Havia acabado de chegar no restaurante em que Hanry havia marcado de me encontrar para almoçarmos. O lugar estava lotado, mas logo o vejo acenar de uma mesa distante.
- Olá, Angel.- ele diz sorridente.
- Oi, Hanry...- me sento.
- Pedi um prato para você, espero que goste! Te chamei aqui para tratarmos de nosso plano. O que aconteceu ontem na casa dos Kennedy?- ele me olha sério.
Foco...
- Enquanto estava com Louise, ouvi ele dizer que vai estar no Sweet place na quarta a noite.
- Hum... Sweet place... Vamos ver se isso é verdade mesmo. A propósito, vamos em uma corrida no sábado, use estas roupas!- ele me entrega uma sacola.
- Eu preciso mesmo ir?- pergunto receosa.
- Claro, quero que vista isso e esteja pronta em frente a seu portão exatamente as oito! E não se assuste com o lugar. Será lá que vou acabar com a vida de Ward. Tenho que fazer uma viagem, mas já estarei aqui na quarta de manhã!
- Certo...
Logo os pedidos chegam.
Assim que um prato é colocado em minha frente e vejo que tinha carne.
- Não gostou?
- Eu sou vegetariana!- falo sem jeito.
- Oh, é uma pena! Este prato é um dos melhores aqui.- ele acena para o garçom que logo volta.
- Eu tenho um compromisso muito importante, poderia me liberar?- pergunto nervosa querendo me livrar de toda essa situação.
Hanry me olha atentamente, seu olhar sério me causa um medo e me deixa ainda mais nervosa, mas logo um grande sorriso falso aparece.
-Tudo bem, Angel. Me mantenha informado das coisas! Um de meus homens levará você em segurança.
- Obrigado.
Ele faz um gesto para um dos homens que estava afastado observando a mesa, então sou acompanhada até o carro.
- Não precisa se incomodar, eu posso ir sozinha!- falo mas sou ignorada.
Idiotas... Homens são todos uns idiotas!
Entro no carro contra minha vontade e então sou levada até em casa, e eu agradeço por isso, pior seria se eu estivesse presa.
Mas confesso que iria preferir ser presa por Ward, ele é bem menos intimidador que Hanry, só o sorriso dele me faz querer gritar.
- Obrigado!- falo e saio do carro.
Entro rapidamente pelo portão e corro para dentro de casa.
- Já? E essa sacola aí?- Levine pergunta assim que me vê entrar.
- Passei em um lugar e comprei, já queria comprar faz algum tempo mas acabei enrolando...
Ela me olha desconfiada
- O que está escondendo de mim? Por que não abre o jogo que você tá saindo com alguém?
- Mas eu não estou, não dessa forma que está pensando! Eu te falaria, Levine, mas não é nada disso.- caminho até a mesma e a abraço.
Eu precisava desse abraço assim como preciso desabafar... Mas pelo seu próprio bem, continuarei calada até que tudo isso possa se resolver.
Logo me assusto com um estrondo e isso faz com que eu aperte Levine ainda mais.
- Ei, calma, foi só um trovão! Acho que tá vindo um grande temporal.- ela alisa minhas costas.
Meio nervosa desfaço o abraço.
- Vou subir pra tomar um banho e descansar um pouco!- ela assente.
Subo as escadas e sigo para o meu quarto.
...
Já era por volta das três e eu não sai do quarto desde quando cheguei. Não almocei, e mal bebi água. Não tenho o mesmo ânimo nem mesmo para ler, já que minha vida está um completo caos.
Logo ouço uma música se repetir, uma música diferente, mas logo me lembro do telefone novo que Ward havia me dado para nos comunicarmos.
Por que esse imbecil tá me ligando?
Eu não posso mais ficar em paz!
Atendo
Ward
Para onde Hanry te levou?
Angel
Um restaurante...
Ward
E o que ele disse?
Angel
Contei a ele sobre o Sweet place.
E ele também disse que vai acabar com a sua vida em uma tal corrida que vamos no sábado...
Ward
Merda...
Ouço um murmuro
Como assim vamos?
Angel
Ele quem disse!
Ward
Me escuta, Angel.
Você não pode ir a este lugar!
Inventa qualquer desculpa, evite isso de qualquer forma!
Ele desliga
Que menino maluco!
Claro que ele está me dizendo isso, não é ele que está sendo ameaçado!
As vezes sinto vontade de armar para os dois e matar os dois!!
Mas provavelmente meu pescoço seria cortado depois...
Angel está sendo vigiada por um de meus homens, mas também está sendo vigiada por homens de Hanry.
Ela está mais que envolvida nessa merda toda, e as vezes me atrevo a pensar que talvez ela esteja tramando contra minha pessoa ao invés de me ajudar realmente.
- No que tanto pensa meu querido?- ouço a voz de minha mãe ecoar pelo imenso jardim.
- São tantas coisas, mãe...
- Espero que sejam coisas positivas sobre o seu futuro, um Kennedy não pode ter espaço para baboseiras em sua mente!- ela me dá um peteleco na festa.
- Positivas eu não diria que são, mas com certeza envolve muito do meu futuro.
- O seu pai quer conversar com você no escritório.
Assinto e sigo até lá já me preparando para o pior, porque nunca sai algo bom da boca de Edward.
Bato algumas vezes na porta e assim que tenho confirmação entro.
- Pai?
- Sente-se!
Me sento e o observo a me observar.
- Aconteceu alguma coisa?- pergunto já impaciente.
- Na verdade, está para acontecer. Se lembra da família Gonzáles?
- Sim, me recordo... Seria a família mexicana?
- Exatamente. Eles irão passar as férias aqui em nossa mansão, e como você sabe tudo tem um propósito.
- E o que seria?
- União das famílias, o que mais poderia ser? Alejandro Gonzáles tem uma filha de sua idade, o nome dele é Karina, estamos pensando em casar vocês.- ele fala calmo.
- Em nenhum momento alguém me procurou para perguntar sobre isso!
- A família Gonzáles é uma boa família, tem um histórico bom, e não teríamos problema algum, apenas vantagens. Antes se casar com uma mulher que já entenda da vida que irá ter, do que qualquer outra mulher que não aceite oque é! Tem idéia da dor de cabeça que Violet a sua mãe me causou?- ele sorri provavelmente se lembrando.
- Pai eu não tenho tempo para compromissos, não quero me casar ainda, não estou preparado para isso! E pior ainda vai ser me casar com essa tal de Karina que nem sei quem é!
- Eu concordo com o nosso filho!- a voz de minha mãe ecoa pela sala assustando nós dois. Que hora ela chegou?
- Violet...
- Querido, eu achei que já tínhamos conversado sobre o livre arbítrio de nossos filhos... Não estamos em crise para juntar famílias!
- São as regras, Violet. Quanto mais laços fizermos, mais seguro estaremos e maiores também!
- Por que você teve a liberdade de me escolher, e os seus filhos não podem ter o mesmo?
Ele suspira
- De qualquer forma, eles virão nas férias. Poderá conhecê-la melhor, Ward. Tenho certeza que mudará de idéia!
- Agora pode nos deixar sozinho, querido?
Me levanto e sussurro um obrigado sutilmente para minha mãe que apenas sorri e os deixo ali.
Eu não quero me casar, sei que esse dia vai chegar e eu sou obrigado a isso, mas no momento isso é a última coisa que quero pensar.
A regra que minha mãe e meu pai colocou na família diz que o livre arbítrio é válido até os 36 anos de idade. Isso significa que ainda tenho alguns anos e quem sabe alguém me faça mudar de idéia.
Se eu chegar os 36 sem estar casado, serei obrigado a me casar com quem o meu pai quer.
E eu não penso muito nisso, na verdade eu nunca cheguei a pensar tão profundamente no assunto...
Droga...
Acendo um cigarro e sigo para a academia, na intenção de me acalmar de alguma forma, mas assim que entro vejo Vlad e Louise "treinando".
- Estão treinando a língua?- pergunto enquanto observo os dois rirem de algo que não deve ter a mínima graça.
- Ei, Ward, você se lembra de quando cagou na roupa quando ouviu aquele tiro?- eles riem mais e acaba me fazendo rir também ao lembrar. Eu era um baita medroso...
- Saiam daqui, quero treinar!- volto a postura.
- Será que dá pra parar de fumar?- Louise pega o cigarro de minha mão.- Isso faz mal pro pulmão sabia?
- Esqueci que temos uma aspirante a médica na família, por favor, Vlad, me lembre de não fumar perto dela!
- Olhe pra você, precisa de vitamina! Está tão feio, está se matando sem ao menos perceber!- ela diz me analisando.
- Sai, pirralha.- me afasto e volto a pegar o cigarro.
- Vou falar pra mamãe!
- E por que a pirralha não está fazendo suas aulas pra deixar de ser lerda? Será que eu vou ter que dizer pro nosso pai que a direção das aulas devem aumentar? Posso fazer com que você fique estudando o dia todo!- falo e ela me olha com ódio e logo sai da academia.
- Você é um chato, Ward.
- Cala a boca e me ajuda a treinar!
Terça
08h12
Angel
Alô? Mãe?
Mãe
Oi querida.
Aconteceu algo?
Angel
Não... Eu só queria ouvir a sua voz...
Mãe
Oh, meu docinho...
Está tão sensível, está se sentindo bem?
Angel
Sim mãe.
Só estou com saudades...
Mãe
Também estou morrendo de saudade de você meu amor! Todos estamos!
Angel
Tô ansiosa para vê-los!
Virão na minha formatura, né?
Mãe
Claro que sim! Jamais perderíamos!
Angel
Fico aliviada... Tenho que desligar! O horário vago já acabou.
Beijos, mãe, te amo!
Mãe
Também te amo, querida.
Desligo a ligação e volto a andar pelo corredor vazio da universidade. Mal consegui dormir a noite, então agradeço imensamente por esse horário ser vago.
Assim que estava quase chegando em minha sala, sinto um pano em meu nariz e um aroma ardente, logo minha visão escurece...