Uma noite - Jikook 🏳️‍⚧️ | M...

By evy_amaze

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[Em andamento] [Livro físico 20/10 pelo selo Dream Amaze] Jeon Jungkook e Park Jimin não faziam ideia que est... More

Sejam bem-vindos
|1| Decepções
|2| O bar
|3| último apartamento
|4| Dia seguinte
|5| Estúdios
|6| Desabafos
|7| Frio na barriga
|8| Peras e maçãs
|9| Ferrado
|10| Aceitação
|11| Primeiro ultrassom
|12| Cartas na mesa
|13| Reunião
|14| Singularidade
|15| Contrato
|16| Um encontro nada legal
|17| Primeiro de setembro
|18| Novo lar
|19| Ida a Busan
|20| Papéis
|21| Hospital
|22| O debut
|23| Treze de outubro
|24| Hotel
|25| Mal-entendido
|26| Angel Baby
|27| Caixinha preta
|28| Mudança
|29| Resultados
|30| Primeiro encontro
|31| Fotografías
|32| Montanha-russa de sentimentos
|33| Grande noite ¹
|34| Grande noite ²
|35| Primeiro passeio
|36| Momentos definitivos
|37| Ariel está aqui
|38| Primeiro dia com ela
|39| Confiança, apoio e reciprocidade
|40| um capítulo final
|42| Documentos
|43| Live
|44| Um sucesso ou um fiasco?
|45| Planos explícitos
|46| Casa nova
|47| Novas experiências
|48| Auto-cobrança
|49| Gravações
|50| Pai em tempo integral
|51| Combustível para o desejo
|52| Ciúmes
|53| Casamento de verão
|54| Primeiro álbum
|55| O que acontecerá?
|56| Possibilidades
|57| Um tempo passou
|58| Ensaios e medos
|59| Premiação
|60| Rio Han
|61| Amor
|62| Decisões judiciais
|63| Oficialização
|64| Hawoo
|65| Tarde ensolarada
|66| Passos
|67| Anos de mentira
|68| Pais e Filhos
|69| O momento de um sonho
|70| A sensação de liberdade
|71| Jantar romântico
|72| Beijos quentes
|73| Homem mau
|74| Questões e primeiras paixões
|75| Últimos preparativos
|76| Nosso casamento
|77| Lua de Mel

|41| Eu o quero também

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By evy_amaze

🤍 O capítulo não foi revisado, então desculpem os eventuais erros 🤍


#pandagravidinho 🐼

🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑

"Jimin"

Não conseguia ficar em paz.

Passava das cinco da manhã, mas eu não conseguia descansar.

Ariel e NamHa já haviam mamado, Taehyung havia feito as mamadeiras, trocado as fraldas e até conversado com os dois bebês no carrinho de passeio enquanto apenas perambulava pelo apartamento. Tudo para fazê-los voltar a dormir e me permitir ter um tempo de descanso.

Mas sem Jungkook aqui eu simplesmente não conseguia descansar.

E quando Taehyung sentou ao meu lado, cansado, eu o agradeci. De todos os tios ele certamente era o melhor do mundo.

ㅡ Vai dormir, Minie. ㅡ ele pediu, bocejando e fechando os olhos.

ㅡ Não consigo, mas você deveria ir.

ㅡ Eu tô bem. ㅡ falou, bocejando novamente ㅡ essa vida de tio é cansativa, mas é muito legal. Eu gosto.

ㅡ Obrigado por estar aqui. ㅡ o abracei, me aninhando a si no sofá quando nós dois simplesmente caímos lá, deitados ㅡ você é o melhor tio do mundo. Merece um prêmio.

ㅡ Mereço mesmo.

Sorri, mas me ergui quando ouvi o som do elevador chegando ao apartamento e me ergui ao vê-lo abrir.

Corri rapidamente, mas freei os passos quando vi o rosto triste de Jungkook e suas roupas com sangue.

ㅡ O que... aconteceu?

Meu namorado não respondeu, apenas negou e abaixou o rosto, chorando sem controle.

Meus olhos se arregalaram, minha sogra parecia tão triste quanto ele, mas foi Seokjin que se aproximou e abraçou Taehyung, sussurrando para ele que Namjoon não havia resistido, e mesmo que eu tivesse ouvido apenas aquilo, sem sequer saber o que havia acontecido, corri, abraçando meu Jeon com tanta força que quase me fundi.

Imaginei que ele estivesse quebrado em milhares de pedaços, mas não o deixaria se perder em meio aqueles estilhaços.

ㅡ Sinto muito ㅡ sussurrei para ele, o sentindo me abraçar em retorno, fungando na curva do meu pescoço quando escondeu o rosto ali. ㅡ sinto muito, Jun. Muito mesmo.

ㅡ Eu não...

ㅡ Está tudo bem. ㅡ falei, sentindo-o tremer.

ㅡ Eu não o impedi, Jimin. Não cheguei a tempo.

ㅡ Você não tem culpa de nada, vida. Nada...

ㅡ Ele... ㅡ Jungkook puxa o ar com força, se engasgando com as novas lágrimas que voltam a descer ㅡ eu não consegui impedi-lo, e... Namjoon, ele...

ㅡ Shh... ㅡ voltei a abraçá-lo, sentindo meu próprio coração se partir.

Caminhei com meu Jeon para o quarto, não queria me importar com nada além dele mesmo.

Retirei suas roupas sujas, ainda o ouvindo chorar alto, e o levei para debaixo do chuveiro, adentrando ali com ele com roupa e tudo.

Jungkook não queria me deixar, e isso não me atrapalhava em literalmente nada.

Enquanto a água caia, ele tremia e me apertava mais e mais, mas no fim, ele parecia uma criança. Seus olhos se perderam num ponto neutro, seu nariz ainda fungava, mas ele não reagia mais.

Eu o vesti, penteei seus cabelos e limpei mais uma vez suas lágrimas que continuavam vindo como um rio.

No fim, ele quis ir ver os bebês.

Silenciosamente, Jungkook se ajoelhou diante do bercinho com Ariel e NamHa e chorou mais.

Eu me abaixei ao seu lado, o abracei e quis que toda dor de seu corpo sumisse.

Passava das seis da manhã quando ele se deitou todo torto na poltrona do quartinho, mas não me importava vê-lo sem conforto ali. Apenas sentei sobre o braço da poltrona e o ninei.

O ninei e fiz aquilo enquanto ele continuava a me apertar, mas quando Jungkook enfim dormiu, eu me permiti chorar. Me sentia confuso, sem saber de fato o que havia acontecido, mas não queria ouvi-lo me contar.

Não sabia o que havia acontecido nem com ele ou com Namjoon. Não sabia onde Namjoon estava e de onde havia vindo todo aquele sangue.

Não sabia nem como ficaria NamHa em meio a tudo isso.

Mas quando ele repousou num profundo sono, eu também já me sentia cansado, mas me ergui. O deixei bem ali, dormindo ao lado dos bebês e fui até a sala, encontrando com minha sogra que estava sozinha, sentada numa das cadeiras da mesa de jantar, divagando enquanto focava num ponto neutro.

Taehyung e Seokjin dormiam no meu sofá.

ㅡ Sogra... ㅡ sentei a sua frente, buscando suas mãos para sentir o conforto único que ela me dava. ㅡ o que aconteceu?

Ouvi seu suspiro pesado, seus olhos miraram um ponto neutro e demorou até que ela enfim me olhasse e confessasse:

ㅡ Namjoon morreu.

Senti meu corpo inteiro congelar. A olhei, buscando qualquer resquício de que aquilo não fosse verdade, mas minha sogra assentiu, derrubando uma lágrima solitária e silenciosa.

ㅡ Como aconteceu?

ㅡ Foi um acidente. Ele... eu não sei, ele estava doente, talvez confuso... mas Namjoon entrou no meio do trânsito e quando um caminhão estava indo em sua direção, ele...

ㅡ Meu Deus! ㅡ cobri a boca, a ouvindo chorar baixo ao cobrir o rosto.

Assim como com Jungkook, me aproximei de minha sogra e a abracei.

ㅡ Jungkook estava lá ㅡ ela falou ㅡ ele o viu, falou com ele, mas... os machucados de Namjoon era tantos que ele não resistiu.

ㅡ Sinto muito, sogra. Sinto por tudo isso.

ㅡ Eu também sinto. ㅡ ela ergueu o rosto, limpando as lágrimas ㅡ eu só não queria que o fim fosse assim. Mas agora que acabou, eu não sei como serão as coisas...

ㅡ Fala de NamHa?

ㅡ Quem ficará com ele? ㅡ ela fungou, me olhando.

ㅡ NamHa tem tias, não é?

ㅡ Nenhuma daquelas garotas tem responsabilidade para serem mãe ou pai dele. A Hirai está trabalhando para uma empresa no japão, precisa sempre viajar e não virá para Seul buscá-lo ou irá mudar algo por ele, eu tenho certeza disso, e a Nayeon acabou de completar vinte e um... ela não quer ser mãe. Dahyun era a mais velha, ela era a mais responsável dentre todas. Mas NamHa ficará sozinho?

ㅡ Sogra... ㅡ apertei sua mão, desta vez abaixando o olhar ㅡ eu sei o que a senhora quer...

ㅡ E você acha impossível? ㅡ ela perguntou, baixo.

ㅡ Eu acho que pode ser doloroso. ㅡ fui sincero ㅡ não quero me apegar aquele bebê se uma pessoa virá e o levará de mim. Eu tenho Ariel, já será difícil, eu sei, mas eu enfrentaria tudo por ele se assim fosse. Mas não vou dizer que serei o pai de NamHa agora porque Namjoon se foi. Há leis, a gente precisa respeitá-las.

ㅡ Eu sei... ㅡ ela suspirou, abaixando os olhos também ㅡ me desculpa te colocar nessa posição.

ㅡ Está tudo bem. ㅡ toquei sobre seu ombro, sorrindo pequeno ㅡ vamos esperar um pouco. Eu prometo à senhora e a quem quiser que eu prometa. Se NamHa for nosso, eu serei para ele um pai assim como serei para Ariel. Jungkook falou sobre os fãs, sobre a minha carreira que ainda é nova, mas o amor não é algo que controlamos. E se eles me amam mesmo, vão me entender e me apoiar. Vão amar meus filhos.

ㅡ Seus filhos... ㅡ ela falou baixo, sorrindo pequeno ㅡ eu seria avó de dois...

ㅡ Seria. ㅡ sorri, a puxando para um abraço apertado ㅡ mas agora, sogra, por favor, vá descansar. Você pode ir para o quarto, Jungkook está com os bebês e eu tô sem sono. Descanse um pouco.

ㅡ Tem certeza? Você deve estar cansado.

ㅡ Estou bem, acredite. Vá dormir um pouco, tudo bem?

ㅡ Está bem. ㅡ ela suspirou. ㅡ obrigada, filho.

Apenas sorri para minha sogra, a observando caminhar devagar pelo corredor.

Quando enfim fiquei sozinho, suspirei. Deitei a cabeça sobre a mesa, observando meu irmão que dormia confortavelmente dentro dos braços de Seokjin e sorri confortável.

Esperei até que minha sogra pudesse estar dormindo e fui para o quarto buscar por roupas limpas. Tentei não fazer barulhos, então fui rápido e me banhei no banheiro de Ariel, sorrindo pelo cheirinho típico de neném que havia ali.

Mas quando enfim já passava das sete, eu me sentia um pouco melhor. Fiz café para todos, ovos e até mamadeiras eu deixei prontas.

Quando ouvi passos, sorri ao ver meu Jeon com Ariel nos braços. Ele tinha os cabelos totalmente bagunçados, mas a bebê em seu colo estava quietinha e desperta.

ㅡ Troquei a fralda dos dois. ㅡ Jungkook falou, bocejando ㅡ vim fazer a mamadeira dela.

ㅡ Eu já deixei pronta. ㅡ informei, buscando-a para em seguida buscar minha filha ㅡ imaginei que seria mais prático do que dar peito.

ㅡ E menos doloroso. ㅡ ele falou, me abraçando e deixando um beijo em minha testa.

ㅡ Como você tá se sentindo? ㅡ o abracei como dava, beijando seu queixo também.

ㅡ Um trapo ㅡ ele foi sincero ㅡ mas eu vou melhorar.

ㅡ Você vai... ㅡ toquei sobre seu rosto, sorrindo. ㅡ preparei café da manhã. Você precisa comer.

ㅡ Você já comeu?

ㅡ Já ㅡ menti, forçando um sorriso. Tudo o que Jungkook precisava se importar agora era unicamente ele. ㅡ vai lá.

Ele assentiu, buscando um pouco de café, bebendo ainda enquanto estava quente. O observei enquanto dei a mamadeira de Ariel e seus olhos ainda pareciam opacos e perdidos.

Mas eu não o interrompi. Fiz Ariel beber todo leite e sorri quando minha pequena arrotou assim que terminou. Quando Taehyung despertou junto com Seokjin, fizeram companhia a Jungkook, comendo em silêncio.

E quando NamHa acordou, pude ver Jungkook se erguer às pressas, indo até o quartinho onde o bebê chorava e voltando de lá com ele todo enroladinho na manta.

Meu Jeon sentou ao meu lado, me mostrando o bebê que estava acordado. Sorri, mas agradeci a Taehyung quando ele trouxe a segunda mamadeira e Jungkook mesmo foi quem deu ao bebê.

No fim, ficamos apenas daquele jeito. Sentados lado a lado, quietos e com os bebês sobre nosso colo.

Era bom.

Quando minha sogra acordou, ela buscou Ariel e eu pude ficar um pouco com NamHa.

Era como se eu tivesse acabado de ter gêmeos, não tinha muito jeito, mas me esforçava.

Preparei a banheira e dei banho em ambos, recebendo a ajuda de Taehyung novamente quando precisei vestir ambos os bebês.

ㅡ O que vai acontecer agora, Minie? ㅡ ele perguntou baixo.

Por mais que estivesse apenas nós dois no quarto, ele parecia ter cuidado para que ninguém nos ouvisse.

ㅡ Eu não faço ideia.

ㅡ Alguém vem buscar ele? ㅡ ele se referiu a NamHa.

Busquei o bebê e o coloquei sobre meu colo, sentando sobre a poltrona.

Taehyung penteava os cabelos de Ariel e parecia se entreter bem com aquilo.

ㅡ Não sei e não perguntei a Jungkook. Eu tenho medo de fazê-lo chorar.

ㅡ Ele está muito mal, né?

ㅡ Em pedacinhos, Tae... perder Namjoon na primeira vez o magoou muito, mas agora, assim... isso vai demorar pra curar. E se curar.

ㅡ Ele vai precisar de ajuda. Ajuda familiar e profissional.

ㅡ Eu sei. ㅡ suspirei, voltando meus olhos para NamHa. ㅡ mas eu vou ter que perguntar. Uma hora ou outra, eu terei. Só espero que no fim, NamHa tenha o melhor, independente do que aconteça. Ele mal nasceu e já perdeu tudo o que tinha de mais importante no mundo. Vai precisar de ajuda para curar esse coraçãozinho também.

ㅡ Uma hora ou outra ele irá saber, né?

ㅡ Infelizmente...

Suspirei e trouxe o bebê para mais perto, passeando o nariz pelos cabelinhos escorridos e escuros. Tinha um cheiro tão bom...

ㅡ Mas se quer saber, vocês são lindos juntos ㅡ ouvi meu irmão falar e ergui rapidamente os olhos.

ㅡ Não faz isso ㅡ pedi ㅡ por favor...

ㅡ Só falei a verdade. Não é um crime.

ㅡ Mas magoa. Não agora, mas talvez no futuro. Não quero me apegar a ele.

ㅡ Acho que já é tarde demais para isso.

Chiei, mas ergui os olhos quando encontrei Jungkook parado na entrada do quarto. Ele observava ambos os bebês com um sorriso pequeno e terno, natural, nos lábios. Mas quando seus olhos vieram para os meus, ele se aproximou, deixando outro beijo sobre a minha testa.

ㅡ Eu preciso ir. ㅡ avisou ㅡ vão levar Namjoon para a funerária e eu terei que... você sabe, ficar com ele. Eu sou o irmão dele...

ㅡ Eu sei. Você quer que eu vá com você?

Jungkook negou.

ㅡ Você ainda está no seu período puerpério. Não se esqueça disso. Fique aqui, durma quando os bebês dormirem. Taehyung pode ajudar você, não é? ㅡ ele olhou para meu irmão, que assentiu em prontidão ㅡ fique bem, tá? ㅡ seus olhos voltaram para os meus, sua boca deixou um selar pequeno sobre a minha.

ㅡ Você também, vida. E tudo bem se você quiser chorar, está bem? Leve isso e lembre que mesmo não estando ao seu lado, eu vou secar suas lágrimas. ㅡ Jungkook observa o lenço branco que retiro do bolso. Já estava ali porque eu sabia que durante o decorrer do dia, ele poderia cair em lágrimas e eu queria realmente secá-las. Mas como eu disse, não é necessariamente preciso eu estar ao seu lado para que isso aconteça.

ㅡ Eu amo você. ㅡ ele sussurrou, me dando um novo e último beijo.

ㅡ Também amo você.

Jungkook sorriu pequeno. Tocou sobre os cabelinhos de NamHa e quando se foi, fez o mesmo carinho sobre os cabelos de Ariel.

ㅡ Vocês formam um casal tão bonito e sólido. ㅡ Taehyung falou ㅡ Fico orgulhoso de vocês.

ㅡ Sinto de você e o Seokjin também. ㅡ falei, vendo-o sorrir ㅡ tô faminto. Será que essa criaturinha aqui vai dormir? ㅡ voltei os olhos para NamHa, sorrindo.

Ele tinha os olhos curiosos tão atentos a tudo que com certeza não dormiria tão cedo.

ㅡ Deixa ele aqui comigo, eu dou conta. ㅡ meu irmão falou.

ㅡ Dá mesmo?

ㅡ Claro. E você come rápido, então não precisa ter medo.

Ri para Taehyung, mas concordei. Minha barriga chegava a roncar de verdade.

ㅡ Se precisar, grita. Eu tô aqui do ladinho mesmo. ㅡ o avisei, vendo-o assentir.

Observei Ariel e NamHa juntinhos com as perninhas minúsculas para o ar. São tão fofos juntos.

Mas saí do cômodo antes que Taehyung desistisse daquela tarefa árdua de tio.

Senti minha barriga roncar novamente e fui até a cozinha, encontrando um prato sobre o balcão, coberto por plástico filme. Sorri quando vi um bilhete preso sobre ele.

"Para o Jimin. Coma enquanto estiver quente e saboroso, eu amo você. Assinado, a melhor sogra do mundo."

Ri baixinho, me sentindo amado, mas quando li o verso do bilhete, tudo ficou ainda melhor.

"A ideia do bilhete foi minha, eu também te amo. Assinado, Jungkook."

ㅡ Como são bobos... ㅡ deixei o bilhete preso na porta da geladeira e retirei o plástico.

A comida estava cheirosa, tinha carne, legumes cozidos e arroz. Além de uma tigela que estava ao lado, também coberta, com um pouco de Miyeok-guk, típica refeição para quem acabou de ter um bebê.

Comecei a comer de pé mesmo, apoiado no balcão e observei a casa em sua completa organização.

ㅡ Você limpou tudo? ㅡ perguntei a Seokjin, que estava sentado no chão, no canto da sala perto da janela, observando algo sobre o computador em suas pernas.

ㅡ Eu tive que fazer algo para ajudar também. A propósito, tem suco de laranja na geladeira, Jungkook mandou avisar.

Apressei a buscar o suco na garrafinha deixada ali e não me surpreendi ao ver outro bilhete. Aquele tinha apenas um coração no centro, mas como o anterior, eu o prendi na geladeira.

ㅡ Ele saiu com a senhora Jeon?

ㅡ Sim, os dois foram juntos até a...

ㅡ Funerária. ㅡ falei, vendo-o assentir.

O assunto deixava sempre um peso no ar. A TV não havia sido ligada e eu sabia que era para que nada relacionado ao acidente aparecesse ali. Então, sem muito o que fazer, ainda preocupado em como meu Jeon ficaria no segundo em que visse Namjoon novamente e sem poder segurá-lo porque, eu sabia e sentia que ele desabaria novamente, apenas tratei de terminar de comer e lavei a louça, voltando para o quarto, encontrando Taehyung sussurrando uma história infantil para as crianças.

🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑

"Jungkook"

Eu não conseguia pensar em nada além de que veria Namjoon novamente, e sem vida.

Meu corpo estava pesado, arrepiado, mas eu tinha que fazer aquilo por ele e por todos.

Então, assim que chegamos à funerária, assinei outra porção de papéis e encontrei com o corpo do meu melhor amigo novamente.

Diferente de antes, Namjoon estava limpo, sem sangue ou marcas que me fizessem lembrar do acidente. Ele vestia um terno branco, estava sobre uma mesa metálica e a sala inteira era fria, assim como certamente estava seu corpo.

ㅡ Você não quer fazer o funeral tradicional? ㅡ ouvi minha mãe perguntar. Ela estava ao meu lado e assim como eu não havia me aproximado Namjoon, ela também parecia ainda muito assustada com tudo.

ㅡ Não vou conseguir fazer isso por três dias inteiros, mãe. ㅡ falei, a olhando ㅡ além do mais, Namjoon sempre falou que queria apenas ser cremado sem pessoas ao redor de seu corpo chorando ou se lamentando... Vamos respeitar o desejo dele, tá bem?

ㅡ Tudo bem. Ele era religioso?

ㅡ A mãe dele era católica e o levava a missa antes de morrer. Namjoon dizia que gostava de ir, mas ele não ia com frequência.

ㅡ De todo modo, vamos chamar um padre, o que diz? Ele pode rezar e iluminar o caminho que a alma dele possa fazer. Pode falar palavras de conforto nesse momento também.

Assenti. Mesmo que eu também não fosse religioso, talvez aquilo fosse fazer bem no fim.

Mamãe quem resolveu sobre o caixão que receberia seu corpo e todo o resto. Eu apenas fiquei sentado naquela sala, olhando Namjoon, tentando trazer aquela imagem para a realidade, mas parecia uma mentira.

Não dava para acreditar que ele havia mesmo morrido.

Mas no fim, eu só estava me enganando porque eu já sabia qual era a realidade.

Passaram-se horas. O corpo de Namjoon ficaria na funerária porque lá também tinha o serviço de cremação e parecia ser o melhor dentre os que minha mãe pesquisou nas horas que passamos ali.

Então eu retornei para a casa, eu abracei o meu namorado e passei um tempo com a minha filha e com NamHa, me desligando um pouco do mundo real.

Eu os alimentei, os coloquei para dormir durante a noite e fiquei os observando até que Jimin me chamasse para dormir.

Agradeci meu cunhado por ajudá-lo naquele dia inteiro. Eram os primeiros dias de vida da minha filha, além de ser a recuperação de Jimin. Eu deveria estar ao seu lado, mas por infortúnio do destino, eu não podia, portanto, ter Taehyung ao lado dele significava muito. E deixava tudo mais tranquilo quando Seokjin abdicava completamente do trabalho presencial para o trabalho remoto, apenas para ficar ao lado deles também.

E no fim da noite, no silêncio e na escuridão do quarto, Jimin me abraçou.

A sensação do abraço, mesmo que ele sendo tão pequeno e tendo braços menores que os meus, foi de conforto.

Eu sabia que aquela era uma das linguagens de amor dele e me sentia grato.

Não houve beijos ou sequer palavras. Foi apenas um abraço e meu corpo recebeu tudo o que precisava. E só então, foi que eu pude conseguir dormir.

🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑

Quando o novo dia se iniciou, sorri ao abrir os olhos e encontrar com o rosto de Jimin completamente amassado. Sua boca estava aberta, um fio de saliva escorria por ali enquanto ele roncava baixinho, mas ainda era extremamente adorável.

Ele demonstrava estar exausto, por tanto, me ergui devagar e caminhei até o quartinho de Ariel, não me surpreendendo quando encontrei minha mãe ali de pé, dando uma mamadeira a NamHa enquanto o tinha nos braços e cantarolava baixo.

ㅡ Bom dia. ㅡ me aproximei de si, deixando um beijo sobre seus cabelos e toquei sobre a bochecha do bebê, que piscou ao perceber meu dedo pertinho de si. ㅡ bom dia, garotão.

ㅡ Ele estava chorando, então eu mesmo cuidei de tudo.

ㅡ E Ariel? ㅡ perguntei, buscando meu pedacinho de gente do berço. Estranhamente, Ariel estava acordada e quieta. Ela sempre chorava, mas com NamHa ali, ela parecia mais calma.

ㅡ Eu fiz a mamadeira, mas ainda não dei. Aproveitei que ela estava quietinha para dar a dele primeiro.

ㅡ É aquela mamadeira ali? ㅡ perguntei, apontando para a que estava sobre o móvel de trocador. Minha mãe assentiu. ㅡ pode deixar que eu mesmo dou.

Busquei a mamadeira, me sentando sobre a poltrona quando a organizei em meu colo e a vi rapidamente buscar pelo bico, sugando com força.

ㅡ Bom dia, amor. ㅡ sussurrei para ela, passeando o nariz sobre os cabelinhos arrepiados.

Diferente de NamHa, Ariel abriu ainda mais os olhos, dando a semelhança de Jimin quando estava curioso.

E por falar nele...

ㅡ Bom dia. ㅡ ele apareceu no quarto, bocejando e tão descabelado quanto Ariel.

Jimin se aproximou de NamHa, deixando um cheirinho nos cabelos dele antes de vir até Ariel e fazer o mesmo, me dando um beijinho no fim.

ㅡ Dormiu bem? ㅡ perguntei quando ele sentou ao meu lado, observando nossa filha também.

ㅡ Graças a melhor sogra do mundo, sim. ㅡ ele disse, fazendo a mamãe sorri ao lhe olhar ㅡ a senhora é definitivamente o meu anjo na terra, sogra.

Mamãe adorava elogios, principalmente quando era Jimin quem os fazia. Ela simplesmente ficava sorrindo atoa.

ㅡ Preciso tomar banho ㅡ avisei quando Ariel terminou a mamadeira, a colocando para arrotar ㅡ precisaremos ir em uma hora.

ㅡ Tudo bem. A babá virá logo, então eu também preciso tomar banho.

ㅡ Babá? Eu pensei que você fosse ficar em casa. Ainda está se recuperando.

ㅡ Eu sei, mas estou bem. Juro. Além do mais, a babá é o Taehyung. Talvez Seokjin também.

Ouvi o riso da mamãe, e não contive o meu também. Era bom sorrir um pouco em um dia que eu sabia que seria ruim até o seu fim.

ㅡ Acha que eles dão conta?

ㅡ Eles são bons tios. Seokjin é o melhor dindo, sabe disso.

ㅡ Claro, se ele se colocou nesse posto antes mesmo da gente convidá-lo oficialmente, então é obrigação dele ser excelente por ela.

ㅡ Ou por eles. ㅡ mamãe falou, nos fazendo lhe olhar rapidamente ㅡ só falei. ㅡ ela se virou, como se não quisesse nada.

Jimin suspirou, me olhando nos olhos e mesmo sem palavras, eu sentia o que ele dizia.

ㅡ Eu sei, também não quero me apegar. ㅡ falei, ouvindo-o suspirar novamente ㅡ mas Namjoon falou algo sobre assegurar meus direitos com NamHa. Ainda não sei o que é, mas talvez quando SoHee esvaziar o apartamento dele, ela encontre algo.

ㅡ Quem é SoHee? ㅡ Jimin perguntou. Só então me dei conta que nunca falei dela para ele.

ㅡ É a ex-esposa de Namjoon. No dia que Dahyun me contou que estava grávida e Namjoon me contou que o bebê era dele, SoHee havia ido embora porque também descobriu da traição. Certamente Namjoon a contou como me contou, eu só nunca perguntei nada a respeito, sabe? Mas eles eram casados na igreja e no papel.

ㅡ Namjoon já foi casado? Mesmo? ㅡ Jimin pergunta, realmente surpreso. Assinto.

ㅡ ele foi... e SoHee era uma boa esposa para ele, assim como eu, não merecia nada daquilo. E mesmo após o divórcio, ela disse que não o odiou sequer por um dia inteiro.

ㅡ E ela sabe do bebê?

ㅡ Ela sabe. Mas também quer que NamHa fique bem. Em meio a isso tudo, ele é o único inocente em tudo.

ㅡ NamHa... ㅡ Jimin voltou a olhar para o bebê. ㅡ acha que, mesmo não sendo mais esposa dele, ela tem direitos sobre ele também?

Ri baixo, vendo como meu namorado parecia preocupado, mas neguei.

ㅡ Não, amor. Ela não tem. NamHa é de Namjoon e Dahyun. É uma criança, não um bem material. As únicas pessoas que têm direitos sobre ele são as irmãs de Dahyun. Mas nenhuma apareceu até o momento, então talvez...

ㅡ Talvez elas não queiram um bebê. ㅡ Jimin me olhou. Assenti novamente.

Meu namorado se ergueu, buscando o bebê dos braços da minha mãe quando se sentou no banquinho de apoiar os pés.

ㅡ Se ficarmos com ele, teremos que nos mudar. ㅡ falou de súbito, fazendo, desta vez, minha mãe me olhar.

ㅡ Não vamos falar sobre isso agora. ㅡ falei.

ㅡ Vamos, sim, por favor. ㅡ Jimin insistiu. ㅡ quando eu engravidei de Ariel, eu senti medo, você sabe. Tinha medo de tudo. Da dor, do peso, das mudanças que teriam no meu corpo e principalmente porque não me sentia pronto para colocar um ser humano no mundo sem ferrar com a cabeça dele como a minha mãe tentou sempre ferrar com a minha. Eu tinha medo de não ser suficiente... mas agora eu sou, Jun. Eu sei que sou. Pode parecer loucura, mas eu sou pai há mais que apenas cinco dias. Eu sou pai desde que senti aquele desejo estranho de comer maçã e até antes de saber que estava grávido mesmo. E eu pensei... e se tiverem dois bebês dentro de mim? Esse foi um novo medo que me veio. Mas então eu vi apenas um e senti alívio. Pensei que assim era mais fácil, mas não tem nada de fácil... mas, sabe... mesmo sendo difícil com um, eu posso enfrentar a dificuldade de dois, também.

ㅡ Jimin...

ㅡ Eu te disse que não queria pensar sobre isso porque já estava pensando. E eu sei que você também está, Jun. Eu te conheço.

ㅡ Eu também conheço! ㅡ minha mãe diz, me fazendo sorrir.

ㅡ Não vamos entregar esse bebê a pessoas que podem não ter o amor, carinho, cuidado e atenção que ele merece.

ㅡ Eu acho que não somos nós quem decidimos isso, Jimin ㅡ falei ㅡ infelizmente, não é.

ㅡ Mas e se a oportunidade aparecer? ㅡ ele parece realmente falar sério ㅡ o que podemos fazer? Dizer sim ou não? Porque... por mais que eu o queira, você também precisa querê-lo. Nós somos uma família agora.

ㅡ Eu o quero. ㅡ falei sem desviar os olhos, sentindo como se um peso saísse das minhas costas. ㅡ além de Namjoon, ter me escolhido para ficar com ele. Para ser o pai dele também, eu me apaixonei e não consigo parar de pensar que outras pessoas podem levá-lo. Então é por isso que não quero falar. Eu vou sofrer ainda mais porque NamHa é tudo o que restou dele e eu posso perder novamente.

ㅡ Ah, amor... ㅡ Jimin se ergueu. Ainda com NamHa nos braços, ele sentou sobre minha coxa e deitou a cabeça sobre a minha. Ariel estava em colo também, e como na noite anterior, observei ambos os bebês em nosso colo.

Não quero mais separá-los.

🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑

Taehyung já havia chegado, e como Jimin havia previsto, Seokjin havia vindo junto consigo para ser babá dos bebês.

Eu terminava de me arrumar. Jimin havia organizado a minha gravata e eu o vi pôr um terno depois de muito tempo juntos.

Não era do jeito que eu sabia que ele amava vestir, sempre colado ao corpo, marcando tudo o que podia. Mas ele estava lindo e confortável, e isso era tudo o que importava.

Nos despedimos dos babás e seguimos juntos para o carro. Mamãe e SoHee estavam conosco. Após se apresentar formalmente para Jimin, nós nos oferecemos para levá-la até o local que Namjoon seria cremado e ela simplesmente aceitou ao dizer que sabia que não teria forças para dirigir sozinha.

Um motorista nos esperava. Jimin adentrou o carro primeiro e eu fui só em seguida. Quando já estávamos no caminho, sua mão segurou a minha com força e, novamente sem palavras, ele me consolou.

ㅡ É estranho sair de casa sem Ariel. ㅡ ele disse quando me abraçou do jeitinho que dava. ㅡ passei tanto tempo com ela juntinho de mim que me desacostumei ser só eu.

ㅡ Logo voltaremos e você poderá ficar abraçado a ela como um coala. ㅡ falei.

ㅡ Hm... com licença ㅡ ouvi a voz de SoHee e a olhei ㅡ eu ainda não os parabenizei pelo bebê, então... parabéns. Ariel é um lindo nome.

ㅡ Obrigado ㅡ Jimin agradeceu sorrindo para ele.

ㅡ Mas e... o outro bebê?

ㅡ NamHa? ㅡ perguntei.

ㅡ É, o... bebê do Namjoon... Vocês ficarão com ele?

ㅡ Ainda veremos essa questão. ㅡ respondi.

ㅡ Mas nós ficaremos com ele se puder. ㅡ Jimin respondeu rapidamente em seguida, não a deixando sequer falar.

ㅡ Ah... espero que sejam felizes. Farão uma linda família, além de NamHa que terá Ariel como uma irmã.

ㅡ Eles crescerão juntos ㅡ Jimin comentou ㅡ isso fará bem a ambos.

ㅡ Com certeza.

Eu sabia que a animação que Jimin sentia por NamHa poderia ser ruim caso não acontecesse o que ele queria.

Mas eu não me sentia no direito de chamar sua atenção novamente. Principalmente porque ele estava mesmo radiante.

Quando o carro estacionou, uma pedra gigantesca recaiu sobre meu peito. A realidade me acertou e outra vez busquei acalento nas mãos de Jimin que seguraram.

Caminhamos juntos pelo lugar e cumprimentamos o funcionário responsável que nos levaria até a sala reservada para o breve funeral que seria realizado para meu melhor amigo.

O padre chegou poucos minutos depois. Não havia muitas pessoas ali. Apenas nós, três colegas de trabalho dele e o porteiro do prédio que ele morava.

Namjoon definitivamente estava mais sozinho do que eu imaginei.

Nos sentamos em silêncio, seu corpo estava posicionado no meio da pequena capela. O padre iniciou, disse palavras bonitas e abençoou sua alma, pedindo-a para encontrar a luz.

Eu não entendia ao certo algumas partes, mas estava convicto de que a morte não era o fim. Ele falava em caminho de luz, em paz e em chances de reparação. Não dava para acreditar que Namjoon, a pessoa cheia de erros e acertos que eu conheci, havia se ido com a morte. Seu espírito era especial, não se findaria junto ao último respirar.

Então eu fechei meus olhos. Não pedi nada a Deus ou a qualquer outra divindade. Mas pedi a Namjoon... Pedi que ele entendesse que estava tudo bem. Ele não tinha culpa de nada. Que poderia trilhar o caminho que tivesse a seguir, que eu cuidaria bem do presente que ele me deu.

Que talvez, numa próxima vida, a gente se encontre e seja melhores amigos também. Mas amigos de verdade, que se entendem e que se apoiam. Que se defendem mesmo estando errados. Que não largam as mãos quando um problema aparece.

Talvez um dia nós poderemos morar lado a lado, em casas grandes e com quintais com gramado tão fresco que nossos filhos vão adorar aquele pedacinho.

Talvez um dia... Namjoon volte a sorrir para mim.

Talvez um dia tudo desaparecerá e nós dois escreveremos novas histórias em novas linhas.

Tudo pode acontecer, menos o fim definitivo.

E quando voltei a abrir os olhos, eu já não sentia mais como se estivesse afundando num mar revolto e escuro.

Ainda era doloroso, mas agora era suportável.

Ao fim, seguimos para a sala que nos separava de onde o caixão de Namjoon estava. Agora fechado, eu o observava através de uma abertura de vidro. O processo de cremação iria iniciar e nós poderíamos aguardar bem ali.

Minha mãe sentou ao lado de SoHee e os colegas de Namjoon, mas eu fiquei de pé. E não me surpreendeu quando senti a mão de Jimin se enrolar vagarosamente em meu braço e sua cabeça deitar em meu ombro.

Quando buscaram o caixão eu tentei me segurar, mas quando vi as portas de metais se fecharem com o caixão já dentro do espaço onde ocorreria a cremação, não consegui e deixei as lágrimas virem.

E como antes, Jimin buscou um lencinho de seu bolso e me entregou, antes de deixar um beijo em meu ombro e voltar a deitar a cabeça.

Passaram-se algumas horas até que aquilo chegasse ao fim. Eu me sentei quando ele enfim conseguiu me convencer e esperei ao seu lado e em silêncio.

E quando a urna escolhida por SoHee foi nos entregue, a realidade enfim me chegou e eu pude senti-la sobre os meus dedos.

ㅡ Vamos levá-los para o cinerário. ㅡ mamãe disse.

Assenti junto a Jimin e me despedi dos homens ali. De volta ao carro, SoHee nos acompanhou também. A viagem foi breve, naquele momento ela carregava a urna com cuidado excessivo e caminhava ao lado do homem responsável que cuidava do local.

SoHee entregou a urna ao homem e Jimin buscou as flores que havia pedido ao motorista para buscar. Era algo pequeno, mas simbólico. Ele retirou uma flor e me entregou, entregando outra a mamãe e a SoHee também.

ㅡ Que você descanse em paz, irmão. ㅡ falei, colocando a flor ao lado de sua urna, observando Jimin e minha mãe fazerem o mesmo.

SoHee, entretanto, ficou quieta. Ela engolia o choro, mas rompeu bem ali. Mamãe a abraçou, mas sabia que ela tinha que ir até o fim, então a incentivou a colocar a flor ao lado das outras, e sorriu quando SoHee respirou fundo e buscou um Porta retrato de madeira escura onde havia uma foto de Namjoon sorrindo.

E no fim, quando o homem fechou o cinerário, deixando-nos apenas observando cada uma daquelas coisas, tudo voltou a doer outra vez.

ㅡ Dahyun está aqui? ㅡ Jimin perguntou quando saímos juntos, caminhando pela grama.

ㅡ Eu não sei onde Dahyun está. Mas depois pergunto às irmãs dela, NamHa pode querer visitá-la no futuro.

ㅡ Será bom para ele saber onde os pais estão.

ㅡ Tem razão. E por conta disso, eu queria te levar a um lugar.

ㅡ Um lugar?

ㅡ Uhum. ㅡ busquei a mão de Jimin, vendo como ele estava confuso. Caminhamos quietos, ouvindo o som dos pássaros e do vento nas árvores.

Definitivamente aquele era um lindo dia.

Quando adentramos outro prédio do cinerário, pude ver a interrogação no centro do rosto de Jimin.

ㅡ O que viemos fazer aqui?

Caminhei por mais alguns passos, parando de frente ao lugar onde eu queria.

Jimin olhou na direção, arregalando os olhos em seguida.

ㅡ Jeon Duhan? Esse é...

ㅡ O meu pai. ㅡ falei, olhando dele para a foto ao lado da urna de mármore. ㅡ não costumo vir muito aqui, não sou um bom filho.

ㅡ Você é sim. ㅡ ele falou, voltando a olhar para a foto do papai ㅡ mas você não vai me apresentar?

Sorri pequeno para Jimin, me pondo de joelhos. Ele me acompanhou, e parecia nervoso mesmo conhecendo o sogro que sequer estava vivo mais.

ㅡ Papai, quanto tempo, né? ㅡ falei, eu me sentia envergonhado. Não gostava mesmo de ir até ali, mas eu sabia que deveria ir visitá-lo mais ㅡ eu sinto muito se demorei muito tempo, mas... eu trouxe alguém para você conhecer.

Jimin coçou a garganta, juntou um pouquinho mais as pernas e colocou as mãos sobre as coxas.

ㅡ Esse é Park Jimin, pai. Ele é o meu namorado.

ㅡ É um prazer conhecê-lo, senhor Jeon. ㅡ Jimin falou, fazendo um longa reverência, o que me fez sorrir novamente.

Voltei os olhos para a foto do meu pai, tentando imaginar como ele iria reagir ao conhecer Jimin em vida.

ㅡ Pai... eu sei que talvez o senhor não sabe, mas eu gosto de homens também. Eu deveria ter vindo te contar no momento em que descobri, mas eu tinha medo, essa era a verdade. Mas Jimin cuida de mim, pai. Assim como a mamãe cuidava do senhor. E ele me deu o maior presente que poderia me dar ㅡ voltei os olhos brevemente para ele, me sentindo grato ㅡ ele me deu uma filha. Dá pra acreditar que o senhor é avô? ㅡ ri baixo, sentindo-me tolo. ㅡ você iria adorar conhecê-la. A mamãe fala muito sobre ela parecer comigo quando era bebê, mas eu a acho a cara de Jimin.

ㅡ Ela é uma mistura muito bonita de nós dois, senhor Jeon. ㅡ Jimin falou, fazendo-me voltar a lhe olhar ㅡ e se me permite dizer, senhor Jeon. Vendo sua foto agora, Ariel sorri como o senhor. As sobrancelhas dela se erguem sempre, a senhora Jeon sempre diz que isso é o mais bonito nela. Acho que é porque a faz lembrar do senhor.

Não consigo parar de olhá-lo. Jimin sempre é tão leve e seguro em situações que eu certamente estaria acabado se não tivesse ao seu lado que me faz pensar que talvez ele seja a minha vitamina.

O que me faz ser melhor.

E olhando-o, eu consigo imaginar finalmente como o papai reagiria se o conhecesse em vida. Mesmo com preconceitos, talvez ele conseguisse ver o brilho em Jimin e se apaixonasse por ele como a mamãe se apaixonou.

Seria impossível dele odiar Jimin.

Ninguém no mundo consegue odiá-lo de verdade.

Nos despedimos do papai também, encontrando com a mamãe e SoHee além do motorista.

Fizemos o caminho de volta em silêncio e vez ou outra SoHee fungava, deixando-se chorar pela perda.

Quando chegamos ao apartamento, Jimin se apressou a apertar o andar do nosso lar porque estava morrendo de saudade dos bebês.

Mas quando as portas se abriram, ele não correu em direção quer onde Taehyung estivesse com eles. Jimin apenas franziu o cenho como sempre faz ao ficar confuso e caminhou devagar, observando o homem que também vestia um terno parado no meio de nossa sala.

ㅡ Senhor Jeon? ㅡ ele perguntou a Jimin, mas meu namorado negou, olhando e apontando para mim.

ㅡ Olá, eu sou Jeon. ㅡ me apresentei, erguendo a mão.

Taehyung e Seokjin pareciam tensos ali, cada um segurando um bebê.

Mas quando o homem apertou minha mão pude enfim ouvir seu nome e o porquê dele estar aqui.

ㅡ É um prazer conhecê-lo, senhor. Sou Ha Yejun, advogado do senhor Kim Namjoon e estou aqui para falar sobre alguns documentos.

[Continua]

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