Flores em Meio a Tempestade...

By iiSaraHi

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⚠️Em revisão⚠️ Capítulos 1 ao 10, revisados!! Seus destinos foram traçados desde o dia em que por "coincidênc... More

1. Hinata Shouyo
2. Kageyama Tobio
3. Mudança
4. A Crise
5. Você!?
6. O Destino é Maluco
8. O Quarteto
9. Estranho
10. O Rei dos Reis
11. O Trabalho
12. PINGA!
13. O Bêbado
14. Passado e Cuidado
15. Aproximação
16. Paixão
17. A Tempestade
18. O Tempo Passa
19. A Tempestade II
20. Flores!!
Extra - Parte 1

7. O Caos do Passeio

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By iiSaraHi

Shouyou está em frente à praça, quando vê Tanaka e Nishinoya chegando de bicicleta.

— Pronto para o tour? — O careca perguntou, entusiasmado. Ele arruma uma gravata invisível, como se fosse um guia de turismo. — Eu mostrarei tudo a você!

Os dois ficaram para ajudar Hinata a conhecer melhor a cidade. Tudo isso foi ideia de Nishinoya — o garoto estranhamente mais baixo que Shouyou —, depois que Hinata perguntou onde ele poderia ir para se divertir ou só passar um tempo.

É claro que Tanaka começou a listar inúmeros lugares, mas Hinata não fazia ideia alguma de onde eles ficavam. E era cada nome esquisito que Hinata tem certeza absoluta, que se ele perguntasse pra qualquer mercador ou pessoa na rua a pessoa iria dizer que não conhece nenhum lugar com esse nome.

Então, Nishinoya disse que seria melhor se Hinata visse por conta própria. É a primeira vez que ele é convidado de verdade para um passeio sem ser com sua família, e ele está bem ansioso para isso.

— Vamo, vamo! — Nishinoya grita, enquanto sai pedalando que nem um maluco pelas ruas.
Ele nem se preocupa com os carros.

— Bora ruivinho! — Tanaka dá um tapa nas costas do ruivo e sai atrás do amigo. Hinata não demora a alcançar eles.

A verdade é que a cidade é simplesmente enorme, muito diferente da antiga cidade em que ele morava. Lá é tudo muito próximo. Ali demora quarenta minutos só para chegar no mercado.

Tanaka e Nishinoya estão fazendo um grande tour só pelas redondezas da escola, já que eles moram por aqui e Hinata também.

O clima ali é relativamente diferente de onde morava. Ali é mais friozinho, mas isso não é um grande problema. Hinata gosta do frio e da chuva. Esses dias são considerados tristes, mas ele sempre gostou de dias tristes. Poder ficar abaixo das cobertas, quentinho. Poder ficar de bobeira e sem ter que sair de casa.

O ruim é que dias assim fazem as memórias de Atsumu Miya assombrar a mente de Hinata Shouyou. Atsumu gostava de ficar em festas grandes, e quase nunca o pequeno ruivo ia. Ele odeia festas agitadas, pessoas pulando, dançando. E Atsumu odiava ter que ficar em casa. Nos dias de chuva, ele ia pra festas, Hinata ficava em casa.

O ruivo tentou inúmeras vezes convencê-lo a ficar junto de Hinata em casa. Assistir filmes e comer pipoca embaixo da coberta. Só Hinata e Atsumu. A chuva caindo lá fora na calha, um bom filme e os aconchegantes braços fortes do…

— Ei, Hinata! — Nishinoya o chama, tirando-o desses pensamentos tão distantes e dolorosos. — Quer parar um pouco?

Tanaka desacelera.

— O que aconteceu com vocês dois?

Hinata para de pedalar e observa o menor. Ele parece preocupado com Shouyou, e só então, Hinata nota a sorrateira lágrima fazendo cócegas em sua bochecha.

Ele a limpa com o braço.

— Vamos fazer uma pausa, pode ser?

Tanaka e Nishinoya se olham, e então sorriem enquanto concordam.

É um bom lugar para ficar, afastado das lojas grandes e perto de um campo. Hinata senta no chão junto de Tanaka. As costas de ambos estão encostadas em uma cerca branca. Nishinoya está em cima da bicicleta fazendo graça e eles estão rindo.

Nishinoya empina a bicicleta como se fosse uma moto, e quase cai quando uma das rodas afunda no buraco da rua. Nishinoya pula antes que caia. Tanaka está segurando a própria barriga enquanto gargalha alto.

Nishinoya está fazendo graça porque viu a lágrima. Ele quer animar Hinata, tentar fazê-lo esquecer do que quer que ele esteja pensando. Tanaka não fica para trás, contando piadas e falando sobre os diversos vizinhos que existem em seu bairro.

E de repente, Tanaka se volta para o amigo.

— Noya, duvido você subir naquela árvore e pegar uma goiaba!

Ele aponta para além da cerca branca. Tem algumas árvores lotadas de frutas em um enorme pasto. É o terreno de uma fazenda, Hinata percebe detalhadamente. Há casas pela redondeza, mas a fazenda toma o quarteirão inteiro, e eles estão debruçados justamente no “muro” da propriedade.

— Dúvida é? — Nishinoya tem um sorriso malicioso no rosto. Noya se vira para Shouyou. — Dúvida também, Hinata?

— Duvido! — ele diz, entrando na graça. Está surpreso de ter sido incluído na decisão dos dois. É a primeira vez que isso acontece.

— Oook! — Nishinoya pula a cerca e entra dentro do terreno. — Venham atrás de mim, seus covardes! 

Tanaka pula a cerca e espera Hinata. Seria errado eles invadirem uma fazenda, não é? Mas Hinata não liga pra isso. Ele só liga de estar sendo incluído no grupo e fazer parte de algo emocionante.

Quando Hinata pula a cerca, eles apostam numa corrida até perto da árvore frutífera que desejam. Quem ganha é Hinata, obviamente ele é um corredor nato com aquelas perninhas magricelas.

Nishinoya não para de correr, ele pega impulso e começa a subir na árvore. Escalando-a com um pouco de dificuldade. Tanaka olha ao redor, e não tão longe deles há um amontoado de bovinos. Deve ter umas sete vacas juntas, nada com que se preocupar.

— Ai! — exclamou Hinata, vendo a goiaba que caiu em sua cabeça rolar para longe.

— Nishinoya! — Tanaka grita em repreensão ao ver o garoto atacar as frutas.

Pra piorar são frutas podres e abertas.

— Desça aqui, safado! — Hinata grita, Nishinoya dá risada lá do alto.

Ele morde um pedaço de goiaba boa, fazendo um barulho com a boca. Uma satisfação em comer a fruta e saborear seu gosto. Nishinoya lambe os lábios, terminando de se deliciar.

Hinata mal percebe quando as vacas começam a se aproximar mais e mais. Está entretido demais com Nishinoya para ver o que acontece, até Noya dirigir o olhar para o careca, lá do topo da árvore, estreitando o olhar.

Um pouco a frente está Tanaka e na frente dele, uma vaca o olha fixamente.

—  Tá falando com a sua mãe, Tanaka? — Nishinoya fala zoando. — Aquela gostosa.

Hinata encara Tanaka e a vaca.

— Gente? — Tanaka chama, Nishinoya começa a gargalhar alto e Hinata se pega fazendo o mesmo quando a vaca dá um passa pra frente. — Gente!

O careca corre da vaca loucamente. Eles estão correndo em círculos. A barriga de Hinata dói de tanto rir. Ao seu lado, Nishinoya desce da árvore e se agarra no ombro de Shouyou, ainda gargalhando.

— Eu tô passando mal!

Com a outra mão ele segura a barriga. As lágrimas começam a cair dos olhos do menor. 

Hinata começa a se contorcer querendo fazer xixi.

— O que está acontecendo aqui!? — Uma voz firme e rude berra. Um homem com uma barriga de chope, um boné e uma barba por fazer aparece, segurando um taco de beisebol. Nishinoya dá um salto para trás e nem espera os outros.

Tanaka para de correr e a vaca bate com o focinho no meio das pernas dele.

Agora, veja bem a cena. Dois adolescentes segurando a barriga para não fazer xixi enquanto correm junto de outro adolescente, este careca, que está com as mãos nos países baixos após ser perseguido e atingido por uma vaca furiosa.

O dono da fazenda grita mais alguma coisa, mas a única coisa que eles fazem é correr e se segurar para não mijar nas calças.

Pulando a cerca e montando em ambas as bicicletas, os três estão rindo alto do que acaba de acontecer.

Nunca na vida, Hinata se sentiu assim. Nunca teve uma crise de riso com os amigos, porque nunca teve amigos de verdade, apenas conhecidos e seu ex-namorado. E sempre que Hinata estava longe deles, percebia o quanto eles se divertiam sem ele. Eles riam alto sem Shouyou. Riam alto igual aconteceu hoje. E a sensação é tão prazerosa e feliz. Estar com essas pessoas fez o dia de Shouyou valer a pena.

E quem diria, que hoje Hinata sabe como é se sentir alegre. Sabe como é querer fazer xixi e ter que segurar para não fazer nas calças porque está rindo muito e não consegue parar. Suas bochechas estão vermelhas e doloridas de tanto esforço para sorrir. É tão bom para Shouyou finalmente ter conhecido pessoas legais e ter feito amizade com elas.

É tão bom se divertir com pessoas que realmente te deixam confortável em ter você com elas.

°•°•°•°•°

Depois de toda a euforia na grande aventura do tour pela cidade e a parada mágica na fazendinha, eles estão cansados e largados meio sem jeito nos acolchoados de uma lanchonete próxima à escola.

A atendente surge e coloca os sanduíches e os refrigerantes na mesa. Tanaka não para de encarar a atendente, que desconfortável se retira sem falar nada. Nishinoya dá uma mordida enorme em seu sanduíche e limpa a boca com as costas da mão.

— Ela é a Kiyoko-san! — apresenta a garçonete bonita que os atendeu.

Noya dá um gole generoso em seu refrigerante e Hinata pega a deixa para abrir a sua latinha e isso é o bastante para tirar Tanaka do transe, que pega o sanduíche e suspira. Hinata enrugou o cenho diante da cena.

— Esse careca aqui é apaixonadíssimo nela. — Nishinoya revela.

Hinata se surpreende com isso, a sinceridade do outro.

— Ela é realmente bonita — diz por fim, a analisando. Mesmo que não faça seu estilo.

O rosto de Kiyoko é delicado. Ela tem olhos azuis escuros e seus cabelos parecem levemente da mesma cor, mesmo sendo pretos. Nishinoya continuou a tagarelar sobre a jovem atendente pelo qual seu amigo é apaixonado, dizendo que ela estuda lá na escola e faz parte do clube de vôlei, entre muitas outras coisas diversas que não foram absorvidas pelo ruivo.

Kiyoko vai para trás do balcão depois de atender outra mesa, e Hinata encara a mulher no caixa. Seus cabelos longos e escuros não chamam tanto a atenção de Hinata, mas sim os olhos azuis profundos e tão familiares que a mulher tem. Não é possível.

— Quem é aquela?

— Ah? — Tanaka murmura e aperta os olhos para tentar enxergar. — Sei lá, cara.

Nishinoya está na frente do ruivo, e sentado com as costas para o balcão. Ele tenta olhar para trás mas está muito focado no resto do próprio sanduíche para focar em outra coisa.
Após comerem e Tanaka babar só de olhar a atendente Kiyoko, Shouyou se voluntaria para pagar. Os dois são pegos de surpresa, e acabam aceitando — com muita relutância — que Hinata pague tudo.

Ele fez isso não só porque quer tentar conversar com a mulher do balcão, mas sim porque é um jeito de agradecer indiretamente os dois pela diversão do dia. E também, isso pode ajudar a promover uma amizade dos três, quem sabe.

Chegando perto do caixa, Hinata abre um sorriso sem mostrar os dentes. A mulher o vê e se endireita.

— Olá — cumprimenta educadamente — a conta?

— Isso.

— Qual mesa?

— Mesa nove.

Hinata vê no crachá o sobrenome. É por isso que a mulher é familiar.

— Você é irmã do Kageyama?

Ela ergue as sobrancelhas e tem um brilho estranho em seu olhar.

— É, sim — concorda, meio atordoada. — Tobio é meu irmão. É amigo dele?

— Eu não... — O sorriso dela parece murchar. — Ele é meu amigo, claro!

— Sério? Caramba!

— Pois é.

A irmã do Kageyama parece ser tão diferente dele que assusta Hinata.

— Qual seu nome?

— Hinata. Hinata Shouyou.

— Oh, Hinata! Como conheceu o Tobio-chan?

Ela se debruça no balcão olhando admirada para o ruivo. Como se ele fosse uma joia rara demais e para falar a verdade, Shouyou meio que cora com isso.

— Para falar a verdade é estranho dizer isso — começa —, nos conhecemos em um hospital.

O brilho desaparece do olhar de Miwa.

— Ah. — Ela murmura quase que inaudível. — Deve ter sido na época que o avô estava internado...

— Sinto muito!

Ele tinha esquecido disso. Que droga! Agora ela está toda cabisbaixa por sua culpa. Boa Shouyou! Boa! ele pensa, se martirizando.

— Me desculpa, eu não quis...

— Tudo bem! — a sua voz embargou um pouco. Ela fecha os olhos e sorri, ainda gentil. — Eu aceitei melhor a partida do nosso avô. Já o Tobio-chan... Ele se fechou completamente.

Isso explica muita coisa para Hinata. Talvez seja por isso que Kageyama foi nomeado Rei. Muita coisa deve ter acontecido nesses meses em que o ruivo ficou em reabilitação. Por que ele teve que agir daquela forma indiferente com o coitado do Rei?

— Enfim — ela endireita a postura —, é crédito ou débito?

— Débito. — Hinata coloca o cartão na máquina e digita a senha.

— Tobio-chan se fechou até para a mãe. Fico surpresa em conhecer um amigo dele. — Ela entrega a notinha fiscal e o cartão junto. — Passa lá em casa qualquer dia desses.

— Claro. Vou passar — ele sorri para ela que retribui.

Hinata acena e sai da lanchonete com peso na consciência por ter mentido sobre ser amigo de Kageyama, mesmo que por um momento ele tenha gostado de ser taxado como amigo do moreno.

Tanaka e Nishinoya o esperam montados em suas bicicletas. Eles comentam e brincam que Hinata demorou porque estava paquerando a atendente. Mal sabem eles a verdade por trás daquilo.

Ter descoberto que Kageyama se fechou até para a sua família foi a segunda maior surpresa do dia. Sendo a primeira, a aceitação e inclusão de Tanaka e Nishinoya em relação a Hinata.

Mas Shouyou manteve o resto do caminho pensando em Kageyama.

Se alguém da família dele morresse, ele com certeza iria pedir consolo para a mãe e a irmã mais velha — se ele tivesse uma. Nunca iria se fechar para o mundo igual Kageyama fez. E ele queria muito entender essas motivações. O avô seria o único parente bonzinho da família?

Kageyama Tobio é um caso à parte.

Hinata Shouyou queria conseguir entender Tobio.

⊱⋅ ────── ❴ • ✿ • ❵ ────── ⋅⊰

Perdoem se tiver algum erro, tive que refazer o capítulo que estava em primeira pessoa. Um errinho ou outro às vezes saem despercebidos, então desculpas!

Por hoje acho que é só!

Se cuidem, e até amanhã❤

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