"Eu esse ano vou embora por sertão
Pra dançar pelo São João
Farrear com mais de mil"
— Eu quero comer bolo de milho.
— Humm. Yo también, bebé. – concordou o jogador argentino olhando para o filho rapidamente.
Lionel usava uma roupa casual e parecia relaxado por aproveitar sua folga ao lado de Sn e seus filhos.
— Tia Sn, será que a vovó vai fazer pé de menino para gente? – Thiago questionou curioso do seu lugar no banco de trás da Hilux vermelha, e a esposa de Lionel riu sem desviar a sua atenção da estrada de terra, cercada por uma mata verde onde vez ou outra conseguiam ver plantações e criação de animais.
— É pé de moleque, meu amor. – corrigiu dando um olhar de relance nos meninos pelo retrovisor. — E a sua avó faz tudo o que vocês querem.
Mateo e Thiago conversavam com o casal enquanto revezavam em um joguinho do Nintendo do mais velho. Ciro, dormia em sua cadeirinha com uma manta de aviões desde que saíram da rodovia.
— Ah, é isso mesmo, tinha me esquecido, mas é muito gostoso.
— Eu concordo com você.
— E Milho assado?
— Também.
— Cozinhado?
— Também.
— Eu quero muito brincar com o Enzo, o Pedro e o Lucas. – enumera Mateo.
Sn faz careta ao lembrar de tudo que eles aprontaram junto com os seus priminhos no ano passado. Essa seria a segunda vez que os meninos participariam das festas juninas que a família dela organizava em sua residência no interior do estado onde a modelo internacional nasceu e cresceu.
— E espero que o vovô tenha comprado um monte chuvinha e estalinho.
— Nem pensar, bonitinho, você deu um susto na tia da Sn da última vez.
Mateo riu sapeca, mas não negou porque tinha feito isso mesmo.
— Ela era muito chata, papai, apertou as minhas bochechas.
— Foi engraçado a cara de assustada que ela fez na hora. – a mulher riu.
— Sn. – repreendeu, por ela incentivar a atitude do menino.
— O quê, querido? Ela é realmente chata e ainda veio me perguntar quando teria os meus próprios filhos e esfregar que a minha prima já estava grávida outra vez. – resmungou. — Ela, felizmente, não vai vir para a festa esse ano.
Lionel revirou os olhos com a atitude da mulher com a sua esposa, agradecendo a Mateo em sua mente por dar um susto na velha. Sn não podia ter filhos e eles dois estavam bem com isso, apenas odiavam essa mania das pessoas de cobrarem que dessem um irmão aos meninos. Eles não podiam simplesmente cuidarem de suas próprias vidas?
— Nós somos seus filhos também, não tá bom assim?
Sn riu.
— Eu acho que tá ótimo, Thi. – respondeu parando o veículo na entrada da fazenda, onde tinha uma cancela de madeira.
Messi tirou o cinto de segurança e desceu do carro para ir abrir.
— Eu gosto de ter duas mães. – Mateo diz acenando alegre para o pai enquanto Sn passa com o carro.
— Fico muito feliz em ajudar os seus pais com a educação de vocês três, sabem que os amo mais que tudo nesse mundo, sim?
— Sim, tia Sn.
— A gente ama você também.
Lionel fecha a porteira de forma hábil, o completo oposto da primeira vez, depois retornou para a Hilux.
Era uma propriedade grande e levou dez minutos em uma estrada reta, ladeada de eucaliptos com vista para o pasto onde os cavalos criados ali se alimentavam. Era o animal favorito dela. Sn amava a paz que encontrava na fazenda quando estava no Brasil com sua família e passava o tempo ajudando os pais na manutenção de tudo e montando Eclipse, o seu cavalo manga larga.
Eles logo avistaram a casa principal e os meninos se animaram no banco de trás, loucos para saírem correndo.
Uma casa branca com detalhes azul, com o térreo e um andar, cercado de varanda em ambos, preservando o estilo colonial estava situada entre árvores frutíferas e cerejeiras. O gramado verde e o canteiro com flores diversificadas eram o xodó da mãe de Sn que adorava jardinagem. Uma piscina enorme na lateral esquerda com espreguiçadeiras.
O pátio principal estava decorado e com dezenas de mesas cobertas com toalhas xadrez para receberem familiares e uns amigos mais próximos.
— Já tem até decoração.
— Nossa como tá bonito, tia Sn.
Ela estaciona o veículo e observa a mãe aparecer no primeiro andar com o pano de prato no ombro.
— Eles chegaram! (Seu pai), vem rápido!
Sn riu, assim como Lionel.
— Vovó (nome). – Mateo acenou animado e esqueceu até mesmo o console portátil do Nintendo.
Thiago tirou o cinto de segurança, desceu do carro e a mulher mais velha desceu as escadas rapidamente, abraçando o neto e o apertando contra seu corpo. Mateo não demorou a fazer o mesmo, assim com Sn e Lionel.
— Eu senti muito sua falta, abuelita. – o pequeno Messi falou quando abraçou a mãe da sua madrasta. Ele era muito fofo e gentil, e danado na mesma medida. — Tem que visitar mais a gente.
— Oh, meu netinho, vamos sim.
— Sogrinha. – Léo cumprimentou dando um beijo na bochecha da mulher, e viu o pai de Sn se aproximando. — Sogro, tudo bem com o senhor?
— Tudo, e você?
— Estamos todos bem.
Eles apertaram as mãos e o homem mais velho abraço a filha, em seguida fazendo o mesmo com seus netos do coração.
— E onde está meu pequeno Ciro?
— Dormindo. – Sn deu de ombros. – Léo, mi amor, pega as malas, que eu levo ele para o quarto, ok?
O homem assentiu seguindo para a parte de trás da Hilux.
— Pai, nós procurar os meninos.
— Cuidado! – o argentino avisou olhando para os dois que concordaram.
— Eles estão brincando no balançador.
Mateo e Thiago correram para a lateral da casa rumo aos brinquedos que seus pais haviam instalado para entreter as crianças.
Sn pegou Ciro no colo e subiu junto com sua mãe para o deixar no quarto deles, enquanto seu pai ajudou Lionel com as malas que trouxeram para passaram os próximos cinco dias no Brasil.
Sn passou o restante da tarde ajudando a mãe, suas tias e alguns tios na cozinha. O marido dela ficou com os cunhados e uns primos mais próximos que preparavam o áudio da comemoração de São João, além de cuidar dos filhos, evitando que os três se metessem em encrenca.
O casal arrumou os pequenos como três matutinhos fofos e os deixou com o avô enquanto ela própria e Messi vestiam as suas roupas.
— Você está linda demais, amor. – Sn se virou, vendo o marido sentado na cama.
— Gostou? – ela deu uma voltinha, antes de se aproximar e ficar entre suas pernas malhadas cobertas por uma calça jeans e enfeitada de bandeirinhas.
— Muito, minha caipira sexy. – sorriu e apertou a bunda dela dando um tapinha depois.
— Léo. – gemeu.
— Você gosta.
— Ah, meu Deus, vamos logo. – ela disse o puxando para levantar, seu rosto agora corado de vergonha.
Lionel ficou de pé e a puxou, dando um beijo em sua boca.
— Minha deusa. – cheirou seu pescoço.
— Você está lindo também, sabia?
— Mesmo? Que bom que gostou.
Sn beijou a bochecha do marido e então os dois saíram do quarto rumo a festa e os convidados que já chegavam.
Havia mais pessoas do que ela imaginava e uma música animada de quadrilha era a trilha sonora para as danças.
Eu esse ano vou embora por sertão
Pra dançar pelo São João
Farrear com mais de mil
— Sn. – sua prima gritou quando a viu descendo as escadas.
— (Nome), como você está? – a abraçou, vendo Messi se afastar indo em direção ao lugar onde os filhos estavam com seu pai e outras pessoas.
— Bem. – a mulher respondeu. — Estou morando no Canadá agora.
— O seu jogador de hóquei veio?
— Sim. – sorriu. — Elliot está com o vovô e nossos pais, além dos meninos.
— Ele entende alguma coisa que os três falam?
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
— Não. – ela riram. — Mas finge muito bem, os seus meninos falam inglês e o Thiago estava mediando a conversa.
— Sn, (nome). – Victor, o seu primo, lhe beijou na bochecha e fez o mesmo com sua outra prima.
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só.
— Você é o noivo da vez? – questionou ao ver a roupa dele.
— A vovó que me obrigou. – o rapaz deu de ombros, segurando uma tapioca. — E me deu cem reais dentro de um papel, eu sou o neto favorito.
Eles riram.
— Ai, ai, é melhor meu irmão não saber disso. – Sn falou. — Ano passado ele fez o noivo e foi de graça.
Victor riu.
— Cadê o meu homem?
— Tá falando do meu marido, garoto?
— Eu amo ele, você sabe.
— Tua namorada sabe disso?
— Ela entende que ele é o número um na minha vida. – brincou.
— É melhor ir atrás da sua noiva de São João, vai! – empurrou o primo, mas com um sorrido no rosto porque sabia que os primos (a maioria) eram fãs de Messi.
Sn ficou conversando com algumas tias e primas, até Ciro surgir pedindo colo para ela.
— Oi, meu amor, o que foi? – ela indagou acomodando ele em seu quadril, não iria demorar muito para não conseguir mais fazer isso, o meninos estava crescendo.
— Thiago não quer me deixar brincar de pega-pega com eles. – resmungou. — Ele é um chato.
— Por que não brinca com o Caio e João? Eles são da sua idade.
— Não quero.
Ciro fazia birra de vez em quando e tinha ciúmes dos irmãos com outros amigos.
— Então vamos pegar aquele bolinho de milho agora?
— Sim. – disse empolgado.
A família paterna e materna de Sn, assim como os agregados e os amigos presentes dançaram quadrilha, e casaram Victor e a namorada dele com direito a amante e policiais presente, tudo que o casamento matuto merecia.
Eles eram animados e a empolgação não diminuiu depois disso.
Dançaram. Comeram. Conversaram.
Sn e Lionel agasalharam os meninos logo que o frio aumentou.
Eles corriam pelo pátio iluminado com a criançada, brincavam com as chuvinhas e atiravam estalinhos que seus avós lhes deram no chão, assustando alguém.
Era uma onze quando foram colocados na cama.
Lionel estava uma mesa com os primos da esposa, ela em seu colo, bebendo uma cerveja e comendo um espetinho. Um tio de Sn tinha colocado Mastruz com Leite a meia hora e os primos cantavam as mais antigas juntos sorrindo ao lembrarem da infância quando se reuniam.
Meu amor
Não me deixe aqui, por favor
Por favor
Volte para mim
— Minha vida sem você, não terá nenhum valor.
— Nada mais me dá prazer. – Gabriel se levantou, puxando a esposa para dançar.
Se não tiver de volta o seu amor
Os pais dele fizeram o mesmo.
Meu coração te quer tanto bem
(Te quer tanto bem)
— Vai tio Inácio. – gritou Victor, fazendo os demais gritaram também. — Diz que morre de paixão, mas não quer ninguém.
Saiba que eu sempre quis
Ficar perto de você
— Que eu sonho ser feliz.
— E nos meus sonhos só vejo você.
— Na praia! Nós dois! – gritaram juntos, arrancando risadas dos gringos.
— Sob o claro da estrelas e da lua. – Sn cantou sorrindo.
Esses pequenos momentos faziam a sua vida, faziam sua existência valer a pena.
— Saga do vaqueiro! Saga do vaqueiro! – a prima favorita dela pediu, a namorada do canadense.
— Essa é a minha filha.
Ela levantou em um pulo com o toque da música, seu celular numa mão e um copo americano com cerveja na outra.
— Vou pedir licença para contar a minha história! – cantou com empolgação e sem um pingo de afinação.
Sn riu contra o pescoço de Lionel.
— As vezes me esqueço como eles ficam quando bebem. – ele disse timidamente.
— Eles são malucos mesmo, a loucura é de família por aqui. – beijou-o.
— Gosto disso, de sair da minha zona de conforto e de estar com pessoas felizes e espontâneas como você.
— Oito minutos de sofrimento. – Heitor comentou vendo o pai e a irmã fazendo um dueto.
Eles riram. E três músicas depois foram para outros cantores e bandas.
Sn e o marido se revezaram para olhar as crianças no quarto deles.
Victor dançou com a namorada, com as irmãs e primas.
Sn foi puxada pelo irmão mais velho e foi sorrindo, sentia falta dessa simplicidade quando estava na europa. Lionel sorriu e observou os dois. Eles eram bons nisso.
Na competição do amor o coração dela venceu.
Na disputa entre os mais fortes essa quem perdeu fui eu
[...]
Uma chuva fina começou a cair por volta das três horas da madrugada, fazendo a festa encerrar mais cedo.
Sn e Lionel entraram no quarto, vendo os pequenos na cama de casal, abraçados e dormindo como anjos.
Eles foram para o quarto anexo depois de trancar a porta.
Eles se despiram, vestiram seus pijamas e entraram em baixo do cobertor.
Se enroscando um no outro, e escutaram a chuva aumentar enquanto caiam no sono.
— Eu amei o dia de hoje.
— Eu também, aliás, amo fazer você feliz.
Sn sorriu, beijando o peito desnudo do marido.
— Te amo, Léo.
Ele fez carinho nas costas dela antes de sussurrar um "eu te amo, amor, durma bem".
{oi, espero que gostem}
XOXO, MAY.