Royal High Academy

By chaootics

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Na Royal High Academy, a escola particular mais prestigiada de Nova York, existem três alunos que estão acima... More

Informações gerais e guia de personagens
Grite! O sistema está fedendo como roupas velhas
E foi estendido o tapete vermelho para os garotos populares!
Guerra aos bolsistas! (e o milionário traidor)
O chifre está crescendo na cabeça de quem?
Ladies and gentlemen, bem-vindos ao baile de outono!
Engula as suas mágoas com pão e salsicha!
Junte mel e penas e você terá uma galinha humilhada!
OMG, o bolsista é gay?
Você é um palhaço, bolsista!
O abusador merece a morte!
The Outsiders Club
A bolsista matou uma barata e virou heroína!
Urso de pelúcia loiro azedo
A crucificação do herdeiro dos vinhos
O dia que a garota rica andou de ônibus pela primeira vez!
O exposed de Cash
Alguém, por favor, tire a coroa dessa garota?
N e B forever
Os sentimentos daquele bolsista estão se tornando bonitos
Ladies and gentlemen, bem-vindos à festa de Halloween!
A princesa Huening carregando sua coroa de chifres
Está rolando um clima no hotel nas Bahamas
Essa escola está parecendo um filme de terror!
O novo professor de educação física
Homens não pintam as unhas!
O príncipe da Royal High foi rejeitado por uma bolsista!
Bolsista, quer namorar comigo?
O trono da princesa da Royal High desmoronou!
A princesinha do papai está morta!
O desejo proibido no coração do pobre garoto rico
A declaração de amor muda daquele bolsista
Você quer uma bengala de açúcar?
Um feliz natal para a mais nova mamãe da Royal High!
Feliz natal! Com amor, The Outsiders Club
Meia noite e cinco
O homem que foi humilhado para o país inteiro
Heeseung estava dando amassos com uma garota no chuveiro!
O professor estava beijando um estudante?
O dia em que a Royal High virou um circo!
A verdade sobre o dia em que Park Jungwon ficou paraplégico
Park Jay dormiu com um aluno da universidade?
Park Sunghoon não é mais o príncipe de Manhattan!
Quando Park Jungwon enterrou seu 'eu' do passado
O nascimento do coala
Os Sim estão terminando tudo!
O aniversário de 17 anos de Huening Bahiyyih
Sim Yunjin está namorando Sung Hanbin!
Levante a mão se você estiver apaixonado por alguém
O nascimento da cupcakezinha
Bonitos merecem respeito!
Os primeiros passos de Park Jungwon
O dia em que Bahiyyih arrumou um namorado do nada
A pessoa que aquele segurança queria proteger todos os dias
Ladies and gentlemen, bem-vindos de novo ao baile de outono!
After party
Quem vazou o vídeo privado de Jay?
O último dia em que eles puderam ser jovens e bobos
Uma surpresa na festa de natal da Royal High
O casamento de Lee Heeseung
Novidades da quarta temporada + todas as mudanças no enredo
Vamos pular nas poças d'água?
Buquê de girassóis
O último semestre de aulas na Royal High
Bolsista, eu vou me humilhar ainda mais por você!
Super-herói
Um anjo cupido controverso chamado Lee Heeseung
A primeira palavra de Sarang
O baile de máscaras
O Lee Heeseung da Royal High Academy
Grite! O sistema finalmente cheira como liberdade

O aniversário de 18 anos de Lee Heeseung

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By chaootics

Capítulo 52



A semana de aniversário de Heeseung foi muito estressante. Parecia que era seu pai quem estava entrando na maioridade, tamanha era a movimentação por aquela festa de aniversário que ele nem queria. Se sentia quase como uma debutante, tudo o que queria era um pouco de paz, mas recebeu em troca ensaios de dança, visitas de estilista e até um discurso pronto que teria que recitar. Aquilo tudo era uma grande piada.

Além disso, ele tinha que ir para a escola com aquele segurança e é claro que não tinha um assunto mais comentado do que aquele. Estava se sentindo ridículo, Nicholas andava atrás dele para todo lugar que fosse e o aguardava do lado de fora da sala de aula e do banheiro, era muito vergonhoso. Não era nem como se estivesse correndo qualquer risco, seu pai apenas tinha enlouquecido de vez.

— Vamos mantê-lo — ele disse quando tentou negociar pela milésima vez — Aliás, de onde você conhece esse Sim Jake? Estava na sua lista de convidados.

— Ah? Ah — ele coçou a lateral do pescoço — É um colega de turma, qual é o problema?

— É um bolsista que mora em uma espelunca no Brooklyn — o homem resmungou — Não existe a menor chance de chamarmos uma pessoa assim para o seu aniversário.

— Você investigou a vida dele? — o Lee estava perplexo.

— É claro, você acha que eu vou permitir que qualquer um entre na sua festa de aniversário? Ainda mais agora que estamos sendo ameaçados de morte, todo cuidado é pouco.

Dito isso, o homem levantou e saiu. Heeseung ainda ficou algum tempo parado no meio do escritório olhando para o papel onde seu pai tinha riscado com caneta vermelha o nome de Jake. Como pode ser que algum dia tivesse pensado que poderia se relacionar com aquela pessoa? Nem sequer podia convidá-lo para o seu aniversário. A verdade era que não podia nada, tinha apenas que viver pelas vontades de seu pai...

Quando chegou na escola na manhã seguinte foi a mesma repetição dos últimos dias. Todos estavam olhando, alguns riam e outros pareciam envergonhados por ele. Nicholas não ligava, sua expressão seguia gelada e forte, como a de alguém alheio a qualquer coisa ao seu redor. Foi só no intervalo que ele conseguiu uma folga para fumar atrás do prédio dos fundos enquanto o segurança o aguardava mais adiante.

— Você já tentou oferecer uma grana para ele te dar um descanso pelo menos na escola? — Jay perguntou enquanto tirava dois cigarros da caixa e oferecia um ao amigo.

Os dois estavam sentados no chão e escorados na parede enquanto acendiam seus cigarros.

— Eu já tentei de tudo, mas ele não se vende por nada — o Lee deu uma tragada e então olhou para o segurança parado mais adiante, dali não conseguia ouvi-los — Não sei onde meu pai arranjou essa pessoa...

— Por falar nisso — Jay prendeu o cigarro entre os lábios e puxou o celular do bolso — Você viu isso aqui?

Heeseung olhou para uma publicação que tinha sido feita nas redes sociais:

"Sei que todos estão falando sobre o tal segurança do Lee Heeseung que fica igual uma sombra atrás dele na escola, o que vocês não sabem é que usei meus meios aqui pra investigar e descobri algo curioso sobre ele, diria que um belo de um segredo".

— Essa conta é ridícula, alguns idiotas com tédio postam bobagens e pessoas mais idiotas do que eles acreditam — resmungou — Você acha que meu pai não revirou a vida inteira desse cara antes de contratá-lo? Até mesmo a do Jake ele revirou por muito menos do que isso...

— É claro — Jay assentiu — Realmente não tem a menor chance do seu pai deixar algo assim passar.

Heeseung assentiu e ficou em silêncio enquanto refletia. Ele olhou para Nicholas parado à distância e embora quisesse acreditar nas palavras que recém havia dito, estava com a pulga atrás da orelha. Será que havia mesmo algo a mais naquela história?





O assunto do aniversário de Heeseung estava por todos os cantos mesmo, tanto que Niki acabou ficando sabendo sobre uma oportunidade de trabalho durante a festa, os Lee estavam contratando garçons e o salário seria bom. Ele não estava tão interessado assim no dinheiro, o que queria era uma oportunidade de entrar naquela festa. A família de Sunoo tinha sido convidada e seus pais perguntaram se ele poderia acompanhá-los — se não fosse as pessoas simplesmente fariam um milhão de perguntas que eles não queriam responder — então o Kim aceitou de bom grado, estava feliz com a reconexão com os pais e não viu problema em ir a uma festa com eles. Contudo, Niki obviamente não tinha sido convidado, e ele jamais confiaria o namorado sozinho em um ambiente tóxico como aquela festa de aniversário, por isso ficou subitamente animado com a ideia de trabalhar como garçom e foi atrás da empresa responsável para fazer uma entrevista. Para sua surpresa, ele conseguiu aquele trabalho facilmente.

Sendo assim, na tarde de sábado, o mais novo vestiu seu uniforme e se despediu dos demais, tinha que ir mais cedo para praticar um pouco antes da festa. Jake acabou não sendo convidado e Jungwon tinha negado o convite, então passaria a noite na casa do namorado. A única a ir seria Yunjin, estaria acompanhando Hanbin. Quando passou pelo quarto dela e a viu se arrumando para o aniversário, Jake se sentiu um pouco estranho. A irmã estava usando um vestido caríssimo, estava coberta em joias que valiam uma fortuna e admirava sua aparência enquanto se maquiava. Ela tinha mudado muito em pouco tempo, Yunjin sempre teve jeito de moleca, nunca se interessou por joias e maquiagem, portanto tinha aquela imagem dela. Vê-la assim era diferente, vê-la sendo a única a ir para o aniversário de seu ex-namorado também. Ele não queria ter esse tipo de pensamento, mas não podia evitar, sentia que estavam em níveis diferentes agora. Não era assim quando ela tinha namorado Sunghoon, naquele namoro tinha mantido sua essência, mesmo que o Park fosse tão rico quanto o atual namorado. Ao lado de Hanbin ela tinha mudado muito, como se tivesse virado outra pessoa, e o mais estranho era que Jake não sabia dizer se ela gostava mesmo daquele cara. Alguma coisa naquela situação toda o deixou incomodado, porém não disse nada.

— Você está bonita — foi tudo o que conseguiu dizer.

Yunjin olhou para o irmão escorado no marco da porta e sorriu.

— Obrigada — ela se virou e encarou seu reflexo no espelho, tentando acreditar que ele tinha razão.

Estava bonita, tão bonita, mas não conseguia se enxergar naquela pessoa. No entanto, não tinha tempo para pensar sobre nada disso. Essa noite seria uma grande oportunidade e tinha que aproveitá-la do melhor jeito possível. Sendo assim, pegou sua bolsa e levantou para andar nos saltos que a pouco tempo tinha aprendido a usar.

Ela era a namorada de Sung Hanbin, e dentro em breve uma modelo famosa também.





Assim como o esperado, houve uma grande movimentação no dia do aniversário de 18 anos de Lee Heeseung. A mídia estava na porta do local atacando quem conseguisse para uma pequena entrevista. Para alguns daqueles ricaços isso era um incômodo, porém para outros era uma boa oportunidade. Esse era o caso de Hanbin e Yunjin, que pararam para conversar brevemente sobre seu relacionamento, planos para o futuro e a carreira da garota que estava prestes a começar. Por uma coincidência do destino, Sunghoon estava chegando no mesmo momento em que os dois davam a entrevista e os repórteres não puderam evitar cercá-lo para falar do assunto também.

— Park Sunghoon, como você se sente agora que sua ex-namorada está com o seu maior rival?

Ao ouvir aquela pergunta, o loiro olhou para o casal à sua frente, depois para os repórteres e saiu andando sem responder. O clima tinha ficado estranho, por isso Yunjin e Hanbin decidiram encerrar sua entrevista e entrar também.

A decoração do local estava impecável, isso era algo que não se podia negar, os Lee tinham bom gosto e não faziam coisas bregas ou exageradas demais. As famílias mais importantes de Nova York estavam sob o mesmo teto, por isso tinham sido colocadas estrategicamente nas mesas redondas para não correr o risco de que famílias que não se dessem bem se sentassem juntas. Dessa forma, Sunghoon e sua mãe estavam dividindo a mesa com Jay, seus pais e a irmã mais nova. Aquilo tinha sido uma questão também, Wonyoung não queria ir sem Yeonjun, porém aquele não era um ambiente para Sarang e alguém teria que tomar conta dela em casa, sendo assim o Choi acabou ficando para cuidar dela.

— Faz tempo que não nos vemos — o Park puxou assunto com a ex — Como você tem estado?

— Estou bem — Wonyoung sorriu — Você ainda não foi visitar a minha filha, estou esperando — ela fez bico.

— Ah, é verdade... eu estive um pouco ocupado, desculpe. Me deixe ver ela — pediu.

Satisfeita, a garota pegou o celular e começou a mostrar todas as fotos e vídeos que tinha feito de Sarang. Ela sabia qual era a circunstância de cada uma das fotos, o que deixou Sunghoon surpreso.

— É um bebê muito bonito, certamente puxou apenas a você — ele provocou e deu uma risadinha — Quem diria que Park Wonyoung seria uma mãe tão dedicada.

— Não é fácil — ela suspirou — Conciliar a escola com as minhas obrigações e ainda tomar conta dela, às vezes sinto que vou ter um surto e me jogar na frente de um ônibus — ela concluiu dramática.

— Ei, se você precisar de ajuda, pode largar ela lá em casa que o tio Sunghoon aqui toma conta.

— Você? — ela riu — Por acaso o tio Sunghoon sabe trocar uma fralda?

— O tio Sunghoon pode aprender — ele deu de ombros.

— Eu jamais arriscaria a minha sobrinha nessa situação — Jay se meteu na conversa.

— Como se você soubesse trocar fralda — o loiro revidou.

— Ele sabe — Wonyoung riu — O tio Jay aprendeu do jeito mais difícil.

— É, ela fez cocô em mim...

Sunghoon arregalou os olhos.

— Isso pode acontecer???

— É claro, ela faz bastante cocô — a garota suspirou pensando em todas as fraldas que já tinha trocado.

— Então eu retiro a parte sobre deixar ela lá em casa — o loiro se apressou em se corrigir — Quando ela já souber fazer suas necessidades sozinha, quem sabe...

Wonyoung e Jay riram, aquilo já era o esperado. Não muito longe dali, Yunjin estava observando enquanto os três conversavam animados e deu um sorrisinho para si mesma. Hanbin estava ao seu lado, porém ao invés de prestar atenção nela, estava com os olhos grudados no namorado que estava sentado com a família perto deles.

Depois que todos se acomodaram, o senhor Lee assumiu o microfone. Primeiro ele desejou boa noite a todos e logo em seguida chamou o filho para o palco. A expressão no rosto de Heeseung era difícil de se ler, parecia que ele não tinha emoção alguma. Era como uma bonita estátua usando um terno caro e fazendo o que tinha que fazer.

Seu pai puxou um coro de "feliz aniversário", que ele agradeceu um pouco sem jeito. Heeseung tinha sido obrigado a decorar um discurso, então o disse ali de qualquer jeito. Logo depois veio o momento que o homem mais tinha esperado, literalmente o motivo pelo qual tinha organizado aquela festa: o anúncio do casamento. Kazuha e Heeseung estariam se casando em dezembro, perto do Natal e durante o recesso escolar. Ainda era setembro, então eles tinham uns três meses até lá.

A maioria dos convidados ficou feliz e empolgada com aquele anúncio, é claro. Assim que Kazuha também foi chamada ao palco, os noivos receberam muitas palmas e a bênção dos presentes, no entanto nenhum deles estava feliz de fato, os sorrisos em seus rostos eram nada além de falsidade. Para piorar, o senhor Lee os tinha feito ensaiar uma valsa para dançarem juntos no centro do salão e embora nenhum deles quisesse fazer isso, não podiam negar nada aos seus pais. Sendo assim, eles apenas começaram a dançar sem qualquer emoção. A única parte boa era que seus pais pareciam não perceber, tudo o que faziam era motivo para que sorrissem como bobos.

— O Heeseung está perdido — Jay balançou a cabeça — Esse casamento vai acabar com ele.

— Aposto que ele nem sobe ao altar — Sunghoon revidou.

— Ele vai, ele faz tudo o que o pai dele quer...

— Quer apostar quanto?

Jay pensou por um segundo e então eles fecharam a aposta com mil dólares, nenhum deles queria apostar mais do que isso. Seus pais apenas balançaram a cabeça, quem apostava o futuro do amigo desse jeito?

Numa mesa próxima a deles, a família de Chaewon conversava animada. Seus pais ficaram surpresos quando ela disse que compareceria ao aniversário, não vinha frequentando nenhum evento social com eles desde que se revelou como culpada do vídeo vazado de Xiaoting e seus pais nem faziam mais questão, vinham fingindo que ela não existia. Por isso, essa noite também eles estavam se gabando dos filhos mais velhos enquanto a ignoravam. Chaewon só estava aguentando aquelas conversas porque não parava de beber, pelo menos a vantagem de ser invisível era essa, seus pais nem sequer notaram que ela parava todo garçom que passava por eles.

Porém mais excruciante do que ter que aturar seus irmãos sendo idolatrados em sua frente era ter que ver a garota pela qual estava interessada fingindo estar apaixonada por outro. O único motivo pelo qual tinha vindo até aquele local era para ver Kazuha, mas agora estava até um pouco arrependida. Ela estava bastante embriagada enquanto assistia o casal falso dançar valsa e quando terminaram não conseguiu manter sua boca fechada:

— Por que todos estão aplaudindo? — levantou trôpega e todos olharam em sua direção — É um casamento falso, eles nem sequer se gostam!

Todos no salão ficaram em silêncio e viraram na direção dela. Kazuha arregalou os olhos e não soube o que fazer, estava ao lado de seus pais e da família Lee, por que Chaewon estava se comportando assim do nada? Ao seu lado, Heeseung estava um tanto intrigado. Ele se lembrava muito bem de quando viu as duas conversando juntas no aniversário de Bahiyyih.

— Acredito que essa senhorita está embriagada — o senhor Lee deu um sorrisinho amarelo — Cabe aos pais conduzi-la a um lugar seguro — aquele era um jeito simpático de dizer que gostaria que eles se retirassem.

— Kim Chaewon! — sua mãe a segurou pelo braço, mas ela se desvencilhou.

— Vocês agem como se estivéssemos no século passado, casamento arranjado? Isso é ridículo! — ela revidou com a língua enrolada — Kazuha não gosta desse cara, ela gosta de mim, ela até mesmo me beijou! — confessou sem qualquer vergonha.

A Nakamura engoliu em seco e se sentiu muito envergonhada, seus pais estavam chocados ao seu lado e o senhor Lee já tinha ficado todo vermelho de raiva. Chaewon ainda gritava quando foi carregada para fora do salão pelos pais.

— Você ficou maluca??? — seu pai deu um tapa em seu rosto assim que eles pisaram fora do salão, o que surpreendeu sua mãe e os irmãos, o homem não costumava bater nos filhos.

A Kim segurou a bochecha dolorida e o encarou, seus olhos estavam muito bêbados.

— Até quando você vai nos humilhar, Kim Chaewon? O seu objetivo é acabar de vez com a nossa família?

— Eu não menti — ela resmungou — Aquilo lá dentro é um circo, aqueles dois nem sequer se gostam. Kazuha e eu nos beijamos, eu estou interessada nela.

Seu pai ergueu a mão para lhe bater novamente, mas o filho mais velho o freou.

— Então você está indo tão longe para nos incomodar? Até mesmo está beijando mulheres? — sua mãe estava horrorizada e até mesmo derrubava algumas lágrimas — Por que você não pode ser normal como os seus irmãos???

Chaewon olhou para os quatro em sua frente, se não estivesse bêbada certamente estaria se sentindo um lixo.

— Eu fui muito frouxo na educação dela, esse é o problema! — o pai acrescentou.

— Já chega! — quem falou agora foi o irmão mais velho — Eu vou levar a Chaewon para a minha casa, amanhã vocês conversam quando todos estiverem mais calmos e sóbrios.

Dito isso, ele pegou a irmã pelo braço e a carregou para longe. A Kim ainda ouvia as palavras ásperas dos pais quando elas finalmente foram abafadas pelo vidro do carro. Seu irmão sentou no banco do motorista, ligou o rádio do carro em uma música lenta e não disse mais uma palavra sequer. Enquanto isso, a garota apenas fechou os olhos e sentiu aquele tapa no rosto, concluindo que talvez tivesse cometido uma grande burrada essa noite.

Dentro do salão, todos estavam nervosos.

— O que foi isso??? — o pai de Kazuha perguntou nervoso.

— Não sei, pai — ela tentou mentir o mais depressa possível — Não sei do que ela está falando, somos apenas colegas de turma... eu nunca iria, você sabe que não... — ela estava quase chorando.

Heeseung deu um sorrisinho irônico, mas não disse nada.

— Senhor, aquela é a filha dos Kim, a garota que gravou o vídeo privado de Xiaoting — um dos seguranças cochichou no ouvido do senhor Lee.

O homem fez um "aaah" sonoro e com aquela informação logo tentou virar a situação a seu favor. Ele olhou para a expressão confusa do salão lotado e disse que aquela garota gostava de chamar a atenção e que tinha bebido muito essa noite, por isso suas palavras deviam ser ignoradas. Pareceu que a maioria tinha acreditado nisso, Kazuha tinha uma imagem imaculada, então ninguém estava acreditando que ela pudesse ter traído o noivo desse jeito, ainda mais com uma mulher. Ninguém exceto Heeseung, Sunghoon e Jay. Quem também pareceu não ter comprado isso foi Hong Eunchae, que estava sentada à mesa com sua mãe. Ela deu uma olhadinha para seu colega do The Outsiders Club na mesa ao lado, que acenou com a cabeça como se ele também tivesse concluído a mesma coisa: aquilo não tinha acontecido por acaso.

— Podemos conversar em particular? — Heeseung perguntou para a noiva.

— Por quê? Acaso você está duvidando da sua noiva? — seu pai se meteu.

— É claro que não — o Lee respondeu sem vontade — Eu só quero conversar por um momento.

Kazuha assentiu e disse que o acompanharia. Seus pais pediram para que não demorassem, pois isso geraria mais fofoca sobre o assunto, e os dois prometeram que voltariam logo. Quando já estavam distante dos barulhos da festa, o Lee fechou a porta de uma salinha e a pressionou:

— Você me traiu?

A garota não conseguiu negar verbalmente, apenas o fez com a cabeça. Naquele momento, ela estava assustada de verdade.

— É claro que você fez isso — ele deu uma risadinha irônica — Apenas os idiotas dos nossos pais acreditariam que aquela garota estava mentindo, eu vi o quão próximas vocês estavam no aniversário da Bahiyyih.

Kazuha não soube o que responder, ela desviou o olhar e encarou o chão aos seus pés. Vê-la assim deixou o Lee mais irritado, então ele a empurrou de leve contra a parede.

— Você quer fazer isso? Faça! — ele bateu com força na parede ao lado do rosto dela, o que a fez tremer — Eu não ligo, mas aprenda a controlar aquela idiota. Hoje é o meu aniversário de dezoito anos, todas as pessoas importantes da cidade estão aqui e na frente deles eu fui taxado de corno! Você tem noção do que é isso?

— Eu sinto muito... me desculpa... — ela estava quase chorando.

Heeseung respirou fundo e se afastou, tentando se acalmar.

— Não seja burra — finalizou — Se a minha imagem for prejudicada nisso tudo, você vai pagar bem caro.

A garota assentiu, pediu desculpas mais uma vez e saiu correndo na primeira oportunidade que teve. O Lee sentiu suas pernas fraquejarem e caiu sentado numa cadeira que havia ali, logo afundando o rosto nas mãos enquanto suspirava alto. Levou algum tempo até que se acalmasse e quanto finalmente ergueu o rosto, viu que seu segurança estava parado na porta olhando para ele e se sentiu muito humilhado.

— Você deve pensar que eu sou um otário, não é?

— Não senhor — Nicholas baixou a cabeça.

— Não minta, dá para ver no seu rosto que está achando isso tudo muito divertido.

— Desculpe, senhor — ele se ajoelhou diante do outro — Preciso aprender a controlar minhas expressões. Por favor, me puna por isso.

Heeseung não esperava aquela cena, só tinha falado aquelas coisas porque estava irritado e de repente aquele segurança estava ajoelhado diante dele. Era tão absurdo que quase era engraçado, então ele riu.

— O que é isso? Quer que eu te coloque de quatro e te bata com um chicote? — provocou.

— Se essa for a punição do senhor, estarei aceitando — Nicholas respondeu sério.

O Lee riu novamente.

— Ah Nicholas, você me irrita tanto, tanto... mas dessa você me fez rir, então vou te perdoar — ele levantou e o outro logo levantou atrás — Vamos, temos que terminar de fingir sanidade nesse jantar.

Quando voltou ao salão, viu Kazuha fingindo sorrir enquanto conversava com seu pai e negava pela milésima vez o que Chaewon tinha contado. Como podia ser que aquele casamento fosse um circo tão grande repleto de mentirosos?





Quando Sunoo ficou sabendo que Niki iria trabalhar como garçom no aniversário de Heeseung, ele ficou mais animado. Tinha vindo acompanhar os pais para não fazer desfeita, mas estava morrendo de tédio. A única pessoa presente que conhecia era sua amiga Wonyoung, no entanto, eles nem sequer tinham sido colocados na mesma mesa e estavam de lados opostos do salão. Por isso, ele ficou pacientemente esperando a hora do jantar e quando isso aconteceu seus olhos logo foram procurar pelo namorado. Niki tinha feito questão de atender a mesa deles, por isso ele foi o primeiro que apareceu com a entrada. Não parecia que seus pais se importavam com o fato de seu namorado estar ali servindo mesas — depois de tudo, aquilo era a menor das preocupações. Sendo assim, o Sim passou pela mesa deles sempre que pôde e deixou alguns sorrisos para eles em várias ocasiões.

No entanto, desde que havia chegado com seus pais naquele aniversário, Sunoo estava em uma situação estranha. Uma mulher, que ele nem sabia quem era, tinha vindo várias vezes puxar assunto em sua mesa. A princípio, parecia que ela apenas queria ficar próxima de seus pais. No entanto, depois de um tempo, ela começou a soltar algumas indiretas. Não demorou muito para que ele descobrisse suas reais intenções: tinha uma filha adolescente e a apresentou com segundas intenções. Aquilo era bastante constrangedor, era visível que estava tentando forçar um interesse entre ambos, porém nem sequer a garota parecia estar interessada. O pior era que Sunoo estava ali com seus pais, é claro que eles tinham entendido as intenções dela, mas como iriam sair daquela situação?

— E se vocês dois saíssem um dia desses para se conhecerem melhor? — ela cogitou abertamente depois de um tanto de enrolação.

A garota olhou para Sunoo como se não soubesse o que dizer e tampouco ele sabia. Não queria envergonhar seus pais dizendo algo como "me desculpe senhora, mas eu sou gay, então isso é impossível", por isso estava pensando se devia mentir que tinha uma namorada ao invés de um namorado quando seu pai por fim disse alguma coisa:

— Desculpe, algo assim não será possível.

A mulher pareceu tão surpresa quanto o próprio Sunoo.

— E por que não? Acaso acha que minha filha não é boa o suficiente para o seu filho? — ela já estava na defensiva.

— Não senhora — o senhor Kim limpou a garganta — A questão é que o meu filho é gay, portanto ele não se relaciona com garotas. Ele também tem um namorado.

Depois que colocou aquelas palavras para fora, ele sentiu como se um quilo de aflição tivesse saído de seu peito. Sunoo nunca iria imaginar ouvir seu pai dizer algo do tipo, depois de tudo parecia que ele estava bem com isso, mas mais do que isso, que o aceitava. Não apenas dentro de quatro paredes, como para o mundo.

A mulher ficou tão chocada que não soube o que dizer, ela apenas murmurou um "entendi" e levantou carregando a filha junto. Já era esperado que fosse reagir assim, mas ninguém ligou. Contanto que ela não viesse mais incomodar com esse assunto, poderiam finalmente terminar aquele jantar em paz.

— Obrigado — Sunoo agradeceu ao pai pela ajuda, estava grato de coração pelo que ele tinha feito, sabia que precisou de muita coragem.

— Eu só falei a verdade — o homem respondeu e colocou uma carne no prato dele — Coma.

A senhora Kim deu um sorrisinho e o incentivou, então o mais novo assentiu e comeu sua carne. Niki ainda passou mais algumas vezes de lá para cá para alegrá-lo. Ali, no meio dos pais de forma tão agradável, Sunoo sentiu que nada poderia arruinar aquela noite.





O coração de Sunghoon estava mais inquieto do que o normal. Toda vez que olhava para a mesa de Yunjin, a via conversando com uma pessoa diferente e na maioria das vezes eram mulheres ricas e influentes. Ela não parecia ter dificuldade em falar com aquelas pessoas, ali vestindo roupas e jóias caras era como se todos eles pertencessem ao mesmo mundo. Yunjin tinha mudado muito e rápido demais, então um gosto amargo subiu por sua garganta. E se ela simplesmente deixasse de ser a garota pela qual tinha se apaixonado?

Depois de muito tempo de uma observação silenciosa, ele viu quando ela levantou sozinha para ir ao banheiro. Hanbin estava desatento, por isso não reparou quando ele levantou logo atrás e foi na mesma direção. Quando a garota saiu do banheiro, deu de cara com o ex-namorado a esperando na porta.

— Podemos conversar?

Ela deu um longo suspiro.

— Sunghoon, não existe mais o que a gente possa conversar.

— Pela última vez — ele insistiu — Conforme for, eu prometo que nunca mais vou te encher o saco.

Acreditando na promessa dele, Yunjin o acompanhou até uma sacada que ficava do outro lado do salão. Quando estavam a sós ali, o loiro achou que era melhor falar tudo de uma vez.

— Existe alguma chance de você ainda gostar de mim?

— Não acredito nisso — ela balançou a cabeça — Você está mesmo me perguntando isso?

— Eu quero que você me diga de uma vez por todas, que olhe nos meus olhos e me fale que não tem nem mais uma gota sequer de sentimento por mim e que nunca mais vai gostar de mim, quero que me diga se está mesmo apaixonada por aquele cara, eu preciso saber — ele foi firme.

Havia uma porção de sentimentos nos olhos dele, então aquilo foi um pouco difícil. Yunjin deu uma fraquejada, quando o via em sua frente desse jeito não conseguia não lembrar de todas as coisas pelas quais tinham passado juntos, mesmo que metade delas a irritasse. Era óbvio que ainda sentia alguma coisa, como poderia não sentir? Nunca tinha vivido um amor como aquele e mesmo que Sunghoon tivesse constantemente a decepcionado e machucado seu coração, sabia que não conseguiria esquecê-lo tão fácil.

E então, por um segundo, ela cogitou ser sincera. No entanto, não seria ruindade demais? Se desse esperanças, ele continuaria ao seu redor, continuaria fazendo tentativas e querendo voltar. Mas se voltasse com ele, perderia todos os contatos que estava começando a fazer ao lado de Hanbin, por mais influente que a família Park fosse, nenhum deles era estilista, ninguém fazia parte do mundo da moda. Ficar com ele seria o mesmo que abrir mão do sonho que estava começando a cultivar e não podia fazer isso agora. Sendo assim, por mais que fosse doer, o único que podia fazer por ele era deixá-lo ir e encontrar alguém melhor.

— Eu estou apaixonada pelo Hanbin — mentiu — Eu segui em frente e te superei, estou vivendo uma nova vida agora. Você merece seguir em frente também, então faça isso. Deixe de gostar de mim assim como eu deixei de gostar de você.

Não era como se Sunghoon não esperasse ouvir algo assim, no entanto foi como uma pontada em seu coração. Até então ainda achava que aquele namoro não existia, tinha acreditado quando Heeseung jurou que Hanbin era gay. Mas parecia que tinha apenas se enganado e tentado inventar desculpas para não aceitar que tinha perdido. Não havia motivo para Yunjin mentir naquela situação e acreditou que ela estava sendo sincera. O que podia fazer se ela tinha dito com todas as letras que tinha se apaixonado por outra pessoa? Estava cansado disso, farto dessa situação, então apenas assentiu.

— Obrigado por ter sido sincera — seus olhos estavam tristes agora — Eu entendi. Até um homem como eu precisa aceitar o momento de desistir, então eu vou seguir em frente como você pediu e te deixar em paz. Espero que você tenha uma vida feliz daqui em diante e que possa realizar os seus sonhos.

Dito isso, ele nem sequer esperou por uma resposta e apenas deu as costas e saiu andando. Yunjin sentiu aquelas palavras como um baque em seu coração e enquanto o via se afastar, derramou algumas lágrimas enquanto um filme passava em sua cabeça. Há um ano, tinha conhecido Park Sunghoon, o odiado de primeira e então se apaixonado por ele. Mesmo com tantas dificuldades, sabia que aquele era provavelmente um amor que não encontraria de novo tão fácil, por isso estava se sentindo despedaçada. Se a vida não fosse tão difícil e ela não tivesse uma família para cuidar e proteger, quem sabe já teria corrido atrás dele e dito que tudo era mentira e que ainda o amava. No entanto, aquela era sua realidade e no fim das contas era isso que fazia toda a diferença.

Sunghoon olhou para a porta do salão, mas sabia que não podia voltar, não tinha forças para sentar naquela mesa e fingir que nada tinha acontecido, então apenas mandou uma mensagem para sua mãe e chamou um táxi para casa. Era o aniversário de seu melhor amigo, mas Heeseung teria que o perdoar...





— Jungwon...

O Park tinha recebido alta do hospital naquela semana, porém o médico deixou diversas recomendações, entre elas que ele não devia se esforçar muito, ainda era para usar a cadeira de rodas na maior parte do tempo e fazer os exercícios com o andador por apenas um curto período de tempo. Seu monitoramento maior seria durante a fisioterapia no próprio hospital. No entanto, Jungwon era um pouco teimoso e estava se negando a voltar para a cadeira, queria fazer tudo com o andador, mesmo que levasse mais tempo. Por causa disso, Jake estava preocupado.

— Eu só vou buscar um copo d'água — o mais novo argumentou.

— Eu posso pegar para você.

— Não precisa, eu posso fazer isso.

O Sim deu um longo suspiro e apenas o deixou ir. Quando ele voltou, sua expressão estava carrancuda.

— O que foi? — o Park fez um bico — Por que você não me deixa andar?

— Porque você está exagerando assim como o médico disse que não era para fazer...

— Mas eu me sinto bem... fico tão feliz de poder fazer coisas banais como andar para pegar um copo d'água...

— Eu sei, e eu fico muito feliz de te ver fazendo essas coisas, mas eu também me preocupo com você.

Ele deu uma batidinha no sofá ao seu lado e ajudou o namorado a sentar ali. Depois o pegou nos braços e o apertou, o enchendo de beijos.

— Seu pestinha, você ainda vai me matar de preocupação.

Jungwon sorriu e o abraçou.

— Obrigado por se preocupar comigo.

Eles estavam assim quando ouviram um barulho na porta da frente. Espiaram curiosos e logo Sunghoon entrou parecendo desnorteado. Ainda era cedo, então nenhum deles entendeu nada. O loiro apenas deu uma olhada nos dois agarrados um no outro no sofá, se virou e saiu para o quarto. Estava claro que alguma coisa tinha acontecido e Jungwon não conseguiria ignorar, por isso pegou o andador e caminhou devagar até o quarto do irmão com o auxílio do namorado. Ele bateu na porta e levou alguns segundos até Sunghoon atender.

— Alguma coisa aconteceu? Você chegou cedo e sozinho...

O loiro olhou para os dois e seu olhar estava um tanto triste, tanto que nem conseguia esconder. Em especial, ele olhou por um tempo demorado na direção de Jake antes de responder.

— Yunjin... Ela está feliz com o novo namorado, não está?

— Minha irmã? — o Sim pensou por um segundo — Não sei, acho que sim... ela tem estado um pouco diferente ultimamente.

— É, tudo está diferente... ela me disse que não gosta mais de mim e então eu prometi que vou seguir em frente, foi apenas isso.

Quando Jungwon entendeu o motivo, ele ficou triste.

— Você quer conversar? Quer companhia?

— Não quero mais falar sobre isso, também não gosto de parecer derrotado assim na frente das pessoas...

— Nós íamos assistir a um filme, quer ver com a gente? — Jake sugeriu.

Sunghoon sabia que iria ficar deprimido no quarto pensando em Yunjin, então preferiu aceitar o convite. Os três sentaram juntos na sala para assistir, por sorte era um filme de ação, então não tinha nenhum romance. No entanto, por mais que ele quisesse se focar no que estava vendo, a todo instante lembrava do rosto da ex lhe dizendo que não gostava mais dele e que tinha seguido em frente. Seus olhos marejaram e seu peito doeu, até mesmo se sentia um pouco doente.

Em toda a sua vida, aquela era a primeira vez que Park Sunghoon não conseguia ter algo que queria. Desde a infância, ou as coisas eram entregues de bandeja em sua mão, ou ele as conseguia com lábia e insistência. No entanto, dessa vez não era assim, dessa vez ele mesmo tinha arruinado tudo e não havia lábia ou insistência nesse mundo que o fariam ter Yunjin de volta. Seu pai não poderia consertar o seu erro, ele não tinha como colocar a culpa em outra pessoa, por isso aceitar aquele término estava doendo demais. Como poderia simplesmente esquecê-la quando gostava tanto dela ainda?

Jake e Jungwon não sabiam o que fazer perante aquela melancolia, nunca tinham visto esse lado do Park, nem mesmo seu irmão sabia que ele podia ficar deprimido desse jeito. O que Jungwon sabia bem era o quanto um término podia doer, especialmente quando a outra pessoa já tinha seguido em frente rápido demais.

— Ela estava mais feliz com você — o Sim comentou de repente — Isso é algo que eu podia ver.

Sunghoon olhou para ele e então abraçou a almofada.

— Espero que ela seja mais feliz sem mim.

Aquele comportamento não condizia com a personalidade do loiro, era até mesmo estranho. Jungwon pegou em sua mão para oferecer apoio, mas sabia que não tinha muito o que pudessem fazer além disso. Sunghoon teria que superar de um jeito ou de outro, e talvez levasse algum tempo, mas alguém como ele certamente estaria de volta à sua personalidade em breve.





Depois do escândalo envolvendo Chaewon, o jantar transcorreu normalmente. Heeseung estava tendo que ir de mesa em mesa acompanhado do pai para receber felicitações e falar sobre o seu casamento, o que o estava deixando muito estressado. Enquanto isso, o resto dos convidados aproveitava a sobremesa e fazia contatos enquanto conversavam. Sunoo e os pais estavam terminando a refeição quando o senhor Lee se aproximou. No entanto, diferente das outras mesas, ele não estava sorridente, tampouco tinha trazido o filho consigo.

— Senhor Kim, senhora Kim — ele os cumprimentou com uma expressão fria — Uma situação muito desagradável chegou aos meus ouvidos e está se espalhando rápido, nesse caso terei que pedir para que, por favor, se retirem do local agora mesmo.

Os três se olharam e nenhum deles entendeu o que estava acontecendo, nem sequer tinha acabado a sobremesa. Niki estava servindo uma mesa perto dali, então ele ouviu o que o senhor Lee disse e ficou prestando atenção.

— Por qual motivo? — o pai de Sunoo perguntou.

O Lee limpou a garganta antes de explicar, parecia um pouco sem jeito com a situação.

— Está correndo por aí a informação de que o senhor disse que o seu filho é homossexual.

Nenhum deles esperava que o motivo fosse ser tal coisa, pelo visto aquela mulher tinha saído espalhando para a festa inteira o diálogo que tiveram mais cedo.

— E o que tem? — o Kim retrucou, estava começando a ficar irritado.

— Isso não é bom para a reputação da minha festa, estão me perguntando por qual motivo permiti um... um garoto assim aqui — ele deu uma olhadinha na direção de Sunoo.

— O que você quer dizer com isso? — o Kim levantou para encará-lo.

— Pai... — Sunoo e a mãe tentaram fazê-lo parar, mas ele já tinha se irritado por completo.

Perto dali, Niki estava furioso também, estava segurando a bandeja com tanta força que estava prestes a quebrá-la. Àquela altura, algumas pessoas já tinham começado a prestar atenção naquela discussão.

— Senhor Kim, por favor, peço que apenas se retire e não cause transtornos — o Lee apontou na direção da porta.

— Você está nos expulsando por isso? Você é um preconceituoso de merda! — o Kim revidou.

— Você que não soube educar o seu filho e deixou que ele se tornasse isso! — ele olhou enojado para Sunoo — Tire esse garoto nojento da minha frente e saia agora mesmo!

O Kim estava prestes a revidar mais uma vez quando Niki apareceu do nada e sem pensar duas vezes acertou um soco bem no meio do rosto do Lee. Naquele momento, todos no salão pararam para olhar o que tinha acontecido e absolutamente todos tinham uma expressão de assombro. Todos menos Heeseung, ele nem sequer conseguiu controlar um sorrisinho ao ver seu pai cambalear para trás com a força que Niki colocou naquele soco.

— Niki... — as mãos de Sunoo estavam tremendo de pavor.

Os pais dele também estavam de olho no garoto sem saber o que dizer. Assim que o senhor Lee tocou em seus lábios e viu que havia sangue, ele deu um grito e chamou por seus seguranças.

— Tirem esse insolente daqui!!!

Os olhos do Lee ferviam enquanto olhava para o mais novo, mas Niki não se abateu. Ele nem sequer se mexeu quando os seguranças o arrastaram para longe, estava satisfeito pelo que tinha feito. Logo em seguida, os Kim correram atrás dele, porém assim que pisaram do lado de fora, foram impedidos de se aproximar.

Niki foi levado para um canto e começou a levar uma surra dos seguranças, a pedido do próprio senhor Lee. Sunoo estava gritando e queria fazer alguma coisa, mas o que podiam naquela situação? Os seguranças estavam armados e sendo do tipo que espancavam um adolescente, podiam facilmente atirar. O senhor Kim se sentiu muito impotente, porém apenas fechou os olhos e segurou o filho choroso pelo braço até que aquela surra terminasse.

Quando eles finalmente se afastaram, o Sim estava caído no chão e segurava a barriga enquanto choramingava, seu rosto estava todo sujo de sangue. Sunoo correu em sua direção e chorou ainda mais enquanto perguntava se ele estava bem. Apesar de tudo, Niki deu um sorrisinho e assentiu, estava muito satisfeito por aquele soco, tanto que nem se importava de ter apanhado daquele jeito em troca.

— Eu disse que sempre iria te proteger — murmurou — Ninguém vai falar com você daquele jeito.

Sunoo o abraçou e chorou ainda mais no ombro dele. Odiava aquela situação, a sociedade onde viviam, aquele mundo injusto onde era humilhado por sua sexualidade, nem sequer podia frequentar um jantar sem que coisas assim acontecessem. Sabia que havia preconceito em todo lugar, mas a alta sociedade nova-iorquina, em especial, era muito cruel.

— Vamos para o carro — seu pai disse — Vamos levá-lo ao hospital.

Niki foi carregado até o banco de trás e o trajeto até lá foi bastante silencioso, exceto pelo choro baixo de Sunoo. Enquanto seu pai dirigia, ele estava pensando em uma porção de coisas, especialmente na segurança de seu filho. Mas mais do que isso, tinha crescido acreditando na ideia de que dinheiro e status eram proteção, que podia conseguir qualquer coisa com dinheiro e que isso abriria qualquer porta para ele. Nunca foi expulso de lugar algum antes, sempre era tratado com educação e cordialidade, mesmo quando esses eram falsos. Ele era respeitado por seu dinheiro e por seu lugar na sociedade, mas pela primeira vez na vida nada disso importava. Ele não podia usar isso para proteger seu filho, então como faria? Não podia deixar um adolescente levar uma surra cada vez que isso acontecesse. Ele tinha acabado de se dar conta de que aquela situação tinha muito mais camadas do que apenas aceitar que Sunoo era gay...

Por sorte, Niki não teve nenhum ferimento grave, apenas ficaria com algumas marcas no corpo por alguns dias e fizeram curativos em seu rosto. A senhora Kim tinha ido buscar água, estava fazendo todo o possível para mimar o Sim o máximo que pudesse. Enquanto isso, Sunoo e o pai aguardavam no corredor.

— Desculpe, pai — o mais novo começou depois de refletir — Você nem sequer pode ir a um jantar comigo, acho que é melhor se nos distanciarmos, não quero te trazer mais problemas...

O mais velho o encarou por um tempo e então deu um longo suspiro.

— Eu percebi isso agora, Sunoo — refletiu — O problema não é você e sim a sociedade. Eu prefiro não ir a nenhum jantar e continuar próximo de você.

Ainda era inesperado ouvir seu pai dizer esse tipo de coisa, então ele se aproximou e o abraçou apertado enquanto chorava em seu ombro e agradecia. As palavras dele vinham curando todas as feridas em seu coração ultimamente, nenhum preconceito de estranhos tinha importância quando seu pai era capaz de dizer coisas assim. Pela primeira vez na vida, vinha sentindo que era amado de verdade por ele.

— Você encontrou um namorado maluco — o Kim continuou enquanto dava batidinhas nas costas do filho — Eu nunca vou esquecer daquele soco, foi a melhor parte da noite.

Sunoo sorriu em meio às lágrimas e assentiu. Como Niki podia ser tão inconsequente? Ao mesmo tempo, o amava mais e mais a cada dia justamente por isso. Agora tinha uma família e um namorado que o protegiam, como podia ser tão sortudo?

No entanto, havia um desejo secreto em seu coração, um no qual podia tomar conta de si mesmo. Queria crescer para se tornar um homem que não precisava mais ser defendido por ninguém e dali em diante iria trabalhar duro por isso.

— Sunoo! — Niki acenou de dentro da sala onde estava, seu rosto estava inchado e cheio de curativos, mas mesmo assim ele parecia adorável — Sua mãe disse que vamos ir comer donuts! Ela vai me pagar quantos eu quiser, vamos, vamos!

Em um salto, ele pulou da maca onde estava sentado e correu em sua direção enquanto segurava a lateral do corpo onde tinha sido machucado. Sunoo ficou apavorado e pediu cuidado, porém parecia que nada mais no mundo importava, afinal de contas, ele iria poder comer quantos donuts quisesse.

Enquanto segurava em sua mão e era arrastado para fora, ele não conseguiu controlar seus sentimentos.

— Eu te amo, sabia? — confessou.

— Desculpe, no momento eu amo mais a sua mãe, ela vai me pagar donuts! — Niki revidou travesso.

— Ah é assim? Não vou nunca mais confessar os meus sentimentos por você — ele fez birra.

Niki riu e o puxou para um abraço.

— Tá bom, eu amo você também, Kim Sunoo.

— Nunca mais faça coisas estúpidas assim de novo, ok?

— Não posso prometer isso, se te incomodarem de novo, eu vou te defender — ele deu de ombros — Além do mais, estou meio orgulhoso daquele soco, foi bem certeiro — se gabou.

Sunoo deu um beliscão na lateral de seu corpo onde estava doendo e Niki choramingou enquanto era empurrado para dentro do carro.

Aquela noite terminou num Dunkin' Donuts com Niki comendo seis na sequência. Eles estavam sorrindo juntos como uma família e então de repente tudo parecia estar bem de novo.





Aquela confusão onde seu pai até mesmo levou um soco foi o suficiente para Heeseung enlouquecer. É claro que na hora tinha achado engraçado, no fim das contas era o resultado de um caos que ele mesmo trouxe para si. No entanto, Heeseung tinha odiado tudo sobre aquela festa, desde os convidados até aquela valsa estúpida, aquele maldito casamento, até mesmo tinha sido chamado de corno na frente de todo mundo. Para encerrar, seu pai tinha dado um show de homofobia, aquele aniversário tinha conseguido se superar e ser pior do que o esperado.

Então, quando ele saiu para fazer um curativo nos lábios onde tinha apanhado, Heeseung aproveitou para escapar. Nicholas prontamente o seguiu perguntando onde ele estava indo, afinal de contas o salão ainda estava cheio de convidados.

— Estamos saindo — avisou.

— Para onde, senhor?

— Você está com as chaves?

O segurança assentiu, também era responsável por levá-lo para todo canto, sendo assim tinha as chaves do carro.

— Ótimo, vamos.

Não deu nem tempo de Nicholas pensar, no segundo seguinte os dois já estavam dentro do carro. Heeseung sentou no banco de trás e tirou os sapatos, jogando-os em cima do banco.

— Senhor, está tudo bem sair desse jeito? Afinal de contas é o seu aniversário.

— O seu trabalho é me obedecer, então quando eu digo uma coisa, você não questiona e apenas faz, entendeu? — o repreendeu — Dirija para qualquer lugar, eu não me importo, apenas vá.

Tendo entendido o recado, o segurança se calou e começou a dirigir. Por um longo tempo, nenhum dos dois disse nada. Heeseung escorou o rosto na janela do carro e ficou olhando sem vida para os prédios e casas que passavam rápido pela noite escura. Havia um lugar para onde Nicholas sempre ia durante a noite quando queria ficar sozinho, por isso ele dirigiu até lá sem pensar muito sobre isso.

Depois de algum tempo, os dois estavam diante de uma praia. Assim que o carro parou, o Lee ficou curioso.

— Que tal esse lugar, senhor? — o segurança perguntou — É Rockaway Beach, estamos no Queens.

Heeseung parecia interessado, apesar de ter nascido e morado em Nova York a vida inteira, seus pais jamais frequentaram as praias da cidade, então aquilo era como um novo mundo.

— Como você conhece esse lugar?

— Minha família mora perto daqui. Eu costumava vir de vez em quando durante a noite, costuma ser bem vazio.

Aquela não parecia uma ideia ruim, então o Lee concordou em acompanhá-lo. Os dois saíram do carro e foram até a praia vazia, tinha apenas um casal sentado mais adiante, por isso tinham privacidade. Ele tirou as meias e caminhou na areia fofa até encontrar um lugar para sentar. Nicholas estava de pé, então ele bateu na areia ao seu lado para que ele sentasse e o segurança obedeceu. Assim, os dois olharam para a escuridão do mar àquela hora e ficaram em silêncio por um longo tempo, até que Heeseung fez menção de deitar para trás na areia e o outro o deteve.

— Senhor... — Nicholas tirou o paletó e o estendeu na areia para que ele pudesse deitar por cima sem se sujar.

O Lee deu uma risadinha.

— Uau, você realmente sabe como fazer o seu trabalho.

Dito isso, ele deitou no paletó do outro e ficou olhando para o céu noturno estrelado. Depois de um tempo disso, fez uma pergunta que o segurança não esperava ouvir.

— Ei Nicholas, qual foi o dia mais feliz da sua vida?

— Hum — ele pensou — Acho que quando minha irmã mais velha teve o seu filho e eu me tornei tio.

— Sério? — Heeseung ficou chocado — Esse foi o seu dia mais feliz?

— Minha irmã teve uma gravidez difícil, então eu fiquei muito feliz que o bebê e ela estavam saudáveis.

O Lee pensou sobre isso e assentiu depois de um tempo. Como não tinha irmãos, não conseguia se relacionar com esse sentimento.

— E o seu, senhor? — o segurança ousou perguntar.

— O meu? — ele refletiu — Quando eu fugi com alguém e fomos para um castelo longe daqui... foi como se eu tivesse sumido do mundo por um tempo, eu fui feliz naquela época.

Heeseung ainda conseguia se lembrar vivamente daqueles dias, especialmente do sorriso de Jake. Ao pensar sobre isso, seu coração incomodou um pouco.

— O senhor tem muitas preocupações — Nicholas o tirou de seus pensamentos — Não deve ser fácil...

— É — ele olhou para o segurança e assentiu — Nunca foi.

Dito isso, ele sentou na areia novamente e olhou a hora no celular.

— Tem algum hotel perto daqui? Estou ficando com sono.

— O senhor não vai nem avisar o seu pai?

— O que eu acabei de dizer? Você não me questiona, você apenas faz o que eu te mando fazer — ele resmungou — Você é o meu segurança e não do meu pai, entendeu?

Dito isso, Nicholas assentiu e falou que conhecia um hotel perto dali, então o levou até lá. Sem demais perguntas, eles pegaram um quarto e quando subiram, o Lee foi direto tomar um banho. No entanto, assim que saiu do banheiro, não encontrou o segurança em lugar nenhum. Já estava indo procurá-lo quando abriu a porta e viu que ele estava parado do lado de fora no corredor.

— O que diabos?

— Estou fazendo a sua segurança, senhor.

— Você vai ficar a noite inteira parado aí fora?

— Eu não ousaria entrar no quarto do senhor.

— O quê? — Heeseung resmungou e o puxou para dentro, fechando a porta atrás deles — Deixa de ser ridículo, ninguém sequer sabe que eu estou aqui. Você pode dormir, nada vai acontecer.

Nicholas estava sem jeito, seu trabalho não era dormir no mesmo quarto que o seu chefe. Além disso, havia apenas uma cama de casal e um sofá pequeno, por isso logo foi sentar no sofá.

— Está com medo de dividir a cama comigo? Acha que eu vou te comer? — o Lee deu uma olhada no corpo dele e sorriu travesso — Bem, eu tenho uma certa fama mesmo.

O segurança ficou envergonhado e não disse nada, apenas tirou o sapato e deitou de qualquer jeito no sofá. Heeseung sabia que o máximo que tinha conseguido era tirá-lo daquele corredor, por isso não insistiu, apenas jogou um cobertor por cima dele e foi até a cama para repousar.

O quarto estava silencioso o suficiente para que ele logo fosse consumido por seus pensamentos. Estava cansado de tudo, cansado de seu pai, daquele casamento estúpido e de todas as obrigações que tinha. Queria desaparecer do mundo, fugir para um castelo distante como se mais nada no mundo existisse. No entanto, dessa vez sabia que isso não resolveria nenhum dos seus problemas.

Jake não estava mais ao seu lado e agora ele tinha que dormir sozinho naquela cama. Tudo tinha mudado, ele só não sabia por quanto tempo aguentaria aquelas mudanças... 

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