•YARA•
estava totalmente perplexa e sem reação.
como Luan pode ter escondido de mim que minha irmã havia sido encontrada?
e principalmente, porque ele só me contou isso agora que Draco disse que ela foi embora?
e porra, como assim ela foi embora?
são tantas perguntas, é demais para mim.
me encosto na parede, escorregando devagar por ela até chegar no chão.
Luan se coloca ao meu lado, segurando meu braço.
-Luan... você- (eu grunhi, mas ele me cortou)
-não ouse ficar irritada comigo, eu ia te levar até lá amanhã! (ele disse irritado)
-eu não entendo... como ela fugiu? como ele permitiu? (eu estava confusa)
-então... eu meio que deixei alguns pequenos detalhes de fora. (ele deu um sorriso nervoso)
•ALGUNS MINUTOS LONGOS E DESASTROSOS DEPOIS•
meus olhos estavam arregalados e Luan estava a alguns centímetros de distância, parecendo receoso de estar perto de mim.
-ALGUNS PEQUENOS DETALHES? (eu gritei perplexa) -ELA MORRER E SEU IRMÃO TRANSFORMAR ELA EM UMA VAMPIRA PARA VOLTAR A VIDA SÃO SÓ ALGUNS PEQUENOS DETALHES?
(me aproximei furiosa, vendo o mesmo se afastar e segurar uma almofada em suas mãos)
-QUAL FOI, A CULPA É MINHA, PORRA? (ele gritou irritado)
-COMO SOUBE DISSO E NÃO ME CONTOU NA HORA? (eu não conseguia me acalmar, me aproximei novamente vendo o mesmo ir para trás do sofá e colocar a almofada em sua frente como defesa)
-CULPE O MEU IRMÃO, NÃO A MIM! (ele disse apontando para mim)
-POIS EU VOU MESMO! (eu disse indo em direção a porta)
-o que?? onde está pensando em ir? (ele disse se colocando na minha frente)
-vou perguntar para o seu irmão quem ele pensa que é para me esconder isso!
-olha (ele riu) -eu não sei o que vocês humanos tem na cabeça, na verdade duvido que seja um cérebro. por que acham que são tão fortes?
eu abri a fechei minha boca, explodindo de raiva.
virei as costas e andei em passos pesados até às escadas, não queria mais falar com ele, pela manhã tentaria convencê-lo a ir atrás da minha irmã comigo.
•JASMINE•
já fazia algumas horas desde que eu estava vagando pelas ruas da cidade, sem saber ao certo o que fazer.
até que me sentei em um banco que havia perto de uma praça, já cansada de tanto andar.
alguns minutos se passaram, até que uma senhora parou a minha frente.
-olá jovem, está tudo bem? (ela disse parecendo preocupada)
-ah... (estava sem reação, vampiros nunca haviam sido gentis comigo) -eu... acabei brigando com meus pais e sai de casa, estou um pouco perdida.
-eu percebi, parece desamparada (ela disse com um olhar de pena) -quase te confundi com uma mera humana! (me segurei para não demonstrar irritação com suas palavras)
ela me olhou por alguns instantes, parecendo pensar.
-estou precisando de uma atendente em minha loja, posso lhe oferecer um quarto e comida caso trabalhe para mim! (ela sorriu)
-sério? (eu me levantei animada) -é claro, muito obrigada, senhora!
-imagina, não precisa agradecer, venha! (ela disse de maneira acolhedora, me guiando pela rua)
• • • • • • • • • • • • • • • •
quando chegamos até lá, pude perceber que era uma casa acoplada com uma pequena loja de doces, tinham uma decoração antiga e delicada.
fiquei encantada com cada cantinho, admirando com precisão.
"venha, vou lhe apresentar o meu filho e minha neta, eles moram comigo!"
essas palavras me fizeram tremer.
ela não havia me reconhecido, mas e se eles me reconhecessem? se percebessem que eu era humana, estou ferrada.
entramos na parte do cômodo que aparentemente era a sala, sua casa era pequena e compacta, eu gostava de lugares assim.
pude ver uma pequena menininha desenhando algumas flores em uma folha de papel, enquanto um desenho antigo passava na Tv a sua frente.
olhando para o outro lado, quase me engasguei com a minha própria saliva, vendo que um homem me encarava com o semblante fechado, ele parecia ser um pouco mais velho do que eu, tinha barba e cabelos pretos, a pele pálida e os olhos vermelhos, que pareciam se misturar com um pouco de preto.
-quem é ela? (ele disse sem tirar os olhos de mim, me sentia nervosa)
-essa pobre garota está com problemas em casa, então decidi deixá-la ficar aqui, pode me ajudar com a loja também! (ela sorriu, ficava surpresa em ver que ainda existiam vampiros meigos)
-aqui não é um abrigo, mande ela procurar o que fica no final do segundo quarteirão.
-que blasfêmia! os soldados lá são rudes e pervertidos, não sabe as histórias que contam, lá? como pode me dizer para mandar ela para lá!
senti meus pelos se arrepiarem, algo me diz que nesse lugar ao qual eles falavam, eu estaria ferrada mesmo que não descobrissem que sou uma humana.
o homem se levantou, era tão alto que eu tinha que olhar para cima para conseguir visualizar bem a sua imagem.
ele se aproximou de mim, fiquei tensa.
-se for alguma pessoa má intencionada, querendo se aproveitar de minha mãe, irei esquecer que é uma vampira e farei o que faria com uma humana. (ele disse ríspido, tive que me segurar para não cair no chão por conta de todo nervosismo que tomava conta do meu corpo)
-s-sim, senhor... (eu disse tentando não gaguejar, ainda não tinha perdido o hábito de responder vampiros como uma "vampira" também.)
ele tinha o semblante escuro, pude ver seus olhos percorrendo todo meu rosto e meu corpo como se me estudasse.
-você... (ele disse arqueando a sombrancelha, tranquei minha respiração) -é estranha. (ele completou se afastando, soltei o ar que estava prendendo, me sentindo aliviada)
-me perdoe pelo temperamento ruim do meu filho, ele não teve boas experiências no passado! (ela disse de maneira acolhedora)
-imagina, está tudo bem, senhora! (eu sorri, tentando confortar ela)
-venha, vou lhe emprestar algumas roupas e depois você me ajuda a preparar uma boa janta, não está em época de caça e cozinhar é divertido!
eu sorri, acompanhando ela por um corredor.
o que eu faria se a vontade esmagadora de provar sangue voltasse novamente?
eles perceberiam que isso não é normal.
tudo bem, tudo bem...
precisava me acalmar, um passo de cada vez.
•DRACO•
a humana irritante de Luan andava de um lado para o outro irritada, estava quase perguntando se ela queria fazer um experimento e descobrir se humanos tinham a habilidade de voar, já que estávamos no segundo andar da minha casa.
-não acha perigoso deixá-la solta pela rua? (Luan disse percebendo que Yara estava longe demais para escutar nossa conversa)
-não sou idiota, tenho dois homens de confiança a vigiando, se alguém tentar machucar elas, eles iram intervir. (eu disse folheando um livro) -mesmo de longe, não deixaria de cuidar do que é meu.
-do que "era" seu, né? porque se me lembro bem você deixou ela partir.
-ela precisa de um tempo para pensar (eu suspirei) -estar tanto tempo sob meus cuidados deixou ela mal acostumada, está agindo como uma pirralha mimada e isso me irrita.
-hum... faz sentido, era óbvio que não iria deixar ela ir embora tão facilmente.
-ela tem meu sangue, está ligada a mim para sempre. (eu disse calmamente, sentindo as palavras saírem de maneira doce de meus lábios)
-e então? você já pensou que ela pode se machucar lá fora sozinha? (Yara disse se aproximando, me fazendo revirar os olhos)
-não, inclusive escrevi "é humana" em suas costas antes que ela partisse. (eu disse voltando a ler meu livro)
-LUAN! (ela olhou para ele, em busca de que ele me respondesse por ela, era engraçado ver como os dois estavam próximos)
-vamos, em casa conversamos. (ele disse a puxando pela mão)
enquanto ela tentava sair, sem sucesso, eu acenava e lhe dava tchauzinho, vendo a mesma fumegar de ódio.
fechei o livro, impaciente.
era difícil esperar, não gostava de esperar.
sei que ela precisava do seu espaço para perceber certas coisas, mas queria arrastar ela novamente para casa e fazer com que ela se arrependesse por achar que poderia ficar longe de mim.
e por que esses imbecis ainda não haviam me dado notícias dela?
não estava usando esse quadrado tecnológico que chamam de celular, se não fosse para isso.
quase de imediato com meu pensamento, escutei meu celular vibrar.
vi que era a mensagem de um dos meus guardas, então abri.
boa noite, senhor!
lhe peço desculpas pela demora para lhe enviar notícias, estávamos verificando tudo corretamente antes.
Jasmine parece ter se hospedado na casa de uma senhora, aparentemente ela mora com sua neta e seu filho.
a menina tem 5 anos e o filho cerca de 28 segundo os vizinhos próximos.
amanhã iremos entrar em contato novamente, estamos de plantão a alguns metros da casa.
estreitei meus olhos enquanto lia aquela mensagem.
já havia encontrado um lugar para ficar? confiou tão facilmente em um estranho?
não sabia se a mesma era muito esperta ou muito burra.
não me agradou saber que está dividindo a casa com um homem.
é bom manter distância, pois se eu souber que o mesmo a tocou, não vou esperar que perceba merda nenhuma, irei trazer ela para casa nem que seja jogada em meus ombros.