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By plsnalua

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By plsnalua


𝒔𝒉𝒆'𝒔 𝒕𝒉𝒆 𝒇𝒊𝒓𝒆 𝒊𝒏 𝒕𝒉𝒆 𝒔𝒊𝒏
𝒂𝒏𝒅 𝑰 𝒃𝒖𝒓𝒏 𝒃𝒓𝒆𝒂𝒕𝒉𝒊𝒏𝒈 𝒉𝒆𝒓 𝒊𝒏

      𝕬emond não temia a morte.

       Mas, pelos deuses, além de não a teme-la, Visenya ainda por cima ria perante sua face.

       Sua fala provocou mais murmuros perante a corte, e Aegon não mais estava achando a situação engraçada — Eu sou o rei legítimo de Westeros.

       Quem precisa constantemente afirmar sua posição, não deve ser mui digno dela, era o que passava na cabeça dele. E seu irmão era tudo, menos um rei digno. Eu sou digno, pensou. Se alguém algum dia desafiasse sua autoridade, não receberia resposta, tampouco veria mais a luz do dia.

       Isso não se aplicava a Anya, é claro, sua tormenta, a mulher que deixava seus dias um pouco mais interessantes. Não, desacato, quando nos lábios dela, soavam extremamente sedutores.

       E ela não parou por ai. Uma risada breve lhe escapou — Você? Legítimo? De acordo com quem? O desonrado do seu avô, ou a interesseira da sua mãe?

       Agora foram suspiros de surpresa que foram esboçados por todos no local. A rainha Alicent olhava-a com os olhos arregalados, como quem a implorava para que a menina presasse por sua própria vida, e então voltou-os a ele, Aemond, pedindo para que fizesse algo. Infernos, ele pensou, fora mais fácil domar o maior dragão da terra do que controlar aquela maldita mulher que tomara como esposa. Ele mirou-a com intensidade, tentando lembra-la da promessa que fizera na noite passado, onde ela dissera que iria cumprir seu papel, que iria colaborar.

       Eram tudo mentiras, foi o que os olhos dela lhe responderam de volta, com bastante diversão, ainda por cima. Raiva de urgiu, e mais tarde ele a faria pagar por isso, oh, como faria.

       Entretanto, o insulto direcionado a rainha fora recebido com ódio por ser Criston, que puxou sua espada, pronto para agir. Aemond nem pestanejou. Desembainhou a sua também, mirando o homem com o aviso claro de que ninguém tocaria em Anya.

       Só ele.

       A repreensão viria dele, de mais ninguém. O capitão da guarda real o encarou com surpresa, assim como sua mãe. Ele não se importou. Mataria qualquer um que a encostasse.

       E fora a Mão quem respondeu — Aegon é Rei! Ele se assenta ao trono de ferro, possui o nome do Conquistador, usa sua coroa e segura a espada lendária de sua casa — disse com paciência, tentando fazê-la entender — todos os símbolos de legitimidade pertecem a ele.

       — Todos nós podemos brincar de faz de conta, sor Otto — disse ela, em tom zombeteiro — façam tranças em meu cabelo, me deem a irmã negra e ponham-me em cima de Vhagar, e eu direi a todos que sou Visenya Targaryen, a esposa do Conquistador. Seria bem fácil, mas isso me faria, de fato, ser ela? Não. No final do dia, eu ainda seria Visenya Velaryon, assim como Aegon continua a ser apenas um usurpador do trono que deveria pertencer a minha mãe.

       Deuses, ela era destemida. Mesmo cometendo alta traição, ele só conseguia pensar em como ela era tentadora. Algo mudara em sua esposa com o passar dos dias, e um fogo rubro, que costumava surgir nela em algumas ocasiões específicas, finalmente se apossara de todo seu corpo.

       Ela era fogo em forma de mulher. E ele nunca vira chamas tão belas.

       — Além do mais — a mulher ardilosa prosseguiu — Está mesmo querendo exibir realeza Targaryen utilizando todos os símbolos que Maegor, o Cruel, fez questão de manchar? Muito sugestivo que o usurpador volte a utiliza-los... é realmente muita falta de conhecimento histórico. Mas creio que essa parte deva ser mais culpa de seus conselheiros, que reinam por você, do que sua.

       E curvou sua cabeça a Alicent — A rainha não poderia ter escolhido símbolos menos corrompidos? Francamente...

   Aegon, no entanto, socou o trono de ferro, e o assento cortou-lhe a mão, rasgando sua carne. Ele mordeu sua língua, claramente alternando entre ódio e dor enquanto sangue respingada. O trono já estava o rejeitando, pensou Aemond. Aegon então caminhou até sua sobrinha, encarando-a de cima em baixo.

       — Eu poderia a matar com um piscar de olhos — ele sussurrou.

      — Sim, mas para piscar, teria que primeiro tirar seus olhos de cima de sua taça de vinho.

       Houveram algumas risadas abafadas. Aegon levou seus olhos até os dela com cólera pura. Pelo menos a paixão platônica que sentira por ela a vida toda estava terminada, Aemond pensou com satisfação. Visenya sabia como se fazer ser odiada. Ele soube que se não fossem casados, seu irmão a tiraria dali agora e mandaria Sunfyre a devorar.

       Ele cortaria o pescoço de seu rei antes que aquilo ocorresse. Já era Aemond, assassino de parentes, matador de dragões, por que adicionar regicida a esses títulos? Por ele, tudo bem.

       Mas para a sorte de seu irmão, ele soltou um mero sorriso, recuando — Anime-se, sobrinha. Não preciso que dobre seu joelho, nem que me aceite como seu rei. Por hora.

       E voltou a se assentar ao trono — Só preciso que fique aqui, seguindo sua penosa existência trancafiada em sua torre, definhando enquanto sua mãe arranca seus próprios cabelos de preocupação, temendo perder mais uma filha. Preciso que fique presa para que seu maldito dragão não seja montado, e os negros percam a única cavaleira que poderia ter chances de derrubar a Vhagar. É assim que você irá ganhar essa guerra para mim, sobrinha.

       Aquilo enfim pareceu atingir Visenya. Ela era muito próxima da mãe, ele sabia, além do mais, havia recentemente perdido seu irmão pelas mãos dele, assim como a irmã que veio ao mundo natimorta dias atrás.

       Dois irmãos mortos e dois pais mortos, ele contava. E agora, estava afastada para sempre de sua alma, seu dragão.

       Algumas crianças simplesmente nascem com tragédia em seus sangues.

   Anya engoliu o choro, dizendo — Você não conhece minha mãe, tio. Medo e luto não a derrubam, mas a acendem. Ela virá contra você, contra todos vocês, com fogo e sangue — ela deu um passo na direção do trono, com o rosto resplandecendo dor e ressentimento — e eu estarei na minha janela, sorrindo enquanto assisto seu império ruir, rei fajuto.

       Aegon estava odioso, parecendo quase a ponto de levantar-se dali e ensinar ele mesmo uma lição a ela. Mas a rainha interviu.

       — Basta. Foi o suficiente.

       — A princesa Visenya claramente repete os venenos que foram implantados por sua mãe — diz a Mão, tentando acalmar o rei — Lamentamos por isso e esperamos que o tempo a convença da razão. Até lá, o rei oferece sua benevolência.

       Anya realiza então uma reverência bem sarcástica — Obrigada por tanta bondade.

       — Aemond... sem mais banquetes... — Alicent roga, não conseguindo mais assistir aquilo — Por favor, leve sua esposa daqui.

       O príncipe gesticulou positivamente com a cabeça. Guardou sua espada e andou decidido até ela, apanhando seu braço e a removendo dali, lançando um último olhar a seu irmão sobre o trono de ferro.

       Patético.

       — Muito bem — murmurou ao ouvido dela — você desacatou o rei, a mão e minha mãe, declarou apoio ao inimigo e ameaçou nosso reino.

       Ela sorriu enquanto era arrastada dali — Seu tom não sugere desagrado, tio.

       Seu pequeno tormento o conhecia bem —
Continue andando, Visenya, antes que esgote também minha paciência, além da de meu irmão.

       E saíram do local, pondo-se a andar com ela pelo corredor, segurando seus braços por de trás das costas, como uma prisioneira.

       — Ah, irá me dizer que não ficou nem um pouco orgulhoso de mim, marido? Se não me engano, você também possui certo gosto em estragar cerimônias.

       Aemond lembrou-se do dia em realizou o brinde a seus sobrinhos bastardos, e um lampejo de diversão cruzou sua face. Mesmo assim, escondeu, mantendo o rosto sério enquanto a levava para seus aposentos.

       — Você brinca com fogo, Visenya. E logo quando havia prometido se comportar...

       — Prometi me comportar em frente ao povo, onde terei que manter a imagem de santa que vocês inventaram. Aquilo não era o povo, era só sua família e sua corte de traidores! Não agraciarei nenhum deles com falsa polidez e sorrisos quando estivermos sozinhos.

       Ele poderia respeitar aquilo, se a ocasião fosse outra. Mas sua esposa realmente estava a coloca-lo em uma situação complicada.

       Por isso rangeu o dente — Aegon agora é rei. Não poderei conter sua ira contra você se continuar o desafiando daquela forma.

       — Eu não poderia me importar menos — chacoalhou a cabeça, empinando seu nariz — Se ele quiser me matar, que o faça. Os deuses sabem que o Estranho e eu somos amigos íntimos.

       Infernos, como era tola. Ele parou-a de andar, virando-a de frente para ele e aproximando seu rosto do dela para que encarasse seus olhos sem haver desvios — Não compreende que não é esse o ponto? Se Aegon agir contra você, serei obrigado a matar o maldito eu mesmo.

       Os olhos de Anya se arregalaram enquanto interpretavam o que fora dito — Você...

       — Sim, minha senhora. Eu cortaria a cabeça dele sem pestanejar antes que ousasse toca-la, sem nem mesmo sentir remorso por isso.

       A surpresa dela foi tamanha que nem encontrou palavras para se expressar. Aemond soltou um som incompreensível — Me admira ver que você está surpresa.

       — Como não haveria de estar? Está fazendo tantas atrocidades para garantir a coroa para seu irmão, agora toma como compreensível dizer que o mataria sem pestanejar?

       — Não prezo por sua posição como rei porque tenho apreço por Aegon. Mas antes eles do que a geradora de bastardos — ele proferiu, e ela fechou sua expressão — Além do mais, isso me põe ainda mais perto do trono.

       — Ah — um sorriso odioso surgiu em seus lábios — sim, agora faz sentido. Não é para defender-me que você o mataria. Era para ter a coroa para si.

       Não poderia negar esse fato — Não só por isso, mas eu seria uma opção muito melhor?

       — Está é uma pergunta séria?!

       — Seu ódio por mim não pode cega-la da verdade. Seja razoável, Visenya. Me preparei a vida toda para ser o melhor em tudo que me propus a fazer. O melhor aluno, o melhor cavaleiro de dragão, o melhor espadachim, o melhor estrategista... e com o trono não seria diferente. Já Aegon... ele é melhor apenas em beber e foder prostitutas na rua da seda.

       — Ah, certo, como se você não tivesse alguma especialidade nisso também — murmurou com ironia, parecendo nervosa
— Eu fui informada de suas visitas aos bordeis da rua da seda, tio.

       Aemond levou ao ar a única sobrancelha que possuía, tentando interpretar todas as camadas daquela frase. De fato, ele já fora a rua da seda uma única vez há muito tempo, por propósitos nada santos. Havia acabado de completar treze dias de seu nome, tornando-se maduro, como muitos gostavam de dizer, mas não fora por isso que amadurecera... semanas antes, seus sobrinhos haviam lhe retirado um olho fora, e Visenya estava entre eles. Caolho e crescido, lembrou-se que estava mais odioso e feroz do que nunca, e por isso, Aegon achou que estava na hora de fazê-lo um homem de verdade.

       — E como é que fará isso? — indagou o jovem Aemond com incredulidade. Seu irmão, tolo como era, dificilmente poderia ser considerado um homem por si próprio.

       Mas Aegon parecia saber o que fazia — Eu não farei nada, meu irmão, uma mulher o fará. Ninguém pode se dizer homem feito sem ter sentido o calor dos seios de uma mulher.

       E deu a ele roupas pobres da plebe e enrolou sua face com panos. Passearam pela capital com discrição, pairando em
frente a uma porta de madeira velha e ruidosa.

       — Que lugar é este?

       Aegon não respondeu. Apenas sorriu e replicou — É hora de ficar molhado.

       E ele nunca vira um lugar tão depravado, nem tantas mulheres sem roupa em toda sua vida. Haviam de todos os tipos e idades, e os homens que as acompanhavam eram os da pior raça. Era aquele tipo de gente que Aegon queria reduzi-lo? Depravados nojentos e sem honra?

       — Tente parecer menos desagradado.

       — Não estou — tentou disfarçar, replicando com raiva. Jamais admitiria a Aegon que não queria estar ali.

       Seu irmão passou sua mão ao redor do pescoço dele — Relaxe e aproveite. Escolha uma, duas, quantas quiser. Elas saberão o que fazer.

       Seu único olho passeou pelo salão —Escolher?

       — Sim. Você é um príncipe. Qualquer uma morreria para que você gozasse nela.

       De fato, sua presença ali alarmara uma enorme quantidade de meretrizes, que olhavam ávidas para ele. Aemond não sentia bem, tampouco relaxado. Sua irritação crescia com cada sorriso que recebia de uma prostituta.

       Mas jamais daria a oportunidade para Aegon chama-lo de fraco.

       Seus olhos então cravaram em uma
mulher um pouco mais velha que ele, com
belo rosto e madeixas brancas como
as dos Targaryen. Estava nua enquanto servia vinho a todos.

       Vê-la fez sua mente captar a imagem de sua única sobrinha, Visenya, a maldita sabe-tudo, uma das responsáveis por ele não mais ter um olho.

       — Aquela — ele disse, apontando.

       Aegon pareceu surpreso, embora satisfeito — Leila?

       Sério e um tanto odioso, ele assentiu, firme em sua decisão.

       E Leila fez dele um homem, uma vez para nunca mais. Não, Aemond não queria jamais descer ao nível dos que frequentavam aquele lugar novamente, nem ao nível de seu irmão. Se considerava um príncipe, com honra e pouco gosto por coisas devassas. E acima de tudo, era verdadeiro dragão, e dragões não perdiam tempo caçando coelhinhos. Suas presas eram grandes e de difícil captura.

       E finalmente em seu presente, a maior de suas presas estava agora a viver como sua esposa.

       Deixou suas lembranças de lado, voltando a mirar sua sobrinha — Como soube disso?

       Ela rolou seus belos olhos — Deuses, você nem mesmo nega! Então é verdade, o Assassino de Parentes passa suas noites em bordeis?

       Aemond não conseguia evitar sua diversão — Tome cuidado, querida esposa. Alguns dirão que está com ciúmes.

       Ter repetido a exata frase dela a fez ascender de ódio — Nem em seus sonhos mais fantásticos eu me incomodaria com o que faz ou deixa de fazer!

       Não fora nada convincente, por isso, o rosto impassível dele se curvou em um pequeno sorriso sarcástico. Ela ficou ainda mais possessa em raiva, tendo a ponta de seu nariz vermelho.

       Deuses, como era bela. Ele queria beija-la ali mesmo, mas jamais o faria.

       Ela é quem iria lhe pedir para ser tocada.

       — Esqueça que perguntei qualquer coisa! Passar bem...

       E tentou adentrar em seus aposentos, mas ele não permitiu, segurando-a — Mm, espere, minha senhora. Agora deixará que eu me explique.

       Ela demorou encontrar seus olhos, furiosa. A ideia dele com outra mulher a irritava tanto assim? Deuses, era delicioso vê-la daquela forma.

       — Eu me deitei com uma meretriz apenas uma vez pela rua da seda, na idade de treze, e este é o fim da história. Jamais traria vergonha a minha casa da forma que meu irmão o faz.

       Ela enfim levou seus olhos ao dele, profundamente, como se julgasse se as palavras eram verdadeiras ou não. Ele sentiu-se incomodado com suas íris penetrantes, como sempre fazia nas vezes que ela o analisava. Não sabia explicar porque aquilo o deixava desconcertado todas as vezes, desde pequenos... parecia que ela lia sua alma, captando cada pensamento, cada fraqueza. Se sentia transparente, indefeso.

       Mas pareceu tê-la convencido.

       — Está mais tranquila agora?

       — Eu estive tranquila todo o tempo — ela tentou abstrair.

       — Ah, certo — ele enfim soltou seu braço — Fingirei que não a vi cuspir fogo, se desejar que seja assim.

       — Não é nada pessoal, marido. Meu padrasto Daemon costumava me dizer que se não for para atear fogo, um dragão não abre sua boca.

       — E você liga para o que esse maldito renegado diz?

       — Ah, não o chame assim. Sabe, vocês dois tem mais em comum do pensam. Ambos são segundos filhos, gostam de decapitar pessoas e... tem uma fraco por sobrinhas — ela exprimiu.

       Ser comparado com Daemon Targaryen era, para Aemond, um insulto. Ele não era nada como seu tio, um príncipe tão inútil que não durara em nenhum cargo de confiança que lhe fora incumbido. Por fim, tornou-se um estorvo tamanho que fora exilado por Viserys, expulso da corte. E agora, sua fraqueza era tamanha que havia se rendido as seduções de sua sobrinha degenerada.

       Mas ele também fizera o mesmo.

       A priori, ele tentava se convencer se que era uma situação totalmente diferente. Mesmo que olhar para Visenya era como vislumbrar Rhaenyra mais jovem, como diziam, para Aemond, elas eram criaturas inteiramente distintas. Sua esposa era destemida e forte como sua mãe, sim, mas era tão pura quanto a flor que adornava seu pescoço. Jamais deitaria-se com um homem que não era seu marido, nem seria estúpida o suficiente para gerar não só um, mas três bastardos com ele. Não... Visenya era diferente, ele se garantia, tentando confortar a si mesmo.

       Mas quando a viu sendo beijada pelo lorde do norte, pelos deuses, nunca sentira tanto ódio em toda sua vida. A imagem das mãos asquerosas daquele selvagem em volta de Anya, sua Anya, enquanto selava a ela um beijo, ainda era o que urgia com cor de sangue em sua mente enquanto fazia sua lista vermelha. E a ardilosa mulher, que ele julgara errado, parecia ter recebido com alegria o gesto... Aemond se afogava em amargura e cólera pensando na possibilidade de algo além daquilo ter acontecido antes dele ter a recuperado.

       Visenya estava certo. Ele era como Daemon... havia se rendido a sua sobrinha, e nem mais ligava se ela era ou não degenerada.

       A queria de qualquer forma.

       Aemond encarou-a firme. As pupilas violetas dela se voltaram para ele com desafio no olhar, e percebeu que ela estava em um joguinho perigoso de provocação. Queria fazê-lo perder a cabeça, assim como ele fizera com ela por toda vida.

       Ah, então ela queria jogar melhor o jogo que ele mesmo criara?

       — Visenya — ditou.

       — Tio — ela replicou, dissimulada.

       Mantiveram contato visual, travando uma voraz guerra de olhares para disputarem quem ali ditaria as regras, quem era o soberano daquela relação doentia. Por longos segundos o fizeram, até que ele umedeceu seus lábios e achegou seu rosto para mais perto do dela, sabendo de có como a menina reagiria. Imediatamente ela fraquejou, tentando recuar um passo, como agia de costume para se proteger.

       — Já desistiu de brincar? Qual o problema, sobrinha? Tem medo da tentação?

       Ela mordeu seu lábio inferior com força, tentando conter a raiva. Ele levou os olhos até eles, pensando em como seria fácil beija-la naquele momento.

       — A única tentação que sinto por você é em de apunhala-lo uma segunda vez... — tentou ditar, mas ele percorreu uma de suas mãos pelo braço dela, fazendo-a se calar.

       Estava tentando não arfar, corada de vergonha pelos pensamentos terríveis que sentia quando ele encostava nela. Não... vendo-a tão inocente a sua frente, ele não acreditava que ela fora tocada pelo lorde no norte. Sua donzelice era clara a cada gesto.

       E ele planejava toma-la para ele.

       — Deuses, como você é adorável, Visenya. Responde a meu toque tão facilmente... Eu mal consigo manter-me um cavalheiro perto de você, só consigo pensar em viola-la.

       — Manter-se um cavalheiro? — ela indaga, incrédula — e quando é que você já foi um?

       Um leve sorriso surgiu na face dele — Naquela noite em que visitou meus aposentos, se lembra, sobrinha? Mm, estava tão quente em cima de mim — ele murmurou ao ouvido dela — tão molhada... tive que ser um verdadeiro cavalheiro para não terminar o que começou.

       Anya parecia controlar sua respiração a todo custo — Se afaste de mim...

       A voz dela era tão fraca... quase como se não quisesse aquilo, realmente.

       — Hm — exalou a seu ouvido, aproveitando para achegar seu rosto ao canto de sua face, inalando o cheiro da mulher com prazer — Só quando me pedir com vontade.

A menina ocluiu seus olhos — Deuses... — enfim arfou.

— Não sou nenhum deus... — seu nariz passeou pelo pescoço dela lentamente.

       — Não... você é um demônio.

       As mãos dele circularam ao redor dela com delicadeza, brincando com o laço de seu vestido — Diga meu nome, Visenya...

       Ela nada diz, aguentando firme. Ele volta até face dela, mordendo seu lábios inferior vagarosamente — Diga.

       E após morde-lo outra vez, ela suspira — Aemond.

Depois de tudo que haviam passado juntos e separados, ainda lhe regozijava saber que ela se desfazia com seu toque. Toda sua marra, orgulho, sarcasmo, nariz em pé... tudo se esvaia com um sussurrar ao pé do ouvido.

       E ele iria até o fim.

𓊝

       𝖁isenya iria enlouquecer.

       Estava nas mãos do homem que fizera de tudo para acabar com sua vida. A enganara com belas palavras, a persuadira para embarcar em um casamento enganoso, a prendera, a roubara, a prendera de novo, e ainda por cima, quase matara seu irmão. Ela não podia se render a ele.

       Não irei ceder, pensou ela, já cedendo. Era impossível lutar contra suas mãos ao redor dela, descendo até a aba de sua saia, brincando com o limite de sua meia. Resista, sua tola!

       Permita, sua tola! Sua voz interior disse.

       E foi quando ela suspirou seu nome — Aemond.

       E ali que percebeu o terrível erro que estava cometendo. Ele era o inimigo! Ela não podia se render ao inimigo! Uma luz de força lhe iluminou, fazendo-a negar com seu rosto na medida em que ele passava suas mãos com voracidade por ela, pronto para selar um beijo muito desejado... — Não... eu não posso....

       — Mas quer — ele novamente encontrou seu olho aos dela — E quer desesperadamente.

       Ele esperou por ela, então, deixando que a menina ditasse se aquilo prosseguiria ou não. Ele queria vê-la pedir por ele, e, pelos deuses, era o que ela queria.

       Mas jamais o faria.

       — Faça o que sei que quer fazer, Visenya.

       Típico de homens... sempre acham que sabem de tudo.

       — Muito bem — ela disse.

       E recuou um passo, batendo com força a porta em sua cara.

       Depois disso, ela não voltou a vê-lo por um bom tempo. Ele estava com ódio, certamente, mas era bom que fosse assim. Quanto mais tempo ele passava longe dela, melhor. Estava a salvo de seus próprios desejos, os quais era vítima quando ele estava por perto. Estava cada vez mais perigoso jogar com seu marido, e sentia que a qualquer momento seria pega em uma armadilha.

       Precisava se organizar.

       Ali estava ela, pairada no meio de um aposento frio que nem mesmo lhe pertencia, banhado pela luz da lua que subia ao céu e a melancolia da escuridão. Estava só, por conta própria, perto do coração selvagem da vida que queimava na lareira, esbanjando chamas intensas. Não conversou com o fogo naquela noite, pois teve a sensação de que ele não queria falar com ela. Por isso, permitiu-se apenas a ler um bom livro, pensando sobre sua vida e o que faria dela enquanto não possuía notícias de absolutamente nada. Não sabia como estava sua mãe, a guerra, seus dragões, seus irmãos... Luke, ah, Luke. Onde deveria estar? Só o que possuía era o sentimento de que ele estava em segurança, mas mesmo assim, não era o suficiente. Precisava olhar para ele, cheira-lo, beijar sua cabeça... Além disso, havia Canibal, que tinha ficado pelo norte, abandonado. Ela sentia em seu corpo a raiva, a agonia, a sensação de abandono que corria por ele, assim como tinha certeza que ele captava seus sentimentos também. Se pudesse, Canibal viria até ela com fogo e sangue, ela sabia. Mas o que era um dragão sem seu cavaleiro? Ele nem mesmo saberia chegar em Porto Real sem ela montada a ele...

       Céus, seus pensamentos estavam lhe matando.

       Foi quando algumas batidas soaram pela porta. Anya respirou fundo, caminhando até ela e abrindo-a, já pronta para tratar muito mal quem quer que ousasse lhe incomodar.

       Mas era apenas a rainha Helaena, segurando a mãozinha de um de seus filhos, Jaehaerys, ao passo que carregava Maelor em seu colo. A mulher parecia cautelosa, como se temesse ser mal recebida pela sobrinha.

       — Anya — proferiu com doce voz — desculpe-me chegar tão de repente. Eu esperava poder prestar-lhe uma visita.

       Jaehaera segurava a mão de seu irmão gêmeo, e ambos sorriram para ela. Anya sorriu de volta com emoção ao vê-los, fazendo uma reverência a mulher. Jamais trataria sua tia de forma hostil — Tia. É um prazer, por favor, entre.

       E assim o fizeram. As crianças entraram correndo, começando a brincar ao redor do quarto, mas a rainha assentou-se pela poltrona, ainda com seu mais novo nos braços — Eu... ouvi falar sobre o que aconteceu com seu irmão. Eu sinto muitíssimo. Me dói ver a que ponto nos deixamos chegar.

       Parecia sincera. Anya mordeu sua bochecha interna, sentando-se frente a ela — É muita bondade sua — e olhou ao redor — seus filhos são adoráveis e crescem belamente.

       — Quer segura-lo?

       Anya assentiu com alegria, e assim que recebeu Maelor em mãos, uma lágrima caiu de forma inconsistente de seus olhos. Sentia falta de Joffrey, Aegon, Viserys... sentia falta de casa.

       — Any... — Helaena sentou-se ao seu lado, acariciando seus cabelos.

       Mas a menina tratou de se recompor — Estou bem, tia, foi só... hm, emoção, eu acho. É bom ter primos, enche meu coração de alegria — e balançou Maelor, olhando seu rostinho rechonchudo e sorrindo — Ele é lindo!

       — Meus filhos são a luz de meus dias — falou com um sorriso, observando-os brincar com amor — um dia essa tormenta passará para você, minha querida sobrinha, e achará felicidade em ser mãe também.

       — Com o marido que possuo? Acho difícil... — expressou-se sem perceber, e quando notou o que disse, se interrompeu.

       Mas Helaena sorriu, achando graça — Você não sabe a sorte que teve, Anya. Aemond é gentil, leal, justo... — e sua face tornou-se triste, ao passo que abaixou seu rosto — muito diferente de Aegon.

       Deuses... só naquele momento que ela parou para pensar. Se sua situação era triste, a de sua tia era muito mais. Imagine ser obrigada a se casar, se deitar e carregar os filhos de Aegon? Anya não suportaria tal fardo.

       Ela suspirou — Passamos por muita coisa, Aemond e eu. Acho que jamais seria capaz de olha-lo com bons olhos. Ele é um monstro.

       — Ele pode mudar, se você o ajudar.

       Ela negou, certa de seu pensamento — Impossível. Quero dizer... quando é que um monstro deixa de ser um monstro?

       Um tenro sorriso tomou a face dela — Oh, quando você passa a ama-lo.

       Aquela frase a impactou terrivelmente, mais do que deveria, fazendo-a piscar algumas vezes, completamente dispersa. Ama-lo? Nunca. Ele continuaria a ser um monstro, um diabo para seus olhos, por toda a eternidade. Jamais o amaria, jamais!

       E isso era uma promessa.

       — Eu não acredito que...

       Mas fora interrompida por uma súbita mudança no semblante de sua tia. Os olhos da rainha se arregalaram levemente, ficando opacos e assustando Anya. Seu corpo pareceu ter sido tomada por outra pessoa — Mãos giram o tear. Carretel verde. Carretel preto. Dragões de carne tecendo dragões de linha...

       Ali estava a Helaena que ela conhecia, com suas palavras confusas e sem explicação. Anya levou sua mão até a dela, preocupada — Tia, você está bem...?

       — Dragões de carne tecendo dragões de linha...

      As crianças começaram a chorar. As chamas queimaram mais forte na fogueira, e junto a voz de sua tia, o som do fogo veio dizendo de forma casada — Dragões de carne tecendo dragões de linha... dragões verdes se descamando em dragões negros.

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