto é irrelevante comparado ao nosso amor, Ana Flávia! Ele é real, é genuíno e nós dois sabemos que ele ainda existe, e muito. — mordi o lábio inferior o fechei os olhos imaginando como seria tê-lo aqui agora, na minha frente, me dizendo isso. — Eu sei que ainda tem muita coisa pra acontecer, mas por hora, eu só sei agradecer por você estar bem, com vida e em casa.

— Eu também... nunca fiquei tão feliz por chegar em casa. — rimos do meu comentário.

— E te dizer... — consigo ouvir sua respiração pesada do outro lado da linha. — Enquanto houver vida...

— E amor... — completei.

— Existem chances pra um novo recomeço.

— Chances pra voltar a viver aquelas sete vidas.

Incrível como até distantes, estamos em sintonia. Sempre foi assim.

— Eu tô com saudade. — falei depois de alguns segundos da linha em silêncio. — Saudade de você, sauda... — escuto batidas na porta. — Pera aí, Gu, tem alguém batendo na porta do quarto. Não desliga!

Penso em ir até a porta, mas é mais fácil falar daqui da cama mesmo, afasto o celular do meu rosto e pergunto quem é atrás da porta.

— Sou eu, mana. — sua voz sai um pouco abafada por estar do outro lado da porta, mas eu consigo identificar uma melancolia em sua fala.

— Pode entrar, Tonella. — falo e fico esperando até a ver, quando ela entra no quarto vejo seus olhinhos brilhando e vermelhos. Ela estava chorando. — O que aconteceu, meu amor? Por que você tava chorando? — chamo ela com as mãos, que fecha a porta do quarto e vem em minha direção. Enquanto ela sobe na cama e se ajeita em cima das minhas pernas, volto a aproximar o celular do rosto pra falar com o moreno do outro lado. — Gu, tá aí?

— Tô sim. Tá tudo bem aí? — provável que ela tenha escutado eu falando com minha irmã.

— Vou descobrir agora, Tonella chegou no quarto com uma carinha de choro. — passo a mão no seu rosto da pequena e coloca uma mechinha de cabelo atrás da sua orelha. — Depois a gente se fala?

— Posso falar com a Antonella?

— Tonella, o Gu quer falar com você. — ela abre um pequeno sorriso e eu estendo o celular pra ela, que logo pega e coloca na orelha.

Eu confesso que fiquei curiosa pra saber o que eles estavam conversando, não foram só algumas trocas de palavras e isso me fez querer saber ainda mais o motivo de estarem rendendo assunto. Durante a conversa, ela dava algumas risadas e em outros momentos ficava séria, mas o que me chamou atenção foi o final da conversa desses dois.

— Prometo. — ela fala com um sorriso sapeca no rosto e me olha. — Tchau, Gu. — me entrega o telefone.

— O que vocês conversaram? — perguntei curiosa.

— Segredo nosso, não posso contar. — eu sentia pela sua fala que ele sorria.

— Agora deu pra ter segredinhos com a minha irmã? — dei ênfase no "minha" e ele riu.

— Já já você descobre. — esse filho da mãe é ótimo em desviar assuntos. — Agora vai cuidar da sua irmã, ela tá precisando de um carinho. — olha pra mais nova e sorrio.

— E eu também tô, só que do seu.

— Eu também tô com saudade, Ana Flávia.

— Te ligo depois. — aperto o nariz da minha irmã entre os dedos. — Te amo.

— Também te amo, gatinha.

Nos despedimos, desligamos a ligação e eu coloquei meu celular de lado pra dar atenção a minha pequena, que já não é tão pequena assim.

— Que história é essa de você e o Gustavo estarem cheios de segredinhos?

— Ué, não pode? — ela retruca com deboche.

— Antonella...

— O que? — ela levantou os ombros e fez uma carinha de quem não faz nada, como se eu fosse acreditar. — Você é muito curiosa, mana, depois ele te conta. — sorrio e aconchego ela mais nos meus braços.

— Agora conta pra mim, por que você tava chorando? — deixo um beijo no topo da cabeça dela. — Aconteceu alguma coisa? — ela balançou a cabeça de um lado pro outro. — Fala pra mim. — olho no fundo dos olhinhos dela passando toda confiança pra que ela se sinta à vontade pra me falar o que for.

— Eu fiquei com medo. — ela deu uma fungadinha e eu notei os seus olhos encherem de lágrimas.

— Medo de que, meu amor? — olho pra ela com carinho e faço um cafuné na sua cabeça. — Conta pra mana, que eu te protejo.

— Medo de ficar sem você e o papai. — ela explodiu em um choro.

— Ei, Tonella... Tá tudo bem, olha eu aqui. Eu tô aqui com você. — abracei ela o mais forte que consegui. — Eu também tive medo de perder você e a mamãe, mas ficou tudo bem, Jesus guardou a gente.

— A gente tem que agradecer muito a Ele, né, mana? Porque Ele trouxe vocês de volta pra mim e pra mamãe.

— Tem sim, meu amor. O que acha da gente fazer isso juntas?

— Eu acho uma ótima ideia. — seco seu rosto umedecido pelas lágrimas e antes de fechar os olhos dou um beijo na testa dela. Oramos juntas e agradecemos pela vida.

— Tata... — ela me chama como quem quer pedir algo.

— Pode falar, tô te ouvindo. — falei pra que ela seguisse em frente.

— Promete que vai sempre voltar pra mim? Que vai voltar pra nossa casa? — eu perco o ar. Não sei se tenho o direito de prometer tal coisa, muito menos de machucar ela fazendo promessas que cumprir não estão sob o meu total controle.

— A irmã promete fazer de tudo pra isso acontecer, tá bom? — coloco meu dedo mindinho na sua frente e ela junta o dela com o meu. — Eu amo você, Antonella. — sinto um nó se formar na minha garganta. — Me perdoa por ficar tanto tempo longe de você... — deixo que algumas lágrimas rolem no meu rosto.

— Tá tudo bem, irmã. — ela passou a mãozinha no meu rosto e secou uma lágrima. — Eu sei que você é feliz fazendo o seu trabalho. — olho pra ela sorrindo.

— Eu sou mesmo, muito feliz sendo a Ana Castela. Mas eu sou muito mais feliz sendo a Ana Flávia, sendo sua irmã mais velha.

— Eu também te amo, Ana Flávia.

Nos abraçamos e ficamos por algum tempo em silêncio, sem perceber nos endireitei na cama e comecei a ninar ela enquanto cantarolava algumas melodias e depois de alguns breves minutos ela já estava dormindo. Olhei em seu rostinho e admirei por alguns instantes seus detalhes, e me esforcei pra guardar e memorizar cada pedacinho, para que, quando estivermos distantes uma da outra, eu ainda a tenha na memória, pertinho de mim. Passado alguns minutos escuto algumas batidinhas fracas na porta e logo em seguida minha mãe entrando no quarto, assim que os seus olhos batem na gente, um sorriso ilumina seu rosto.

— Oi filha... — ela entra no quarto e encosta a porta.

— Oi mãe, vem cá. — chamo baixinho e ela se aproxima sem fazer barulho.

— Vocês estão bem? — ela senta do meu lado na cama e deixa um beijo na minha cabeça. — Ela tá melhor? — olho pra minha mãe com as sobrancelhas franzidas. — Eu que pedi pra ela vir falar com você. — direcionou seu olhar pra mais nova e logo em seguida pra mim. — Ela ficou assustada, chegou em mim e no seu pai chorando, conversamos com ela e eu falei pra ela vir te abraçar um pouquinho. Ela tava precisando de você. — aconchego minha irmãzinha pra mais perto de mim.

— E eu dela.

— Vocês são o que eu tenho de mais importante nessa vida. — sua voz era terna e eu pude sentir um calor reconfortante me invadir, assim que suas palavras chegaram aos meus ouvidos. — Minhas meninas. — minha mãe colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Eu te amo, mamãe.

— Eu te amo ainda mais filha. — abraço ela da forma que consigo, me esforçando ao máximo pra não acordar a pequena ao nosso lado. — Quer que eu leve ela pra cama?

— Não. — sou rápida em responder. — Deixa ela aqui pra dormir comigo hoje.

— Eu e seu pai estamos indo deitar, qualquer coisa é só chamar. — ela se levanta da cama e deixa um outro beijo na minha bochecha e um na cabeça da Antonella. — Boa noite, meus amores.

— Boa noite, mãe.

Ela sai do quarto e antes de fechar a porta manda um beijo no ar. Sorrio olhando pro nada, agradecendo mais uma vez pela vida e pela chance que recebemos hoje. Despertei do transe quando meu celular vibrou e a tela acendeu. Era ele. Respondi suas mensagens brevemente e logo depois me aconcheguei a minha mini pessoa favorita pra tentar dormir, o que foi mais fácil do que esperava. A última coisa que me lembro de escutar antes de apagar, foi um suspiro profundo da minha irmã.

Antonella pov's

Meu maior medo do mundo todo é de perder a minha mamãe, o papai e a minha irmã, mas eu nunca tinha sentido medo de verdade, porque nunca tinha acontecido nada. A gente já tá em casa, eu e a minha família, mas hoje, eu e a mamãe, fomos buscar o papai e a Ana Flávia no aeroporto e quando a gente viu eles descendo do aeroporto, eles tavam com cara de medo e a minha irmã tava chorando. Eu soltei a mão da mamãe e corri até a mana. Ela tava com muita saudade de mim eu acho, porque ela me abraçou bem forte e não queria mais me soltar, depois ainda olhou na minha cara e ficou me olhando como se ela não quisesse que eu sumisse nunca. Ela falou que me ama e também falei que amo ela, porque eu amo mesmo e quando a gente ama alguém, tem sempre que falar pra ela. O Gustavo me ensinou isso e eu até tenho saudade dele, sabia? Ele falou pra mim que era pra eu cuidar da minha irmã enquanto ele tava longe, que depois ele ia voltar pra cuidar da gente. Depois que a gente chegou em casa, a Ana chorou um montão ainda, eu acho que ela ainda não tinha entendido que tava em casa com a gente, mas ela ficou abraçada com a mamãe um tempão e ficava rindo de mim e do papai. Eu tava feliz que eles tavam em casa, mas eu queria chorar e não sei porque se eu tava feliz. Depois que a minha irmã foi pro quarto dela, eu sentei do lado do meus pais e eu coloquei tudo pra fora no colo da minha mãe, às vezes eu tenho vergonha de chorar, mas quando eu tô abraçada com a minha mãe eu nem lembro disso.

— Filha, por que você tá chorando, meu amor? — minha mamãe pergunta me abraçando. — O que foi, fala pra mim.

— Eu só fiquei com medo, mamãe. Medo de perder o papai e a minha irmã. — eu tava chorando muito já. — Eu tô feliz que eles estão aqui com a gente, mas se eles tivessem caído no avião, como a gente ia ficar?

— Antonella. — essa voz é do meu pai, solto um pouquinho a minha mãe e viro pra ele. — Filha, não precisa pensar nisso. Nós estamos aqui não estamos? — balanço a cabeça dizendo que sim. — Então, tá tudo bem... O pai promete que vai sempre voltar pra você, tá bom? — ele seca meu rosto que tava molhado de lágrima. — Vem cá me dá um abraço.

Vou pro colo do meu papai e fico um tempinho com eles, até minha mamãe pedir pra eu ir ficar um pouquinho com a minha irmã pra eu me acalmar. E eu queria mesmo, mas tava com medo de atrapalhar ela, então nem fui, mas eu tô precisando do carinho dela. Ela é chata, a gente briga muito, mas depois da mamãe ela é a pessoa que mais me acalma no mundo inteiro. Bato na porta e quando ela deixa eu entrar, entro no quarto, ela tava falando com alguém no telefone. Eu subo na cama e deito na perna dela, ela fala no telefone e eu descubro que ela tá falando com o Gu, ela avisa que eu tava chorando e ele pede pra falar comigo.

— Oi, irmã da minha gatinha.

— Oi... — eu acho que falei bem baixinho, mas o Gu escutou porque ele respondeu.

— O que aconteceu com a minha princesa? — eu sorri, porque eu gostava quando ele me chamava assim. — Tá assim por causa do que aconteceu com a sua irmã né?

— Uhum.

— Ela tá bem aí do seu ladinho, não tá?

— Tá, eu tô até deitada na perna dela agora.

— Então pensa nisso agora, não aconteceu o pior e eles estão bem. Estão bem aí com você e ainda vão viver muito pra ver você crescendo, Antonella. — ele tem razão né? Ele sempre tem, mamãe sempre disse que ele é muito sabido, por isso gosta dele. — Vou te contar um segredo e te pedir um favor, posso?

— Pode.

— Tô indo pra aí já já, cuidar de vocês... — bem que ele disse que ia voltar. — E enquanto eu não chego aí, fica bem pertinho dela pra ela cuidar de você e você ficar de olho nela pra mim. Só não pode contar nada pra ela, promete?

— Prometo. — eu acabei de ficar muito feliz.

— Então tá combinado, agora vai aproveitar um carinho da Ana Flávia... Um beijo, princesa.

— Tchau, Gu.

Entrego o celular pra minha irmã e depois de desligar ela me pergunta o que a gente tava falando, mas eu não ia falar porque prometi pro Gustavo. Ela vai ficar muito feliz quando ele chegar aqui e eu também.

Depois ela perguntou porque eu tava chorando, a gente conversou e ela me acalmou como sempre faz, depois a gente orou pra agradecer que ela tava bem em casa. Eu não sei quando foi, mas ela começou a cantar pra mim e eu dormi abraçadinha na minha irmã.

Gustavo pov's

Já eram 2 da manhã, passei o dia compondo com o pessoal e consequentemente por estar focado 100% no trabalho, fiquei mais longe do que o normal das redes sociais. Não tinha visto nada durante o dia, muito menos agora à noite, então parei pra tentar me atualizar um pouco do que tinha rolado durante o dia. Quando abri o instagram, o primeiro perfil que apareceu pra mim, foi o dela. Meu coração disparou quando abri seus stories e me deparei com ela chorando, fui movido por impulso e mandei mensagem pra ela quase que no mesmo segundo. Eu precisava ouvir a sua e saber que ela estava bem. Mas depois que nos falamos por alguns minutos, percebi que apenas ouvir a sua voz não era o suficiente, eu precisava olhar pra ela e ver com os meus próprios olhos que ela estava realmente bem.

Então estou indo pra Londrina.

Não pensei duas vezes antes de mandar uma mensagem pra minha assessora e pedir que ela reservasse o jatinho pra próxima hora, eu não ia conseguir esperar até amanhã, muito menos encarar um aeroporto, então fui pela opção mais rápida. Eu tinha a necessidade de chegar em Londrina o mais rápido possível, precisava encontrar minhas meninas e cuidar delas, me certificar de que vão ficar bem.

Fiz uma mala rápida, peguei apenas algumas coisas pois sabia que ainda tinham algumas outras coisas minhas lá. Avisei a Michele que estava indo pra lá e como eu já imaginava, ela me incentivou a ir e resolver definitivamente minha situação com a Ana Flávia. E essa era realmente a minha intenção, além de vê-la, claro, eu pretendia deixar tudo que era irrelevante do lado e lutar pelo nosso amor. Eu sei que ainda temos muitas coisas pra vivermos juntos, não é assim que acaba e nem é assim que vai acabar. Vamos conversar e colocar um fim nessa saudade.

Assim que soube que o jatinho estava pronto e o piloto a caminho, me apressei em sair de casa o mais rápido possível. Essa é uma daquelas vezes em que eu estou silenciando as vozes da razão e me deixando ser guiado totalmente pelo coração, porque eu sabia, que dessa vez, não tinham riscos de eu me arrepender. Eu contei os minutos pra chegar no aeroporto, depois as horas pra pousar em Londrina. Foi um voo tranquilo e rápido, por estar ansioso tive a sensação de que iriam parecer horas dentro daquele avião até chegarmos em Londrina, mas foi mais rápido do que eu esperava.

Depois de desembarcar e agradecer aos envolvidos que me fizeram chegar em Londrina, em menos de 3 horas depois que decidi vir pra cá, tomei o caminho pro lado de fora pra ir atrás do Rodrigo, quando o encontrei estava do lado de fora encostado na lateral do carro.

- Oi, Rodrigão. - cumprimentei ele com as mãos e logo em seguida nos envolvemos em um abraço rápido.

- Eai, Gu. Como cê tá? — ele caminha até a porta de trás e abre a o porta malas.

— Bem, mas vou ficar melhor quando ver a Ana Flávia. — coloco a mala no carro e me afasto pra que ele feche a porta.

— Obrigada por ter vindo, vai ser muito importante pra ela te ver lá.

— Que isso...

Entramos no carro e partimos em direção a casa deles e diferentemente do voo, quanto mais perto chegávamos, mais longe parecia estar, o tempo pareceu ter parado. Eu comecei a ficar nervoso e a imaginar como seria vê-la depois de alguns dias não estando mais juntos. Nós temos tanto o que conversar e eu espero que dessa vez, ela entenda que não importa quem, nem o que teremos que enfrentar pra continuarmos juntos, porque quando se enfrenta qualquer furacão juntos, no final, tudo compensa.

— Se acalma, Gustavo. — Rodrigo notando meu nervosismo. — Ela tá bem. Vocês vão ficar bem. — ele falava comigo, mas ainda olhava pra frente, seu semblante era leve e ele falava com uma certeza. — Agora que as coisas se acalmaram, vocês tiveram tempo pra pensar e sentir saudade um do outro, vão conservar e se acertarem... a Ana Flávia às vezes é impulsiva e você sabe que ela faz de tudo pra proteger quem ela ama, mesmo que isso signifique ficar longe.

— Eu acho que entendi isso na marra... — desvio o olhar pra janela ao meu lado.

— Vocês vão se entender, filho. Eu conheço minha filha o suficiente pra saber que é só colocar os olhos em você, que ela repensa em tudo.

— Eu espero, porque no que depender de mim, você volta a ser meu sogro hoje mesmo. — sorrimos juntos.

Depois de mais alguns minutos, estávamos estacionando na garagem e de longe eu pude ver a Michele na porta à nossa espera. Quando o carro para e é desligado, abro a porta e saio do carro, dona Michele se aproximou de mim para me cumprimentar e quando ela está em minha frente, me envolve em um abraço apertado.

— Oi, Gu... Que bom que você veio. — ela separa nosso braço e me olha. — O voo foi tranquilo?

— Foi sim, graças a Deus.

— Vem, vamos entrar, depois você tira a mala do carro.

Escuto o carro ser trancado e caminhamos os três juntos pra dentro da casa. Faziam apenas alguns dias que não vinha aqui, mas foram dias o suficiente pra me deixar com saudade do lugar.

— Você tá com fome, Gu? — Michele me pergunta já caminhando em direção a cozinha e eu vou atrás dela. — Quer alguma coisa?

— Não, Mi, eu comi antes de vir. — menti, porque ela provavelmente me colocaria pra comer e eu estava ansioso pra subir pro quarto da Ana Flávia e eu também não estava com fome. — Não se preocupa.

— Ah, mas eu me preocupo sim, eu te conheço viu, Gustavo Pieroni. — sorrio pra ela e levanto as mãos como sinal de rendição. — Vai lá em cima vai, elas estão no quarto da Ana. — olho pra ela por alguns segundos sem reação nenhuma. — Vai, meu filho, pode ir.

Peço licença e saí de lá direto pro quarto da Ana Flávia. De frente pra porta do quarto da morena, desço a maçaneta com cuidado pra não fazer tanto barulho e empurro a porta até que tenha abertura suficiente para eu adentrar o quarto, fecho a porta atrás de mim e me aproximo da cama, vendo uma imagem que eu quero gravar em minha mente pro resto da vida. Minhas meninas dormindo juntas. A mais nova estava abraçada de frente pra Ana Flávia, seu rostinho quase que se encaixava perfeitamente na curvatura do seu pescoço, um dos braços da morena estava embaixo da cabeça da Antonella e o outro a envolvia com um abraço protegendo-a. Era uma cena e tanto. Sorrindo me aproximei das duas e me sentei na poltrona ao lado da cama, eu facilmente deitaria na cama e me encaixaria nesse carinho delas, mas por hora vou ficar por aqui admirando e zelando o sono das minhas princesas. Vê-las assim, sabendo que nesse momento uma tem sido a calmaria da outra, aquece meu coração.

Tiro o meu celular do bolso e aviso minha assessora e mais algumas pessoas que possivelmente ficariam preocupadas com o meu sumiço, onde estou. Entro no twitter pra rolar a tl e matar o tempo e sem querer eu entro em um vídeo e um som alto ecoa no quarto por milésimos de segundos, mas apenas isso foi o suficiente pra Ana Flávia se remexer na cama, dando indícios de que poderia acordar em qualquer momento. Praguejo por ter tirado a morena do sono e desligo o celular pra evitar que a luz vinda dele a incomode, o que não surtiu tanto efeito, já que ela realmente despertou procurando de onde o barulho que ouviu poderia ter saído. Quando seus olhos encontraram os meus, pude ver o choque presente no seu rosto.

— Desculpa, não queria te acordar... — disse em um sussurro.

— Gustavo... — ela coçou os olhos e voltou a me olhar. — O que você... Eu não acredito que você... — ela se tornou incapaz de continuar a falar quando começou a chorar.

— Shiiii, não chora, meu amor. — deixo a poltrona e me coloco ao seu lado, sentando na beirada da cama. — Não chora mais, por favor. — tiro meu tênis e me arrumo na cama pra envolvê-la em meus braços.

— Você tá aqui... — ela fala como quem não acredita. — Eu não acredito que você veio.

— Eu precisava ver você e ter a certeza de que estava bem. — deixei um beijo em sua cabeça. — Então eu vim. Você tá bem? — eu seguro a lateral do seu rosto com a mão.

— Agora eu vou ficar...— olha em meus olhos antes de continuar. — Eu tenho tudo que eu preciso pra isso. — deixo um beijo na sua testa.

— Gustavo, me perdoa. Me desculpa por ter...

— Eii, vamos ter muito tempo pra falar sobre isso. — aperto ela ainda mais em meus braços. — A gente pode só ficar aqui, abraçados, matando a saudade? Não precisamos falar sobre isso agora.

— É tudo que eu mais quero. — ela passa os braços pelo meu ombro e enfia a cabeça na curvatura do meu pescoço. — Eu senti falta do seu cheiro... do seu calor... Eu senti a sua falta, todos os dias.

— Eu também senti a sua, meu amor, em cada segundinho do meu dia. — olho pra ela sorrindo e deixo um beijo na ponta do seu nariz.

— Você realmente tá aqui? Você veio por mim? — senti o seu aperto em mim mais firme.

— Por você, Ana Flávia. Eu tô aqui, pra você.

— Nem que eu viva 7 vidas, eu acho que em nenhuma delas eu vou merecer alguém como você. — ela fala olhando nos meus olhos.

— Pois então eu faço questão de viver todas essas vidas com você, pra em todas elas te lembrar que você merece muito mais do que eu possa te dar um dia.

Odiava quando ela não se achava merecedora do meu amor. Nem que eu viva mil vidas, nem que eu mova montanhas, pra mim, ela sempre vai merecer muito mais.

— Não pensa assim, por favor. — encosto meu nariz na sua testa e deixo um cheirinho ali.

— Me desculpa... — sua voz ameaça um choro e resolvo mudar o foco do assunto.

— Tá tudo bem, agora vai realmente ficar.

O cômodo não está completamente escuro, os leds estão ligados deixando o seu rosto pouco visível pra mim, me esforço e olho no fundo dos seus olhos, antes de selar o meus lábios nos seus, em um beijo calmo e carinhoso. E com muita saudade. Um beijo só não era suficiente pra matar a saudade de dias acumulados, então ficamos por alguns minutos trocando beijos e em alguns momentos, era quase impossível ficarmos com os lábios colados, tamanho era o nosso sorriso. Nossa pequena bolha foi estourada por um resmungo da mais nova ao nosso lado.

— Tata... — sua voz era baixa, Antonella parecia estar sonhando. A morena se desvencilhou do nosso abraço e se virou acolhendo a pequena no seu.

— A Tata tá aqui. — ela fala baixinho pra irmã. — Eu tô aqui, meu amor e não vou a lugar nenhum.

— Tata... — escutamos um soluço e eu por impulso ergui meu corpo na cama pra checar a mais nova. Ela tinha acordado e estava chorando. — Não me deixa, por favor.

— Antonella, olha pra mim. — Ana e eu estamos olhando fixamente pra ela e esperando que ela abra os olhos. — Eii, meu amor, olha pra sua Tata.

Ela abre os olhos lentamente e olha pra sua irmã e logo depois em seguida pra mim, que abro imediatamente um sorriso.

— Gu, você veio mesmo...

— Vim cuidar de vocês. — estico o braço por cima da morena e apoio o queixo em seu ombro olhando pra pequena — não tão pequena — e faço um carinho em seu rosto. — Tava tendo um pesadelo?

— Foi muito ruim... eu tava com a Tata em um lugar meio feio, tava escuro e aí ela começou a me deixar pra trás. — ela fazia pequenas pausas enquanto contava pra gente. — Teve uma hora que ela sumiu e eu fiquei chamando ela, mas ela não vinha... eu fiquei com medo.

— Ei, olha pra mim, Antonella. — a Ana pede pra ela e assim o faz. — Eu sempre vou estar aqui pra você, sempre que me chamar. — pontuou sem deixar espaço pra menor duvidar. — Eu nunca vou te deixar, Tonella! Eu não sei viver sem você. — agora estavam as duas chorando.

— Vai ficar tudo bem, foi só um pesadelo. — a mais nova colocou a mãozinha dela por cima da minha em seu rosto e fechou os olhos, algumas lágrimas caíram no seu rosto e eu usei o polegar para secá-las. — Agora eu tô aqui, prometo que eu vou fazer de tudo pra te proteger, proteger vocês duas...

Agora mais calma a Antonella relaxou na cama e se aconchegou ainda mais na irmã, eu as envolvo em meus braços.

— Vocês cantam pra mim? A voz de vocês me acalma. — o pedido me pega de surpresa, mas é impossível de negar algo assim pra ela. — Por favor.

— Se a gente cantar, você vai dormir de novo e descansar mais um pouquinho? — a mais velha direciona seu olhar pra ela e aproxima o dedo indicador do polegar, mostrando o "pouquinho".

— Eu vou, Tata, prometo. — ela senta na cama e olha pras mãozinhas eu seu colo, ela arrumava coragem pra falar alguma coisa, então decidi encorajá-la.

— O que foi, princesa? — seu olhar é elevado até alcançar o meu. — Fala pra gente, tem mais alguma coisa te incomodando? — ela balança a cabeça negando.

— Eu posso deitar do seu lado, Gu? — sua voz tem um tom de vergonha e ela aponta pra mim com um sorrisinho de canto.

— Claro que pode. — respondo com ternura.

— Ah, é assim? — a morena brinca, dando espaço pra Antonella se encaixar em nosso meio. — Vai trocar sua Tata, por esse cabeção?

— Eii! Não fala assim do cabeção do Gu. — as palavras se misturaram com gargalhadas. — É só um pouquinho, Tata. — ela fala olhando pra irmã. — Eu também tô com saudade dele. Prometo que quando eu acordar depois, deixo ele todinho pra você.

— Eu tô brincando, eu divido ele com você. — Ana Flávia deixa um beijo na cabeça da irmã.

— Quem divide multiplica, Ana Flávia? — encaro ela.

— Nesse caso sim, mas só com ela.

— Tá bom, chega de falar, já podem cantar pra mim. — olhamos juntos pra menina em nosso meio e abrimos a boca em "o". — Aquela lá, Tata, por favor.

Olho pra morena dando a deixa pra que ela comece a cantar, já que ela sabia de qual música a Antonella falava, indicando que eu a seguiria logo em seguida, ela sorri e logo em seguida de sua boca sai uma melodia suave.

"Se alguém
Já lhe deu a mão
E não pediu mais nada em troca
Pense bem
Pois é um dia especial
Eu sei
Não é sempre
Que a gente encontra alguém
Que faça bem
Que nos leve deste temporal"

Me preparo pra entrar e acompanhar ela na próxima estrofe.

"O amor é maior que tudo
Do que todos, até a dor
Se vai quando o olhar é natural

Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
E acordei nesse mundo marginal"

Olhei pra Antonella deitada em meu braço enquanto cantávamos e ela sorria olhando pra mim. Sentia o olhar da Ana Flávia sobre nós e mesmo sem olhar, eu podia enxergar o sorriso que cortava o seu rosto.

"Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
E me traz força pra encarar tudo"

Desviei o olhar até a morena a nossa frente e cantei tais palavras, que nesse momento eram a mais pura verdade. Não importa o quão conturbada e barulhenta esteja a vida lá fora, se eu a tenho do meu lado, eu tenho forças pra enfrentar o que for.

Continuamos cantarolando a música por mais algum tempo, até perceber que a Antonella já tinha pegado no sono. Sua respiração batia em meu pescoço e eu tinha um desejo latente em meu peito de protegê-la de tudo. Senti mais uma vez o olhar da cantora em nós e ela se aproximar mais de nós também.

— Eu amo ver que vocês construíram
uma relação tão linda... — sua cabeça estava apoiada na sua mão, que era sustentada pelo braço apoiado no colchão. — Eu amo vocês, mais do que tudo nesse mundo. — desvia o olhar até a irmã e volta pra mim. — Ela sentiu a sua falta...

— E eu a dela.

— Me desculpa por isso. — ela se desculpa pela milésima vez na madrugada. — Por separar vocês, por nos separar.

Amor, não tem com o que se desculpar.

— A gente vai descansar agora, porque eu tô exausta, mas vamos conversar, tá?

— Nós vamos, com toda certeza. — faço um carinho no seu rosto. — Mas nós vamos ficar bem... O pior já passou.

— Eu sei que sim. — ela se aproxima e deixa um selinho em meus lábios.

Deitamos de vez na cama e nos ajeitamos para dormir. A morena ainda deitada de frente pra mim, apoiou a cabeça no travesseiro e pegou a minha mão que estava em cima da Antonella, entrelaçando a sua.

Depois de dias turbulentos de saudade, ter ela pertinho fez com que eu me sentisse completo outra vez. E se quer precisamos conversar, pra que eu tivesse a certeza de que tudo ficaria bem. Eu a tinha novamente e dessa vez, vou fazer de tudo pra ser pro resto das nossas vidas.

.

Instantes atrás, senti um corpo pequeno, que antes estava em cima de mim, se afastar e uma movimentação ligeira na cama. Eu ainda estava com muito sono, apenas continuei com os olhos fechados e voltei a dormir.

Agora, despertei escutando alguns burburinhos do meu lado. Minha meninas já tinham acordado e estavam conversando, tentei fingir que ainda estava dormindo pra tentar escutar alguma coisa, mas me conhecendo bem, a morena já tinha se ligado de que eu estava acordado.

— Querendo escutar conversa alheia, Gustavo? — abri um olho e olhei pra elas, que tinham um sorriso engraçado no rosto. — Que coisa feia...

— Bom dia, pra vocês também! — me estiquei na cama me espreguiçando.

— Bom dia, gatinho. — ela coloca a mão em cima da minha e me manda um beijo no ar, devolvo seu gesto.

— Bom dia, Gu.

— Conseguiram descansar? — direciono meu olhar pra Antonella.

— Aham, seu abraço é muito confortável. — seu sorriso me faz sorrir também. — Melhor que o da minha irmã.

— Eii, não tô gostando disso não! — a mais velha fala com uma falsa voz de brava. — Tá me trocando por ele, Tonella?

— Deixa de ser ciumenta, Tata.

— É, Ana Flávia, deixa de ser ciumenta. — coloco pilha.

— Gustavo... — a morena ia retrucar e dizer algo, mas antes mesmo de começar é interrompida por batidas na porta. — Entra. — a porta é aberta e logo vimos a Michele passando por ela. — Oi mãe.

— Bom dia, meus amores. Como estão? — ela vem andando até se aproximar da cama. — Conseguiram descansar?

— Sim, mãe. Eu tava precisando dormir mesmo.

— O Gu também, porque ele quase não acorda hoje. — a irmã mais nova brinca com a situação de minutos atrás.

— Hahaha, que engraçada você Antonella. — faço cócegas nela e a pequena se contorce na cama, enquanto gargalha.

— Tadinho filha, ele viajou de madrugada só pra vir ver vocês. — Michele fala.

— E eu fiquei sabendo antes de todo mundo. — ela joga o cabelo pra trás e faz uma carinha de deboche muito fofa.

— Ah, então era esse o segredo de vocês? — a morena pergunta indignada. — Tá vendo aí, mãe? Eles cheios de segredinhos. — as irmãs começaram a se provocar e eu ria delas. — Seus falsos.

— Aceita que eu sou a preferida, Ana Flávia. Nem o seu namorado gosta de você. — ela para e parece pensar um pouco. — Ah não, esqueci que ele é seu ex. — ela terminou de falar e começou a gargalhar e foi impossível não rir da sua fala, ou da cara que a Ana Flávia fez ao ouvir isso.

— Oh mãe, olha ela, mãe!

— Antonella, filha, para com isso. — foi uma tentativa de falar sério, mas estávamos todos rindo, inclusive a Ana Flávia.

Conversamos mais um pouco no quarto, até a Michele resolver levar a Antonella pra tomar um banho e começar o dia, mas eu sabia que ela só estava nos dando espaço pra eu e a Ana Flávia conversarmos. Levantei da cama pra ir ao banheiro e aproveitei pra escovar os dentes, com a minha escova que ficava no banheiro dela. Quando eu voltei para o quarto, foi a sua vez de entrar no cômodo que antes eu estava e talvez fazer o mesmo que eu, não demora muito a morena sai de dentro do banheiro e vem se aproximando de mim em passos lentos. Eu estava sentado na beira da cama, assim que ela se aproximou, apoiou os braços no meu ombro e eu segurei sua cintura.

— Agora a gente tem aquela conversa, né? — sua voz é calma, mas consigo notar o nervosismo em sua fala.

— Eu acredito que sim... — a olho sorrindo. — Não precisa ficar nervosa, gatinha, nós estamos bem.

Nos arrumamos na cama e sentamos um de frente pro outro, eu encostado na cabeceira e ela de costas pra fora da cama. Reformulei e pensei em tudo que queria falar, não queria dizer nada sem pensar, muito menos palavras que podem machucá-la, então apenas decidi deixar que ela comece.

— Antes de tudo, eu quero te pedir perdão. — abri a boca mas fui interrompido. — Não fala nada, por favor, me deixa terminar primeiro, tá? — balancei a cabeça afirmando e segurei as suas mãos. — Quero que você me perdoe, porque eu sei que tudo o que nós sofremos nos últimos dias, poderia ter sido evitado se eu não fosse tão teimosa... Pra mim, naquele momento, me separar de você era a melhor coisa a se fazer. Eu tinha medo de colocar as nossas, mas principalmente a sua carreira em risco, eu tive medo de te prejudicar de alguma forma com a minha bagunça. Tive medo de colocar a cabeça no seu ombro e te pedir pra enfrentar esse caos comigo. — sorri pela referência que ela usou. — Então eu pensei que o melhor a se fazer, era a gente terminar. Pensei que te afastar de mim, te afastaria dos problemas e confusões criadas com meu nome. Achei que seria o melhor pra você, o melhor pra nós. — sua voz já estava embargada. Puxou o ar com força e respirou fundo antes de continuar. — Mas com os dias eu percebi que estava totalmente errada, porque quanto mais o tempo passava, mais eu percebia que longe de você, é muito mais difícil enfrentar o mundo. Sem você do meu lado, me apoiando e limpando minhas lágrimas quando necessário, ou até mesmo chorando comigo, era tudo mais pesado. — solto uma de suas mãos e levei a minha até o seu rosto, deslizando o polegar para limpar suas lágrimas. — Não vale a pena te perder por isso... Na verdade, não vale a pena te perder por motivo nenhum. E eu entendi, que a partir do momento que a gente não tá junto, estamos dando pra eles, o que tanto querem. E não, meu amor, eles não conseguiram... Sabe por que? — ela levantou a cabeça e me encarou com os olhos castanhos molhados pelas lágrimas. — Não existe, a Ana Flávia, em um mundo em que depois de te conhecer, ser amada e te amar... eu consiga viver sem você, sem o nosso amor. — sorri antes de segurar seu rosto e deixar um beijo na sua testa e outra na sua boca, tentando acalmar ela. — Gustavo... você entende o que eu tô querendo te dizer? — ela fala soltando um último suspiro.

— Eu entendi, princesa, com todas as letras. — olho para um ponto fixo atrás dela e me concentro por alguns segundos antes de voltar a olhá-la. Agora é minha vez de abrir meu coração. — Eu nunca te culpei por nada disso, até entendo os seus motivo, eu juro que entendo... o que eu não entendi foi o porquê de você ter escolhido passar por isso sozinha, mesmo depois de eu ter deixado claro mais de uma vez, que eu estaria do seu lado independente da situação. — respiro fundo. — E eu fico realmente feliz, por você ter entendido isso agora... e de verdade, pra mim não importa o que foi preciso acontecer pra que você entendesse isso, você entendeu. Você entendeu que é muito mais fácil enfrentar qualquer furacão juntos, do que separados. — ela sorri como se confirmasse. — Eu não sei o que te fez duvidar de que eu realmente estaria com você, mas eu te prometo, Ana Flávia, que eu nunca mais vou deixar espaço pra dúvidas.

— Eu nunca duvidei, Gu, só achei que poderia te proteger e que conseguiria passar por isso sozinha. Mas eu achei errado, eu não preciso te proteger... eu preciso que você esteja comigo. Eu preciso do seu ombro amigo, do seu amor e do seu carinho.

— E isso é o que eu mais quero! Pode ser e te dar tudo isso. — seco uma outra lágrima solitária no seu rosto. — Lembra do que eu te disse? Quando falei que não tinha acabado... Realmente, não tinha. Não acabou. — senti um nó na garganta e entendi que o choro estava por vir. — Não acabou o amor, não acabou a vontade de te querer pertinho, não acabou a saudade... Não acabou a certeza de que foi você desde o dia em que eu coloquei os meus olhos em ti. — deixei que as lágrimas saíssem. — Você diz que eu te ensinei a amar outra vez, mas na verdade, foi você, Ana Flávia, que me ensinou que não é preciso ter medo de viver o amor. Não quando ele chega assim, do jeitinho que você veio pra mim. Bagunçando e mudando tudo na minha vida, mudando pra melhor. — ela levou sua mão até a lateral do meu rosto e deixou ali, usando o polegar pra fazer um carinho constante. — Eu esperei a vida inteira pra te amar, eu só não sabia que era você. — já estávamos os dois chorando. — Eu te amo... eu amo você. E não existe o Gustavo Pieroni, em um universo onde ele tenha aprendido a amar a Ana Flávia e não a tenha. — com as nossas testas coladas, disse em um sussurro. — Eu amo você, Ana Flávia Castela.

— Eu te amo com tudo de mim, Gustavo Pieroni.

Agarro ela em meus braços e a aperto contra o meu peito. Nós dois choramos juntos naquele abraço, eu segurava sua cabeça e fazia um carinho em seu cabelo enquanto seu corpo balançava pelo choro e eu molhava sua blusa com algumas lágrimas. Deixamos o choro sair, precisávamos disso e o fizemos, juntos. Parece que todas as lágrimas que não foram derramadas enquanto estávamos um de cada lado, longes um do outro, estão sendo colocadas pra fora aqui. Era um choro de recomeço. Nossas lágrimas lavaram o nosso amor e agora tínhamos a certeza que estávamos prontos para recomeçar. Estávamos prontos para cruzar uma nova fronteira e voltar a viver as 7 vidas, que nunca deveríamos ter deixado de viver.

.

Estávamos assistindo um filme, ela deitada no meu peito, meus braços em volta do seu corpo, sua mão esquerda fazendo um carinho na minha cabeça e eu hora ou outra encostava o nariz no topo da cabeça dela e fechava os olhos enquanto sentia o seu cheiro. É surreal a sensação de ter ela pertinho de mim, sendo minha outra vez. Eu senti falta disso todos os dias em que estivemos separados.

— Eu senti falta de te ter assim pertinho, você não tem noção do quanto. — falo baixinho tirando a sua concentração da tela à nossa frente.

— Eu acho que sei sim, porque eu senti o mesmo, talvez até mais. — ela olha pra mim e sorri. — Mas agora cê tá aqui comigo.

— E eu não tenho a pretensão de ir a lugar nenhum. — deixo um selinho na sua boca. — Não sem você do meu lado.

— Eu vou estar sempre ao seu lado, enquanto você me quiser...

— E eu quero pra sempre, Ana Flávia.

Depois que o filme acabou, ficamos enrolando um pouco na cama, antes de realmente descermos pra colocar a cara pra fora do quarto um pouco.

— Vamos, Ana Flávia! — encorajo a morena que permanecia deitada na cama. — Daqui a pouco sua mãe aparece aqui pra ver se ainda estamos vivos. — estendo as mãos pra ajudá-la a levantar.

— Ah, tá bom. — ergo seu corpo da cama e rio da sua cara de insatisfação. — Para de rir, Gustavo. — abraço sua cintura puxando-a pra mim.

— Eu amo quando você fica bravinha assim. — dou uma mordidinha na sua boca e ela sorri logo em seguida.

— Não tava com pressa? Vamos logo. — ela se desfaz do meu braço e caminha em direção a porta, mas antes que ela se afaste por completo, puxo seu corpo de volta ao meu pelo seu braço. — O que foi?

— Antes... Quero te pedir uma coisa. — um sorriso apareceu no meu rosto.

— O que? — ela pergunta desconfiada.

— Então, gatinha... Aceita ser a minha namorada de novo? — olho em seus olhos e vejo o brilho que apareceu junto com o sorriso no seu rosto.

— Nessa e em todas as outras vidas. — ela me abraça pelo pescoço e espalha vários beijos pelo meu rosto e um último na minha boca. — É claro que eu aceito, contramão.

— Eu te amo. — beijo sua testa, sua boca e logo em seguida deixo um beijo em seu ombro.

— Eu te amo demais, gatinho.

*

E foi isso, espero mesmo que tenham gostado! Eu particularmente amei e não foi porque sou eu que escreve, geralmente eu nem gosto tanto do que escrevo, mas esse ficou tão lindinho 🥹

Eu não sei quando eu volto, mas quando eu voltar vai ser dando continuidade no capítulo anterior. Como vocês perceberam eu demoro muito pra atualizar kakakakakkakaka mas vale a pena, bom, pelo menos eu acho...

É isso, vejo vocês em breve. 🤍

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