LILI: JUNTOS ATÉ DEPOIS DO FIM

By Leo_Lunaris

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🎖️Prêmio Menção Honrosa no "Desafio Cósmico" Categoria: Melhor capa (com a capa anterior.) 🥇 Primeiro luga... More

PREMIAÇÃO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE: FINAL
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS

CAPÍTULO CINCO

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By Leo_Lunaris

      O dia estava ensolarado e Andressa convidou Seu Balthazar para dar um breve passeio por entre o jardim, enquanto ouvia mais um pouco das memórias dele.

— Como se sente, Seu Balthazar? Está gostando do passeio?

— Está adorável, minha jovem. Enquanto damos esta caminhada, vou lhe contar o dia em que briguei com Lili.

— O senhor? Não consigo imaginá-lo sendo grosseiro. — Riu.

— Pois eu fui e até hoje, pago pela forma como a tratei.

Sentaram-se em um banco, onde a sombra de uma frondosa árvore os protegia do sol.

— Tudo começou assim...

"Havia uma menina chamada Mayra, que estava um ano adiantada que eu. Eu a achava linda e como todo adolescente, sonhava em namorar uma garota tão bonita quanto ela.

Estava no estádio, assistindo uma partida entre duas turmas dos adiantados. Ela me encarava da arquibancada à frente da minha, com um sorriso encantador. Naquela época, o espaço era bem mais simples e as arquibancadas eram de madeira. Tudo muito simples, mas por incrível que pareça, eram mais duráveis.

Pois bem! Lá estava eu e meus colegas e mesmo que não tivesse algum interesse em ver o jogo de basquete, era uma ótima oportunidade para ver as garotas das outras turmas. Eu olhei os dois times e escolhi um e comecei a torcer.

Mayra era a garota mais popular da escola, mas eu nunca tive qualquer chance com ela e também não chamava a atenção, já que sempre fui franzino e principalmente porque ela vivia rodeada de garotos sarados e atléticos. Eu era apenas um garoto magro, tímido e cheio de sardas.

— Não vai acenar pra oferecida?

— Agora não, Lili. Não amole! – Sussurrei, tentando disfarçar.

— Ela vai derreter seu rosto se continuar olhando com aqueles olhos de fogo dela! O que você viu naquela criatura?

Eu me segurava para não cair na risada. Já tinha fama de estranho, por rir do nada. Quem iria acreditar num garoto de dezessete anos que ainda falava com uma amiga imaginária?

— A blusa dela vai explodir com aqueles melões.

Assim que ela falou aquilo, não me aguentei e soltei uma risada alta, chamando a atenção de todos que estavam sentados próximos a mim. Disfarcei, voltando os olhos para a partida, que estava no seu auge.

— Fala sério! Agora ela está arrastando asinhas para aquele garoto!

— Acho que vou ter que dar uma volta, se continuar assim. — Cochichei.

— Você viu só? Ela só quer chamar atenção da escola toda para ela e como você é a vítima perfeita, não irá desistir até que caia na armadilha dela. Conheço o tipo!

Levantei subitamente, para sair daquele barulho todo e também para parar de ouvi-la. Queria respirar um pouco, então fui até os bebedouros onde ofereciam água fresca e me inclinei, enchendo meu estômago com água. Sequei os lábios na manga do meu uniforme escolar e continuei andando até chegar no corredor quadriculado, completamente vazio. Senti uma sensação de solidão gostosa, naquele momento.

Às vezes Lili sabia bem como encher minha cabeça com sua voz. E o que mais me irritava era saber que ela era criação da minha imaginação.

—Olá, Balthazar?

Me virei em direção da voz, surpreso e vi Mayra vindo em minha direção, com seu sorriso largo e passos lânguidos.

— Oi, Mayra! Vim beber um pouco de água e... fugir um pouco daquele barulho todo...

Enquanto falava, gesticulava feito uma marionete. Francamente eu não levava jeito com as garotas. Principalmente com as bonitas!

— Eu não aguentava mais ficar lá! – Ajeitou os belos cabelos para o lado.

— Exibida! – Falou Lili, que surgiu do nada.

— Pelo amor de Deus, cale a boca! – Sussurrei, nervoso.

— Como?! – Mayra arregalou os olhos, assustada.

— Não! Não é pra você! Juro! Foi para meus pensamentos! Eu às vezes me comporto feito um louco e falo sozinho, mas não quer dizer que eu seja! Longe disso, claro!

— Você é um fofo, Balthazar...

Ela sorria de forma cativante e se aproximou ainda mais de mim.

— Por que você não para de falar com seus pensamentos agora e me dá um beijo?

Baixei os olhos, implorando para Lili não recomeçar. Precisava mantê-la bem longe dos meus pensamentos naquele momento.

Mayra segurou minha mão entre as suas, levando até seus lábios, dando um leve beijo, quase um roçar de lábios. Eu conseguia sentir o perfume que exalava dela e respirei o máximo que pude, enchendo meus pulmões.

— E eu posso beijar você? – Gaguejei.

Ela se inclinou, tocando seus lábios nos meus. Se afastou, com o mesmo sorriso.

— Pronto! – Me disse, simplesmente.

— Pronto? — Perguntei, confuso.

Me olhava como se fosse a primeira vez. Fixou seus belos olhos esverdeados na minha boca. Fiquei parado olhando para ela, sem saber o que dizer, engolindo seco.

Foi meu primeiro beijo e não senti aquela sensação mágica que todos falavam. Foi bem estranho, na verdade.

— Espero que tenha gostado, Balthazar!

Saiu correndo de volta para o estádio, sem olhar para trás.

— Ela chama isso de beijo?

— Pelo amor de Deus, Lili...— Baixei a cabeça.

— Não gosto dela. Você gosta dela? Ela só veio te beijar porque perdeu uma aposta, seu imbecil!

— Pare, agora! – Sussurrei.

— Não vou! Eu não vou deixar esta criatura nojenta te enganar!

— Se eu não tivesse criado você dentro da minha cabeça, diria que está com ciúmes!

— Ciúmes? Eu com ciúmes de você? Não seja ridículo, Balt!

Saí dali, indo em direção aos banheiros masculinos, com passos firmes. Não ia dar atenção a ela. Mas quem disse que era fácil desistir? Me seguia, batendo pé.

— Você vai me ignorar?

Não respondi. A minha sorte era que estava totalmente vazio naquele momento. Todos estavam distraídos com o jogo.

Me deparei com ela sentada no balcão das pias, de braços cruzados e o cenho franzido. Seus cabelos cacheados espalhados nos ombros, lhe davam um ar quase etéreo.

— Não acredito que você me seguiu até aqui!

— Não mude de assunto, Balt! Você deixou aquela imbecil beijar você!

— Ela é uma garota e eu um garoto! Qual é o seu problema, afinal?

Eu tentava controlar o tom de voz, receoso de que alguém entrasse e me visse gritando para o nada.

— Você nem parece ser aquele amigo que me dava atenção!

— Pois eu não sou mais uma criança!

— Não é mesmo! Agora é um grande otário!

Ela erguia os braços para o alto e sacudia o corpo, totalmente transtornada. Eu nunca a vi daquele jeito. Não fazia sentido algum, já que era só minha imaginação.

Me virei na sua direção e me posicionei diante dela, quase perdendo a paciência. Mantive a postura dura, pousando as mãos em seus ombros.

— Do que você me chamou, Lili? A hora que eu quiser, faço você desaparecer!

— Vá em frente! — Me olhou, desafiadora.

O que eu pretendia fazer, iria mudar completamente as coisas entre nós.

— Olha só, Lili. Presta muita atenção no que vou te dizer, ok?

Ela fechou ainda mais a cara, amuada, franzindo as sobrancelhas.

— Estou prestando atenção. — Inclinou-se na minha direção, se colocando ainda mais perto do meu rosto.

— Eu não quero mais que você se meta na minha vida! Eu não posso simplesmente ver algo que eu imaginei, me perseguindo feito uma alma penada, para todos os lugares! Terá momentos em que eu vou precisar de privacidade, Lili! Não tenho mais doze anos! Você precisa parar!

Fui interrompido com um beijo. Mas não um simples beijo, como o da Mayra. Foi um beijo mais prolongado e impetuoso. Ela apoiou suas mãos em meu peito. Senti sua língua dançar dentro da minha boca e eu mal conseguia respirar. Puxei-a para mim, me encaixando entre suas pernas e a segurei pela cintura, deixando que aquele momento se perpetuasse. Sentia ela enlaçando os braços em meu pescoço, grudando seu corpo ao meu, descendo do balcão.

Assim que nos afastamos, ela parecia imperturbável, sem piscar nenhum segundo.

— Gostou, cara de sapo?

— Eu, eu, eu... acho que sim. O que acabou de acontecer? Você é minha imaginação e...

— Acha? Você acha que sim? É o melhor que tem pra me dizer? — Perguntou-me, com as mãos na cintura, de maneira defensiva. Vi em seus olhos uma tristeza e eles ficaram um tom escuro de castanho.

— Estou ficando completamente louco! Você não existe!

— Foi tão ruim assim? — Falou num murmúrio.

— Foi bom, mas... gelado. — Fechei a cara. — Não era pra isto ter acontecido.

Ela ficou calada, me olhando surpresa e incrédula. Eu vi em seus olhos muita mágoa e tristeza. Eu não pretendia ser ofensivo, mas pra variar, fui um verdadeiro desastre!

"Isto não é nada natural! Como poderia ter algum sentimento por algo que eu mesmo imaginei?" – Pensei, assustado.

Olhei para ela, ajeitando a postura e decidi acabar com tudo aquilo de uma vez por todas. Não era natural e nem saudável. Então, falei por fim:

— Eu gostaria que você fosse embora, Lili.

— Você quer que eu desapareça da sua vida? Para sempre?

Sua voz era apenas um laivo de voz. Um murmúrio carregado de uma profunda tristeza.

Eu estava confuso e com medo do que estava sentindo e precisava que ela desaparecesse da minha vida. Precisava ter uma vida normal de adolescente, com paixões de adolescente e namoros de adolescente.

—Sim. É o que eu quero, Lili. Vá embora da minha vida, por favor. — Proferi aquelas palavras, que rasgaram meu peito.

— Balt...

— Adeus, Lili.

"Não posso estar apaixonado por algo que não existe! Posso?"

Foi o que eu pensei, antes de vê-la desaparecer em milhões de partículas cintilantes e uma fumaça azulada surgiu de repente.

Queria voltar atrás, mas já era tarde demais e só me restou o gosto de morango na boca e o perfume almiscarado no ar."

      Andressa ficou calada, olhando o homem esconder as lágrimas que desciam pelos sulcos do rosto. Abraçou-o, sem nada dizer. Foi por instinto, mas sabia que ele precisava muito daquele gesto de carinho.

— Acho que está na hora de voltar, senhorita Andressa. — Sorriu.

Ela levantou-se com ele, fazendo o caminho de volta. Só que agora, os dois foram em silêncio.

(1652 palavras)

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