Antes do Imprinting | 𝐉𝐀𝐂�...

Da Tha95rg

51.8K 4.5K 1.3K

π—₯ory Newton se muda junto com sua mΓ£e para a nublada e chuvosa cidadezinha de Forks, o ΓΊltimo lugar onde gos... Altro

𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 πƒπŽ πˆπŒππ‘πˆππ“πˆππ†
PARTE 1⎯⎯⎯⎯ 𝒍𝒖𝒂 𝒏𝒐𝒗𝒂,
┆ 𝟎𝟏.
┆ 𝟎𝟐.
┆ πŸŽπŸ‘.
┆ πŸŽπŸ’.
┆ πŸŽπŸ“.
┆ πŸŽπŸ”.
┆ πŸŽπŸ•.
┆ πŸŽπŸ–.
┆ πŸŽπŸ—.
┆ 𝟏𝟎.
┆ 𝟏𝟏.
┆ 𝟏𝟐.
┆ πŸπŸ‘.
┆ πŸπŸ“.
┆ πŸπŸ”.
┆ πŸπŸ•.
┆ πŸπŸ–.
┆ πŸπŸ—.

┆ πŸπŸ’.

1K 133 58
Da Tha95rg

CAPÍTULO QUATORZE
Do ímpar ao par


  𝐄ra quase onze e meia da manhã quando o carro estacionou na calçada que antecede a praia de La Push. Isobel foi a primeira a desembarcar, deixando a filha para trás e se apressando para uma das lojinhas dos arredores.

  Rory saiu do carro pouco tempo depois e se encostou na lataria com os braços cruzados e uma expressão confusa por não saber exatamente onde a mãe iria e se voltaria logo, já que ela simplesmente se foi sem explicações.

  Mas Isobel não demorou a voltar. Logo apareceu em campo de visão carregando uma prancha de surf toda branca que Rory reconheceu de imediato e sorriu com felicidade enquanto ia de encontro a mãe.

— Ah, mãe... você realmente pensou em tudo! — a garota tinha um sorriso emocionado no rosto, emoção pelo fato de que a mãe parecia se esforçar muito para não sobrar nenhuma mínima mágoa entre elas.

— Mike quem trouxe para mim até aquela loja hoje mais cedo, eu optei por não trazê-la no carro para tentar te surpreender aqui. — a adulta cavou parte da prancha na areia para que ela ficasse de pé por conta.

— E conseguiu. Muito obrigada, mãe. — agradeceu a caçula dos Newton, seguida por um abraço surpresa na mulher que mais amava na vida.

— Vá se trocar, o tempo está péssimo hoje e não sei quanto tempo mais vai demorar para chover. — Isobel afastou-se do afeto pouco tempo depois e encarou o céu, assumindo uma expressão levemente preocupada.

  Sem mais demoras, Rory correu de volta ao carro e abriu a bolsa que supôs que a mãe teria colocado suas roupas de banho. Dito e feito, elas estavam lá, inclusive o long john, que naquela manhã seria extremamente necessário para a temperatura tão baixa do mar.

  A garota dispensou o biquíni e vestiu o long john por cima da lingerie mesmo, já que não havia lugar por perto para se trocar e vestir um biquíni, sua mãe provavelmente havia se esquecido desse detalhe. Depois, amarrou o cabelo e correu em direção a prancha.

— Eu não demoro. — ela anunciou pouco antes de correr em direção ao mar tendo agora a prancha embaixo do braço.

— Eu sei que vai demorar sim. — Isobel gritou de volta e sorriu, depois caminhou de volta ao carro com a intenção de pegar a cesta de piquenique.

  Rory correu para o mar e logo se jogou em meio a água, para seu corpo se acostumar de uma vez com a temperatura baixa. Ela estremeceu com o contato, mas não conseguiu evitar um sorriso empolgado e feliz por estar ali.

  O mar sempre foi sua maior possibilidade de cura.

  Depois de tudo que aconteceu na noite anterior, precisava daquilo. E era tão bom ter uma mãe que a conhecia profundamente, que sabia exatamente o que era melhor para ela.

  Sentindo seu corpo leve pela felicidade que se espalhava, a caçula dos Newton se deitou em sua prancha e começou a remar para mais ao fundo. Só parou quando estava distante o suficiente para receber uma onda e não ser jogada tão rápido em direção ao raso.

  Um olhar inevitável seu acabou virando em direção ao penhasco, atraída pelas lembranças de sua primeira ida naquela praia. Encontrou o mar abaixo limpo de qualquer atração para sua mania de heroísmo. Não havia ninguém se afogando dessa vez.

  Diferente do mar abaixo, os arredores do penhasco não estavam vazios.

  Em poucos segundos depois, Rory viu um quarteto de garotos começando a ocupar o topo do penhasco. Naquela distância foi possível notar que eram os nativos, provavelmente os mesmos amigos imprudentes de Jared que gostavam de saltar de lá de cima.

  Mas também diferente da outra vez, elas não tentaram empurrar uns aos outros para a queda ou pularam por conta própria. Eles se sentaram no chão e pareceram apenas terem intenção de admirar o horizonte.

  Um pouco mais aliviada por vê-los com algum juízo naquele dia, Rory voltou a focar sua atenção no mar e em seguida moveu-se de maneira ágil para pegar sua primeira onda.

・🌲彡

  Assim como Isobel previu, um tempo depois começou a chover. Não uma garoa conforme ela esperava, já que o céu não estava tão cinzento, mas uma chuva extremamente pesada, barulhenta e obviamente bem gelada.

  Rory voltou rapidamente em direção a praia, enquanto podia ouvir de longe gritos escandalosos da mãe, que a chamava para se apressar ainda mais.

— Vamos logo, não quero que um raio nos atinja! — a adulta comentou com um drama exagerado e jogou uma toalha por cima dos ombros da filha, depois puxou a prancha para ela — Vá para o banco do passageiro, eu vou dirigir. — avisou.

  Assim como quando chegaram, Isobel correu com a prancha para uma das lojinhas da praia. Voltou pouco tempo depois caminhando em passos apressados, já que não quis se arriscar em correr e acabar caindo.

— Merda. — ela resmungou assim que sentou no banco do motorista, que sendo mais uma precaução sua já havia forrado os dois com toalhas de banho para não molhar o assento.

— Não foi tão ruim, mãe. Eu consegui me divertir. — Rory tentou consolá-la e mordeu o lábio inferior para evitar uma risada, não queria piorar a expressão zangada da mais velha.

— Merda. — a adulta repetiu e puxou o espelho do carro para baixo — Que meleca. — choramingou assim que viu seu reflexo.

  Não estava só molhada, como o rímel escorria por seus olhos e bochechas, deixando-a semelhante a um guaxinim.

— Acho que deveríamos procurar um amigo para nos dar abrigo enquanto a chuva não ameniza. Se ficarmos molhadas por tanto tempo, vamos adoecer. — Rory sugeriu claramente tendenciosa, pois suspeitava que agora tinha alguma chance de conhecer o felizardo da mãe.

— Tem razão. — a Newton mais velha pareceu morder a isca e conseguiu sorrir tranquilamente de novo.

  O carro novamente foi colocado em movimento, mas dessa vez com cuidado redobrado na estrada. Com isso, o que era para serem poucos minutos de distância entre a praia e a reserva, se prolongou um pouco mais.

  Quando estacionaram em frente a casa avermelhada dos Black, Rory assumiu uma expressão de supresa, mas optou por não questionar de imediato, esperaria para ter porcentagem completa de certeza.

  Já tendo algumas partes da pele arroxeadas pela junção de estarem molhadas e a temperatura baixa, as duas desceram correndo e foram para perto da porta, com a adolescente socando a porta sem pausa e a mais velha a repreendendo logo depois.

  A porta foi aberta segundos mais tarde e Billy as recebeu com uma expressão surpresa, que não durou muito e logo deu espaço para um sorriso simpático.

— Entrem. — antes de tentar entender a situação, ele moveu sua cadeira de rodas para trás e deu espaço para receber as visitas.

  As duas Newton entraram prontamente, já sentindo certo alívio por serem recebidos pela temperatura quente da casa. O cheiro espalhado pelo lugar revelava também que algo estava sendo preparado na cozinha.

— Me desculpa vir sem avisar, Billy, é que estávamos na praia e fomos surpreendidas. — Isobel explicou e gesticulou para a própria aparência molhada.

— Não tem problema, eu adorei a surpresa. — o homem sorriu e se demorou um tempo encarando a outra adulta.

  Rory arregalou os olhos ao ter a absoluta certeza que tanto queria. Billy Black era o cara, o encontro que fez Isobel agir de modo anormal algum tempo mais cedo. E a surpresa disso a deixou sem saber o que pensar ou falar a respeito do assunto, então de primeiro momento optou por agir com alguma normalidade.

— Hum... será que eu podia, talvez, tomar um banho rápido? Estou salgada e congelada. — Rory cortou o contato visual entre os dois e fechou um pouco a expressão ao sentir-se invisível por alguns segundos.

— Claro que pode. — o dono da casa apontou indicando o lugar, apesar da visita provavelmente já saber onde ficava.

— Ok. — ela resmungou em resposta e puxou a bolsa que estava na mão da mãe hipnotizada, depois se afastou rapidamente dali enquanto não conseguia conter uma expressão contorcida.

  Não se lembrava da última vez que viu Isobel em um relacionamento, então não se lembrava do quanto era constrangedor presenciar.

  No geral, achava que as pessoas ficavam ridículas quando estavam atraídas por outras, mas ver na mãe era pior. Porém, era engraçado também, além de muito bom. Ela merecia ser feliz.

・🌲彡

  Assim que saiu do banho e se agasalhou outra vez, Rory saiu do banheiro e não voltou a procurar Billy e Isobel de imediato, apesar de ouvi-los conversar na sala. Ela seguiu pelo corredor e espiou pela porta aberta do quarto de Jacob, mas encontrou o cômodo vazio.

  Desapontada, já que não queria lidar com o casal de velhos sozinha, a garota se apressou para a sala mantendo uma expressão emburrada. Encontrou sua mãe e o pai de Jacob cada um com um copo de vinho cada e rindo de alguma coisa muito engraçada. A caixa retangular que estava no carro agora estava em cima da mesinha de centro, revelando ser uma garrafa de vinho seu conteúdo.

— Já desocupei o banheiro. — Rory anunciou, mas não teve atenção total para ela — Não estava com frio, dona Isobel? — questionou.

— Sim. — a mulher assentiu e em seguida riu sem razão alguma, sendo acompanhada pelo outro adulto.

— Billy, o Jacob está em algum lugar da reserva? Queria ir até ele. — agora a mais nova voltou sua atenção para o Black, esperando que ele desaprovasse sua saída já que ainda chovia.

— Ele está na garagem. — Billy apontou para uma direção qualquer e riu.

  Revirando os olhos para as atitudes esquisitas dos adultos, Rory se apressou para a saída enquanto colocava seu capuz e ainda puxou do cabideiro próximo da porta um guarda-chuva que encontrou ali.

  Tomando cuidado para não se molhar de novo ou na pior das hipóteses levar uma queda, Rory seguiu devagar até o pequeno galpão atrás da casa que supôs ser a garagem. Foi resmungando sozinha durante todo o caminho, parando apenas quando tocou na porta e abriu um espaço para entrar.

  De imediato Jacob deixou cair uma ferramenta e o barulho ecoou pelo espaço, enquanto Bella se afastou aos tropeços para o lado oposto. Os dois assumiram a mesma expressão assustada e surpresa.

— Ótimo, todo mundo resolveu interagir fisicamente hoje! — a novata resmungou com sarcasmo e se virou para sair dali, não queria atrapalhar.

— Rory, não é o que está pensando... — Bella começou a se explicar, mas parou quando Jacob começou a rir alto.

— Se for, não tem problema. Eu não sou fofoqueira, não vou contar para ninguém, se o problema for esse. — a mencionada retornou e colocou o corpo para dentro do galpão, pois alguns pingos gelados estavam alcançando sua roupa.

— Não tem nada disso. — a garota mais velha explicou, parecendo a única extremamente constrangida ali.

— Feche a porta e entre, Rory. — Jacob falou assim que conseguiu parar de rir.

— Desculpa, não sou a favor desse tipo de trio. — a garota negou com uma expressão horrorizada e manteve-se perto da porta.

— Não vai ter trio, porque não existe dupla... — o Black explicou com uma voz não tão animada dessa vez e caminhou em direção a amiga — Vou te explicar. — avisou.

  Após encará-lo alguns segundos desconfiada, Rory enfim baixou a guarda e entrou completamente no lugar. Ela fechou e deixou o guarda-chuva em um canto qualquer, só então observando melhor o lugar.

  Havia um tecido forrado em um pedaço do chão e nele espelhadas diversas ferramentas, parecendo uma ideia para facilitar e agilizar a procura por cada uma quando fosse necessária. Algumas caixas vazias de pizza e latinhas de refrigerante empilhadas em uma mesa ali por perto, além de dividirem espaço com outras ferramentas.

  Parecia um depósito masculino, cheio de objetos e bagunças típicos do sexo masculino. Bella era, até então, o único detalhe distinto do lugar.

— Então, o que vocês estão fazendo? — a recém chegada perguntou, focando seu olhar em Jacob que havia acabado de ficar à frente dela, como se tentasse atrapalhar o restante da visão do lugar.

— Bella e eu... — ele começou, mas hesitou por alguns segundos antes de prosseguir — Estamos consertando motos. Nossos pais não aprovam, então isso é estritamente secreto, por isso estamos agindo como dois criminosos. — confessou logo depois.

  Só então o único garoto saiu da frente da visita, permitindo que ela visse, em um canto mais discreto, dois esqueletos de motos.

— Era só isso. — Rory suspirou aliviada e em seguida riu, afastando-se para um banco qualquer que encontrou por perto, para se recuperar do susto.

— Você realmente achou que fosse algo a mais? — perguntou Bella, agora assumindo um sorriso divertido que a Newton nunca havia visto nela.

— Sim, as pessoas estão meio esquisitas hoje. — a novata riu para a colega e depois desviou sua atenção para o Black — Principalmente nossos pais, Jacob. Te recomendo não ir até lá nem tão cedo, porque os dois abriram uma garrafa de vinho e estavam rindo a toa quando saí de lá. Vamos evitar imagens traumáticas. — fofocou, humorada.

— O meu pai e a sua mãe? — o garoto começou a rir, mas não demonstrou tanta surpresa — E eu jurava ontem ter visto coisas onde não existiam... — deu de ombros e caminhou para os esqueletos das motos, sentando-se em um puff baixo.

— Como assim? — a Newton perguntou, curiosa.

— Logo depois da última vez que nos vimos, fui com a Bella procurar o Charlie. Encontrei ele e o Harry em uma tenda de bebidas, mas não encontrei meu pai. Ele estava na tenda da sua mãe. Sim, o meu pai que costuma inventar milhões de desculpas para se manter afastado de tudo que envolve medicina. Quando fomos embora mais tarde, ele se recusou a entrar em detalhes durante o caminho, mas tinha alguma coisa na expressão dele que me deixou intrigado. — Jacob falou detalhadamente enquanto voltava a trabalhar em uma das motos, os dedos dele mexendo-se com habilidade nas peças de metal que tinha à sua frente.

— Eles não parecem ter a intimidade de quem se conhece em menos de 24 horas. Talvez eles tenham nos enganado há mais tempo. — conspirou Rory.

— Será que vamos ser irmãos? — o garoto perguntou, ficando sério durante alguns segundos até que ele e a garota começaram a rir ao mesmo tempo — Bom, vou focar no trabalho, preciso tirar certas visões da minha mente. — balançou a cabeça logo depois, parecendo querer expulsar alguma coisa dali.

  Assim que Jacob se posicionou totalmente voltado para a moto e Bella ocupou um puff logo ao lado, Rory percebeu que não teria muito o que fazer e resolveu procurar.

  Se levantou e começou a caminhar devagar, vasculhando um canto e outro até encontrar algumas revistas sobre carros. Decidiu que aquele seria seu passatempo para não atrapalhar os dois e ainda se distrair da possibilidade de estar sendo vela ali também. Mas não poderia voltar para a casa dos Black ainda, lá a coisa toda poderia estar muito mais explícita do que ali na garagem. Daria um tempo ali.

・🌲彡

Crianças? O almoço está pronto. — a voz repentina de Billy fez com que a dupla de criminosos e a cúmplice deles virassem o olhar para a porta.

  Bella foi a primeira a ficar de pé num salto, já movendo-se decidida a ajudar Jacob a esconder os rastros do crime deles. Mas o garoto levantou-se tranquilamente e riu para o desespero dela.

— Você sabe que a cadeira do meu pai não chega até aqui, Bella. — Jacob sorriu, parecendo adorar o perigo.

— Mas as pernas da minha mãe chegam. — a Newton o relembrou e se apressou para pegar o guarda-chuva, já ficando pronta para sair dali.

— Exatamente. — concordou Bella, enquanto intensificava seu nervosismo.

— Deixe tudo como está — disse ele — Vou trabalhar nisso mais tarde. — explicou após receber um olhar preocupado da garota mais velha.

— Lembre-se de nosso combinado: não se esqueça de seu dever de casa. — a filha de Charlie falou sério, mas não conseguiu esconder um leve e discreto tom zombeteiro que recebeu em troca um revirar de olhos do Black.

— Vamos logo. — após enfim se render a um sorriso para a piada indireta da amiga, Jacob segurou a mão dela e em seguida a guiou junto com ele até o interruptor, onde apagou a luz.

  Mesmo sendo um gesto breve apenas para apressar a Swan para irem logo para a saída, Rory não conseguiu evitar o sentimento de estar novamente atrapalhando alguma coisa.

  Se tinha uma coisa que odiava profundamente, era ser vela.

  Justamente por isso que na Califórnia sempre optou por ser amiga de adultos, porque adolescentes nunca eram capazes de controlar os próprios hormônios e ela não tinha paciência para isso, principalmente porque ela sempre acabava sendo a vela por raramente — uma ou duas vezes no máximo — ter dado espaço para ter um par também.

  Assim que viu Bella se soltando de Jacob e parecendo levemente constrangida por alguma razão, Rory se apressou para perto dela para dividir o guarda-chuva. A garota sorriu com gratidão e elas seguiram juntas até a frente da casa dos Black, com Jacob logo passando a frente delas por estar correndo para se livrar da chuva.

— Melhor bater antes de entrar. — a Newton aconselhou e riu.

— Obrigada pela dica, querida. — Jacob fez graça e bateu na madeira da porta aberta algumas vezes, logo depois entrando na casa enquanto mantinha o riso.

  Uma espécie de gatilho fez com que Rory congelasse no lugar, causando uma expressão confusa em Bella que acabou saindo da proteção do guarda-chuva quando avançou para a frente sozinha sem esperar que a mais nova não fosse acompanhá-la.

— Está tudo bem, Rory? — ela retornou para perto e encarou a colega da escola com certa preocupação.

  Mas Rory não respondeu.

  Ouvir a palavra querida de um jeito mais teatral e olhar para Bella logo ao seu lado lhe trouxe lembranças da horrível noite anterior. Mais precisamente, da mulher ruiva que parecia tão interessada em saber sobre a Swan.

  Só agora havia se dado conta que seu próprio psicológico havia acelerado sua mente com tantos outros acontecimentos, que ela havia se esquecido que aparentemente foi parar na floresta ao seguir uma desconhecida que queria saber sobre a Bella.

  O que a deixou pior ao se lembrar era que mais uma vez não tinha ideia se aquela mulher estava viva, já que pouco antes de toda confusão de sons perturbadores, ela havia desaparecido de novo.

— Rory? — Bella repetiu a menção e tocou o braço da garota, como se isso fosse suficiente para puxá-la de volta à realidade.

— Você poderia avisar minha mãe que não demoro? Preciso ver uma pessoa. — pediu e nem mesmo esperou a confirmação de sua pergunta, já começou a se afastar.

・🌲彡

  Foram necessários vários minutos andando pela reserva, até que Rory encontrasse um morador que fosse tão corajoso quanto ela para estar fora de abrigo em meio a chuva e temperatura baixa. Ela sorriu de forma simpática e em seguida conseguiu as informações que precisava, logo voltando para caminhada.

  Caminhou até chegar a uma casa rústica como todas as outras da reserva. A tinta escolhida para aquela era branca, mas apenas nas paredes. Os pilares, janelas e portas eram marrons, dando um contraste bonito. A varanda possuía uma rede e uma cadeira que pareciam ambos produtos artesanais.

  Após chegar à cobertura da varanda, Rory fechou o guarda-chuva emprestado e deixou em um canto, depois ergueu a mão em direção a porta para bater e anunciar sua presença ali. E se surpreendeu quando tocou na superfície de madeira e a porta se afastou sozinha para trás. Estava aberta.

— Olá? — a garota se anunciou ali, não entrando de imediato.

  Nenhuma pessoa veio recebê-la ou resposta alguma alcançou seus ouvidos.

  Rory pensou em fechar a porta outra vez e se sentar ali na varanda mesmo enquanto esperava, mas a temperatura que parecia cair cada vez mais dificultou sua ideia coerente.

  Não queria ter que voltar para a casa dos Black ainda, não ainda. Não enquanto não conseguisse encarar Bella com normalidade. Sabia que se fosse até lá a garota, que era bem esperta, perceberia que algo estava errado e a questionaria.

  A Newton sentiu que não conseguiria mentir com tanta precisão, mas também estava fora de cogitação contar para Bella sobre a mulher ruiva. Tinha medo da possibilidade dela se sentir culpada, logo hoje que parecia tão bem em semanas desde que a conheceu. Não queria estragar isso.

  Sentindo um frio que não sabia dizer se era apenas a temperatura baixa, ansiedade ou uma mistura dos dois, Rory empurrou a porta completamente e entrou, mesmo já se imaginando indo embora na viatura de Charlie por ter cometido invasão a propriedade alheia. Ela fechou a porta antes de se afastar da entrada, depois avançou à procura de algum morador, pois ainda tinha uma mínima esperança de ter alguém ali.

  Primeiro seguiu para a cozinha, num curto caminho a partir da entrada, assim como na casa dos Black. Não encontrou ninguém, apenas uma pequena bagunça de ingredientes em cima da pia. Pegou aquilo como sinal de que havia alguém sim na casa, pois aquilo parecia sinal de que o almoço estava prestes a ser preparado.

  Saiu da cozinha e avançou para o próximo cômodo. A casa era pequena, parecendo um padrão da reserva por se lembrar das outras duas casas que visitou.

  Em poucos passos havia chegado ao corredor, que possuía três portas. Na primeira encontrou o banheiro, a segunda um quarto com cama de casal e sem ninguém ali, mas foi o último que tomou sua atenção e pareceu relaxar seus ombros em alívio.

  Jared estava deitado de barriga para cima em uma cama de casal que, apesar de tipicamente espaçosa, parecia um pouco desproporcional para seu tamanho elevado. Seu rosto estava tranquilo em meio a um sono pesado, mas a visita não conseguiu focar tanto tempo no rosto, visto que o garoto estava sem camiseta.

  Pensou em ir até lá cobri-lo com a coberta fina que até então cobria apenas as pernas dele, mas notou que ele não parecia sentir frio. Não havia tremor algum, o rosto seguia tão sereno que a fez sorrir de forma involuntária.

  Seu sorriso não durou muito, pois logo um ruído da madeira do chão atrás de si chamou sua atenção e como instinto de invasora de casa alheia, ela se moveu para conferir.

  Assim que se virou, uma mulher gritou assustada e quase acertou uma vassoura em Rory, mas o movimento lento permitiu que a garota se abaixasse por muito pouco enquanto também gritava em pânico.

— Mas que porra é essa? — Jared chegou aos tropeços até a porta de seu quarto, a cara amassada pelo sono — Rory? Mãe? — sua expressão ficou surpresa.

— Invasora! — a adulta apontou para a adolescente que ainda estava abaixada no chão.

— Me desculpa. Mil desculpas. Eu não ia invadir, mas a porta estava destrancada e abriu sozinha quando eu bati. Eu chamei, achei que não tinham me ouvido e entrei para procurar alguém. Eu já ia sair, eu juro. Me desculpa! — totalmente constrangida, Rory começou a tagarelar suas explicações e ao final, sua voz saiu quase um miado por finalizar choramingando.

  Se alguém a desculpou, não respondeu prontamente. Não foi possível, visto que uma risada escandalosa escapou pelos lábios de Jared e quebrou o silêncio constrangedor. O garoto continuou a rir e se apoiou na moldura da porta, depois deu tapinhas na própria coxa enquanto se contorcia pela risada.

— Eu já vou embora. E mais uma vez, me desculpa. — sentindo o rosto completamente quente e o corpo gelado, uma combinação que não fazia sentido algum, Rory passou como um raio perto da mãe de Jared e avançou para a saída.

— Não, Rory, não precisa ir. — com uma rapidez surpreendente, Jared a alcançou e a puxou pelo cotovelo — Eu não vou mais rir, prometo. — avisou, mas falhou nos primeiros segundos após a promessa.

— Eu não deveria estar aqui, deveria ter esperado alguém me receber. — a garota tentou soltar seu braço ainda decidida a sair da casa.

— Fica. — pediu Jared — Você não é mais uma invasora, eu estou te convidando. Fica. — repetiu.

  Rory parou de puxar seu braço ao ouvir o pedido e intercalou seu olhar entre a saída e o rosto do amigo, em dúvida de sua decisão. Jared resolveu apelar um pouco mais e forçou um biquinho de choro, os lábios cheios se evidenciando com o gesto.

— Estou constrangida demais. Não tenho cara para olhar para sua mãe agora... — choramingou ao se sentir encurralada pelo pedido que agora parecia tão irrecusável.

— Não seja por isso, vamos começar do zero. — a mulher se aproximou dos dois agora sem a vassoura e estendeu uma mão para cumprimentar a visita — Sylvie Cameron, prazer. — falou e sorriu.

  Sylvie era magra, um pouco mais alta do que Rory, o cabelo na altura dos ombros e era mais uma que possuía as mesmas características físicas que estavam presentes nos nativos da reserva.

— Rory Newton. — a garota apertou a mão da mais velha de volta, mas ainda não conseguindo não ficar constrangida.

— Me desculpa por tentar te acertar com uma vassourada, Rory. Eu achei que você fosse outra coisa. — Sylvie falou enquanto recuava sua mão e andava até a entrada da casa.

— Coisa? — Rory perguntou, levemente confusa pelas palavras usadas pela mulher.

— Mãe, Rory pode almoçar aqui? Tenho certeza que ela não almoçou ainda, pelo horário e tal... — o único garoto presente pareceu apressado para cortar o assunto.

— Se ela quiser, será bem vinda. Mas vai demorar um pouco, me atrasei hoje. — a Cameron mais velha retornou da entrada da casa com um saco de compras de mercado.

— Rory cozinha muito bem, seria uma ótima ajuda extra. — Jared comentou e puxou o saco de compras para si, recebendo um sorriso grato da mãe.

— Ela não vai cozinhar, é visita. — negou a adulta, enquanto se afastava para a cozinha.

— Eu não me importo. Seria o mínimo depois do que eu fiz. — a Newton deu de ombros uma vez.

Não fique se remoendo, querida. Nós já te perdoamos. — a voz de Sylvie veio de outro cômodo até ali.

— Relaxa, ela é bem de boa. — o garoto pegou a visita pela mão e a conduziu em direção a cozinha.

  O toque simples de mão logo mudou para entrelaçar de dedos também partindo de Jared, que ainda encarou Rory por cima dos ombros como se procurasse aprovação.

  Em vez de se afastar, Rory manteve sua mão imóvel, no exato lugar. Isso causou um pequeno sorriso no garoto, que foi retribuído.

— Estou pensando em bife com fritas. Apesar de ser domingo e pedir um cardápio mais elaborado, é a coisa mais rápida que pensei para não matá-los de fome esperando. — a mãe de Jared retornou fisicamente e tomou a sacola do filho, logo sumindo outra vez.

— Bife e fritas está ótimo, mãe. — disse o garoto, a voz um pouco mais alta para que ela ouvisse do outro cômodo, mas tendo a atenção dos olhos e corpo virado em direção a visita.

— Você não está com frio estando todo peladão assim? — a fim de amenizar a sensação elétrica que sentiu saindo de seu estômago e se espalhando pelo corpo, Rory puxou sua mão e a usou para dar um tapinha descontraído no braço do garoto.

— Não. Está te incomodando? — ele respondeu de forma cínica e em seguida endireitou a postura, evidenciando ainda mais o ótimo abdômen.

Filho, vá vestir uma camiseta. Deixe de ser devasso. — a voz da mãe do garoto novamente os alcançou ali, causando uma risada em ambos imediatamente.

— Eu já volto. Fique à vontade. — ainda rindo, o Cameron mais novo se afastou para seu quarto.

  Com o constrangimento ainda incomodando, mas optando por enfrentá-lo logo para tentar superar, Rory seguiu para a cozinha para ficar em companhia de Sylvie e talvez ajudá-la em alguma coisa. Só não queria ficar sozinha e disponível para ser perturbada por lembranças.

— Como o velho Newton está? Melhor? — a pergunta repentina surpreendeu a garota, não de uma forma positiva.

— Como? — foi tudo o que seu desconforto permitiu falar.

— Seu avô depois que foi para o hospital ontem, ele ficou melhor? — Sylvie parou o que estava fazendo para encarar a visita, uma expressão empática no rosto.

  O silêncio foi a única resposta agora, pois não sabia o que responder porque não sabia que Arnold tinha ido para o hospital. Estranhou sim não tê-lo visto rondando discretamente a trilha junto com os outros Newton assim que ela voltou com Vincent, mas achava que ele apenas havia aprendido a respeitar o espaço dela.

— Se ele tivesse morrido, a notícia logo chegaria aqui, mãe. — Jared retornou de repente e sua sinceridade pareceu irritar a adulta.

— Jared! — ela rosnou, visivelmente sem graça com a indelicadeza do filho para falar do próprio patrão.

— Depois, mãe. — foi a última coisa que ele disse antes de praticamente arrastar a visita dali.

  Novamente de mãos dadas, o morador da casa guiou a garota até a pequena sala de estar, onde puxou o controle da TV pouco antes de se sentar.

  Rory ficou em silêncio e tinha certeza absoluta que sua expressão não estava das melhores. Era mais uma informação para agitar sua mente. Não que se importasse com o velho, não se importava, sua preocupação era apenas com quem a morte dele afetaria.

— Me desculpa por isso, mas ela não sabe sobre vocês. Se me permitir, eu conto depois para ela que você não tem tanto contato com ele. — lamentou Jared, sua atenção voltada totalmente para a garota.

— Não precisa se desculpar. — ela manteve os olhos na TV mesmo se não estava de fato assistindo.

— Uma vez eu li uma frase bem bacana em um livro que dizia: do sofrimento, emergem as almas mais fortes. — o garoto falou, sério.

  Com uma caretinha, a Newton voltou sua atenção para Jared. Sua expressão logo tornou-se curiosa. Curiosa para saber onde a linha de raciocínio do garoto chegaria.

— Eu não tenho ideia do que aconteceu entre vocês, mas é visível que te fez sofrer. E eu te acho muito forte, a garota mais forte que já conheci. Eu em seu lugar viveria de cara fechada, mas você não, você sorri. Sorri de verdade. — ele voltou a falar, nesse ponto acabando por emocionar a garota, que já estava sensibilizada.

— O mais impressionante disso tudo que você disse, é o fato que você leu um livro. Garotos odeiam livros. — mesmo em meio a algumas lágrimas, Rory puxou uma brincadeira e conseguiu rir.

— A frase estava na contracapa. — confessou Jared claramente retribuindo a brincadeira, que atraiu uma nova risada da garota.

  O silêncio se instalou entre eles e o som da TV, além dos ruídos vindos da cozinha de Sylvie preparando o almoço, foi a única coisa que preencheu o ambiente durante algum tempo.

  Mas a sensação ruim não voltou a preencher o peito de Rory, parecia que Jared tinha alguma capacidade de repelir algumas de suas angústias. E isso ao mesmo tempo que te deixava bem, também era muito assustador.

  Uma única vez na vida havia permitido que alguém se tornasse seu porto seguro e o desfecho não foi nada bom. Agora tinha dificuldade de perdoar, não lidava bem com perdas e abandonos.

— Jared. — Rory o chamou após algum tempo, agora sua expressão perdendo a leveza outra vez — Você quer... saber por que odeio tanto ele? — perguntou e se mexeu desconfortável no sofá.

  Não foi preciso especificar quem seria o ele mencionado. Parecendo que já esperava por aquilo em algum momento, Jared entendeu prontamente e assumiu de imediato uma expressão surpresa.

— Se for confortável para você. — ele falou e passou do sofá para a mesinha central, para ficar de frente e conseguir encarar melhor a garota.

— Não é confortável e acho que nunca vai ser, então é indiferente se eu falar ou não. Mas preciso explicar meus motivos, porque sei que no fundo as pessoas que não sabem me julgam por odiar com tanta força meu próprio avô. — a Newton sentiu um incômodo no peito ao chamar o homem pelo parentesco, uma expressão contorcida alcançou seu rosto.

— Estou te ouvindo. — percebendo o desconforto da visita aumentando, Jared puxou para si uma das mãos dela e segurou firme.

゚・*:.。*:゚・𝕹𝖔𝖙𝖆𝖘.

• (𝟎𝟏) | Sim, eu acabei o capítulo na melhor parte. Não me matem, provavelmente sexta que vem tem mais um capítulo. rsrsrs

• (𝟎𝟐) | Por favor, não esqueçam de deixar um voto antes de passar para um próximo capítulo. É importante pra mim! ❤

Continua a leggere

Ti piacerΓ  anche

1.2M 66.8K 82
Grego Γ© dono do morro do Vidigal que vΓͺ sua vida mudar quando conhece Manuela. Uma ΓΊnica noite faz tudo mudar. ⚠️Todos os crΓ©ditos pela capa sΓ£o da t...
128K 16.1K 39
Wednesday Addams, dona de uma empresa famosa, acaba perdendo sua melhor top model para empresa rival. Com Edward em sua cabeça, Wednesday decide ir e...
630K 47K 101
Min Yoongi é um mafioso possessivo, arrogante e convencido Lia é uma jovem de 19 anos pobre e mestiça, metade coreana e metade brasileira, com uma pe...
1.2M 63K 153
NΓ³s dois nΓ£o tem medo de nada Pique boladΓ£o, que se foda o mundΓ£o, hoje Γ© eu e vocΓͺ NΓ³is foi do hotel baratinho pra 100K no mΓͺs NΓ³is jΓ‘ foi amante lo...