NEPTUNE • jjk x pjm

Bởi vantepeach

1.4M 168K 371K

Quando criança, Jimin fez uma promessa para Jungkook dizendo que algum dia, independente do quanto demorasse... Xem Thêm

Prólogo
one! his fluffy cheeks
two! my heart recognizes you
three! take my hand and take me somewhere
four! in room 505 it all started
five! brocolis pizza
six! lost in the crowd
seven! when i heard your name
eight! it hurts me when it hurts you
nine! losing my religion
ten! losing me not to lose you
eleven! in your sea i drown
twelve! pitch black, pale blue
thirteen! give me your sweet tragic words
fourteen! drizzle that hurts
fifteen! cherry lips
sixteen! your taste is bittersweet
seventeen! reactive signals
eighteen! blue vodka, cucumbers and your smell
nineteen! tell me the truth as the world collapses
twenty! daisies, doja cat and wet kisses
aviso!!!
twenty one! take me to church
twenty two! take me to your best friend's house
twenty three! sunflower theory
twenty four! curse me, lose me, fuck me
twenty five! you should see me begging
twenty six! see the horizon from the top
twenty seven! take me home where i belong
twenty eight! everything is blue
twenty nine! stuck in us forever
thirty! the dog days are over
thirty one! invincible
thirty two! look for neptune with me
thirty three! when the party's over
thirty four! please you stay alive
thirty five! what diamonds can't show
thirty six! doing something unholy
thirty seven! i wanna love you
thirty nine! we keep this love in a photograph

thirty eight! it has always been you

9.6K 819 584
Bởi vantepeach

— Aquela ali é minha favorita. — Jungkook avisou, apontando para a estrela mais brilhante de toda a imensidão do céu escuro.

Deitado na grama do quintal de Jimin, recebeu um riso baixo do mesmo, que repousava a cabeça em seu peitoral e traçava linhas imaginárias em seu abdômen. Park se sentiu tão leve que soltou:

— Que gostoso ficar assim com você...

— É, não é? Por deus, senti tanta saudade de te abraçar assim...— Sussurrou de volta, enroscando os dedos longos pelos fios loiros do garoto para deixar ali um carinho preguiçoso. — Aliás, Jimin, eu...

— Também é minha favorita. — Jimin se referiu à estrela, tentando mudar o foco do assunto.

— Você sabe que uma hora ou outra teremos que falar disso, não é? Vamos conversar, me deixa te contar tudo que aconteceu...

Park queria ouvir, óbvio, queria entender o motivo exato de Jungkook ter partido e encaixar, por fim, cada pecinha daquele quebra-cabeças difícil de montar. Porém, não podia evitar sentir aquele frio na barriga meio amedrontador e a ansiedade pelo que estava por vir.

— Eu tenho medo...

— Hyung, olha pra mim. — Tentou, mas Jimin nem se mexeu. — Ji, por favor...

— Eu não quero estragar esse momento. Está gostoso demais para ser estragado.

Jeon, no fundo, queria rir. Park Jimin ainda era teimoso feito uma porta, e birrento, principalmente quando grudou ainda mais em seu corpo num abraço desajeitado para que assim não pudessem conversar.

Entendia aquele receio, aquele medo avassalador.

Pelo que San havia resumido, Park precisou enfrentar nos últimos dias um verdadeiro inferno para se manter são e concluir seu plano contra Dongsun. Finalmente possuía poder na empresa, mas estava dilacerado por dentro.

Precisava de carinho, de paciência, do jeitinho certo de falar que apenas Jungkook possuía.

Então, ele iniciou:

— A mulher de Peter precisava concluir o tratamento, estava na fase final. — O menor, ao ouvir aquilo, abriu os olhos para prestar atenção, mesmo que Jeon não pudesse ver. — Ela sofreu muito, muito mesmo, e ele se prestou a fazer todas as sujeiras de Dongsun para tentar salvá-la.

— Jungkook...

— Por favor, me ouça. Peter não é o mais bondoso dos homens, não é porque descobri que ele também estava sob as ameaças de Dongsun que vou classificá-lo como um amigo. Mas nós trabalhamos juntos, sim, em todo esse tempo em que fiquei fora.

Como Jimin percebeu que o tagarela não mudaria de assunto e muito menos calaria a boca, resolveu ao menos se levantar para que assim pudesse prestar atenção melhor no assunto sério.

Sentou-se na grama, depositando toda a sua atenção em Jungkook, que acabou se levantando também.

— Eu sabia que enquanto não achássemos uma forma de acabar com aquele monstro, jamais teríamos paz. Nem eu, nem você e nem as pessoas ao nosso redor. — Explicou, magoado. — Sei que é difícil de engolir a forma como fui embora, e eu nunca, nunca mesmo vou esquecer a sua carinha me implorando para ficar. Mas aquilo foi necessário, Jimin. Se Dongsun mandasse interromper o tratamento, ela não aguentaria duas semanas viva.

Park não respondeu, não sabia bem o que dizer. O mais novo entendeu isso como um sinal positivo para prosseguir.

— Enquanto estivéssemos juntos, Dongsun também te faria sofrer. Eu não aguentava mais te ver preso naquele quarto imundo fugindo de todos para ter um pouco de paz comigo, hyung.

— Eu não liguei nem um minuto para o lugar em que estávamos. Eu só queria ficar com você...

— Eu sei, vida. — Jungkook alcançou a mão pequena, aconchegando-a entre as suas. — Sei que você faria loucuras por mim, assim como eu faria por você, mas na situação em que estávamos, fugir não adiantaria nada. Ele nos encontraria uma hora ou outra.

Analisando por aquele lado, Jimin compreendeu que não foi o único que sofreu.

Jungkook precisou abandoná-lo e passar dias com a pessoa que fingiu ser seu cliente por tanto tempo, e isso com certeza não foi fácil de digerir.

Seu menino era tão forte! Fez tudo aquilo pensando no melhor para ambos, e também para Peter e sua esposa, o que apenas o classificava ainda mais como o menino de ouro que todos já conheciam.

— E por que você não me contou? Digo, poderíamos ter trabalhado juntos nisso e...

— Jiminie, você jamais me deixaria ir se soubesse o motivo de tudo. — Quando Jeon explicou, ele apenas assentiu silencioso.

Se soubesse em qual buraco seu garoto estava se metendo para salvá-los, com toda a certeza do mundo o impediria de continuar.

Tentaria encontrar outra forma de arrumar a situação, e provavelmente falharia, porque sua cabeça estava tão cheia que a única saída era sempre fugir e fugir novamente.

— Foi estranho... eu precisava ouvir as ligações de Peter para a mulher, vê-lo chorando todo derrotado, uma versão que eu claramente não conhecia. E ele, claro, precisou me ouvir chorando toda madrugada, e nós também precisávamos fazer as refeições juntos, mas pelo menos a comida era boa e era Dongsun quem pagava.

— Me diz que pelo menos vocês gastaram todo o dinheiro daquele homem desgraçado. — Park brincou, tentando não pesar muito o clima.

— Com toda certeza. — Pausou, sorrindo. — Já que estávamos à beira de um colapso coletivo, resolvemos comer tudo do bom e do melhor nas custas dele. Não é como se eu conseguisse comer muito, afinal meu estômago estava um caco, mas consegui fazer as melhores refeições da minha vida, hyung, o que não era muito difícil tendo em vista as porcarias que eu comia na rua...

Doeu em Jimin pensar no quanto Jungkook sofreu em todos aqueles anos sozinho, trabalhando na boate. Não possuía dinheiro para comer decentemente, se entupia de álcool e drogas para aguentar tudo que passava naquele lugar horrendo, dormia pouco e muitas vezes desmaiava e acordava na rua.

Encarar seu homem naquele momento, tão saudável e bem vestido, foi claramente um choque.

Prometeu a si mesmo nunca mais deixá-lo passar por aquilo novamente, porque suas bochechas ficavam muito mais bonitas cheinhas.

— Você leu todas as minhas mensagens...— Park relembrou, cabisbaixo e um pouco envergonhado.

— Li todas elas e chorei com todas elas. — O garoto devolveu com um sorriso sem ânimo. — Você é bom com as palavras. Quase larguei tudo e vim correndo para o seu colo em cada vez que meu celular notificava uma nova.

— Sou, não sou? — Ele sorriu, se gabando enquanto deslizava a destra pela franja alinhada, mostrando ainda mais a testa exposta. — Sou muito bom com as palavras quando estou desesperado. Eu só queria minha criaturinha de volta.

Jeon riu baixinho, aproximando-se apenas para beijar a testa alheia, retornando ao seu lugar quando se sentou sobre os próprios calcanhares como fazia quando era criança. Park achava aquela posição adorável e típica do mais novo.

— Eu estou aqui, hyung. Estou de volta.

— Não saia mais de perto de mim, Jungkook. Por favor, por favor...

— Não vou. — Assistindo a aflição nos olhos de Jimin, ele prometeu, mas dessa vez uma promessa realmente verdadeira. Nem se Dongsun retornasse do quinto dos infernos se afastaria do seu garoto.

— Bem... agora comando uma empresa. — Anunciou, sorrindo totalmente incrédulo com o rumo das coisas. Jungkook fez o mesmo, negando com a cabeça ao dizer:

— Você é inacreditável, Park Jimin.

Num estalo, Jimin se lembrou de algo realmente especial de sua infância, levando seus olhos marejados até Jungkook porque aquilo foi especial demais de se recordar.

Com a voz afetada, chamou: — Jungkook?

— Ei, Ji? Está chorando?

— Você se lembra quando dizia, ainda criança, que gostaria de trabalhar em uma grande empresa para ajudar pessoas?

— Sim! Eu queria muito poder ter dinheiro para ajudar pessoas carentes e...— Então, se dando conta do que aquilo significava, Jungkook imediatamente se calou e encarou Jimin entendendo o que aqueles olhos aguados feito oceano significavam.

Como não conseguia acreditar, sentiu seu próprio choro vindo, e cabisbaixo ouviu o mais velho dizer:

— Esse ainda é seu sonho, Jungkook?

Seu rosto se levantou, e os olhos brilhantes responderam por si só. Moveu a cabeça positivamente, para cima e para baixo, sentindo os lábios tremerem devido ao choro preso.

— Então, meu dentuço mais lindo do mundo, eu queria saber se...— Park pausou, sem acreditar que aquele momento finalmente havia chegado. Aí, com uma lágrima escorrendo pela bochecha, deixou um sorriso gigantesco estampar seus lábios quando pode dizer: — Se você aceita trabalhar comigo.

Foi inevitável. Jungkook caiu no choro.

Chorou alto, parecendo criança, tapando o rosto com as mãos para que o mais velho não visse aquilo.

Sentiu todo o seu coração doer porque aquele momento finalmente havia chegado. Ele teria um emprego! Um emprego decente, sem dores, sem sofrimento ou humilhações.

Esperou ouvir aquilo por toda a sua vida, mas parecia algo tão distante e impossível que sua única reação foi chorar e chorar sem acreditar que estava realmente acontecendo.

Jimin sorriu durante todos os minutos que encarou seu amor emocionado daquela forma.

Sabia o que aquele choro significava. Foram anos se entregando a qualquer um para ter o mínimo possível. Anos voltando pra casa dopado, dolorido, chorando sem parar. Anos se alimentando de restos, ou passando dias sem comer, vendo cada um ao seu redor se acabando cada vez mais.

Mas seu momento havia chegado.

Ele teria um emprego.

Um emprego como o de outras pessoas normais, com salário suficiente para comprar comidas gostosas e algumas roupas novas. Suas únicas roupas novas eram as que Jimin lhe deu de presente, já que aquelas que comprou com o dinheiro de Dongsun para passar os últimos dias faria questão de doar e nunca mais nem ver. Seus sapatos estavam gastos, não possuía plano dentário e muito menos de saúde. Poderia, finalmente, ter o básico.

Jimin não interrompeu aquele choro porque sabia que Jungkook precisava daquilo.

Esperou anos e anos acreditando que jamais teria salvação, mas ela estava bem ali, bem à sua frente. Sempre esteve. Park Jimin sempre foi seu anjo da guarda, seu melhor amigo, e, finalmente, seu namorado. O que ele não percebia é que também era o porto seguro do mais velho, sempre foi e sempre seria.

— Amanhã, bem cedinho, você me acompanhará até a empresa e vamos registrar sua digital no sistema. Poderá entrar quando quiser, Jungkook, porque o que é meu também é seu.

— Hyung...— Ainda com o rosto tapado, ele murmurou um pouco incrédulo, fungando alto.

— Vamos terminar de arrumar minha sala, não quero que nada me recorde daquele homem. Então, por enquanto, faremos um espacinho nela para você e encontraremos o melhor cargo que possa se encaixar no que você sabe fazer.

— Eu não sei fazer nada! — Ele sorriu, finalmente tirando as mãos do rosto, encarando Jimin que retribuía com um sorriso maior ainda.

— Mas vai aprender, minha vida. Vai passar por treinamento, e em pouquíssimo tempo estará preparado. Você é inteligente, eu sei, aprende rápido.

Com a alegria saltitando no peito, Jungkook assentiu, cheio de uma energia gostosa e uma vontade imensa de tomar aquele garoto nos braços e não soltar jamais.

Em seguida, arregalando os olhos ao pensar em algo, falou baixinho: — Vamos poder fazer sacanagens em cima da sua mesa?

— Eu vou cortar sua língua fora, moleque. — Jimin, pego de surpresa, fungou totalmente despreparado para aquela brincadeira. Então riu, mesmo chorando, tapando a boca ao dizer: — Eu to aqui todo emotivo, não é hora de falar besteiras!

— Park Jimin recusando besteira? — Com a provocação, Jungkook se aproximou o suficiente para cutucar a cintura alheia, mas aí, pertinho e sentindo aquele perfume gostoso, sentiu-se fraco.

Os dois se entreolharam por cinco segundos, e então, depois disso, colaram os lábios sedentos.

Beijaram-se com fervor, mas não era puramente carnal; sentiam falta do toque, claro, mas a saudade ia muito além disso. Por isso Jimin suspirou contra a boca que maltratava a sua, sorrindo no meio do beijo, acomodando-se até que suas pernas estivessem ao redor do quadril de Jeon, sentando em seu colo sem muita malícia.

— Ai, hyung...— O maior deixou escapar, afobado com a sensação enlouquecedora de sentir a bunda de Jimin roçando em seu colo sem aviso algum. Em seguida, sabendo que estavam no quintal de sua casa e que Yoohyeon poderia aparecer, riu baixinho ao puxa-lo pela nuca, trazendo seu rosto bem próximo para que pudesse dizer: — Vê se não se remexe muito aí em cima.

— Está com tanta saudade assim, neném? — Park provocou, mordendo o lábio inferior. Tanta provocação não durou muito, era cômico demais estar naquela situação enquanto as lágrimas nem haviam secado ainda.

Então riram, e Jimin abraçou seu garoto o mais forte que pode, beijando em seguida o topo da sua cabeça.

— Jimin hyung. — Jungkook chamou, tateando cada pedacinho do rosto pequeno entre suas mãos, sentindo seu coração bater rápido enquanto encarava o amor da sua vida. — Meu coração está rápido demais. Eu te amo tanto. Acho que quando transarmos de novo pela primeira vez, minha alma vai sair do meu corpo.

O primeiro intuito de Jimin foi gargalhar, retornando à posição inicial para morder a bochecha gostosa, beijando-a logo em seguida.

Nesse chamego dengoso, respondeu: — Você não está dizendo coisa com coisa.

— Estou nervoso.

— Por minha causa? — Questionou de forma adorável.

— Sim. Por sua causa.

— Eu ainda te causo nervosismo? — Park deixou um sorriso pequeno escapar ao assistir o outro assentindo. Então, derretido, sussurrou: — Você é tão doce, Jungkook.

Jeon, em contrapartida, firmou ambas as mãos no contorno da cintura pela qual era apaixonado, e Jimin só se sentiu ainda mais mexido pela firmeza vinda do garoto que parecia mais maduro vestido naquela roupa.

Ele amava Jungkook em suas roupas usuais; os moletons enormes, as camisas estampadas, as calças sempre gigantescas e tudo que fazia com que passasse um ar do garoto amável que era. Ali, entretanto, ele mais parecia um homem.

Então, concluiu que amava Jungkook meio desleixado, mas amou também vê-lo nas vestes formais. Amava, acima de tudo, a pessoa que ele era.

Com roupas caras ou as mais baratas que encontrava na liquidação, Jeon conseguia conquista-lo de todas as formas.

— Você escolheu Neptune. — O garoto soltou, enfim, o que tanto queria dizer. Jimin assentiu, um sorriso miúdo se formando em seus lábios. — Por que, hyung? É nossa música, mas você não sabia que eu vinha.

— Mesmo se não estivesse aqui comigo, você foi a pessoa que mais me ajudou nessa trajetória toda do espetáculo. — Jimin falava manso, delicado, sorrindo ao levar uma mecha do cabelo de Jungkook atrás da orelha. — Me estimulou, me acompanhou nas seletivas, me treinou sem nem mesmo saber o que estava fazendo. Eu sempre serei grato por tudo que fez por mim mesmo enquanto estávamos foragidos de tudo.

— Eu só te ajudei a perceber o talento que já tem.

— Não, Jun, é mais do que isso. — Não soube ao certo como explicar, mas Jeon pareceu curioso o bastante para tentar entender. — Para pessoas como eu, que duvidam tanto de si mesmas e raramente recebem algum estímulo, o que você fez foi muito mais do que isso. Se não tivesse me dado esse empurrão, eu jamais teria conseguido.

— Que pena, seria realmente muito triste um teatro tão bonito como aquele sem o homem mais talentoso do mundo dançando a música mais linda de todas.

Meloso! Aish, foi o que Jimin pensou. E então sorriu, porque sentiu muita saudade daquela doçura.

— Eu vou te roubar pra mim. — Ele respondeu, sentindo o coração dar solavancos.

Mas Jeon Jungkook sabia bem como quebrá-lo, e assim o fez: — Já sou teu. Inteirinho.

A única resposta plausível foi beijar aquela boca até que ficasse avermelhada e sensível.

Deslizou sua língua morna para dentro, sentindo a maciez da de Jungkook e aquela quentura que tanto gostava. Enroscou-se no garoto como se não se vissem há tempos, e isso era realmente verdade, por isso usou de desculpa a saudade para empurra-lo até que se deitasse no gramado de sua casa.

Sobre seu corpo, beijou seu nariz e subiu até a testa, selando-a algumas vezes, tão lento e delicado.

— Eu não consigo acreditar, Jimin. Eu estou sofrendo com essa dorzinha no peito, porque quero me sentir feliz e aliviado, mas simplesmente não consigo acreditar que todo o inferno finalmente acabou.

Park sentiu um peso ao ouvir aquilo, porque é óbvio que Jungkook não se sentiria protegido inicialmente. Depois de tanto sofrer, de tanto correr e de tanto se esconder, como acreditaria que, de uma hora para a outra, finalmente teria a vida digna que tanto sonhou? Era difícil de acreditar, difícil de se sentir alegre quando sempre que se sentia assim, tudo desabava instantes depois.

— Aquele desgraçado está internado, Jungkook, e assim que se recuperar, será preso. Temos a aprovação da minha mãe. Temos os nossos amigos conosco. Tenho a empresa, e você trabalhará comigo. É isso que vai acontecer. Apenas isso.

— Você... você me quer mesmo trabalhando com você, hyung?

— É o meu maior desejo.

— Mas...— Pausou, apertando os olhos ao se sentir envergonhado. — Meu nome é sujo. Todo mundo da rua me conhece.

— Eu não me importo.

— Vão me reconhecer dos programas. Vão te jogar nos piores boatos possíveis.

— Eu não me importo. — Reforçou.

— Eu posso tentar arrumar um emprego comum agora que estou livre, Jiminie... digo, provavelmente demoraria, meu currículo é o mais ruim de todos, mas... mas isso te livraria de maus bocados na empresa e...

— Jungkook. Lindo. Meu amor. — Ali, recebendo toda aquela aflição, decidiu que jamais deixaria o garoto se sentir daquela forma novamente. Olhando no fundo dos seus olhos, ainda em seu colo, sussurrou: — Eu não me importo com nada disso. Seu nome não é sujo, é o mais bonito de todos. Que se foda quem já tocou em você, quem te conheceu de outras formas... agora você é meu homem, meu Jungkook. Quem se meter contigo, vai pedir para correr logo em seguida.

Imóvel, Jeon apenas prendeu o sorriso, e totalmente encantado, soltou: — Caramba, isso foi a coisa mais sexy que já ouvi.

— Cala essa boca, moleque, não estou brincando.

— Me deu tesão. Park Jimin-ssi, você é a coisa mais linda desse mundo!

Sem acreditar na safadeza, Jimin soltou o riso e se jogou ao lado de Jungkook na grama fresca, encarando as estrelas enquanto o som das suas risadas se misturava aos poucos.

O menor não queria quebrar o clima, mas ao encarar aquela imensidão cintilante e estrelada, só conseguiu se lembrar de alguém especial:

— Você acha que Yoongi pode estar em algum lugar do céu?

Jungkook, que não estava preparado para a pergunta sensível, respirou fundo antes de pensar em uma resposta. Era complicado falar dele. Era sempre complicado.

— Eu espero que esteja. Espero que consiga nos ver, e que saiba que Hobi hyung conheceu seu grande amor.

— É completamente bonito e devastador saber que antes de Hoseok e Taehyung se amarem, amaram a mesma pessoa. — Sua voz foi diminuindo, sumindo em meio aos barulhos da cidade e o grilo que perambulava por algum lugar dali. — Madre Lee ainda não sabe. Sinceramente, não sei qual seria sua reação ao saber...

— Algumas coisas são melhor assim, Jiminie. Sem que a gente saiba.

— Ela já tem idade, coração fraco...

— Não aguentaria o baque de uma notícia dessas. — Ele concluiu, entristecido. Por isso, afetado e carente, buscou pelo dedo indicador de Jimin, entrelaçando-o no seu. — Prefiro que, quando partir, ela leve consigo o pensamento de que cuidou de todos nós, e que vivemos felizes e saudáveis graças ao seu esforço. Prefiro que ela imagine que ainda reencontraremos Yoongi, porque assim é menos doloroso.

— É um pensamento bonito, Jungkook. Ela passou a vida toda cuidando de tantas pessoas, espero que passe seus últimos anos em paz, descansando e com o coração tranquilo.

Jeon deixou uma respirada funda escapar, concluindo: — Eu também quero passar minha vida assim. Em paz.

Jimin sabia o que aquilo carregava, afinal a última vez que o mais novo teve paz foi, muito provavelmente, quando ainda era um garotinho no orfanato. Desejava o mesmo para Jeon. Dias calmos, gostosos e sem grandes acontecimentos.

Queria apenas acolhê-lo num abraço e esquenta-lo quando o inverno chegasse, assistindo filmes bobos e bebendo chocolate quente. E então, no verão, iriam até a praia e passariam o dia debaixo do sol quente, ele poderia apreciar o corpo esculpido saindo da água e seu sorriso bonito sempre presente.

E Jungkook pensava o mesmo. Nada de ver seu amor chorando novamente, e se derrubasse alguma lágrima, que fosse de felicidade. Também cuidaria da sua alimentação, mesmo que aos poucos, porque sabia o quanto Jimin sofreu nas mãos do próprio pai para seguir à risca uma dieta absurda.

Alguns problemas continuariam, porque a vida é feita de imperfeições. E quando novos aparecessem, estariam dispostos a resolvê-los, juntos, porque jamais se sentiriam solitários novamente.

Naquela noite, após tal fala de Jungkook, Jimin sorriu sereno e o encarou no fundo dos olhos, sentindo seu coração transbordar.

Não sabia como tudo havia mudado tão abruptamente, mas não reclamaria de forma alguma. Estava onde devia estar.

Seu corpo, que sentia tanta falta do calor que somente o de Jeon podia lhe dar, chamava pelo outro em sinais quase imperceptíveis.

Era o jeito de olhar, o jeito de sorrir, o jeito das mãos buscando por contato à qualquer custo...

Um estava implorando pelo outro, mesmo sem perceberem.

Por isso, ainda afetado pela presença do maior, Jimin buscou seus olhos, deixando os seus próprios faiscarem ao dizer: — Quer ir para o meu quarto?

Jungkook sabia que as possibilidades eram inúmeras. Poderia ser um convite para um filme, ou para prolongar a conversa sobre a vida, ou para apenas dormirem coladinhos como tanto desejaram naquele tempo longe.

Mas o olhar de Park Jimin era quente, quente como o de quem sente saudade; saudade do físico, do paupável, daquilo que se pode sentir. Seus olhos castanhos avisavam, principalmente, o que se passava dentro de sua cabeça.

Jungkook sentia o mesmo, só não soube colocar em palavras antes que o outro fizesse. Por isso, sincero e cheio de expectativas, sussurrou:

— Eu quero, Jimin.

Quando se levantaram dali e caminharam até a porta dos fundos da casa, perceberam que Yoohyeon já estava em seu quarto. Algumas coisas ainda estavam jogadas pela sala, arrumariam no dia seguinte, afinal a mulher resolveu dar aos empregados um luxo que nunca tiveram graças a Dongsun: um dia de folga.

Park, caminhando até a longa escada que ia em direção ao andar superior e, consequentemente, seu quarto, encarou tudo ao redor, e sorriu.

Nunca imaginou que poderia caminhar tranquilamente em sua própria casa segurando a mão de Jungkook livremente.

Foi tanta felicidade que acabou erguendo um pouco o braço, rodopiando o garoto maior até que se atrapalhassem no meio do giro e se enroscassem gargalhando. Então, tapando a boca de Jeon, ele arregalou os olhos e pediu silêncio, ou então Yoohyeon acordaria e seus planos estariam arruinados. Atrevido, sorriu.

— Eu conheço esse sorriso, hyung. — Ele sussurrou com dificuldade, ainda com os lábios tapados. Para se livrar, mordiscou os dedos miúdos e riu baixo quando Jimin lhe repreendeu com o olhar.

— É o sorriso de quem quer te ter todinho hoje. — Num sopro pertinho do ouvido alheio, Jimin respondeu. Não precisou tocar o braço de Jungkook para saber que estava inteirinho arrepiado só com aquilo, o garoto era todo sensível.

Em resposta à isso, Jeon capturou a destra pequenina e a entrelaçou na sua para que assim pudessem subir os degraus de uma vez.

Pela primeira vez, mesmo que ainda um pouco receoso, Jungkook se sentiu um garoto normal. Veja bem, estava na casa do seu namorado, subindo as escadas para o quarto do garoto em silêncio para não serem descobertos pela mãe. Ele se sentiu em uma daquelas séries adolescentes, deixando a adrenalina tomar conta do seu corpo com aquela nova experiência gostosa.

Foi gostoso se enroscar em Jimin pelos corredores escuros, hora ou outra tropeçando um no outro e rindo baixo, deixando para gargalhar apenas quando entraram no quarto e a porta foi trancada.

Aí, observando Park Jimin se jogando na cama macia com toda a felicidade do mundo, ele sorriu.

— Eu estou tão feliz, Jungkook-ssi! Tão feliz, tão feliz...

Os olhos de Jeon brilharam como nunca na vida.

Percebeu que ali, bem ali, de forma leve e descomplicada, viveu o momento mais bonito de todos. Era a liberdade correndo junto com seu sangue, ilusoriamente podia senti-la sob sua pele! Era o coração batendo rápido, o corpo todo entrando em combustão.

Lembrou-se de um Jimin pequeno, ainda criança, correndo até ele no orfanato. Os cabelos dourados voando, o mesmo dourado que estava bem ali, à sua frente, e o sorriso que continuava o mesmo.

Jimin mudou tanto, e ao mesmo tempo estava igual.

Se forçasse sua memória, encontraria um breve momento em que ele lhe encarou daquela mesma forma, com tanta alegria e admiração, mas ali, tantos anos depois, o peso daquele sorriso era muito maior.

Porque o sorriso de Jimin era prova viva de todo o sofrimento que ele vivenciou e massacrou com as próprias mãos até sentir a vitória.

— Por que me olha tanto, coelhinho? — O loirinho perguntou, e aqueles falsos olhos ingênuos capturaram cada suspiro do outro.

— Você não sabe o quanto me quebra quando lembra de algum apelido daquela época. — Confessou, afetado, e ainda distante.

— Vem cá, vem...— Park bateu uma das mãos sobre o edredom claro e fofo, pedindo que o maior se aproximasse para suprir aquela saudade.

Jungkook caminhou lentamente, e ao chegar na beirada da cama, subiu primeiro um joelho, depois o outro, ficando de quatro logo em seguida para engatinhar devagarinho até ele.

Seus olhos, vidrados nos do mais velho, hipnotizaram cada ação do garoto. Enlouquecido com aquela simples cena, Jimin piscou os olhos cheio de uma fraqueza repentina.

Assistiu Jeon chegar perto, ficando novamente de joelhos para que assim ficasse mais alto. Aí, entorpecido, Jungkook deslizou o polegar pelo queixo alheio, fitando Park todo sedento beijando seu dedo.

Entrou em síncope, precisava de mais.

Levou um dos joelhos até o meio das coxas de Jimin, chegando cada vez mais perto, e, consequentemente, aumentando o calor. Ali soltou seu queixo para que pudesse levar os dedos até os fios loiros, enroscando-os bem no couro cabeludo, puxando com uma leveza moderada.

Tombou a cabeça de Jimin, obrigou-o a encarar-lhe no fundo dos olhos enquanto era domado.

— Sentiu saudade do jeito que eu faço? — A dualidade de Jungkook era o traço favorito de Jimin, e ali estava ela, tão presente.

— Ninguém mais faz igual você, vida.

Vitorioso, o mais novo sorriu, acariciando cuidadosamente os fios enroscados em sua palma. Jimin nem mesmo tentou escapar. Deixou que o outro puxasse seu cabelo, mesmo que de leve, fechando os olhos com o toque delicioso, abrindo-os novamente apenas para encontrar o castanho mais lindo do mundo.

Quando Park escorregou a destra até a coxa grossa à sua frente e a espalmou com vontade, recebeu um sorriso carregado de segundas intenções.

Pressionou a carne entre seus dedos, mesmo que a calça atrapalhasse um pouco, percebendo que o corpo de Jungkook era seu lar preferido.

Amava deitar a cabeça naquele peitoral, amava sentir a textura da sua pele e amava ainda mais a sensação quente que ele causava. Amava desde suas clavículas até o curto espaço abaixo do umbigo, no finzinho do abdômen definido, com os poucos pelos ralos que trilhavam o caminho mais pecaminoso de todos.

Jungkook flagrou seu garoto encarando seu corpo, e como amava ser admirado. Por ele, claro. Qualquer outro olhar passaria despercebido, pouco se importaria em receber atenção. Mas quando se tratava de Jimin e daquela carinha que só ele sabia fazer quando lhe encarava, toda a sua sanidade se desfazia e virava pó em questão de segundos.

Park levou a mão um pouco mais para cima da coxa marcada, alcançando parte da virilha e Jeon era tão sensível ali. Sentiu o corpo dando uma curta arqueada, e o aperto em seu cabelo se intensificando involuntariamente.

Jungkook ficou molinho, abrindo a boca para dizer algo duas ou três vezes, mas palavra alguma escapou. Com os lábios daquela forma e os olhos afetados, parecia ainda mais sedento encarando o menor dali de cima.

Jimin, em transe completo com aquela visão, sussurrou: — Eu te esperei tanto, Jungkook...

— Eu sou seu. — Ele respondeu de imediato, mesmo que sem pressa. A voz rouca, tão diferente do usual, e os olhos piscando lentamente. — Eu sou só seu.

— É meu, e é tão lindo...— Quando o sorriso de Jimin se abriu um pouco, sua mão se encaixou na parte interna da coxa de Jungkook, firmando-se ali para que o polegar acariciasse a carne farta.

— Não mais que você. — Ele devolveu, hipnotizado, frágil, enfraquecido. Soltou o couro cabeludo aos poucos, levando a mão até a nuca do menor, deslizando até alcançar o pescoço claro sem marca alguma. Deixou que seu polegar fizesse carinho também, travando uma briga gostosa com o outro enquanto testavam seus limites.

Porque Jimin era todo sensível no pescoço, e ali estava Jungkook brincando como se não soubesse da informação, e a zona erógena de Jungkook era bem na virilha, tão perto de onde Jimin lhe castigava fingindo uma falsa inocência.

Sem aguentar aquela provocação barata, o garoto deixou tudo de lado e subiu no colo de Jimin, empurrando seu tronco até que se apoiasse na cabeceira da cama. Parecia desesperado, sedento, aflito. Derrotado pelo tesão que só a saudade intensa podia causar, sorriu mordendo o próprio lábio sem intenção alguma de causar uma cena ainda mais caótica, mas causou, e Jimin precisou firmar suas mãos na cintura acima do seu corpo.

Modelou o corpo de Jeon com as próprias mãos, deslizando as palmas mornas por cima da camisa para sentir o contorno do corpo esculpido, pressionando vez ou outra para matar aquela saudade insistente.

Confuso e ansioso, Jungkook aproximou seu rosto do outro, esfregando a ponta do nariz no pequenino de Jimin, questionando num fio de voz:

— Você quer fazer? Está com vontade, amor? — Ainda pertinho do rosto alheio, fechou os olhos ao roçar sua bochecha pela de Jimin num vai e vem gostoso, causando um atrito quase inexistente, afinal a pele era aveludada e macia. — Podemos esperar também. Está cansado? Foi um dia exaustivo...

Park mal conseguiu responder, completamente derretido e tomado pela sensação de ouvir sua voz preferida lhe chamando de amor enquanto sentia a quentura do rosto tocando o seu.

— Hyung? — Chamou novamente, afinal não obteve resposta. Sorrindo contra sua boca, Jimin puxou seu lábio inferior com os dentes numa carícia sutil e fodidamente excitante. — Porra, Ji...

— Vamos fazer diferente hoje. — Ele avisou, autoritário, e Jungkook amava quando aquela postura era adotada. Amava comandar, claro, amava puxar aquele cabelo sedoso entre seus dedos e domá-lo com facilidade, mas amava obedecer também. O que podia fazer? Era completamente apaixonado por Park Jimin.

— Como você quer? Diz pra mim, diz...— Sussurrou ao pé do ouvido, voltando a deslizar seu rosto contra o do menor, beijando cada centímetro de pele sem pensar muito no que estava fazendo.

O carinho era involuntário, o tesão era crescente e natural. Tudo fluía perfeitamente.

Jamais teriam aquela química com outro alguém.

Park, entretanto, excedeu qualquer expectativa quando ordenou com a voz baixa e cheia de uma rouquidão deliciosa de ouvir:

— Monta em mim direito. — Levou sua mão até o cabelo com mechas azuladas, puxando-o o suficiente para Jungkook endireitar a coluna, sentando perfeitamente no colo alheio. — Isso, assim, se empina do jeito que eu gosto.

— Ai, hyung...— Ele deixou escapar, os olhos fechados com aquele puxão gostoso no cabelo, a cabeça jogada para trás e o corpo perfeitamente arqueado. Mesmo com a barreira das calças, Jungkook sentiu Jimin endurecendo sob suas nádegas, soltando um gemido baixo que escapou sem aviso algum.

Park estremeceu com aquele timbre.

O maior forçou seu corpo para baixo, buscando por qualquer atrito que pudesse intensificar o contato, e, consequentemente, a fricção gostosa contra a ereção.

— Nem falei como quero e já está sentando em mim? — Jimin brincou com a voz grossa, impiedosa. — Jeon, se acalma, quanta impaciência. É saudade de mim, neném? É?

A resposta de Jungkook não chegou verbalmente, mas sim com sua mão buscando a pequenina, levando-a até seu pau coberto pelo tecido caro, fazendo Jimin acaricia-lo. A rigidez cresceu à ponto de se tornar dolorosa, e bem, Jungkook era ótimo em conseguir tudo que queria com aquela carinha quase cruel de puro deleite.

Jimin não perdeu tempo ao buscar pelo zíper escondido, descendo-o com facilidade até libertar o garoto da roupa incômoda.

Não foi fácil retirar a calça pelas pernas, acabaram rindo no processo desajeitado, mas, de forma alguma, menos excitante.

Jungkook vestia boxer branca e bem, era tudo visível demais. Jimin salivou, e tomado pelo desejo de vê-lo inteirinho para si, levantou a barra da camisa até enxergar o abdômen que tanto conhecia, cada sinal, cada pinta e cada pedacinho de Jeon que conhecia com a palma de suas mãos.

Tirou sem grandes dificuldades, e ali estava ele, coberto apenas pela cueca que denunciava claramente seus desejos mais insanos. Jungkook estava em seu colo, totalmente fraco e totalmente entregue.

— Meu deus, Jungkook. — Park deixou escapar, inerte na sensação de tocar a barriga branquinha com a ponta dos dedos, tão doce. — Meu deus...

— Que foi, hm? Diz pra mim, hyung...

Não hesitou em dizer: — Você é lindo. Todo lindo.

— Deixa eu te ver também. — Ele pediu, e cada pedido seu era uma ordem para Jimin. Sorrindo, o menor esticou os braços feito uma criança manhosa para que Jungkook tirasse sua roupa, roubando um riso baixo e manhoso do outro.

Jeon tirou sua camisa, e, logo em seguida, tentou desabotoar a calça. Não conseguiu, óbvio, pois se perdeu na tatuagem que Jimin carregava nas costelas só para ele. Sentiu-se pequeno diante de todos os sentimentos que inundaram seu peito, parando qualquer mínima ação para puxa-lo para um beijo quente, rápido, desesperado.

Beijou Jimin até ter certeza que o gosto da sua boca seria lembrado, soltando-o ainda um pouco perdido, excitado, completamente arrebatado.

Desabotoou a calça apertada, e foi mais uma luta para retirá-la, mas o bom é que o sexo com Jimin era gostoso, divertido, podia rir e em poucos segundos o desejo já estava novamente estampado em sua cara.

Não era como com os outros caras, onde tinha que seguir um padrão de comportamento e não sair da linha, jamais demonstrando suas verdadeiras vontades.

Ali podia rir, e assim o fez quando percebeu Jimin com os pés enroscados na barra da calça.

— Esse caralho não sai. — O mais velho reclamou, mas não recebeu ajuda porque Jungkook estava ocupado demais rindo da situação. — Jungkook!

— Porra, vem cá. — Ainda entorpecido pelo sentimento de felicidade, Jeon o auxiliou, e ao voltar sua atenção para seu amor, questionou: — Agora me diz. Como você quer?

Jimin não queria passar das preliminares, sua cabeça estava cheia e sua mãe estava no quarto próximo. Muita coisa havia acontecido, seu corpo estava encharcado de estresse e tensão, e não era daquela forma que queria sua (nova) primeira vez com Jungkook.

Desperdiçar aquela sensação deliciosa no finzinho da barriga, entretanto, não era uma opção.

Se já estavam ali, daquela forma, queria ao menos um pouco de diversão.

Levou a destra até a cueca alheia, puxando-a para baixo até ver o pau descoberto pulsando, e Jungkook lhe encarando como se quisesse que aquela dor incômoda cessasse. Jimin segurou-o pela base, subindo devagarinho até a glande, deixando um carinho com o polegar que quase desmanchou o maior ali mesmo.

Estava sensível, não transava há tempos e a saudade matava. Qualquer toque do mais velho era perigoso demais.

Contorceu-se lentamente, fechando os olhos ao sentir a masturbação lenta, mas tão gostosa. Era tão significativo entrar naquele estado gostoso de lascívia tão fácil quando estava com o garoto, afinal, quando ainda trabalhava na boate, nunca se excitava com ninguém, eram apenas fingimentos.

Park Jimin roubava cada suspiro seu com tanta facilidade, deixava seu corpo em chamas com pouquíssimo esforço. Por isso, em êxtase, soltou:

— Eu gosto tanto do jeito que você faz...

Park primeiro lhe encarou, completamente hipnotizado por aquele semblante necessitado, aquela voz frágil e aquele corpo mole com apenas um toque. Depois, lenta e tortuosamente, desceu a mão novamente pela extensão, subindo com um pouco mais de pressão, mas nunca forte o suficiente para irritá-lo.

Fez isso mais quatro ou cinco vezes, percebendo que Jungkook não duraria muito por causa da sensibilidade que a saudade causava.

Então, decidido, mandou:

— Faz em mim também, faz.

Não demorou nem dois segundos para Jeon abrir os olhos, concordando, sentindo seu corpo todo se eletrizar ao imaginar que veria o menor nu, despido de qualquer proteção, e poderia finalmente toca-lo sem medo ou qualquer interrupção.

Ninguém mais lhe separaria do seu amor.

Aturdido, piscou os olhos tantas vezes ainda perdido se aquilo era mesmo a realidade, afinal parecia tão bom. Com uma das mãos, acariciou o cabelo dourado, e com a outra, puxou a boxer de Jimin até se sentir salivando pelo caralho duro.

Não fez grandes enrolações, a vontade era maior. Sua mão rodeou a extensão com facilidade, afinal era grande e de repente percebeu que cabia perfeitamente ali. Começou devagarinho, mas ao contrário de Jimin, iniciou logo na cabecinha, sabia que era sensível.

Park soltou um suspiro, encarando-o no fundo dos olhos com aquela provocação injusta.

Em resposta, mordeu o lábio inferior e sorriu pedindo por mais, roubando de Jungkook um riso safado e um olhar apaixonado.

— Quem te deixou ser essa coisa mais linda do mundo? — O mais novo falou, calmamente, mesmo que seu corpo estivesse acelerado. — Isso, faz assim.

Jimin acelerou, mesmo que já tivesse seu objetivo em mente. Deixou Jeon bater uma para ele por mais alguns minutos, aquilo apenas aumentava ainda mais o tesão. Aí, exausto e cheio de uma vontade incontrolável, soltou o pau até que ele sentisse falta do calor gostoso, encarando Jungkook com a maior sem vergonhice da face da Terra ao se encostar na cabeceira, deixando-o sem entender nada.

— Que foi, hyung? Não quer mais?

O sorriso quase diabólico disse tudo. Mas, mesmo assim, Jimin quis verbalizar sua vontade mais secreta. Num sussurro e com a voz afetada, pediu:

— Pega os dois, Jungkook.

Só então o maior compreendeu. E, quando se deu conta, seu corpo já estava fraco e sua mente completamente perdida em sensações deliciosas com o pedido (quase) suplicante.

Rodeou o pau de Jimin com a mão grande, juntando-o ao seu até que um arrepio intenso correu ambos os corpos quando se esbarraram pela primeira vez. Jimin gemeu baixo, àquele ponto não sabia mais o que dizer, qualquer palavra parecia desconexa com a realidade.

Jungkook, em resposta à isso, soltou um suspiro entregue, quicando devagarinho no colo alheio para que assim seu pau estocasse no de Jimin.

Gemeram juntos, o tesão parecia incontrolável.

— Faz de novo. — Numa ordem desajeitada, Park pediu, e Jeon fez, mas os olhos até se fecharam com o choque daquela sensação. — Porra...

Sem qualquer tipo de pudor domando seu corpo, Jungkook passou a estocar com mais precisão, aumentando também, com a destra, a masturbação que fazia em ambos os sexos.

Amoleceu Jimin com tão pouco, sentindo-o quente e aflito sob seu corpo. Os perfumes foram se misturando, e como ele sentiu falta de ser impregnado por aquele cheiro...

Se fizesse direitinho, conseguia estocar dentro de sua própria palma, deslizando o caralho grande pelo de Jimin, fazendo-o se contorcer com o atrito gostoso.

Não podiam falar muito alto, Yoohyeon ainda estava em casa, mas aquilo acabou deixando os dois ainda mais desinibidos e interessados. Jungkook se sentiu um adolescente transando escondido com seu namorado, algo que nunca vivenciou pois nunca teve uma adolescência comum, mas não podia negar que era gostoso.

A sensação de que poderiam ser pegos era, verdadeiramente dizendo, deliciosa.

Sem conseguir se segurar e com aquele bolo de excitação se formando em sua virilha, Park passou a estocar também, então a cama passou a bater levemente contra a parede, e os sorrisos se abriram ainda mais com aquilo.

A cumplicidade nos olhares entregou o quanto se amavam; mesmo num momento como aquele, puramente carnal, seus corpos ainda faziam questão de explicitar que o que sentiam por dentro, dentre todas as sensações do mais puro tesão, era amor, era carinho e era paixão.

Jimin, mesmo esperançoso, não esperou que Jungkook voltasse para seus braços tão cedo, por isso aquele momento se intensificou e se tornou ainda mais valoroso. Por isso seus olhos buscaram os dele e quando se encararam naquele estado de transe e de corpos suados, confessaram todas as juras de amor sem nem mesmo abrirem a boca.

Quando Jimin chamou seu nome num sussurro suplicante, olhou-o no fundo dos olhos com aquele brilho inigualável e continuou ali, perdido naquele céu estrelado. Deixou Jungkook tocar seu corpo, masturbando o pau rijo junto com o seu, suando, sofrendo, ansiando, mas de forma alguma perdeu o contato visual. Estava, literalmente e silenciosamente, implorando.

E Jeon entendeu, aumentando a velocidade e a intensidade daqueles movimentos, encarando Park Jimin de volta, todo atordoado porque descobriu que fazer sexo olhando nos olhos era gostoso demais.

Ainda tinha o fato de que, enquanto quicava tentando roçar ainda mais seu pau no outro em estocadas fortes, sua bunda batia contra as coxas grossas de Jimin, causando um atrito leve e delicioso que o fazia pedir por mais.

O mais velho percebeu, sorrindo ao visualizar, literalmente, Jungkook se acabando em seu corpo. Subia, descia, se esfregava e sentia o suor escorrendo pela base da coluna. Era delicioso observá-lo sentindo tesão, se abrindo, deixando aquele sentimento que tanto guardou finalmente transparecer.

Jimin queria satisfazer cada uma de suas vontades, queria que Jungkook aprendesse o que era sexo com quem se ama, porque o garoto tantas vezes foi maltratado por mãos erradas. Queria vê-lo se soltando, se encontrando, descobrindo seus próprios pontos erógenos para que assim atingisse o ápice que seu corpo podia atingir.

— Mais forte, Jungkook. — Ele pediu, fraco. — Isso, quica, assim.

— Está gostoso? — Perguntou, então, com a voz quebrada e a respiração toda desregulada.

Jimin, tão sôfrego quanto o maior, respondeu com firmeza: — Está. Senta em mim, amor.

Com aquele pedido e aquela voz, Jungkook não conseguiu conter tudo que seu corpo queria sentir.

Por isso, fechando os olhos naquela feição gostosa que só o tesão extremo pode causar, arqueou as costas involuntariamente, respirando alto, gemendo baixo e contínuo de um jeito cruel que quase beirava o adorável.

Ele começou a gozar, tão gostoso, mas não conseguiu parar. Quando Jimin levou uma das mãos até a parte interna da sua coxa e a apertou com vontade, e a outra até seu mamilo durinho, o garoto quase entrou em síncope. O orgasmo lhe atingiu em cheio, mas lentamente, saindo forte e prolongado.

Jurou que nunca conseguiria sentir aquilo na vida, pelo menos não só com punheta, mas ali estava, todo esgotado e entregue. Ainda assim, não queria deixar Jimin sem aquela sensação exorbitante.

Mole e completamente frágil, Jeon se afastou o suficiente para conseguir ficar de quatro novamente, fitando seu garoto à todo momento, alcançando sua barriga, local em que deixou um beijo molhado. Com os olhos piscando lentamente e aquele semblante sofrido do orgasmo, alcançou o pênis duro e latejante, envolvendo-o com sua boca, encarando Jimin ali de baixo.

Não foi proposital, tudo acabava fluindo e saindo sem que percebesse, mas ali, com aquela carinha e aquela língua tão gostosa, fez com que Jimin atingisse sensações que jurou nem existirem.

O menor encarou a cena de Jungkook lhe chupando, a bunda empinada enquanto a língua quente lambia sua cabecinha dedicadamente, e então percebeu que já havia perdido qualquer raciocínio ou pensamento.

Estava, literalmente, entregue ao tesão.

Levou sua destra até os cabelos bagunçados, grudando os dedos ali com força, metendo gostoso na boca de Jeon.

Acabou gemendo mais alto, mas não o suficiente para soar preocupante, e com isso acabou arrancando um sorriso pequeno de Jungkook.

O garoto engolia seu pau feito doce; lambia, se lambuzava, esfregava o próprio rosto ali e beijava a base sem vergonha alguma.

Quando os olhares se encontraram novamente, Jimin se derramou por toda a boca alheia, gozando em jatos quentes que Jungkook não teve medo de engolir e saborear.

E aí, no final, ainda teve capacidade de sorrir travesso.

Foi se levantando, observando Park encostado na cabeceira da cama sem força alguma, completamente derrotado, então se ajoelhou entre suas pernas para alcançar sua testa, beijando-a por fim. A única coisa que o menor conseguiu fazer, foi levar sua mão até a cintura alheia, deixando ali um carinho.

Quando Jungkook voltou a se sentar em seu colo, as mãos miúdas passearam por todo o rosto branquinho, acariciando cada pedaço, até ele dizer:

— Eu queria muito te dizer muitas coisas agora, Jungkook, mas estou sem força alguma.

Jeon sorriu, se enroscando no corpo quente e suado, escondendo seu rosto na curva do pescoço de Park para responder:

— Amanhã você diz, então. E depois de amanhã também. E depois, mais um pouquinho. Estarei aqui, Jimin.

— Você promete?

— Para sempre.

— Sempre é muito tempo. — Soltou, sorrindo ao encarar o teto, levando a destra até as costas do corpo maior para alisar com carinho. — Prometa que, pelo menos enquanto estivermos vivos, estará comigo.

Por mais que o assunto carregasse seriedade, estavam conversando em tom leve de brincadeira, por isso Jungkook implicou, mesmo que com a voz vacilante:

— E depois que morrermos, também. Eu aparecerei em todas as suas vidas, igual naquele filme em que o cachorro morre e reencarna em vários outros cachorros mas sempre procura seu dono antigo.

— Jungkook, que comparação ridícula. — Park riu alto, abraçando ainda mais seu menino.

— Estou falando sério. Não vou te deixar em paz, muito menos desgrudar de você.

— Você é meu grudinho mesmo. — Ele sorriu, beijando e mordendo o ombro alheio, mas então concluiu: — E está um grude! Direto pro banho, Jungkook.

— Ah não. — O garoto fez birra, se apertando ainda mais naquele abraço para que assim Jimin não conseguisse soltá-lo.

— Está todo suado, cacete. E eu também! Vamos, anda, banho.

— Não vou. — O pior de tudo é que Jimin sabia que era totalmente involuntário Jungkook soar manhoso daquele jeito, birrento, quase infantil. Mesmo já sendo um homem adulto, ele sempre possuiria seu lado crianção, e o menor achava isso adorável.

— Você vai nem que eu te carregue.

— O hyung não me aguenta. — Ele usou suas últimas energias para implicar, fechando os olhos logo em seguida, sentindo-se tão confortável naquele abraço quente.

Entretanto, percebendo que Jungkook estava entregue ao cansaço e já à ponto de adormecer, Jimin cutucou sua cintura, dizendo baixinho:

— Pensa bem, a gente toma um banho quentinho, dorme agarradinho com cheirinho de sabonete...

Ele sabia o quão higiênico Jeon era, sempre tão cheiroso e bem cuidado, tinha certeza que sua persuasão funcionaria. E funcionou, afinal o mais novo levantou a cabeça rapidamente, encarando-o ao dizer todo sem vergonha:

— Cheiro de sabonete é bom demais. Quero dormir grudado em você. Vou te farejar a noite inteira.

Jimin quis gargalhar com a forma que o garoto dizia aquilo todo sério, respondendo: — Jungkook!

— É sério. Vou te cheirar até não poder mais. Vou te apertar, ficar de conchinha a noite toda, mas eu sou a de fora! Vamos, agora eu quero tomar banho. De repente a hipótese de te ver pelado mais um pouquinho me interessa muito.

Incrédulo, Jimin tentou não rir tão alto com todas as graças que Jungkook fez durante todo o processo do banho. As brincadeiras com espuma, as provocações baratas, as birras que tanto sentiu falta.

De repente tudo doeu um pouco menos, e nada lá fora importou.

Dormiram juntos, como deveria ser, e aquele foi o primeiro sono verdadeiro e tranquilo de semanas. Para ambos. Aquele foi o primeiro momento de paz de Jimin, que sofreu o pão que o diabo amassou obedecendo Dongsun, e também de Jungkook, que finalmente estava livre de Peter, da Horizon e de qualquer pessoa que se metesse em sua vida.

Acabou sendo a conchinha de dentro, pois Park Jimin não queria que nada no mundo roubasse seu garoto de novo, envolvendo-o num abraço.

Lá fora, a cidade que nunca parava era barulhenta, mas ali dentro, naquela escuridão acolhedora, o silêncio se fez presente.

Então os corações se acalmaram.

Um por um, gradativamente.

☔️

— Qual é o seu primeiro desejo agora que é um homem livre?! — Wooyoung gritou tão feliz que poderia explodir, assistindo San correr e saltitar pela beirada da ponte sobre o Rio Han.

Seu carro estava estacionado ali perto, mas não conseguiram ir para casa de uma vez, afinal a euforia estava gritante em ambos.

Choi olhava o céu, sorria, e com os braços abertos, sentia a liberdade invadir cada pedaço do seu corpo.

Olhou para trás, encontrando o cara que roubou seu coração mesmo sabendo de cada pedaço seu que não era tão bonito assim. Na verdade, Wooyoung presenciou as piores coisas do mundo, e as mais humilhantes também, mas ficou.

Ficou mesmo quando San aparecia com chupões de clientes, quando o garoto parecia sem ânimo ou energia alguma ou quando precisava busca-lo depois do trabalho e encarar sua dura realidade de perto.

— Bem... não sei. Eu não sei! — Gritou de volta, tapando a boca com as mãos, ainda em choque, continuando: — Woo, eu não tenho um plano! Não imaginei que isso tudo daria certo...

A visão dali era de tirar o fôlego; a iluminação que banhava a cidade com grandes postes, a água brilhante que escorria abaixo dos seus corpos, e também a altura em que estavam naquele momento.

San caminhou até Wooyoung, segurou em suas mãos e as levou até sua boca, beijando uma por uma.

Sorriu de uma forma pura, sentindo a felicidade mais genuína de todos os tempos. Seu interior queimava, ansiava pelas novas oportunidades que a vida lhe daria dali em diante.

Então, encarando de perto aqueles olhos tão lindos, soube qual era o seu desejo.

— Meu primeiro e único desejo é ficar ao seu lado, Wooyoung. Arrumar um emprego, viajar, levar uma vida normal com você. Chegar em casa cansado do trabalho, mas feliz, e então me deitar com você no sofá e poder passar a noite assistindo alguma bobeira qualquer.

Era um desejo simples, mas que San nunca pode, em toda a sua vida, realizar.

Wooyoung entendeu o peso daquilo, e o quão significativo seria tê-lo ao seu lado por todas as noites, afinal era à noite que San passava seu maior sofrimento, todos os dias.

Mas não mais. Teria, finalmente, suas tardezinhas gostosas, e também poderia ver o anoitecer da janela de casa. Poderia preparar um jantar delicioso para seu amor, ou quem sabe até uma baderna para seus amigos como tanto gostavam, e isso sem se preocupar em faltar no trabalho e perder ainda mais dinheiro — pois o que ganhava já era uma miséria.

— Choi San, eu vou amar ser o cara mais comum do mundo com você. — Sorriram, segurando as mãos um do outro enquanto as luzes deixavam tudo mais encantador. — Vamos assistir filmes comuns e melosos, experimentar todo o cardápio do nosso restaurante favorito e muito comum também, passear pelas praças mais comuns dessa cidade!

— Uma vida normal e comum! — Ele gritou, jogando os braços para cima antes de abraçar o outro e aperta-lo contra seu corpo. — Eu te amo, Woo.

— Eu te amo muito mais.

Longe dali, perambulando de um lado para o outro na casa de Hoseok, Taehyung cantarolava uma música qualquer segurando seu copo de vinho.

O garoto esperava Hobi terminar seu banho, mas aquele vinho era barato e seu corpo todo já estava mole. Isso fez com que um sorriso se abrisse, e ele sussurrou:

— Barman do inferno. Que diabo de vinho é esse que eu tomo cinco goles e já fico assim?

Hoseok, que saía do banho apenas com a toalha enrolada ao redor dos quadris, sorriu pequeno ao percebê-lo já todo molinho, avisando:

— Vinho de pobre bate mais rápido porque pobre não tem dinheiro pra comprar mais.

— Isso aqui está infernal.

— Está infernal mas você continua bebendo. — Ele piscou um dos olhos, andando pelo quarto até encontrar uma cueca limpa e bermuda, sempre recebendo o olhar curioso. — Vá com calma, Tae.

— Vem cá. — Taehyung pediu, rindo frouxo, puxando o outro quando seu dedo indicador se enroscou na beirada da toalha, trazendo-o para si.

Hoseok se deixou levar, apaixonado, desejando proximidade. Sorriu, piscando lentamente, apreciando cada detalhe do rosto alheio.

— Nós conseguimos. — Ele sussurrou, recebendo um sorriso verdadeiro de Taehyung como resposta.

— Nós conseguimos. Eu nem acredito...

— Agora eles estão livres. Todos eles...— Hobi encarou o chão, alheio a tudo, ainda surpreendido com a coragem que tiveram. — Nós fizemos uma loucura, mas deu certo. Deu certo!

— Deu, Hobi. — Taehyung, ao juntar suas mãos no rosto do garoto, assentiu, e seus olhos brilhavam de uma forma surpreendente. — Agora vem cá, me diz, como era morar no orfanato?

Jung Hoseok não respondeu de imediato, precisava avaliar as camadas daquela pergunta. Era apenas curiosidade? Taehyung queria saber um pouco mais de um passado que nem Jimin havia contado? Conhecer mais seus amigos? Ou era apenas uma curiosidade dolorosa sobre como Yoongi vivia?

Como se pudesse ler seus pensamentos, ele respondeu à sua própria pergunta:

— Não é sobre Yoongi. Quero saber um pouco mais de você, Hoseok. Do seu passado, da sua família...

— Nós podemos conversar sobre ele...— Hoseok respondeu, verdadeiramente, mas se surpreendeu ao ouvir:

— Eu quero saber sobre você, Hobi. Estou com você, quero te conhecer melhor. — Ao explicar seu ponto, Taehyung deixou um curto sorriso aparecer, beijando as costas da mão alheia com todo o carinho que cabia em seu coração. — Sou imensamente grato por poder conversar contigo sobre Yoongi, e saber que me entende, mas se quero tentar seguir em frente, preciso começar a fazer isso, certo?

Quando Jung assentiu um pouco mais tranquilo, aproveitou para apreciar a quentura dos lábios de Taehyung passeando sobre sua mão. Aí, alegre por dentro, ouviu o garoto dizer:

— Diz pra mim, o que você gostava de fazer? Jimin já era uma figura desde aquela época? Não me diga que ele armava desfiles de moda...

— Ele fazia isso mesmo! — Gargalhou, os olhos ganhando um brilho bonito ao se lembrar do passado e perceber que o cara por quem estava apaixonado se interessava de verdade por suas memórias bonitas.

Naquela noite, ele acabou se trocando casualmente na frente de Tae, botando a cueca e a bermuda e se jogando na cama sem camisa mesmo, puxando-o para seu abraço enquanto a janela aberta deixava a brisa fresca da noite entrar e balançar a cortina.

Conversaram tanto que Taehyung jurou estar com a mandíbula doendo de tanto rir, sentindo a simplicidade daquele ato e também daquele lugar, percebendo que era apenas daquilo que precisava para rir por horas e se apaixonar ainda mais.

No fim, depois de Hoseok contar pelo menos umas dez histórias diferentes do orfanato, pediu que Taehyung ficasse e tirou sua camisa, acomodando-o melhor entre seus braços.

Pele com pele, trocaram aquele calor gostoso por quase toda a madrugada, conversando sobre diversas coisas da vida sem nem perceberem que aquela era uma forma de conhecerem ainda mais cada pedacinho um do outro.

Quando Hoseok adormeceu, Taehyung fez cafuné em seu cabelo por tantos minutos que preferiu não contar, encarando seu semblante tranquilo e ouvindo sua respiração sossegada.

Agradeceu internamente por tê-lo ao seu lado, e por ser o cara mais incrível do mundo. Agradeceu também por Hoseok ter cuidado de Jimin, seu melhor amigo, em seus piores momentos quando o pequenino estava completamente sozinho no mundo. Ah, e que se dane, precisou confessar sentir gratidão também por Jungkook, aquele garoto era precioso no fim das contas.

Por fim, sentiu-se aliviado por Yoongi também ter conhecido o barman mais incrível de Seul, mesmo que ele ainda fosse um projetinho de gente, porque se Hoseok estava por perto, com certeza conseguiu fazer seu eterno amor sorrir.

Yoongi não comentava sobre a família, possuía uma mágoa muito grande. Saber que ele provavelmente fora deixado no orfanato era doloroso demais, mas saber que Jung Hoseok estava por perto era muito reconfortante.

Porque Hoseok era um alívio para qualquer coração machucado. Que sorte a de Yoongi por tê-lo conhecido, e vice-versa.

Que sorte era a sua, por finalmente estar em seus braços.

☔️

Acordar com a respiração de Jungkook em sua nuca era, muito provavelmente, a melhor coisa das últimas semanas de Jimin.

Sentir o alívio por ele ainda estar ali, o cheiro, o calor.

Foi impossível não acordar sorrindo, seu coração estava em festa. Não queria acorda-lo, mas precisava tentar se virar para admirar um pouquinho a visão do garoto sonolento. E quando se virou, mesmo que com cuidado, Jungkook abriu os olhos, deixando um sorriso sereno escapar quando viu os seus.

— Droga, desculpa. Não queria te acordar...

— Hyung, eu encosto em você e durmo o melhor sono da minha vida. É incrível. — Jungkook respondeu bem humorado, mas no fundo era verdade. Não se lembrava qual havia sido sua última boa noite de sono, e nem Jimin, muito provavelmente foi a última em que dormiram juntos, ainda naquele hotel fajuto.

Ali, enroscados, concluíram que juntos era muito melhor.

— Está com fome? — Park questionou, levando o dedo indicador até a franja alheia, retirando-a da testa de Jungkook.

— Muita, Jimin hyung.

Sorrindo, o mais velho não perdeu tempo em beijar sua testa e puxa-lo com muito trabalho até o banheiro. Jeon era todo preguiçoso pela manhã, então acabou sendo um sacrifício obrigá-lo a caminhar até o outro cômodo, escovar os dentes e lavar o rosto.

Quando terminaram, depois de muita risada e muitas brincadeiras inocentes, desceram juntos, de mãos dadas, porque pela primeira vez na vida Jimin podia caminhar em sua própria casa com sua pessoa amada. Ninguém olharia feio, ninguém lhe trataria com repulsa.

Entretanto, ao descer as escadas sem pressa, Jungkook notou algo estranho. Era um cheiro gostoso, muito gostoso, e vinha da cozinha, mas os empregados estavam de folga...

— Não pode ser minha mãe. — Jimin brincou, afinal conhecia a pouca habilidade de Yoohyeon na culinária.

Aproximaram-se sorrateiramente para espionar, e quando chegaram, arregalaram os olhos com a mesa preparada. Yoohyeon desligava o fogão ao levar novas panquecas quentinhas até o grande prato na mesa, mas acabou se assustando com os garotos parados ali, intactos.

— Viram fantasma, foi? — Brincou, tentando dar o seu maior sorriso.

— Dona Yoohyeon, o que é isso? — Jimin continuou incrédulo, roubando um risinho do mais novo. É que era tudo inacreditável demais. — Fez café da manhã? Com suas próprias mãos? E a cozinha não pegou fogo?

— Quer apanhar logo cedo, moleque?

Antes de segurar a risada por nem reconhecer mais a própria mãe, ele assentiu quieto, enroscando-se atrás do corpo de Jungkook. Então, avisou:

— Me proteja da fera, Jungkook-ssi.

A atmosfera era tão diferente e gostosa, mas os três estavam estranhando, mesmo que fosse bom.

Porque Yoohyeon nunca pode fazer coisas do tipo em sua própria casa, Jimin nunca pode ser descontraído e amar quem realmente amava e Jungkook nunca sentiu aquele clima de família, afinal nunca nem mesmo teve uma casa cheia.

— Parecem deliciosas, Sra. Yoo. — Jungkook respondeu um pouco envergonhado, ainda não conseguia se sentir cem por cento confortável ali relembrando todas as coisas ruins pelas quais passaram naquela casa, mas queria tentar.

E ela, orgulhosa do próprio trabalho, devolveu:

— Parecem, não é? Então provem, venham.

A mulher arrumou banco por banco, ajeitou os dois próximos à bancada e aguardou que devorassem.

Um pouco preocupada além do normal, perguntou:

— Jungkook, você gosta dessas coisas? Quer algo diferente?

Jimin se sentiu verdadeiramente aquecido ao perceber o interesse da mãe em agradar seu namorado, mas Jungkook, por outro lado, arregalou os olhos, gesticulando com as mãos ao dizer:

— Eu gosto de tudo! Tudo mesmo! Sendo comestível, eu como. Sra. Yoo, de onde eu vim, toda comida é valorizada. Muito obrigado pela refeição.

Admirada com a educação alheia, ela sorriu buscando os olhos do próprio filho, afinal possuía uma conclusão:

— Ei, Jiminie, nós realmente precisamos ficar com ele. Que gracinha.

— É, não é? Ele até que é meio fofo. — Park brincou, recebendo um beliscão por pura brincadeira.

No clima gostoso, tomaram café da manhã como nunca fizeram antes.

Durante o resto da manhã, arrumaram toda a bagunça da noite passada, mas Park se divertiu de verdade ao observar a mãe, que sempre parecia impecável em seus trajes, descalça e tentando arrumar toda a baderna que fizeram.

Ela parecia mais simples, mais humana, e isso era lindo.

Inevitavelmente, lembrou-se de sua mãe biológica, e seus olhos aguaram porque sentia muita saudade, mas Yoohyeon também estava se mostrando uma mãe admirável, então percebeu que era muito sortudo por tê-la em sua vida.

O difícil era acalmar o coração e aceitar que as coisas estavam dando certo. Como Jimin aceitaria que aquela seria sua nova vida se tudo parecia perfeito e calmo demais? Acostumou-se com o caos, a inquietude, o medo.

Ali, encarando sua mãe interagindo com Jungkook enquanto jogavam pratinhos descartáveis num saco de lixo, percebeu que aquilo era o que sempre sonhou. Depois de uma vida cheia de obstáculos, era difícil mesmo acreditar no que conseguira.

Quando o celular de Yoohyeon tocou, descontraída como estava rindo com os meninos, não percebeu que era seu advogado. Então, atendeu:

— Alô? — Automaticamente, ao ouvir o tom de voz do outro lado da linha, seu semblante foi se fechando. — Oh... certo. Tudo bem. Obrigada.

Jimin não escondeu sua preocupação, Jungkook muito menos.

Acuada, ela os encarou com certo receio, avisando:

— Era o advogado. Dongsun está recebendo alta do hospital.

Involuntariamente aflito, Park levou a mão direita próxima a boca, maltratando suas cutículas em ansiedade. Jungkook, mesmo sem perceber, se aproximou o suficiente para apoiar sua mão na base da coluna do menor, tentando protegê-lo de alguma forma.

— Mãe... mãe, ele...?

— Os policiais já estão lá, Jiminie. Eles o levarão para a delegacia.

— Isso quer dizer que...

— Que acabou, meu amor. — Com os olhos marejados, ela se aproximou do filho, consequentemente de Jungkook também. Segurando em ambas as mãos, deu sua fala final: — O pesadelo finalmente acabou, Jimin.

Park Jimin chorou alto, e Jungkook compreendeu.

Sua vida não recomeçou quando fora adotado, tantos anos atrás.

Sua vida estava recomeçando à partir daquele momento. Finalmente poderia ser quem realmente era, e o peso da liberdade acabou sendo maior do que pensava.

Peso que carregaria com tanta felicidade, pois por tanto tempo esperou.

Para San e Jungkook não seria diferente. Aquele era apenas o pequeno início de uma nova vida, uma vida com menos pesares, com menos tristeza e menos arrependimentos. Sem humilhações, sem regras tão duras e com o principal: amor.

O amor foi mesmo suficiente para fazê-los resistirem. Foram à guerra e voltaram, mesmo feridos e sem proteção alguma.

No fim das contas, do que eram feitos além de esperança e amor?

| | |

#azulfeitonetuno 💙

Đọc tiếp

Bạn Cũng Sẽ Thích

829K 90.4K 51
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
175K 6.1K 113
• ✨ɪᴍᴀɢɪɴᴇ ʀɪᴄʜᴀʀᴅ ʀíᴏꜱ✨ •
66.2K 1.8K 22
Victoria Alves é uma garota, que mora em Nova York, Com sua mãe e seu pai, mais ela tinha um irmão que morava na Alemanha, então um dia ele volta par...
81.6K 5K 41
'𝘝𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦́ 𝘢 𝘱𝘰𝘳𝘳𝘢 𝘥𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘱𝘦𝘳𝘥𝘪𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘔𝘢𝘳𝘪𝘢𝘯𝘢.'