Eu já estava enlouquecendo sem ter notícias a dois dias. Minha cabeça estava cheia e eu não conseguia ficar quieto um só minuto.
Quando finalmente o brinco foi ativado, rapidamente os computadores captaram o endereço na cidade de Liverpool a duas horas daqui. Não perdemos tempo, saímos no mesmo instante.
Chegamos até uma mansão afastada da cidade que era coberta por um muro enorme e seguranças para todos os lados, mas é claro que isso não iria nos impedir de entrar.
Foi fácil estar dentro da propriedade, e meus homens já fizeram o papel de cercar toda área.
- Você vai atrás delas e eu rodo o lugar, ok?- Marcus.
- Ok.
Seguindo a localização do cômodo exato, fui atraído para uma enorme porta de metal.
- Abram a porta!- ordenei aos seguranças que logo de cara já prepararam para atacar.
Quando meus seguranças fez menção de atacá-los, fiz um sinal para que esperassem, afinal se eles estiverem mortos, a porta não será aberta.
- Quem é você?- um deles pergunta.
- Apenas abra essa porta se ainda quer permanecer vivo.- é claro que eu não vou deixar esses imbecis saírem daqui vivos.- Não costumo repetir ordens!
Eles sacaram as armas, assim como meus seguranças que rapidamente me cercaram em modo de defesa. A primeira coisa que fiz foi aproveitar o momento de distração de um deles, atacando-o, tirando primeiro a arma de suas mãos com um chute e depois o prensando contra a porta de metal.
- Não costumo pegar leve, então sugiro que não perca seu tempo!
- O que adianta? Acha que vai sair daqui vivo?- ele teve a audácia de falar alguma coisa.
Apontei a arma no lugar mais sensível que ele poderia ter. Ele arregalou os olhos e passou a ficar trêmulo.
- Um.- destravei a arma.- Dois.- aproximei mais ainda.
- Ok. Eu abro!
Ainda desconfiado, dei um passo para trás, abrindo espaço para que a ação seja feita. Mesmo hesitante, ele fez a senha no painel, abrindo a porta finalmente.
A primeira coisa que vi foi o corpo de Angel jogado no meio da sala, especificamente perto de uma cadeira de tortura. Ela estava de branco e com manchas de sangue no vestido.
Meu coração disparou de uma maneira que nunca havia acontecido antes. Mal me vi correndo até o corpo frio.
Ela estava mole, totalmente inconsciente e gelada. Felizmente, ainda estava viva, mas com a pulsação fraca.
A peguei no colo e fui até Levine que também estava inconsciente, mas sem vestígios de alguma tortura. Assim que um dos seguranças a pegou no colo com delicadeza sai apressadamente da sala.
- Fiquem em volta e atentos!- ordenei.
Por favor não me deixa...
Ouvia barulhos de tiros, de brigas, mas meu foco estava apenas nela. Me certifiquei de sair daqui o mais rápido possível, sem desperdiçar um segundo sequer.
A única coisa que me fez desviar o olhar, foi quando Marcus apareceu, correndo em direção ao segurança que estava com Levine nos braços.
- Precisamos sair daqui logo!
- Certo, vamos. Quando as coisas ficarem tranquilas te falo oque descobri.
Quando saímos do lado de fora, haviam milhares de corpos pelo chão, alguns eram dos caras que estavam comigo, já outros dos homens daqui. Isso me deixou ainda mais aflito, não por eles, e sim por ela.
Deixei Angel no banco de trás do carro com a cabeça apoiada em meu colo, enquanto Marcus e os outros que restaram foram em outros.
Logo o carro saiu do lugar rapidamente, seguindo para uma de nossas mansões aqui.
Minha mão tremia enquanto eu segurava a mão de Angel, e é claro que eu não iria conseguir conter as minhas lágrimas de dor e culpa.
Culpa por não estar por perto
Tudo isso é culpa minha, eu poderia imaginar que algum dia algo iria acontecer, e pela segunda vez aconteceu.
Angel não estaria assim se não fosse por minha causa, ela estaria feliz, vivendo uma vida normal, fazendo oque ama e estando com quem ama...
Se ao menos no passado eu pudesse prever que me apaixonaria por ela, não teria ido por caminhos como esse, e tentaria ser alguém melhor...
Eu não vou deixar você ir, meu amor, eu prometo...
...
Assim que finalmente chegamos na mansão, não perdi um segundo sequer. Com a ajuda de algumas pessoas, Angel foi tirada do carro e levada para dentro da mansão onde já haviam médicos a espera.
A feição feita pelo médico quando viu o corpo em minhas mãos me assustou mais ainda, e ele também não perdeu tempo em analisá-la.
- Ela está fraca e morrendo.- ele disse enquanto checava a pulsação.
- Por favor...- supliquei com um pingo de voz.
- Eu prometo que darei o meu melhor para a recuperação! Mas ela não vai acordar agora. O senhor vai esperar aqui?
- Sim, por favor comece depressa!
Sem perder mais tempo ele fez uns sinais para os enfermeiros. Logo eles começaram a enfiar diversas agulhas em regiões como o pulso e a nuca, enquanto outras enfermeiras limpavam o sangue seco de seu corpo e cuidava dos ferimentos.
Fiquei sentado por volta de uma hora, observando tudo que acontecia sem ao menos piscar. Não sei oque está acontecendo lá fora, e eu honestamente não quero saber, tudo que eu quero é uma notícia boa sobre ela.
- A respiração está voltando ao normal aos poucos. O líquido injetado nas veias fará com que ela aguente acordar para se alimentar melhor. Tudo dependerá do seu desempenho quando acordar.- o médico diz.
Não consigo responder, mas em parte me sinto um pouco mais aliviado.
Então a porta é aberta por Marcus, e o médico deixa o quarto.
- Levine está bem, apenas estava fraca por não ter se alimentado bem.- ele diz de uma maneira preocupada, deixando bem claro que há mais coisas.- E... Descobri que ela está grávida!
- Grávida?- perguntei surpreso.
- Sim.- ele passa a mão no cabelo enquanto anda para um lado e outro.
E ele está... chorando? Ok, isso é raro.
Não costumo ver Marcus chorar, ele literalmente não chora, bem, isso até agora.
- Ela não me disse, por que não?- ele pergunta mais para si.- Eu deveria ter percebido! Merda, eu não percebi!
O que eu faço?
Eu também estou desesperado, e agora saber que vou ter um sobrinho e ao mesmo tempo ter Marcus surtando me deixa ainda mais desesperado ainda!
- O bebê está salvo?- me levantei.
- Sim.- ele suspira.- Eu vou... Ser pai!- ele parece mais calmo.
Seu olhar passa de mim para Angel.
- Ela ainda está recuperando o regulamento da respiração...
- Preciso falar com você sobre oque descobri...- ele suspira.- Melhor você se sentar...
- Fala logo, você sabe que eu odeio cerimônias!
- Enquanto eu andava pela mansão, vi umas fotografias quando entrei no escritório. - ele respira fundo.- Havia fotos do Dean.
Dean...
Ele não estava morto?
São muitas coisas pra assimilar...
Então, aparentemente, o D nas cartas é de Dean?! Dean Kennedy, irmão do meu pai, o homem que alega que sou o seu filho.
É uma longa história...
Minha mãe se envolveu com Dean antes mesmo de se envolver com o meu pai. Tudo que sei é que eles terminaram e minha mãe apareceu noiva do meu pai semanas depois. Ela já estava grávida de Marcus, e depois do meu nascimento uma confusão se formou por ele alegar que sou filho dele.
Eu não sei exatamente se teve algum tipo de teste na época, só sei que meu pai mandou desaparecer com seu corpo assim que ele soube que Dean queria matar a minha mãe.
Então aparentemente era ele que estava por trás de todas essas tentativas, incluindo a morte do meu pai.
- No escritório havia o acesso de todas as câmeras, voltei os vídeos de algumas horas atrás e com ele Virgínia também está. E oque eles fizeram com a Angel...
Meu sangue ferve
- Vamos encontrar esses dois, então vamos ter a certeza que dessa vez ele morrerá de verdade.- meu olhar para em Angel.- Dessa vez ele passou dos limites.
Saí do quarto apenas quando obtive informações sobre onde Dean se encontra. Antes não estava sendo fácil localizar porque não sabíamos de quem se tratava, mas agora que sabemos, a coisa mais fácil é localizar alguém. Dean não tem tanta influência assim no governo como eu tenho, então é claro que seria apenas questão de algumas horinhas para saber onde o desgraçado se meteu.
- Ele foi barrado enquanto estava a caminho a outra cidade. Conseguimos pegá-lo.- um dos homens diz.
- Ótimo, melhor que eles tenham cuidado, Dean também sabe ser esperto.- suspiro.- Me alertam quando ele estiver cruzando o portão e reforce ainda mais a segurança.- me virei para o outro.- Trouxe oque eu te pedi?
- Sim, senhor. Os objetos estão na sala de tortura.
- Ótimo. Continuem!
Sai dali e voltei para onde Angel estava novamente. Depois de tudo que aconteceu, a última coisa que eu quero é deixá-la sozinha. Quero estar ao seu lado quando ela acordar.
Nesse tempo, cometi o grande erro de ver as gravações capturadas pelas câmeras da mansão de Dean, onde torturavam a minha mulher sem pena alguma. Isso fez o ódio que eu jurava que era grande o suficiente aumentar mais ainda. E é claro que eles terão uma tortura cem vezes pior se depender de mim!
Também terei uma conversa com a minha mãe quando tudo isso acabar, porque tenho certeza que algumas coisas não foram esclarecidas... E quando tudo finalmente se resolver, espero que poder viver em paz com quem eu amo de uma vez por todas.
- Com licença.- o médico entra e avalia a pulsação de Angel mais uma vez.- Ela está bem melhor.
- Sabe se ela acorda ainda hoje?
- Acho que não... Apesar de tudo, seu corpo está fraco. Ela passou por pressão demais, acho que se não fosse resgatada já estaria morta agora... Seu corpo ainda precisa recuperar um pouco da energia, mas não se preocupe.
No mesmo instante, a porta é aberta por um de meus seguranças.
- Eles estão aqui!
Olhei mais uma vez para Angel e deixei um selar em sua testa e uma promessa silenciosa. Foi difícil deixá-la, mas assim fiz.
Sai da sala o mais determinado possível em matar Dean e a vadia da Virgínia que eu deveria ter matado a muito tempo.
Eles já estavam na sala de tortura, então fui diretamente pra lá.
Assim que entrei, o vi amarrado em uma cadeira.
Ele me olhou e sorriu.
- Filho.