LILI: JUNTOS ATÉ DEPOIS DO FIM

By Leo_Lunaris

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🎖️Prêmio Menção Honrosa no "Desafio Cósmico" com a capa anterior 🥇 Primeiro lugar no concurso League of Leg... More

PREMIAÇÃO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE: FINAL
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS

CAPÍTULO DOIS

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By Leo_Lunaris

No dia seguinte, a cuidadora e enfermeira Andressa, chegou um pouco mais cedo do seu horário habitual, apenas para poder ouvir o restante da história.

Se afeiçoou muito com o idoso, como se fosse seu avô e fazê-lo recordar o passado era tão benéfico para ele quanto estava sendo para ela.

Encontrou-o no jardim, apreciando o voo de algumas borboletas, que pousavam nos crisântemos brancos ainda úmidos pelo orvalho da noite anterior.

- Bom dia, senhor Menske? Que bom encontrá-lo aqui no jardim. Como se sente?

Ele virou-se na direção da jovem, sorrindo ao vê-la.

- Bom dia, senhorita Andressa. Não podia deixar de apreciar esta beleza toda. Tem coisas na vida que são tão simples e de uma grandeza imensa.

- Concordo com o senhor. - Sentou-se em um dos bancos de madeira próximo a ele.

- Você sabia que as borboletas azuis, são referência à metamorfose da vida e as transformações físicas e espirituais das pessoas?

- Eu realmente não sabia. Mas minha mãe dizia que eram sinal de boa sorte. - Sorriu.

O idoso estava em sua cadeira de rodas, com o mesmo livro da noite anterior. Ele não precisava de cadeira de rodas, mas a clínica achava mais confortável e menos perigoso. Particularmente, Andressa não concordava com este método, já que exercitar os pacientes era muito mais saudável.

- Adivinha só! Eu vim uma hora antes, só para saber mais sobre a menina. Se sente confortável para me contar?

- Será um prazer para mim. É sempre bom recordar aquela época.

- Lili era mesmo sua imaginação?

- O que mais poderia ser? - Olhou pra ela, enigmático.

- Então foi assim que você a imaginou?

Andressa sorria encantada com a história de Balthazar. Tinha o corpo inclinado, os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos no rosto. Queria que ele continuasse, mas como do nada ele ficou observando as flores, soube esperar que voltasse dos seus devaneios.

Por um momento, pensou que ele já não iria mais continuar e por uma fração de segundos se ajeitou para ir embora, quando ele a olhou com olhos marejados, que tinham um brilho especial e sorriu para ela:

- Quer que eu continue?

- Ah, claro! Por gentileza! Eu gostaria de ouvir mais sobre sua história, Seu Balthazar.

Jogou o corpo para trás, em uma felicidade quase infantil, espalmando as mãos no banco. Sabia que tinha uma hora fora do seu turno e preferia sentar e conversar com ele, do que ficar em casa, sem nada para fazer.

Ele pigarreou de leve, pousando as mãos sobre os joelhos:

- Desde aquele dia, eu e ela éramos inseparáveis e, confesso, a senhorita Andressa, que houve momentos bem constrangedores! - Riu, sacudindo a cabeça.

Ela se sentiu contagiada pela risada dele, o acompanhando. Não queria interromper com alguma pergunta, então se ajeitou o melhor que pôde e aproveitou aquele momento.

Não sabia até onde aquilo era real ou apenas a mente já sobrecarregada pela velhice do senhor Balthazar, mas nada daquilo importava. Nutria um carinho especial pelos idosos que estavam sob seus cuidados e estava realmente gostando de ouvi-lo.

- Poderia me alcançar um copo d'água, querida?

Prontamente, ela se levantou e foi buscar um copo de água fresca, alcançando-o para ele.

Após alguns goles, soltou um leve suspiro e começou a narrar, com a voz rouca e tranquila.

- Os dias iam passando e nós nos tornamos grandes amigos. Ela sempre estava ali, para me ouvir e até me ajudava com as lições de casa:

- O que tu tá fazendo, Balt? - Se aproximou, surgindo do nada.

Eu estava sentado na mesa da sala de jantar, enquanto minha mãe arrumava o andar de cima. Eu geralmente sussurrava quando ela estava por perto.

"- Lição de casa. Não tá vendo?

- É matemática? Quer ajuda?

- É sim. Eu preciso de ajuda, né? - Fiz uma careta.

- Óh, sim... Tu realmente precisas! E de muita ajuda! - Riu.

Ela se sentou ao meu lado e foi me ensinando o que eu deveria fazer. Sua presença sempre foi agradável pra mim e seu perfume me acalmava de alguma forma.

- Meu filho, preciso ir até a modista. Quer ir com a mamãe?

Minha mãe surgiu na sala de jantar, tão próximo de Lili que eu pensei que ela iria esbarrar na minha amiga imaginária.

- Não, obrigado, mamãe. Preciso acabar estes exercícios. - Sorri pra ela.

Assim que ficamos a sós, caímos na risada.

- Lili?

- Fala, Balt! - Sorriu.

- Posso tentar te desenhar?

Assim que eu perguntei aquilo, ela abriu bem os olhos e parecia que ia me dizer algo, mas desistiu logo em seguida.

- Me desenhar? - Espantou-se.

- Posso ou não?

Eu continuava escrevendo, sem encará-la, tal era minha timidez. Queria muito eternizar seus traços, mesmo que fossem mais rabiscos de um garoto do que um desenho propriamente dito. Mas já fazia alguns dias que tinha este desejo guardado em mim e como ela estava ali comigo e meus pais haviam saído, achava não ter problema em perguntar. Só que ela ficou tão alarmada com aquele pedido, que simplesmente me deixou falando sozinho."

Na época, eu não tinha entendido o porquê de ela ter se ofendido daquela forma e fiquei por um bom tempo me sentindo culpado. Só anos depois, já adulto, é que fui compreender.

Balthazar bebeu mais um gole da água, suspirando ao passo que desviava os olhos na direção das flores.

- O senhor deseja dar uma pausa, senhor Menske? - Perguntou, preocupada.

- De forma alguma, minha gentil ouvinte. São as boas lembranças que vieram me visitar.

- Ela não precisava dar autorização para desenhá-la. Afinal, foi o senhor que a imaginou, não é mesmo?

- Sim, realmente. Mas eu a via independente e de pulso firme. Diferente das meninas da época. - Sorriu apaziguador.

- E o senhor acabou a desenhando alguma vez?

- Realmente eu fiz isto, mas já era um adolescente e escondido dela!

Os dois riram cúmplices.

- Então, minha querida, darei um salto no tempo e contarei uma situação em que ela me fez passar um certo vexame na escola. Lili sempre se mostrou forte, apesar de uma menina gentil.

- O senhor, mesmo deixando de ser um menino, continuava a vê-la?

- Até pensei que, com os anos, eu iria deixar de imaginar Lili, mas que nada! Lá estava ela na escola, sempre dando sua opinião pessoal sobre as roupas das professoras ou os feios óculos dos coordenadores de disciplina.

Andressa segurou a vontade de rir, para não o tirar de suas recordações. Olhou o relógio, percebendo que a hora da refeição se aproximava e teria de levá-lo para o interior da casa.

- Senhor Menske, infelizmente terei de encerrar nossa conversa. Está quase na hora do almoço e este sol, pode prejudicar sua saúde. Vamos entrar?

- De fato! Nem notei que as horas foram passando. Você me fez lembrar de coisas maravilhosas que vivi.

- E o senhor me presenteia com suas memórias. É um prazer ouvir o senhor.

Ao passo que ia conversando, guiava a cadeira de rodas em direção à clínica. Assim que chegaram, a enfermeira colocou a cadeira na sala vasta e arejada. Se dirigiu para ele, pousando as mãos sobre as do idoso, delicadamente.

- O senhor ficará com o Douglas, agora. Meu turno retornará de tardezinha e se não for cansativo para o senhor, podemos retomar.

- Pode me chamar de Balthazar, querida. Estás sendo um anjo, oferecendo para este pobre velho, a oportunidade de voltar no tempo. Será um presente pra mim, se não lhe causar nenhum transtorno. Não quero prejudicar o seu trabalho.

- Pois não vai me prejudicar, Balthazar. - Sorriu de leve.

E assim, se despediram, marcando para mais tarde a continuação da história.

Balthazar ficou com o olhar perdido em devaneios, onde um sorriso cálido ia surgindo em seus lábios finos. Os olhos marejados escondiam a saudade que sentia da garota que sempre esteve ao seu lado.

(1281 palavras)



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