Na manhã do casamento, nem parecia que aquele dia tinha realmente chegado. O frio na barriga era o mesmo que eu senti quando disse sim ao Colin porque eu sabia que o meu tempo com Nash estava acabando, eu sabia que não iria vê-lo novamente tão cedo. Isso me fez rolar na cama de um lado para o outro durante a noite.
Quando desci pelas escadas, senti que tinha levado um banho de álcool, talvez tenha sido pela noite eletrizante, quando Nash invadiu o meu quarto me chamando para trepar o telhado da casa e ver as estrelas com uma boa taça de vinho branco. Sentia que a nossa conexão estava voltando ao normal, eu sentia o meu Nash ali. Então quando passei pelo turbilhão de madrinhas que já estavam de pé falando respirei fundo me sentindo sufocada por tamanha agitação logo pela manhã. Tínhamos uma longa mesa de café da manhã posta, com os lugares reservados e muitos empregados passando de um lado para o outro, por sorte ou azar fiquei do lado de Maggie, que já estava sentada, enrolada em seu roupão felpudo, pantufas de coelhinho e uma touca de cetim no cabelo, bebebicereando um chá de frutos vermelhos. Tão elegante ela estava com uma tranquilidade estampada em sua cara.
Puxei a cadeira delicadamente, me deixando ser absorvida pela a parte fofa da cadeira, servi um pouco de frutas, algumas panquecas e um copo de suco de laranja, espreitei pelo o canto do olho Maggie continuava em sua paz absoluta, enquanto as mulheres naquela mesa não paravam de tagarelar sobre como seria o dia mais importante das vidas das minhas amigas.
-O segredo e fingir que elas não estão aqui - Margarida sussurrou -
-Como você adivinhou?
-A sua cara de pânico diz tudo. Mas eu te entendo elas falam demasiado, parecem galinhas - neste momento tive que segurar para não ri e espirrar todo o suco que tinha na minha boca -
-Você tem razão, só espero que este dia passe logo. Sinto que estes dias todos já foram o suficiente para sair da monotonia da minha vida.
-Pretende voltar para Londres?
-Sim provavelmente amanhã ou daqui dois dias. Ainda não sei.
Porque uma parte minha se recusava em sair deste país sem lutar pelo o Miller, enquanto a outra parte se sentia envergonhada por estar mentindo para Maggie, mas apenas tentei ignorar o desespero e cumplicidade que sentia a esta mulher, de lhe contar que tenho as nádegas toda negra do seu namorado me esfolar viva na noite anterior. Eu estava divida em contar e não dizer nada e fingir demência.
Ela me deu um sorriso meigo, enquanto os rapazes passavam pela porta indo em direção ao hotel onde seria a festa. Eles iriam se arrumar no próprio hotel já que a casa iria virar um autêntico salão de cabeleireiro maquiagem tudo o que uma mulher deseja, já que eles não podiam ver essa super arrumação foram só dar um beijinho e ir embora.
Quando olhei para cima Nash estava do meu lado com uma calça de moletom cinzenta, uma blusa polo azul escuro, o cabelo estava molhado despenteado caindo sobre a sua testa. Ele olhou para baixo mas não era para Margarida, seus olhos estavam colados no decote do robe, onde ainda se notava os roxos das suas mordidelas e marcas de dedos. Olhei para o lado envergonhada, enquanto Maggie tocava gentilmente a sua cintura chamando a sua atenção, ele depositou um beijinho no topo da sua testa, enquanto ele mexeu no meu cabelo me despenteando. Como se já não fosse o suficiente estar com o cabelo todo despenteado e enrolado em nós que os seus dedos fizeram enquanto se enrolavam nos meus fios, puxando o meu corpo mais para si. Olhei para cima mas seu olhar já não estava focado no meu, ele olhava para os noivos já parados na porta à sua espera. Respirei fundo e olhei para aquela longa mesa e o barulho que faziam, Margarida riu do meu lado e continuou a beber o seu chá sem se preocupar muito com o assunto enquanto eu sentia que aquele dia seria uma completa tortura.
No fim do dia eu estava com uma trança escama de peixe e uma vestido creme com um decote em x, o que acentua ainda mais os roxos que estavam cobertos por corretivo que tinha sempre que retocar, com um salto bege e uma maquiagem leve. Entrei na limousine com as minhas amigas que se seguravam para não chorar. O casamento seria em uma antiga catedral. Quando pisei fora do carro a cerimonialista já estava a minha procura e mandou o motorista dar mais uma volta com as noivas porque elas tinham chegado na hora, noivas não chegam a horas no casamento.
Juro que Priya deve ter tomado red bull, mais um grande café do starbucks e comido mais qualquer coisa energética porque aquela mulher não parava falando em seus vários walkie talkie. eu já estava ficando zonza com tantas pessoas à minha volta. Eu só tinha uma missão para entrar com Nash, mas onde ele estava?
-Blair onde anda o Miller - Priya apontou o dedo para mim enquanto brigava com alguém .
-Eu não sei senhorita...
-Brown.
-Certo senhorita Brown, eu acabei de chegar agora com as noivas, como pode ter visto.
-Merda como conseguimos perder o membro chave da cerimônia, afinal vocês são os primeiros a entrar. Esse trabalho um dia ainda vai me deixar maluca - ela disse andando para o outro lado da igreja - Blair você vai procurar ele do lado esquerdo enquanto o meu pessoal vai procurar nos restantes lugares está bem?
-Sim claro.
Levantei o vestido para ajudar a caminhar mais rápido por aquele longo altar. As pessoas zumbiam a minha volta de tanto que falavam, cada canto era um assunto novo. Nunca estavam satisfeitos com nada, sempre com um palpite indesejado na ponta da língua. Mas uma voz que eu reconheço muito bem vinha de um cantinho bem escondido. Nash estava em frente ao confessionário, encarei a cena por de trás da pilastra olhando o seu rosto se tornando uma obra de arte sobre o horror de o que quer seja que ele tenha ouvido, não parecia uma decisão muito fácil. Seu rosto estava tenso, que os ossos do seu maquicilar estavam salientados. O pequeno padre saiu pelo lado oposto, deixando Nash ali sentado pensativo em sem mundo.
-Andam todos a sua procura - disse saindo do meu esconderijo -
-Ótimo você era tudo que eu precisava ver agora - ele disse irônico -
Parei a meio do caminho o encarando - O que quer que tenha acontecido nessa conversa com você agora e o padre, eu não tenho nada haver com isso, se quer descarregar a sua frustração em alguém que seja um desconhecido Miller, porque eu não vou aceitar isso ainda mais em um dia tão importante para os nossos amigos - disse cruzando os braços abaixo dos seios -
-Porra você não entende né? - ele disse andando para o meu lado, me encarando -
-Não sei do que você está falando Nash - olhei para o lado vendo Priya e sua equipe vindo de encontro com a gente -
-Que bom senhorita Blair, você o achou, mas sinto em informar que vamos demorar mais alguns minutos então estejam relaxados - Priya saiu para brigar com mais outra pessoa da sua equipe -
-Miller - suspirei -
-Blair. - ele me segurou pelos braços me arrastando para dentro do confessionário -
-Mas que merda você está fazendo ? - vi ele nos trancar -
-Fazendo o que o padre me mandou - ele invadiu a minha boca com a sua língua, sua mão foi para o meu cabelo, puxando-
-Merda Miller - sussurrei contra a sua boca -
-Blair você é a minha ruína - ele afastou as nossas bocas, me olhando - Deus sabe como eu tentei ficar longe de você, ser uma boa pessoa, seguir em frente, mas não consigo, você me atormenta até do outro lado do oceano. Quando te vi naquele corredor, eu queria te pegar no colo e te beijar loucamente, mas eu não posso admitir que sou o seu cachorrinho, que você me tem na palma das mãos e pode me manipular como bem entender, eu queria que você sofresse como eu sofri sendo o seu amante, eu queria que você sentisse na pele, como é ver alguém que você ama com outra pessoa, mas eu falhei na missão, quando te vi chorar na cozinha. Você estava tão frágil pela primeira vez na vida, você realmente estava arrependida e eu vejo isso nos seus olhos. Puta que pariu, eu me sinto um idiota, porque todo esse tempo todo eu estive a espera de uma só mensagem sua para poder voltar correndo para os seus braços. Afinal eu e a Margarida não passamos de bons amigos, com o passar do tempo com ela eu percebi que não era ela que eu queria, e não poderia viver em um mundo de mentiras, não poderia forçar alguém a ser feliz do meu lado para toda a eternidade. Porque esse alguém é você. Eu e a Maggi bolamos um plano para meio que te fazer sofrer nesse período aqui. Eu sei que isso é muito mal e mesquinho da minha parte, mas eu tive que ser mal, eu tinha que te ferir. Mas isso estava me corroendo por dentro, então antes do casamento resolvi me confessar e pedir uma orientação divina. O padre foi bastante sincero comigo, disse que eu deveria correr atrás do que é bom e não ficar de jogos, porque não é assim que eu vou ter você de volta na minha vida, seja sincero, abra o seu coração para ela. Mostre que vocês foram feitos um para o outro. É isso que eu estou tentando fazer agora, mostrar para você o quanto eu te amo, o quanto eu preciso de você, porque você é meu oxigênio, a minha gravidade, você me faz querer ser uma pessoa melhor. Por você eu voltei a tomar os remédios, voltei aos tratamentos e diminuí as competições. Eu estou pronto para você, mas você está pronta para voltar a minha vida?