Terra Proibida - Essência

Por EvaSans86

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Em um entrelaçar de passado e presente, mergulhe em uma trama que desafia os limites da razão e da sanidade... Más

Nota da Autora
[Agora] A queda
[45 anos atrás] A proposta
Cap. 1 - Sentimentos Ocultos
Cap. 2 - Tormenta
Cap. 3 - Ecos do Passado
Cap.4 - A medalha
Cap. 5 - Revelação
Cap.6 - O nada
Cap. 7 - Oráculo
Cap. 8 - Isadora Moraes
Cap. 9 - Elizabeth Detzel
Cap. 10 - Segredos ao pôr do sol
Cap. 11 - Sangue quente
[45 anos atrás] A Alma à venda
[45 anos atrás] A casca
[Agora] O Salto
Cap. 12 - Despertar
Cap. 13 - O Animal que me tornei
Cap. 14 - Presente de grego
Cap. 15 - Feito de lágrimas e cinzas
[45 anos atrás] Ninguém se lembrou
[45 anos atrás] Inferno
[45 anos atrás] Quando todos os homens falharam
[45 anos atrás] Mais que morrer
[45 anos atrás] Seus pensamentos
[45 anos atrás] Miserável
[45 anos atrás] Esse tipo de amor...
Cap. 16 - Versões de uma mulher
Cap. 17 - A casa
Cap. 19 - Primeira vida
Cap. 20 - Alguém tem que morrer
Cap. 21 - Sete Palmos
Cap. 22 - O Centro do Universo
Cap. 23 - Essência

Cap. 18 - Terceira morte

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Por EvaSans86


Santiago Del Toro

[No capítulo anterior]

- Olá, traidor número UM! - disse alguém ao invadir seus pensamentos.

- Diego!

[Agora]

Há uns segundos atrás Santiago estava preparando um café para Elizabeth no suntuoso escritório onde ela trabalhava, extremamente preocupado pelo fato dela ter conversado com o irmão e de repente estava completamente em uma realidade paralela.

A escuridão imperava.

Sentado em um trono que parecia talhado em prata envelhecida, sob uma pilha de ossos e iluminado por um fraco facho de luz, aparecia diante de seus olhos um ser completamente andrógeno, mas que projetava a mesma energia densa e perigosa de seu irmão do meio, o encarando como um rei. Mas não era Diego ou Benicio. Surgia ali uma versão mais dissimulada com movimentos extremamente fluídos, delicados, embalados na mais perfeita finesse e um olhar fixo tão azul quanto o azul da Prússia e infinitamente perturbador.

- Você era o meu melhor amigo. Como você pôde? - perguntou a outra versão de Diego se inclinando para frente o encarando.

- Diego... - falou com cautela - Eu sei que fui um escroto com você, mas...

- Mas? - riu com desgosto - Eu vou destruir tudo. - Pausadamente e com bastante rancor nas palavras, continuou. - Eu vou acabar com todos!

- Diego, - Vendo que algo estava muito errado e que talvez aquela fosse a forma essencial do irmão, tentou trazer à lume a consciência de Diego ou Benício, apelando para o que eles mais amavam. - a Liz, pensa na Liz!

- Diego? Liz? - perguntou com estranheza.

- Benício...

- Avisa a rainha, grande mãe, matriarca ou seja lá qual a nomenclatura do cargo que ela ocupa, que eu vou aniquilar seu povo, tal como fizeram com os meus.

Em um piscar de olhos, Santiago voltava a si, enquanto Elizabeth caía desacordada a alguns passos de distância. Deixou a xícara que estava em suas mãos se despedaçar e alcançou a bruxa antes que atingisse o chão.

- Liz! Liz! Acorda, Liz! - Checou seus sinais vitais e naquele momento ela estava a um passo da morte.


Diego Del Toro

[Minutos antes]

A morte era envolta por uma dor excruciante, mas via e raciocinava com clareza tudo o que acontecia ao redor.

O sangue que escorria de seu corpo ao ser esmagado por um dos galhos da árvore que havia caído, criava um caminho lento até o núcleo da casa. Quando a primeira gota de sangue atingiu a poça que inundava o lugar com a água da chuva, tímidas luzes douradas irradiavam pelo ambiente, decodificando o feitiço de proteção, gradativamente como linhas que surgiam da água subindo pelas paredes, ativando sua magia, iluminando e repaginando a casa.

Entre a dor e momentos de dissimulação, Diego via a casa finalmente se transformar.

O transformar.

Estava livre. Visualizou a âncora, seu espírito seguiu até o alvo, só que estranhamente via além de Santiago, Elizabeth.

Apagou.

...

Por algum motivo, quando despertou para a vida outra vez, não se lembrava de absolutamente de nada, apenas que tinha ido atazanar o irmão.

Foda-se terei todo o tempo do mundo pra me vingar daquele cabrito. - ignorou.

A felicidade em ver que a casa estava "funcionando" era cristalina. Tudo estava quase perfeito exceto pela maldita árvore no meio da sala. Durante séculos tentou fazer aquela merda brotar e graças a terra das Detzels, e suas almas, a árvore finalmente tinha frutificado. Não ia se atrever a cortar, precisava integrar aquela intervenção da natureza à arquitetura do local.

Ainda deitado no chão, testou materializar um charuto e sucedeu. Quando viu que conseguia acessar sua magia novamente, parecia uma criança brincando pela casa. Reparou também que não havia mais sinal do tiro que levou, seu corpo estava intacto. No meio da euforia e diversão, lembrou-se de alguém.

- Agora me chama de bruxo imprestável, chama seu puto! - não teve resposta - Benício? - chamou outra vez estranhando o silêncio sepulcral. - Benícioooô!

Seus olhos se movimentaram de um lado a outro, de cima a baixo, culminando na mais pura expressão travessa quando viu que não existia mais um "outro eu". Se sentiu um pouco estranho, afinal, já estava habituado ao duplo - pra não dizer afeiçoado -, porém extremamente contente.

- Uma pena. Até gostava de você... Se bem que já foi tarde, né? Que bom que acabou. Agora por onde começar...

A casa parecia tão vazia sem Elizabeth e pensar que a tinha perdido doía. Se privaria de todo luxo do mundo e até mesmo de seus poderes se isso a trouxesse de volta. Se lembrava de como a luz parecia mais bonita ao atravessar vidraças colorindo a pele de Liz como um incandescente mosaico.

Qual a chance dela me perdoar?

Com esse pensamento, foi para um de seus cantos favoritos na casa, a cozinha, abriu a geladeira e como o esperado estava vazia. Se viu preparando o café da manhã de Liz... Preciso fazer compras... E para não se sentir só, conjurou Isauro.

- Sim mestre.

- Preciso me atualizar de tudo o que aconteceu nos últimos anos de forma cronológica, por território e por casta. E pare de me chamar de mestre, isso é tão... milênio passado. Diego só.

- Perfeito, mestre Diego! - Isauro estava emocionado. Em quase seis séculos trabalhando para o bruxo, aquela era a primeira vez que colocava os pés na casa acrônica. Sentia-se exultante. Lisonjeado.

- Mas antes, eu preciso comer. - entregou ao servo uma lista.

- Sim mestre.

Diego apenas o censurou com o olhar, não dizendo nada, odiava se repetir. Mestre, mestre, mestre... que saco.

Por outro lado, Isauro constatou que, estranhamente, as marcas de todos os itens requisitados por Diego pertenciam ao presente. Só uma coisa remetia ao passado, o Whisky. Com essa bebida em específico ele era extremamente exigente. - Será que os dois se misturaram? - Pensou.

O servo providenciou em um piscar de olhos tudo o que seu mestre precisava e durante a atualização, política, geográfica, climática, planetária e até mesmo cultural, Diego, como a criatura inquieta que era, cozinhava.

- Isauro, prove isso aqui. - disse oferecendo servo uma bruschetta com mozzarella de búfala, presunto de parma e mel. Em seguida, abriu a garrafa de whisky e serviu dois copos, fazendo um deles deslizar pela mesa de madeira até o servo. Com uma expressão faceira perguntou - Como ficaram os tutoriais para o Henri?

- Funcionaram perfeitamente, o senhor Henri aprende muito rápido.

- Que ótimo! Em algum momento ele me será útil.

O bruxo caminhava pela casa enquanto Isauro falava contava detalhes sobre os vídeos. Vez ou outra o bruxo parava observando algum detalhe que precisava ser mudado e o servo tomava as devidas notas. Quando pararam de frente a janela que dava para o jardim, que agora não exibia nenhuma flor, Diego saiu rapidamente da realidade.

Se viu pegando uma menininha no colo, passando pela porta de saída lateral da casa, enquanto brincava e a jogava para o alto, produzindo na criaturinha a mais deliciosa risada. Pararam no meio do jardim de girassóis. O bruxo passava a limpo as regras da casa com a pequena.

- Amor da minha vida, qual é a regra número um? - perguntou ao colocá-la no chão embasbacado com tamanha fofura em um ser tão pequenino. Os cabelinhos cacheados e escuros, os dedinhos gordinhos, a carinha danada.

- Não se machucar! - respondeu animada com pulinhos e uma risadinha de quem estava doidinha para aprontar. Devia ter uns quatro ou cinco anos.

- E a regra número dois? - Tentando se manter sério e não encher a criaturinha de cheirinhos.

- Não usar magia dentro de casa!

- Muito bem! E a regra número... três?

- Não contar pra mamãe!

- Perfeito, esse é o nosso segredo. Vamos lá? Pra começar, posição de lótus...

Piscou os olhos e estava de volta ao presente.

- Mestre? - Chamou Isauro percebendo algo errado.

- Isauro, por quanto tempo eu divaguei?

- Uns cinco segundos.

- O Benício apareceu?

- Não, você só parou um tempo observando o que era pra ser um jardim... suponho...

Diego respirou fundo. Porque aquela breve visão o deixava tão inquieto? Porque sentia um aperto tão grande no peito? De repente um vento entrou pela janela e parecia que com ele um pequeno vulto corria pela casa "Vayu". Se virou para o interior do quarto esperando ver um garotinho pequeno pulando na cama, mas não havia ninguém.

- Mestre Diego? - Chamou o servo outra vez.

- Sim, sim. - bufou - Acho que eu preciso descansar um pouco. Ah, mas antes, manda entregar girassóis pra Liz, ela está muito chateada comigo, mas fazer o quê se eu amo aquela bruxa mais que tudo.

- Não sei se isso vai adiantar muita coisa. Depois da história dos tutoriais ela ficou bastante irritada com o senhor e comigo por ter te obedecido.

- Pior. - concordou com o servo. - Mesmo ela sendo atrevida e me falando que eu "não sou mais o homem dela", quero que mande as flores. Vai funcionar, pelo menos, como recado para o idiota do Santiago. Tenho que marcar presença.

- Perfeito.

- Compartilha comigo os contatos de todo mundo? Eu gostei desse brinquedo.

- Milorde não perde tempo com a tecnologia. - disse ao notar o iphone de última geração nas mãos de Diego. - pronto.

Quando o servo foi embora, se divertiu por uns bons minutos esparramando no sofá da sala, criando e dando nomes aos grupos no whatsapp, dentre os principais, fixou no topo o "Os Otários" incluindo Santiago, Alejandro e Henri; "Gremlins", onde adicionou Anita, Sophia e Elizabeth, e o não menos importante "SOS" com Isauro, Sophia, Hórus e, por incrível que pareça, Raul, juntamente com outra dezena de seres que lhes eram fiéis.

Ironicamente, fazia tudo isso assistindo aos vídeos de insetos que tanto criticou Benício por vê-los. Atualizou todos os eletrodomésticos da casa, assim como todos os portáteis e pelos céus! Como ele adorava torrar dinheiro, já que isso não era problema e todos os seus negócios funcionavam perfeitamente bem, mesmo ele estando fora por quase quatro décadas.

Tomou o banho mais relaxante da vida e quando saiu da enorme banheira de hidromassagem, se secou e nú, do jeito que estava, se jogou na cama. O sol estava prestes a se pôr e não havia nada mais gostoso e confortável que se esparramar em uma cama extra grande com lençóis feitos com algodão egípcio. Decidiu ligar para Elizabeth e, como já esperava, não foi atendido.

Sentiu um gato pular na cama e isso o deixava feliz. Era Morgana, sua gata cinza. Acariciou os pelos macios e ela o mostrou tudo o que tinha vivido até ali. Morgana era, também, a gata de Benício e já o acompanhava por sete anos. Como era um animal mágico, atravessava dimensões, morria e renascia. Diego a abraçou e adormeceu tranquilo.

Elizabeth Detzel

Sentia um gosto de fel na boca, juntamente com uma sensação que nunca tinha sentido antes. Tudo estava fora do controle, a luz, o chão em ondas, algo gosmento escorrendo pelo canto dos lábios e o mal cheiro a deixava completamente zonza. O enjoo veio.

Socorro... Onde eu estou?

Estava caída no chão. Não conseguia falar. Sua língua parecia enrolar toda vez que tentava vocalizar algo. Seu corpo parecia mais pesado e o barulho de coisas quebrando gerava espasmos por todos os seus nervos. Era a conhecida e apavorante sensação de quando vivia na casa do coronel, mas antes que o pânico viesse, escutou alguém falando baixinho, tremendo e se aninhando em seu corpo. Em um esforço sobre humano conseguiu visualizar os cabelinhos emaranhados de uma pequena cabeça encostada em seus seios, como que se escondendo do mundo. Era uma outra língua e seu cérebro demorava para processar.

- Gande mamãe. - sussurrava a menina. - Eu tô com medo... gande mamãe, me leva com voxê... gande mamãe... eu pometo dar comida po peixinho.

Liz não conseguia escutar bem. Em sua cabeça as palavras ecoavam e sentia vontade de rir toda vez que a garotinha falava "grande mamãe". Conseguiu erguer um pouco o corpo e a menina logo se sentou do seu lado a encarando com os enormes olhinhos verdes.

- Li... Liesel? - Perguntou com dificuldades, reconhecendo a pequena filha de Agatha.

- Gande mamãe! - a menininha a abraçou e começou a chorar.

- Calma, calma... Porque estamos aqui? - o lugar parecia um closet.

- Nós tamos bincando de escondê - sussurrou Liesel.

- De quem?

- Do monstro.

- Quê? Que monstro?

- O papai.

Dentre as muitas coisas que Liz sentia, uma delas era que, além de alcoolizada, estava extremamente drogada. Seu raciocínio falhava e pensava em mil coisas distorcidas ao mesmo tempo, mas de uma coisa ela tinha certeza, tinha que proteger a criança, porém não conseguia associar os elementos certos para criar uma barreira.

- Criaturinha linda! - disse Liz em um tom de voz baixo, grogue, mas repleto de carinho. - vou te contar um segredo. Vem cá, bem pertinho.

A bruxa conseguiu materializar uma medalha de prata e com um esforço descomunal, prendeu no pescoço da menina.

- Toda vez que você sentir medo, você pode me chamar que eu venho e se eu não vier, tem três tios enoooooormes que vão te proteger por mim.

- Eles são gandes também?

- Beeeeem grandes. - Liz começou a tossir, quando conseguiu se recompor, continuou. - Você vai segurar essa medalhinha e vai falar baixinho, "titio Diego, titio Santiago e titio Henri Del Toro, vocês podem entrar", e eles virão.

A garotinha respirou fundo intrigada. Os olhinhos curiosos observavam a feição contorcida de Elizabeth que tentava manter os olhos abertos.

- Como ovo sabê que são eles?

- Me dê sua mão. - a mão da menina era tão fofinha, que Liz por um momento se esqueceu completamente o que ia fazer, apenas aproveitando da gostosura que era apertar aquela mãozinha e contar seus dedinhos. - Ah... - pensou em projetar a imagem de Diego, mas tudo o que veio em sua mente era "demais" para uma criança, a lembrança mais "tranquila" e menos assustadora que podia projetar sobre o trio era quando eles estavam dormindo.

Liesel teve uma breve visão de como eram fisicamente. Elizabeth também projetou para a garota as pessoas que ela poderia confiar caso precisasse e perdeu os sentidos.


Santiago Del Toro

Mesmo sabendo que Liz não iria morrer naquele momento, era desesperador vê-la daquele jeito. A casca envelhecendo tal qual uma uva ao se tornar passa enquanto ela era consumida pela dor, não era fácil de assistir. Mesmo que utilizasse seu dom para cura, não adiantaria nada, ela não conseguiria absorver.

Elizabeth pairava entre momentos de lucidez e delírios.

- Onde estou? Quem é você?

- Você está no hospital, meu amor e eu sou o Santiago. - respondeu meio que sussurrando enquanto segurava a mão de Liz, oferecendo carinho e conforto.

- Meu pai... você não avisou meu pai onde estou, avisou? Eu não quero que ele saiba.

- Seu pai não será problema, Liz. - respondeu meio que achando graça, enquanto ela voltava ao sono.

Durante o dia, ela adormeceu e acordou outras vezes, perguntando coisas desconexas, sobre como estava o dia, quem ele era e onde estavam, ou pedindo coisas muito diferentes do usual, como assistir desenho ou querer sorvete. Pelo que sabia, Elizabeth não gostava de coisas muito geladas.

Foi interrompido pelas inúmeras notificações em seu celular. Vinte e cinco notificações eram de Vivian, umas três sobre trabalho, mas que lhe chamou mais atenção foi a de um grupo chamado "Os Otários".

...

Diego:

[Olá bando de fela da puta! Gostaram dos presentes que eu trouxe do inferno?

Então...

Estou de volta e temos bastante roupa suja pra caralho pra lavar, @Santinho e @Alex.

@Henri, te mandei mais uns cinco tutoriais no privado, se você deixar a Elizabeth saber da existência deles, tu vai ver.]

Santiago:

[DIEGO tu pirou? Não coloca o Henri no meio dessa porra!]

Alejandro:

[Vou ter que te mandar pro inferno de novo @Diego?]

Diego:

[ah vai, mas dessa vez vamos todos juntos e além de uma bela escursão, vou apresentar vocês pessoalmente ao capeta.

Tô sabendo do seu Elixir @alex e só te digo uma coisa, te prepara. Pelos cálculos que fiz ainda a pouco, vai dar merda em menos de um mês. Tic-tac!]

Alejandro:

[Você se acha, né? Eu superei você, aceita e morre logo de uma vez.

Tá fazendo hora extra, já!]

Henri:

[não sei o que eu estou fazendo aqui, mas vamo parar de mandar o irmãozinho pro inferno? Coisa mais démodé, nem existe inferno.

@diego, a tia Liz vai saber sim, eu quase morri ontem por sua causa!

Eu vi o filme da minha vida, cê tem noção?

Diego:

[@Henri, logo logo vc se acostuma com a morte.

E resumindo, o primeiro a sair do grupo morre.

Boa tarde.

Paz.]

Santiago:

[@diego! Lê o que eu acabei de te mandar no privado!]

@alex saiu do grupo.

...

Santiago conhecia Diego bem o suficiente para não contrariá-lo. Precisava conversar abertamente com o irmão sobre a ancoragem, sobre o estado de Liz, sobre os iluminatis, o elixir, mas só porque queria dialogar, o outro não lia suas mensagens e muito menos atendia suas chamadas.

Atentou então para as mensagens da filha e quase deu um pulo da cadeira onde estava. Segundo a garota, Eva havia aberto os olhos, tentava até mesmo falar, mas não conseguia se comunicar.


Elizabeth Detzel

Recobrou os sentidos encharcada no próprio vômito. A pequena Liesel chorava e a chamava desesperada. Agora, sentia-se um pouco melhor que antes.

- Meu amor, desculpa!

- Não morre, pufavô. - A menininha a encarou - Mamãe, você tá fedendo.

- Vamos tomar um banho? Preciso de ajuda...

Estava sonhando? Aquela garotinha linda era sua filha? Quando ela teve uma filha? Onde está o Diego?

Em um piscar de olhos, tudo o que via era o teto de um quarto que tinha um aroma familiar. O corpo estava ainda mais pesado que antes e abrir os lábios pra tentar falar era um suplício, também não sabia por quanto tempo permaneceu naquele estado.

- Eva! - ouviu a voz de Vívian.

Não, não, não,nãooooo... no corpo da Eva NÃO!

Uma sensação de formigamento começou pelas pontas dos dedos e se alastrou pelo corpo em um insuportável pânico.

Piscou outra vez.

Estava em pé na porta do quarto que dividia com Diego, que dormia como veio ao mundo na cama.

Ele só podia estar esperando por ela.

Se deitou ao lado dele e se sentindo completamente perdida no espaço-tempo, parecia tentador demais não o tocar. A saudade era maior que ela e se perdeu pensando "e se tudo isso foi apenas um grande pesadelo?" e porquê não tocar no que era dela?

Deixou a mão deslizar do ombro até o pescoço do bruxo e sentiu os pelinhos dele se arrepiar diante de seu toque. Depositou beijinhos em seu abdômen, cretino cheiroso, praga felpuda. Os pelinhos do peitoral de Diego eram seu lugar de conforto, amava se esfregar no corpo dele.

Sentiu aquele homem a puxar para si encaixando os lábios nos dela.

- bruxo caquético, acorda!

Viu o sorriso se desenhar nos lábios dele, mas quando o olhos dele se abriram, sua feição se transformou de amorosa para hostil e as palavras que saíram de seus lábios, ecoaram como trovão em seus ouvidos.

- Você não é a minha bruxa. SOME DAQUI!

Ahn? Diego! Sou eu, amor...

A força que a repelia de casa era tão grande que quando abriu os olhos outra vez, estava no hospital, parecia que um exército havia passado por cima de seu corpo. Tossiu e com a crise, sangrou.

- Liz! - Ouviu a voz de Santiago enquanto seus olhos assimilavam o novo ambiente do hospital.

Em quantos lugares esteve? O que era realidade ou ilusão? Sentia novamente a dor da perda daquele que mais amava, de não ser capaz de proteger Diego, Liesel e Eva a abateram de tal forma, que não conseguia falar. Os braços de Santiago a acolheram, mas não eram capazes de lhe trazer conforto. Sentia-se só. Terrivelmente só.

Isso era brutal.

De volta ao onirismo, via um rapazinho delicado, porém extremamente parecido com o adolescente que Benício foi, perguntando a uma garota pouca coisa mais velha:

- Porquê Helianthus?

- Porquê você sempre está olhando para mim, seja em qual direção eu esteja, igual a um girassol.

Elizabeth se sentia pequena, era como se dessa vez fosse Liezel. Diego não! não vá com ela!

Viu o amor de sua vida dar a mão à outra bruxa e nada podia fazer.

- Helianthus! Não vá, ela vai te matar... - Disse em voz alta.

Estava de volta aos braços de Santiago no hospital entre lágrimas, sangue e o mais puro desespero.

Ela vai matar seus filhos! Ela vai tentar tirar meu lugar!

Amor, a Sol é traiçoeira!

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