Ward Kennedy
Bebo um pouco de água gelada e me jogo no chão exausto. Amo a sensação de cansaço após um bom treino de boxe, sinto meu punho latejar assim como minha cabeça, não comi nada direito hoje.
Respiro eufórico e fito o teto.
Me lembro de algumas coisas que devo resolver ainda neste fim de semana... Tenho que ajudar Louise a terminar de organizar a festa, e os meus assuntos pessoais...
Ouço o meu telefone vibrar, era Marc.
Suspiro e atendo a ligação, e coloco no viva voz
Marc
E aí cara, tá fazendo o quê?
Ward
Acabei de treinar... Que foi?
Marc
Tô no seu condomínio!
Ward
Vem pra academia quando chegar em casa.
Ele desliga.
Me levanto e sigo para o banheiro da academia, me despido e tomo um banho gelado. Visto uma bermuda confortável que tinha no closet da academia e saio dali, me jogando no chão novamente.
Logo a porta é aberta, mas não por Marc e sim por Vlad.
- Tá parecendo uma mosca esmagada!- ele diz, indo em direção ao armário.
- Tá fazendo o quê aqui? Não gosto de ser incomodado quando estou na academia!- resmungo.
- Compre uma casa com uma academia pra você então, Ward Kennedy. Aliás, Louise está a sua procura como uma maluca!
- Por favor... Não diga a ela que eu tô aqui! Ela tá enchendo meu saco com essa festa!
- Você se ofereceu pra ajudar a organizar.
Antes que eu possa responder, a porta é aberta novamente por Louise e Marc.
-E aí, Demarc.- Vlad.
- É aí, Vlad.
- Finalmente te achei, Ward!
Me levanto, e fico sentado no chão olhando para a mesma.
- O que?
- Preciso de mais... Uns cinco convites! Você que tá com eles e o seu quarto sempre tá trancado! Preciso pra hoje, pra agora!
- Por que? Quem mais vai chamar? Todos que vem todos os anos já receberam o convite.- pergunto sem entender.- E você não tem amigos!
- Resolvi que vou chamar as vizinhas!- ela da de ombros.
- A senhora Jude?- Rio.
- Não, tô falando das vizinhas jovens! A Levine que faz medicina comigo e a Angel.
Angel... Ah, Angel... Acho que sei quem é!
- E por quê chamá-las?
- Elas parecem legais! Por que se importa? Não posso chamá-las?- ela cruza os braços.
Reviro os olhos entediado e jogo as chaves do meu quarto para a mesma.
- Me devolve assim que pegar os convites!
- Tá, não é como se o seu quarto fosse uma mina de diamantes!- ela revira os olhos e sai.
- Angel Young... Ora ora!- Vlad ri.
Olho sério para o mesmo que não desfaz um sorriso maroto do rosto.
- Já pegou o que queria? Por que não dá o fora, pirralho?- pergunto já sem paciência.
- Eita, calminha, Ward. Por que o estresse? Mas eu já vou, tenho algumas coisas pra fazer! Tchau pra vocês.
Vlad sai dali deixando apenas Marc e eu.
Marc se joga no sofá que tinha no canto da academia e me olha, um olhar bem específico...
- Não vamos falar disso! Por que veio aqui?- falo direto.
- Ok... Tava de bobeira com uma gata aqui perto e resolvi vim aqui!- ele dá de ombros, porém inquieto, deitando no sofá.- Na verdade... Estou inquieto ainda sobre o assunto que você vai resolver nesse sábado!
- Ainda com isso, Marc? Só relaxa!
- Tem idéia da quantidade de pessoas que vão estar aqui? As festas daqui sempre vão parar até em noticiários!
- E você tem idéia do tamanho dessa mansão? Só fica tranquilo, tenho tudo pronto! Não tem como dar errado!
...
Já era por volta das cinco e meia da manhã quando chego em casa. Coloco minha moto na garagem e entro já vendo que meu irmão Marcus já estava acordado. O mesmo me olha sério entrar pela porta da frente como se nada tivesse acontecido.
- Onde dormiu?- ele pergunta.
- Não devo informações nem ao papai.- solto um riso seco.
- Corridas e lutas clandestinas não é uma imagem de um Kennedy, Ward.- ele fala calmo.
- Não é como se você fosse diferente, Marcus. Talvez seja até mesmo pior...- o olho.
- O futuro dos negócios são vocês, eu já estou ficando velho, posso fazer oque bem entender.
- Que ótima desculpa, Marcus. Agora se me der licença, tenho que me arrumar pra faculdade!
Termino de subir as escadas e sigo para o meu quarto. Me despido e tomo um banho frio. Enrolado na toalha, saio do banheiro e sigo para o closet, me visto com um traje inteiramente escuro.
Arrumo minhas coisas e desço novamente, todos os outros já haviam acordado, estavam todos reunidos tomando café.
- Sem papai e mamãe aqui fica tão estranho!- Louise diz.
- Eles devem estar curtindo bem essas férias!- Vlad.
- Bom dia, Ward.- Madelyn, a nossa cozinheira me cumprimenta.
- Bom dia, Madelyn. Já tomou café?- pergunto e ela nega. - Coma conosco!
Ela sorri gentilmente e se senta.
- Madelyn, essa torta está incrível!- Marcus diz.
- Fico feliz que tenham gostado!
- Olha a hora... Tenho que ir! Tenho que ir para a casa ao lado.- ela termina de comer.- Até amanhã, anjinhos.
- Até, Madelyn.- respondo.
Eu amo Madelyn!
Ela é a cozinheira mais agradável que já tivemos, a comida é uma verdadeira obra!
Se algum dia eu for embora, com toda certeza irei levá-la!
Ela sorri gentilmente e sai dali.
Termino de tomar o meu café e espero os outros para que possamos partir para a universidade.
Assim que estaciono o meu carro no estacionamento, saio do veículo e sigo reto em direção a Marc que conversava com algumas garotas. Já sabendo como sou, ele se despede das garotas e segue até mim.
- Achei que não viria hoje!- ele diz.
- Não estou cansado. Só cheguei em casa, tomei um banho e me arrumei! Não posso faltar aulas agora que já está no final, não quero cobrir horas extras depois!- falo entediado.
- Tem razão! Tô louco pra isso acabar logo!
Seguimos para a sala.
...
Durante o intervalo, me sento junto a Marc e Vlad.
- Parece que a Louise arrumou amigas!- Vlad diz olhando para Louise de longe.
Acompanho o olhar do mesmo e vejo Louise sentada junto a Levine, Angel e um cara que mal sei o nome.
- Já era hora!- tomo um pouco de energético.
- Até que aquela Angel é uma gata! - Marc diz.
- Comum como qualquer outra garota dessa universidade.- dou de ombros.
- Por que fica tão irado? Isso é porque ela não se lembra de você?- Marc ri.
- Fica na sua, Demarc.
- E... Me chamou de Demarc...- lanço-lhe um olhar mortal e seu sorriso rapidamente se desfaz.
Volto a beber o meu energético e me lembro da noite em que conheci Angel...
7 meses atrás
Gosto de caminhar pelo condomínio quando tudo já está escuro, gosto da brisa fria abraçando o meu corpo, gosto do silêncio.
Enquanto caminhava, vejo a minha vizinha tentando destrancar o portão.
- Abre logo, portão de merda!- ela resmunga com uma voz embriagada.
Eu não me importo com os problemas alheios, mas por algum motivo estou parado observando a situação.
Logo ela se ajoelha em frente ao portão e começa a chorar.
- Abre logo portão! Eu só queria um sorvete!- ela chora.
- Com licença, moça. Tá tudo bem?- pergunto me aproximando.
- O meu portão não quer abrir!- ela soluça.
- Posso tentar?- pergunto e ela entrega a chave.
Com a maior facilidade, abro o cadeado e logo o portão está aberto. A moça me olha surpresa, secando suas lágrima e ao mesmo tempo borrando toda sua maquiagem.
Estendo a mão e a ajudo a se levantar.
- Muito obrigado moço, o senhor é um anjo!- ela faz um tipo de reverência e depois ri.
- Sua chave!- entrego a mesma.
Ela pega a chave e começa a andar para dentro do seu terreno, mas acaba caindo. Corro em sua direção e a ajudo mais uma vez a ficar de pé.
- Meu joelho!
- Tá bem?
- Tá doendo pra caralho!
- Vou te ajudar. Apoia em mim!
Ajudo a mesma a se apoiar e a levo até sua casa. Ela me entrega a chave da porta e então a levo para dentro, e a coloco delicadamente sentada no sofá.
- Onde está a garota que mora com você?- pergunto.
- Ah... ela não vai dormir aqui hoje!- Ela relaxa sobre o sofá.
Desço o olhar para seus joelhos que estavam começando a sangrar.
- Onde fica a caixa de primeiros socorros?
- Hum... Na cozinha!- ela aponta para uma porta.
Sigo até lá e logo vejo a caixa num canto do armário.
Pego e levo para sala, e limpo o machucado da moça, depois coloco um curativo.
E agora?
- Está se sentindo melhor?- entrego um copo de água e ela bebe tudo rapidamente.
- Me sinto tão tonta e enjoada! Poderia me levar pro meu quarto? É a última porta do corredor...- sua voz se diminui.
Suspiro e a pego no colo. Subo as escadas e sigo até o seu quarto, assim que entro, a deito com cuidado em sua cama, tiro o seu salto alto e a cubro. Logo percebo que ela já dormia.
Por que cheguei tão longe? - Me questiono.
Observo a mesma dormir e depois olho bem para o seu quarto, e em porta retrato onde tinha uma foto da mesma e um casal, que presumo que possa ser seus pais , e uma mensagem escrita
" Lembranças para Angel, amamos você"
Angel...