Your Blood

By AnaAnonima11

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A vida é igual a um gato, quando está parada e quieta demais olhando para a sua cara ela enfia as garras em v... More

Respirar embaixo D'água...
Alguém que deve conhecer.
Um Pedaço De Mal Caminho.
Olhos escarlates...
Olhos Âmbar...
Smiles e Café.
Cafeína demais para uma mulher e um homem só!
Comida Chinesa e Jack Daniel's (1)
Comida Chinesa e Jack Daniel's (2)
Presas Não Tão Perigosas

(Não) faça essa hora extra!

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By AnaAnonima11

Rachel:

Finalmente, são 6:50 da tarde e meu expediente acabou. Eu organizo os últimos papéis que revisei passando os dados para o computador. Meus olhos já começam a pesar, afinal, fiquei literalmente o dia inteiro lendo e enviando arquivos e e-mails, então a última coisa que eu quero ver é uma tela! Agora eu só preciso entregar a papelada para o meu chefe. Armazeno os papéis em uma pasta, já grampeados para que ele possa assinar, e arrumo a minha mesa de trabalho para ir ao seu escritório. Me dirijo aos corredores iluminados pela fraca luz amarelada de lâmpadas, algumas já sinalizando necessidade de troca, piscando de forma que projetam sombras estranhamente macabras no chão.

Suspiro antes de começar a caminhar, meus passos são mansos e cautelosos, o som agonizante emitido pelos meus saltos altos rasga meus ouvidos já cansados de atender telefonemas.

Paro diante da porta de madeira envernizada, está aberta, quase escancarada. A sala está escura, nem mesmo a luz  vinda da cidade, entra pelas janelas. Começo a me perguntar se não teria abandonado o expediente, mas não, se tivesse o feito a porta estaria trancada, e ele é quem tranca as portas do andar. Suspiro apertando a pasta vermelha onde armazeno os documentos.

- Senhor? - Dou um passo hesitante à frente empurrando a porta com mãos trêmulas.

- Eu já disse! Trabalho com funcionários todos os dias preciso dos remédios! - ele berra arfante ao telefone.

 ''Remédios?''  Há algo errado, com certeza há algo muito errado acontecendo aqui.

- Henry, acalme-se, você precisa se controlar. - Uma voz estranhamente mansa e calma diz do outro lado da linha telefônica. O que apenas me deixa mais curiosa e hesitada do que antes. Ando um passo à frente, meus pés movidos pela curiosidade.

 Adentro a sala permitindo que mais luz entre pela porta, minha visão pega uma silhueta alta e masculina se destacando dentre o vazio e escuro da sala. Então me arrependo completamente de ter entrado nesse lugar. Meus olhos basicamente saltam para fora e minhas mãos trêmulas soltam os papéis ao vê-lo iluminado pela luz. Tem marcas de mordidas por todo o braço esquerdo, os ferimentos causados pelos caninos são mais fundos e estão empoçados de sangue. Há um rastro de sangue fresco escorrendo de sua boca até o queixo e seus dentes e língua estão manchados. As presas estão mais alongadas e pontudas; os olhos gélidos e as íris coloridas de um vermelho vinho; as pupilas dilatadas e desespero e raiva dominam sua feição, as sobrancelhas juntas, como se ele lidasse com um conflito interno intenso. As veias dos braços e lateral da cabeça pulsam mascando a pele pálida, quase tão branca quanto leite e suada.

- o quê...? o quê está...?

Minha capacidade verbal se vai pelos ares. Henry solta o telefone que se pendura no fio, balançando de um lado para o outro. Seus olhos se arregalam quase tanto quanto os meus e ele vira lentamente a cabeça, seus olhos fuzilam os meus como se lessem a minha alma.

- R-Rachel, não é o que... não é o que parece!

Se não é o que parece eu não tenho ideia do que é, meu chefe é um vampiro, um assassino.

Minha cabeça começa a girar e tudo parece confuso e distorcido, me manter de pé é impossível e correr é inútil. Minha visão se torna embaçada, tudo o que vejo são borrões bruscos e meu coração bombeia sangue no ritmo de um trem. Minhas pálpebras antes já pesadas agora pesam toneladas e meus pulmões buscam por ar desesperadamente. Sinto minha consciência indo embora e meus pés parecem não suportar o peso do meu corpo me fazendo cair para frente.

-  Rachel! - grita enquanto se apressa em impedir a minha queda. Meus músculos perdem a força e eu caio como se fosse uma boneca de pano nos braços dele. - Tudo bem... ok, vai ficar tudo bem!

Suas palavras são a última coisa que consigo escutar antes de apagar totalmente.

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      Os fracos raios alaranjados e quentes do sol me forçam a abrir os olhos, meu corpo está deitado em uma cama King Size forrada por lençóis macios e perfeitamente lisos, como se tivessem acabado de sair da secadora. Um edredom grosso e macio me protege do frio da manhã e minha pele está morna pelo sono. Estou vestida com uma camiseta larga e bege, tem literalmente o dobro do meu tamanho, e isso com certeza não é meu!

Percebo em desespero que não estou no meu apartamento e muito menos no escritório. É um quarto gigantesco, cortinas azuladas estão abertas, permitindo a entrada de luz e calor solar, o chão coberto por um assoalho de madeira e seu aspecto limpo indica que todo chão está coberto por cera já seca, as paredes são pintadas de branco, com exceção de parte da parede onde a cabeceira da cama se encosta, ela é pintada de um cinza - jornal escuro. A cabeceira é estofada e forrada por veludo cinza, de tom mais escuro que a parede acinzentada. 

Ao lado da cama, dois criados - mudos de madeira escura, quase preta têm abajures brancos e simples apagados em cima da superfície envernizada. Um tapete retangular enorme e peludo de cor cinza enfeita o chão escondendo parte do assoalho. No teto, pintando de branco, um lustre me faz questionar se não estou dormindo.

Todo o cômodo tem uma estética clean e ''simples''. O ambiente cheira à citronela e desinfetante. Reparo uma porta de ébano à minha esquerda além da porta de entrada, provavelmente estou em uma suíte.

Tentando raciocinar, o desespero se torna maior ao ver um de meus pulsos preso à algemas, me mantendo aprisionada na cama, e, cresce ainda mais quando eu tenho a péssima ideia de espiar debaixo dos cobertores. Vejo minhas pernas nuas, brilhando e cheirando a óleo corporal, me dou conta de que estou usando apenas uma camiseta  que nunca vi na vida e tem o dobro do meu tamanho e minha lingerie verde oliva. Meus nervos queimam junto a minhas bochechas em nervosismo.

A maçaneta da porta de entrada gira e meu coração falha uma batida quando vejo Henry entrando no quarto, calçando chinelos e vestindo um conjunto de pijama bege: uma camiseta e uma bermuda, ambas de algodão e perfeitamente lisas. Seu cabelo negro e brilhante e os olhos azul - esverdeados estreitos estão sonolentos. Ele me analisa de cima a baixo e coça a nuca antes de começar:

- Bom dia... - diz como se tivesse ensaiado isso mil vezes, como se lesse um roteiro.

Meu coração bate num ritmo staccato, o sangue parece ferver enquanto corre pelas minhas veias e sinto-as pulsando debaixo da minha pele. Sinto um grito se formar na minha garganta enquanto meus neurônios trabalham furiosamente na possibilidade de isso ser um pesadelo.

- O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO? - grito libertando meu nervosismo interno.

- Acalme-se! - ele retruca cobrindo os ouvidos com as mãos na tentativa de abafar a audição.

- POR QUE EU...? - Lanço um olhar assassino para Henry que parece ler meus pensamentos , seu rosto se torna pálido e os músculos se contraem. - QUEM TROCOU AS MINHAS ROUPAS? E POR QUE ESTOU...?

Abro a boca para tentar terminar a frase, encontrar algo para dizer, mas sou incapaz de formular uma única palavra. Vendo que eu pretendo gritar ele gesticula com as mãos e me interrompe rapidamente:

- NÃO SE APAVORE! Me escute! a empregada trocou suas roupas e te deu banho, você dormiu no quarto de hóspedes, e... Eu juro por Deus que não fiz nada com você. Só está algemada porque se acordasse, poderia fugir.

 Eu escuto, mas, minha atenção se volta para as ataduras que envolvem seu braço esquerdo, escondendo as cicatrizes dos ferimentos, não foi um pesadelo. Suspiro longamente iniciando uma linha de pensamento:

 ''Ok, talvez, só talvez! tenha sido uma péssima ideia fazer essa hora extra! Mas agora já aconteceu...'' - Deve ser a minha expressão explicitamente preocupada e tensa porque assim que aperto os olhos ele começa a se explicar:

- Eu sei que está confusa, assustada e... muito provavelmente acha que eu vou te matar.

- E vai? - desafio tentando não parecer tão frágil.

- Não... eu não vou te machucar... pelo menos... vou tentar.

 ''Tentar?!!!" - O pensamento invade meu cérebro como um furacão. Sei que isso soa estranho, mas Henry e eu somos chefe e funcionária, trabalhamos juntos, então... desenvolvemos uma certa... intimidade, profissional, é claro! mas ainda assim não consigo sentir o medo que deveria estar sentindo, quero dizer, eu já deveria ter desmaiado assim que o vi entrar no quarto, eu passei a noite na mesma casa que a pessoa que vi sugar o próprio sangue na noite passada. Mas isso parece ser algo mais. Até que ponto estou envolvida?

- Rachel, - Ele se aproxima da cama e toca de leve o torso da minha mão. encolho-me instintivamente recolhendo a mão. Vejo a culpa se afogando nos olhos dele. - Vamos tentar conversar...

"Conversar?" sobre o quê?.

- O que há para conversar? Henry francamente! eu te vi chupando sangue como um animal na noite passada, não há o que conversar! Eu vou dizer isso ao RH, eu vou tentar uma transferência, qualquer coisa...!

Me arrependo imediatamente das palavras ditas quando vejo a intensa cor do vermelho vivo preencher suas íris, junto a uma mudança brusca em sua feição: o rosto suando frio, a mandíbula tensa, as veias saltando... Em questão de segundos ele se move como um raio, fechas os dedos em torno dos meus braços e aproxima o rosto ao meu. A cada centímetro que Henry avança quebrando o espaço entre nós eu recuo um passo. Seu aperto se torna mais forte, as mãos suadas e firmes. O maior à minha frente me puxa para si e me encara com um olhar estranhamente fraternal.

- Rachel Ryan Lancaster. Eu, Henry Dawson Clarck digo a você agora: nunca, jamais faça o que fez, não me desafie... - diz em tom de alerta.

- I-isso... é uma ameaça? - pergunto, francamente assustada sentindo o seu olhar me atravessando, um olhar estranhamente cauteloso e amável, que por incrível que pareça me atinge como uma facada.

- Isto é um aviso, um conselho de um amigo, se quiser me chamar assim. Eu apenas o digo porque quero o seu bem.

- Se quer o meu bem, me solte dessa porcaria. - Balanço o pulso preso fazendo o metal tilintar.

Ele olha para meu pulso e logo depois seus olhos pousam em mim, seu olhar penetrando fixamente nos meus olhos. Abre um meio sorriso, e isso me assusta, a cor dos olhos voltando a ser o azul cristalino de antes. Esses olhos azuis parecem carinhosos demais  para serem dele, carinhosos e belos demais para serem reais.

- Como quiser, mas... me prometa que não vai sair correndo como uma maluca.

- Juro. - digo de cabeça baixa. - Se não me machucar! - acrescento com urgência.

Meu superior esconde o sorriso o substituindo por uma expressão  triste e nublada.

- Eu já disse que não vou fazer nada. - me confirma enquanto me liberta das algemas. - Só precisa confiar em mim.

- Confiar...?

- Acreditar que é verdade.

- E é verdade?, senhor - provoco, mas dessa vez de brincadeira com um sorriso forçado. Parece funcionar, em questão de segundos um sorriso muito bem escondido se esboça no rosto dele.

- Hoje nós dois vamos trabalhar pelo computador. Então... pode descansar mais um pouco, ontem foi uma noite... estressante, no mínimo.

Henry se levanta, passa os dedos pelo cabelo e caminha em direção à porta fechada, seus dedos se fecham em torno da maçaneta e ele a gira me observando ligeiramente por cima do ombro antes de me deixar sozinha. A solidão que eu tanto preciso agora.

Suspiro massageando o pulso direito para aliviar a dor causada pelo aperto das algemas. É um alivio estar sozinha de novo, poder por a mente no lugar.

 " Não tem o que fazer, eu já vi o que vi, e o RH com certeza não acreditaria em um discurso tão absurdo saído da boca de uma funcionária qualquer, não sem provas, no caso... eu não tenho nenhuma! nem mesmo o meu celular está comigo, mas que gênia você é, Rachel! deixar a porcaria do telefone, que é a única coisa que poderia te ajudar, no carro. Afinal... onde diabos está o meu carro?" 

 Suspiro cansada, meu cérebro está fervendo. Agora talvez a minha única opção seja confiar nele e tentar agir naturalmente. A policia jamais acreditaria numa coisa tão absurda, o RH riria da minha cara, e minha família é formada por mim, meu irmão de 14 anos e minha mãe que mal pode andar.

Eu vou ter que lidar com isso sozinha.

<3

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