Já havia chegado o horário do intervalo.
Sigo até uma mesa com os de sempre, Vlad e Marc, já que agora Louise não sai de perto de suas novas amigas.
Logo vejo a mesma entrar no refeitório acompanhada apenas por Levine e Gabriel, e ao invés de seguirem para uma mesa vazia, Louise anda em minha direção séria.
- Gente, vocês por acaso viram a Angel?- ela pergunta a todos mas não tira os olhos de mim, como se eu soubesse.
- Não, não a vimos. Você viu, Ward?- Vlad pergunta.
- Não.- respondo friamente para evitar quaisquer outro questionamento.
- Será que ela foi embora?- Levine pergunta confusa para Gabriel.
- As suas coisas, inclusive o telefone ainda estão na sala, ela não iria embora sem antes pegar.- Gabriel.
Pude sentir o olhar de Vlad sobre mim e isso me deixa totalmente intrigado. Não é como se eu fosse responsável por qualquer coisa que essa garota fizesse!
Marc também me olha, e isso já está começando a me irritar profundamente. Me levanto da mesa e saio dali, seguindo para a parte externa da universidade onde não tinha muita gente.
Tiro um cigarro do bolso e acendo.
Pego o meu telefone e ligo para um de
meus seguranças que deixei para vigiar Angel, mas ele não entende.
Ligo pela segunda vez, novamente não sou atendido.
Mal estava chamando...
Merda!!
- Pode acender o meu cigarro também?- uma voz feminina ecoa por ali.
Me viro para trás e vejo o seu rosto familiar, mas não sei distinguir onde foi que eu a vi. A garota balança o cigarro em suas mãos e sorri.
Acendo o cigarro da mesma mas ela não sai, ao invés disso, se senta na grama.
- Eu vi você no clube!- ela diz, mas concentrada em outro lugar.- No ringue e nos galpões! Não sabia que você participava de lutas e corridas clandestinas, mas era você mesmo.
- Hum, não há nada de muito novo nisso.- dou de ombros.
- Ao menos você não é daqueles riquinhos frescos... Até que você luta bem.
- Estou começando a me sentir vigiado, devo me preocupar?- pergunto sem humor e ela ri.
- Apenas uma ótima observadora, não estou te assediando, Ward. Parecia nervoso...
Já experimentou fumar maconha?
- Não é algo muito sábio que um estudante de finanças poderia fazer em período de estudo, talvez numa noite de domingo.
- É aí que você se engana, é muito mais divertido assistir as aulas completamente chapado!- ela ri de si mesma, ela está.
- Talvez algum dia...
- O intervalo já vai acabar, tenho que ir. Obrigado por ter me feito esse adorável favor. E aliás, me chamo Olívia.
Ela sorri e se retira dali.
Logo vejo Marc se aproximar de mim com uma feição confusa.
- Tá bem, cara?- ele pergunta descontraído, pegando o meu cigarro e jogando no lixo.
- Por que as pessoas acham que tem liberdade em pegar o meu cigarro?
- Saiu da mesa nervoso, tem alguma coisa a ver com o suposto sumiço da sua vizinha?
- Deixa eu adivinhar... A Louise te mandou aqui pra me perguntar?- ele ri.
- Não, ela mesma vai te interrogar, você sabe. Estou te perguntando como seu amigo.
- Eu sinceramente não sei se eu tenho
algo a ver com isso, ela pode ter simplesmente matado aula, ela é louca! E eu sinceramente não me importo com que acontece ou deixa de acontecer com essa enxirida.
- Eita, calma... Só fiz uma pergunta!
- Vamos, o intervalo acabou!
Sigo para a sala e volto a me concentrar nos estudos.
Mas por algum motivo, o estresse não me deixou em paz, e eu não consegui parar de pensar no real motivo para seu sumiço recente. Oque chega a ter ligações a mim também, já que o meu segurança também não atende as minhas ligações.
Já em casa, corro para escada, mas não adianta. Logo ouço o barulho dos saltos finos de Louise atrás de mim.
- Ward Kennedy!
- O que foi, pirralha?- pergunto sem paciência.
- Que diabos você fez com a Angel?
- Como assim que diabos eu fiz? Eu não fiz nada!
- Ward não é hora para gracinhas, será que você não tem noção do que está acontecendo?
Meu deus...
- Olha, Louise, entenda, eu não tenho nada a ver com oque acontece ou deixa de acontecer com essa tal Angel, eu sinceramente não estou nem aí pra isso! E novamente, eu não sei onde ela está!
Termino de subir as escadas e sigo para o meu quarto. A raiva conta de todo meu corpo, meu sangue esquenta e a minha cabeça chega a explodir com tanto estresse que venho passando.
Merda!
Merda!
Merda!
Pego o meu telefone novamente e torno a ligar para meu segurança, mas a chamada mal foi completa, o número está fora de área.
Ligo também para o telefone que havia dado a Angel, já que o dela está com Levine.
Como o outro, mal completou, também está fora de área.
Não tenho dúvidas que isso possa ser obra de Hanry, é óbvio que seria. Eu só espero que ele não a machuque...
Eu nunca achei que iria fazer isso, mas é hora de falar com Marcus...
Saio do meu quarto e sigo para um dos escritórios onde eu sabia que Marcus estaria. Sem bater, entro e o vejo concentrado no trabalho.
Marcus me olha esperando que eu o diga o motivo de ter entrado bruscamente mas ao mesmo tempo parece já saber do que poderia se tratar.
- O que aconteceu?- ele pergunta.
- Preciso do acesso ao sistema de rastreamento!- falo sem rodeios.
- O que quer rastrear?
- Angel Young. Tenho minhas suspeitas que Hanry a pegou.
- E por quê você se importaria?
- Marcus, só me dê a porcaria do cartão!
- Eu te acompanho.
Ele se levanta e então o sigo até a sala do sistema de rastreamento que tínhamos em casa, porém só Marcus e meu pai tinha o acesso.
Iria rastrear o telefone que havia dado a Angel, mesmo que estivesse desligado, esse sistema é extremamente inteligente e capaz.
O telefone que havia dado, de fato, era especial. E quando rastreado, ele ligaria mesmo sem carga, e Hanry iria perceber logo de cara.
E assim fizemos...
Quando olhamos no mapa pelo grande telão, vimos que o telefone estava em Nottingham.
- Ou eles mandaram o telefone para lá ou eles estão por lá.- Marcus diz.
- Nottingham é a cidade que Hanry nasceu, vi isso quando estava o investigando depois da sua primeira tentativa de me matar pessoalmente, há chances que possa estar por lá.
Logo o meu telefone toca... Um número desconcheido
Número desconhecido
Oi, Ward.
Hanry...
Ward
Que surpresa agradável, amigo! Por que a ligação tão repentina?
Hanry
Não precisamos ser irônicos, Ward.
Percebi que estava a investigar...
Pude concluir com isso que de fato essa vadia tem valor!
Ward
Volte para cá e vamos resolver isso entre nós dois!
Ela não tem nada a ver com oque está acontecendo
Hanry
Relaxa, Ward.
Ela estará viva na corrida! Cuidarei de não machucá-la tanto assim.
Ward
Encoste um dedo nela e eu farei com que você peça perdão de joelhos quando eu estiver te matando!
Hanry
Oh...
E não adianta vim para cá, Ward.
Estamos de saída, e dessa vez sem esse telefone inútil.
Mas não se preocupe, levarei ela viva.
Ele desliga
Desgraçado!
- Marcus, mande homens para Nottingham agora! Precisamos achá-los antes de saírem de lá!
Marcus acata, sem dizer nada e sai da sala.
Eu não sei porque diabos estou tão preocupado com Angel. Mesmo ela sendo uma pessoa inocente, se fosse qualquer outra garota eu acredito que deixaria pra lá, mas ela não... Eu não posso...
Sua vida agora está um caos, Hanry vai machucá-la por minha causa!
Saio da sala e ando para o meu quarto. Queria nesse exato momento pegar um cigarro em meu bolso mas nem isso eu estou conseguindo fazer.
Assim que entro, por impulso peguei a primeira coisa que vi o joguei no chão, destruindo-o completamente. Eu já não estava enxergando nada de tanta raiva que habitava em mim, só consegui ouvir o som da porta sendo aberta.
- Mandei homens para lá e também para cidades próximas.- Marcus diz.
- Certo... Agora, por favor, saia! Não estou no melhor momento!
- Quebrar todo o seu quarto não vai trazer a garota de volta para a cidade! E depois, vá a minha sala, precisamos conversar sério sobre
isso!
Ele diz e sai.
Eu ainda vou fazê-lo pagar por todo, Hanry...