Sempre | Melhores momentos

By Souto14

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Para aqueles que vivem me perguntando sobre a volta do casal mais odiado e amado do universo literário. More

NOTAS
01 | Vizinhos novos
02| Reencontros
03| Invasão de privacidade e outras drogas
04| Segredos que nem são tão segredos assim
05| A namorada do meu melhor amigo
06| Lindos olhos
07| Não consigo mais
08| Amar você será meu fim
09| Na mesma moeda
10| Você não é um monstro
11| Reescrever as estrelas
12| Eu só queria que você soubesse
13| Palavras tem poder
14| Traidor
15| Aquele que não deve ser mencionado
16| Alucinações
17| Bonequinho de plástico
18| Palavras vazias e desesperadas
19| New York
20| O capitão retira a máscara
21| Entre casais
22| Não tem como piorar
23| Eu achei que tinha superado
24| Faca cravada no peito
25| Quero você, apenas você
26| Sinto nojo
27| Principe encantado uma ova
28| Hospital, enterro e saudade
29| Fugitiva
30| Medo de perder
31| Longe
32| Uma vez rei dos babacas, sempre rei dos babacas
33| My escape
34| Sempre será você
35| Farsas e mais farsas
36| Cinderela
37| Entre términos e beijos
39| Ferido
40| Nunca deixamos um Stone para trás
|THE END|
NOTAS FINAIS

38| Gold Bet

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By Souto14


Abri os olhos vagarosamente, me acostumando com a luz que entrava pela janela aberta. Meu corpo ainda se encontrava extasiado com os acontecimentos da noite passada; ainda conseguia sentir a textura dos seus lábios sobre a minha pele; sensação maravilhosa.

Rolei na cama atrás de encontra-lo ainda em sono profundo; fazia tempo que não o observava dormir. Mas fui surpreendida ao me deparar com o seu lado da cama vazio. E logo em seguida, meus olhos o encontraram na poltrona encostada na parede. Seu tronco ainda permanecia desnudo, porém vestia o mesmo calção fino. O cabelo estava bagunçado e as olheiras abaixo dos seus olhos o entregavam sobre uma noite mal dormida.

― Hey... ― Falei, me sentando no colchão.

― Hey... ― devolveu sem ânimo, baixando a cabeça. O sorriso bobo em meus lábios murchou quase instantâneamente. ― Antes de irmos embora precisamos conversar. ― Voltou a dizer e percebi a seriedade em cada palavra. Seus olhos permaneceram no piso do quarto, como se estivesse evitando um contato direto.

― Estou ouvindo. ― Me forcei a dizer, mesmo que cada átomo do meu corpo quisesse fugir dali o mais rápido possível. Dean não me assustava mais; esse não era o problema. O problema era as verdades dolorosas que aquela conversa traria à tona. Elas sim me amedrontavam.

― Eu não tenho nada a ver com a louca da Miller. ― Iníciou.

― Eu sei. Agora eu sei...

― Me deixa terminar, por favor! ― Pediu e voltei a me calar. ― Ontem, quando decidimos nos separar para procurar pelo... Abdalla. ― Dean praticamente cuspiu o nome do homem. ― A Samara apareceu dizendo que precisávamos discutir algo importante sobre o departamento de marketing e como um idiota, acreditei.

― Surpreendentemente acredito em você, Dean. Mas ainda não consigo entender o porquê de ter mentido, ou de como o cheiro dela foi parar na sua roupa... ― Não consegui controlar a boca. No entanto, ele não pareceu se importar com a minha pequena intromissão e respondeu calmamente:

― Por todo esse tempo esteve certa sobre as reais intenções da Samara, e sobre o fato dela não ter escrúpulos. Quando recebi sua mensagem, a mulher havia nos trancado na sala e escondido a chave entre os ceios enquanto dizia um monte de merda sem sentido e tentava me agarrar.

― O que ela dizia?

― Dizia que me amava e que tinha reparado nos meus olhares sobre a mesma. Que eu não estava feliz com a minha família e precisava de mais diversão...

"Vadiazinha maluca." Resmunguei, sentindo o sangue borbulhar em minhas veias. Quem ela pensava que era para insinuar que meus filhos e eu não eramos bons o bastantes?

― Eu estava ciente do quanto ela te incomodava e mesmo assim tinha ignorado todos os sinais, porque estava ocupado demais com o trabalho para ter que lidar com coisas banais. ― Soltou um suspiro frustrado. ― Estava envergonhado por ter deixado as coisas saírem do controle. Foi por isso que menti; queria resolver o problema sem precisar preocupa-lá ainda mais.

― Como saiu da sala? Não pegou a chave dela, pegou? ― Falei, torcendo o nariz em desgosto.

― Não! Samara acabou me entregando por simples e espontânea vontade depois de ter ameaçado demiti-lá. ― disse. ― Mas a verdade é, que ela já estava fora da empresa apartir do instante que desrespeitou a minha família. ― Respondeu ainda sério, me pegando desprevenida com a sua confissão.

Samara estava finalmente fora das nossas vidas?

Um sorriso se alastrou pelos meus lábios ao mesmo tempo que uma onda de alívio inundava meu peito. No entanto, o sorriso desapareceu subitamente quando me lembrei da forma como o havia tratado.

― Eu sinto muito... eu achei que... ― gaguejei. Estava muito envergonhada para dizer as desculpas em voz alta.

― Às evidências estavam todas contra mim, não foi culpa sua. ― Disse, finalmente, encarando meus olhos. ― E eu estava disposto a aceitar toda a sua raiva, por mais ruim que isso pudesse ser. Eu te esperaria se acalmar e te explicaria os fatos, porquê não estava disposto a te perder. Mas quando entrou no carro daquele verme, me tirou a chance de fazer tal coisa. E o pensamento de estar te perdendo se tornou mais intenso. ― Dean parecia perdido em suas próprias lembranças enquanto falava.

― Fiquei sem ação, Scott. Não sabia mais o que fazer... e então, o celular começou a tocar em meu bolso e me iludi achando que fosse uma ligação sua. Mas era o Logan me pedindo para olhar o Whatsapp. Por um segundo pensei em ignora-ló, mas ele insistiu dizendo que era importante. ― Dean se levantou da poltrona um tanto quanto agitado. Seu maxilar estava trincado e o olhar vazio, enquanto continuava sua narração. ― Fiz o que Logan pediu... ― Disse, tirando o celular do bolso e jogando-o sobre a cama, próximo aos meus pés. ― Estranhei ao ver um monte de mensagens dele, e então, vi os prints.

Rapidamente avancei até o aparelho e encarei a tela, esperando por explicações. A primeira coisa que surgiu em meu campo de visão foram algumas capturas de tela de um grupo chamado "gold bet". Enquanto passava brevemente os olhos pelas conversas, reparava em algumas apostas bestas por valores absurdos.

― É um grupo de apostas... O que Logan queria te mostrando isso? ― Questionei confusa.

Sem esperar por uma resposta, continuei a ler algumas conversas soltas e descobri alguns dos participantes. A maioria se tratava de homens muito importantes no mercado de negócio, outros apenas filhos de papai. Mas era óbvio que se tratava de algo discreto e imoral, algumas das apostas chegavam a ser até ilegais.

Meu corpo paralisou conforme lia o que parecia ser a última aposta feita.

" Essas apostas estão parecendo coisa de criança..." um tal de D.J. falou e outros concordaram.

" Que tal um lance com mais adrenalina? Quem conseguir levar a intocada para a cama, ganha o maior prêmio da noite." O cara das iniciais D.J voltou a falar.

A maioria se negou a aceitar, argumentando ser suicídio. Mas teve alguém que topou e se garantiu dizendo que "a intocada" era presa fácil. Quando vi as iniciais M.A. a cima da mensagem, senti minha garganta se fechar subitamente e o ar ficar preso em meus pulmões, causando uma queimação infernal em meu peito.

Não podia ser...

― Eu sou a droga da "intocada", não sou? ― Insisti em perguntar mesmo que já soubesse a resposta. Dean assentiu com o olhar em chamas. ― E o Marcos já sabia quem eu era quando puxou conversa no bar...

O rapaz começou a se movimentar pelo quarto, passando as mãos pelo cabelo. Sua raiva estava voltando aos poucos e o esforço que fazia para se manter calmo estava levando toda a sua energia embora. Toda a extensão do seu corpo estava rígida devido ao ódio que sentia.

― Aquele filho da mãe não se importava com o contrato. Desde o início ele queria você! ― Vociferou e um estrondo ecoou pelo cômodo no momento em que seu punho se chocou contra a parede. ― Eu devia ter ficado mais atento, já tinha ouvido falar da sua má fama com mulheres. Mas me manti seguro de que mesmo se o idiota tentasse, você o pararia assim como fez com os outros. Só que você não o parou, Anna Lis...

O aperto em meu peito triplicou com o choque das suas palavras e as lágrimas que estava segurando tinha algum tempinho, deslizaram quentes pelo meu rosto. Conforme as lembranças da conversa dentro do carro de Abdalla vinham-me a cabeça, tudo começava a fazer sentido.

"Posso te levar a um barzinho, você pode afogar as lágrimas no álcool e depois te deixo em algum hotel para passar a noite."

O cretino queria me embebedar para depois fazer sei lá o que comigo. De repente, me senti suja mesmo que ele não tivesse encostado em mim.

― Entrou no carro dele e me deixou! ― Vociferou outra vez. ― E depois que descobri da aposta isso fodeu com a porra da minha cabeça. Eu tentei controlar, eu tentei sim... mas depois que perco o controle não consigo mais voltar atrás. ― Dean deu uma pequena pausa, tomando o fôlego que havia perdido e retomou: ― Ontem, reparei em como seu corpo ficava tenso a cada movimento que eu fazia e quando olhei em seus olhos, encontrei medo dentro deles. Você chegou a dizer que estava desistindo do nosso casamento, Anna Lis! Consegue imaginar o quão doloroso foi ouvir da mulher que amo que ela estava abrindo mão de tudo, assim, tão facilmente? ― me lançou um olhar triste e foi como se eu tivesse levado um banho de água fria.

― Não estou dizendo que a forma como agi não tenha sido errada, mas eu merecia mais do que apenas um " Não sei se quero passar o resto da minha vida presa a alguém assim..."

― Dean...

― Ainda não terminei. ― Me cortou, ríspido. Suas mãos passaram mais uma vez pelos fios negros e depois descendo para o rosto. Quando achei que Dean estava prestes a me xingar de todos os nomes...

― Eu te amo, Scott. ― Disse, pegando-me completamente desprevenida. ― Eu te amo, porra! Você e as crianças são tudo pra mim, não podia deixar que aquele babaca te tocasse. Sei que não posso mudar o que fiz ontem e nem o modo como me vê, agora. Mas eu não sei mais como é viver sem tê-la ao meu lado.

Meu primeiro impulso foi correr para seus braços e dizer o quanto estava arrependida de todas as merdas que tinha dito. Que Marcos Abdalla nunca teria sido uma opção, por mais magoada que eu estivesse. Ele e as crianças também eram tudo pra mim...

E por mais que a vontade fosse imensa, parei estática ao pé da cama, quando reparei nos seus olhos ganhando um brilho mais intenso e marejaram subitamente. Dean estava prestes a chorar e eu não sabia como lidar com isso, porque, sempre que algo parecido acontecia meu coração chorava junto.

― Preciso realmente saber se estava falando sério ontem a noite... ― Uma lágrima se desprendeu dos seus olhos, no entanto, ele passou a mão sobre ela rapidamente, enxugando-a.

― Eu estava com raiva, Dean.

― Não foi o que perguntei, Scott...

― Não, Stone! Eu não falava sério. ― Declarei o mais alto que consegui. ― Quando me mandou olhar em seus olhos ontem à noite, vi a merda da verdade!! Mas eu não quis aceitar que tudo o que tinha acontecido, havia sido em vão; que havia sido minha culpa. Então me defendi da forma mais fácil e covarde que consegui. ― Respirei fundo, mordendo meu lábio inferior para que as malditas lágrimas voltassem para o lugar de origem.

― Eu sempre vou querer você, Dean.

Nem mesmo mil noites como a de ontem, podem mudar essa fato.

À passos hesitantes me aproximei dele, e cuidadosamente segurei seu rosto entre minhas mãos. Suas bochechas estavam molhadas e os olhos, antes tão perdidos, estavam voltando ao castanho avermelhado e pacífico de sempre.

Com a ponta dos dedos, afastei algumas mechas de cabelo que caíam sobre suas sobrancelhas; e senti seu corpo relaxando sob meu toque.

― Eu te amo, Dean Stone e isso é tudo!― Sussurrei.

― Eu não posso te perder... ― Disse me puxando mais para si e escondendo o rosto na curva do meu pescoço. A voz embargada fez meu coração encolher.

― Não vai me perder, idiota! ― Levei minhas mãos até seu cabelo, afundando meus dedos nos fios macios. ― Vou cuidar de você, Dean. Pra sempre.

♡♡♡

Estava exausta. Acabada. Em caquinhos. Mas o rapaz que estava dirigindo ao meu lado, estava muito mais. Dean já não vinha dormindo bem há semanas por causa do trabalho, mas a noite de ontem foi o limite. Abaixo dos olhos continha olheiras enormes e seu corpo todo demonstrava sinais de cansaço.

Eu sabia que o nosso problema ia além dos idiotas, Abdalla e Samara. Dean andava frustrado e ansioso à algum tempo; a volta da sua mãe e a aposentadoria do Sr. Lucca eram os principais culpados. Mas também existia outra coisa...

Meu marido estava no dilema trabalho ou família.

Dean raramente estava em casa, passava o dia na empresa e quando chegava, as crianças já estavam indo dormir e por isso mal interagiam. Daniel não havia se apegado a ele ainda, e somente no evento consegui entender o quanto isso o afetava.

Em um ato repentino, trouxe sua mão livre para meu colo e encaixei meus dedos. O moreno tirou os olhos da estrada para fitar nossas mãos unidas e um sorrizinho de lado surgiu em seus lábios e me permiti sorrir junto.

― Isso é novidade... ― comentou, com os olhos de volta ao asfalto. O sorriso em seu rosto havia aumentado. ― Já faz vinte minutos que estamos na estrada e você ainda não colocou uma música.

― A verdade é que estou afim de ouvir a sua voz, hoje. ― Confessei.

― Quer que eu cante pra você? ― Dean permanecia a olhar para a frente, mas dava para ver sua testa levemente franzida.

― É, acho que eu quero...

― Mas faz tanto tempo, Lis... ― Hesitou.

― Um ano. ― Confirmei. ― E é exatamente por isso que quero ouvir.

Stone permaneceu calado por alguns segundos, provavelmente, pensando em uma desculpa, mas quando não a achou, deixou que um suspiro deixasse seus lábios.

― O que devo cantar?

― Não sei. Me surpreenda badboy. ― Sorri animada.

Os segundos se estenderam enquanto eu esperava ansiosamente pelo momento em que o ouvira cantar outra vez. Quando sua voz começou a ecoar pelo carro em uma performance perfeita de "Love someone", esqueci de todos os problemas e aproveite cada segundo da música.

There are days

I wake up and I pinch myself

You're with me, not someone else

And I am scared, yeah, I'm still scared

That it's all a dream

( Tem dias que

Eu acordo e eu me belisco

Você está comigo, não outra pessoa

E eu estou com medo, sim, eu ainda estou com medo

Que tudo seja um sonho )

Seus olhos deslizaram rapidamente até os meus e cantou:

Cause you still look perfect

as days go by

Even the worst ones, you make me smile

I'd stop the world if it gave us time

( Porque você continua perfeita com o passar dos dias

Mesmo nos piores dias, você me faz sorrir

Eu pararia o mundo se isso nos desse tempo )

Cause when you love someone

You open up your heart

When you love someone

You make room

( Porque quando você ama alguém

Você abre seu coração

Quando você ama alguém

Você abre espaço )

If you love someone

And you're not afraid to lose 'em

You've probably never loved

someone like I do

You've probably never

loved someone like I do

( Se você ama alguém

E você não tem medo de perdê-lo

Você provavelmente nunca amou alguém como eu amo

Você provavelmente nunca amou alguém como eu amo )

All my life

I thought it'd be hard to find

The one 'til I found you

And I find it bittersweet

'Cause you gave me something to lose

(Quando você diz que

Você ama o jeito que eu faço

você se sentir

Tudo se torna tão real

Não tenha medo, não, não tenha medo

Porque você é tudo que eu preciso)

Quando Dean terminou de cantar, meus olhos brilhavam em admiração. Ele sempre sabia o que cantar/dizer para me deixar feito idiota.

― Surpreendi? ― perguntou convencido com um sorriso pouco modesto em seus lábios.

― Um pouco de imperfeição não faria mal, Stone... ― fiz uma careta e ele riu.

― Vou aceitar isso como um sim. ― Disse. ― Agora é a sua vez.

― Sonhe... ― falei em deboche. Os únicos que ainda me ouviam cantar eram Luca e Daniel quando ia botá-los para dormir.

― Vamos lá, Scott! Você cantava pra mim na época da escola... ― insistiu.

― Não era pra você, idiota. Valia ponto!

― Qual é, esquentadinha... ― fez ênfase no "esquentadinha", pois sabia que me deixava irritada. ― Já passamos dessa fase. Você adorava me provocar com aquelas letras de falsos "já te superei", admita!

Ralhei os olhos para a sua arrogância. Só não me deixei levar, porque sabia qual era o seu objetivo; me tirar do sério até sentir vontade de arrancar meus próprios cabelos. Dizia ele, que eu ficava fofa quando estava brava. Respirei fundo decidida a não dar o que meu marido queria.

― Eu não vou cair na sua.

― Minha esposa é uma chata e nada romântica. ― começou a cantarolar. ― estou desconfiado de que ela não me ama, já que não canta...

Sem conseguir controlar, o som da minha gargalhada inundou o carro. Tinha me esquecido do quanto ele era dramático, às vezes.

― Vai cantar ou não? ― Questionou com uma carinha de cachorro pidão.

― Tudo bem, eu canto. Idiota. ― Dean voltou a atenção para a frente com um sorriso bobo enfeitando seu rosto.

Soltei um suspiro longo, pensando em qual música cantaria. As escolhas dele sempre eram perfeitas, eu não queria ficar pra trás.

Me acomodei no banco, encostando minhas costas no acolchoado, e fechei os olhos para que a timidez não fosse um obstáculo tão grande.

Come to me

In the night hours

I will wait for you

And I can't sleep

'Cause thoughts devour

Thoughts of you consume

(Venha até mim

Nas primeiras horas da noite

Eu vou esperar por você

E não consigo dormir

Porque meus pensamentos devoram

E consomem os pensamentos que tenho de você)

I can't help but love you

Even though I try not to

I can't help but want you

I know that I'd die without you

(Não posso deixar de amar você

Mesmo que eu tente

Não posso deixar de te querer

Eu sei que eu morreria sem você)

Depois da primeira estrofe a letra e eu, já havíamos nos tornado uma só. Adotei cada palavra como se fosse minha, e lavei minha alma botando pra fora todos os meus sentimentos pelo homem ao meu lado. Cada átomo do meu corpo amava cada átomo presente no corpo dele. Eu o admirava e sonhava com ele todas as noites mesmo depois do nosso casamento. Dean era meu porto seguro, meu alicerce. Mas também meu caos. Nosso casamento era feliz, puro e ingênuo, mas não era perfeito. Nenhum casamento terreno poderia ser. E acho que a imperfeição tornava o nosso amor cada vez mais forte e real. Noites como a de ontem se tornavam sempre tortuosas com o passar dos anos. Mas manhãs como a de hoje, eram as que se tornavam importantes para a construção de um relacionamento duradouro. E a grande questão da minha vida é: como não amar Dean Stone?

Stay with me a little longer

I will wait for you

Shadows creep

And want grows stronger

Deeper than the truth

(Fique comigo um pouco mais

Eu vou esperar por você

Sombras se espalham

E querem se tornar mais fortes

Mais profundas que a verdade)

I can't help but love you

Even though I try not to

I can't help but want you

I know that I'd die without you

I can't help but be wrong in the dark

Cause I'm overcome in this war of hearts

I can't help but want oceans to part

Cause I'm overcome in this war of hearts

(Não posso deixar de amar você

Mesmo que eu tente

Não posso deixar de te querer

Eu sei que eu morreria sem você)

(Eu não consigo deixar de errar nesta escuridão

Porque estou vencendo esta guerra de corações

Eu não posso deixar de querer que oceanos se partam

Porque estou vencendo esta guerra de corações)

Mesmo depois de ter acabado de cantar, permaneci com os olhos fechados sentindo minhas bochechas esquentarem. Acabei me entregando tanto a música que esqueci de verificar se minha afinação e ritmo estavam corretos. E se eu tivesse feito algo de errado?

O silêncio ensurdecedor dentro do carro, estava me deixando ainda mais aflita. Com certeza eu havia passado vergonha.

Mas quando finalmente criei coragem para abrir meu olhos, percebi que o carro não estava mais em movimento; Dean tinha nos levado até o acostamento.

Virei a cabeça para o lado e o peso do seu olhar sobre meu rosto fez meu corpo todo formigar. Suas órbitas castanhas me fitavam tão intensamente que precisei baixar a vista, envergonhada.

― Por que paramos? ― Perguntei em um fio de voz enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha.

― Porque eu precisava fazer isso. ― Disse antes de se inclinar sobre o banco e colar nossos lábios de forma urgente. Sua língua me invadiu sem aviso prévio e suas mãos me puxaram mais para si, entregando a necessidade que ele tinha de me tocar.

Mas a divisória entre nossos bancos era um obstáculo a ser enfrentado. E só havia um jeito de vencer, passando por cima e sentando no colo do Dean. Algo tentador, sem dúvidas. Porém, estávamos no meio da estrada em plena luz do dia, qualquer um que passasse poderia nos ver. Ou pior, tirar fotos e postar nos sites de fofocas. E foi somente por isso, que tentei quebrar o beijo perfeito e me afastar, mas a mão dele em minha nuca me impediu. Stone colou nossas testas e fechou os olhos vagarosamente.

― Não pode me deixar louco por você, e depois se afastar... ― sussurrou como se me contasse um segredo.

― Apenas cantei como me pediu! ― Sussurrei de volta, ainda ofegante pelo beijo surpresa.

― Eu sei o que fez, Scott. Mas isso não tem nada a ver com sua voz, por mais perfeita que ela seja. ― sua mão pousou sobre meu rosto, e com o polegar começou a fazer carícias. ― Tem a ver com você e em como sou sortudo por tê-la ao meu lado. E eu nem sequer mereço o seu amor, meu anjo.

― Eu não acho que não mereça... ― Discordei. ― O passado foi doloroso, mas estamos felizes agora. Você é bom pra mim, Dean!

― Você é boa pra mim! Eu sou apenas um idiota viciado em trabalho. ― disse me arrancando algumas risadas.

― Vamos dar um jeito no seu trabalho, e em qualquer outra coisa que entre em nosso caminho. ― Prometi.

Com nossas testas ainda coladas, e os olhos fechados, Dean me chamou depois de um tempo:

― Lis!

― hum...

― I can't help but love you.

Um sorriso se alastrou em meu rosto conforme as palavras deixavam seus lábios. Me afastei um pouco, apenas, para voltar a beijá-lo sem se importar com onde estávamos ou pra onde íamos.

Eu também não, Dean Stone.

♡♡♡

― Eles chegaram!! ― a voz de Suzana soou distante, assim que Dean fechou a porta da nossa casa.

Trocamos olhares silenciosos, sabendo exatamente o interrogatório que estava à nossa espera. Com a confusão toda, acabamos esquecendo de avisar que passaríamos a noite fora, e com certeza meus sogros estavam muito preocupados.

― Aí estão vocês! ― A mulher de olhos verdes e cabelos dado mexas, nos abordou ainda no hall. Suas mãos estavam postas na mini cintura - de dar inveja - e sua expressão estava intimidadora.

Um pouco assustada, puxei o corpo do meu marido de forma cautelosa, e o coloquei a minha frente, o usando como escudo.

― Quem vocês pensam que são pra sumirem assim? Nenhuma ligação, mensagem ou carta! ― voltou a dizer quase gritando. ― eu sei que ainda são novos e que querem aproveitar a vida, mas não se lembraram das crianças? ― me encolhi atrás da minha muralha, lembrando que as crianças poderiam ter sentido muito a minha falta. Daniel principalmente.

― Onde estão Daniel e Luca? ― a voz de Dean soou firme e indiferente. Era sempre assim quando se dirigia à mãe.

― Tomando café na cozinha. ― minha sogra respondeu, surpreendentemente, mais calma.

Acho que ela se lembrou que o rapaz não tinha nenhum respeito ou afeto pela mesma, ou seja, seu sermão não funcionaria com ele. Seu olhar penoso deixou um aperto em meu coração. Suzana havia errado muito com Dean e com o meu sogro. Mas quando ela reapareceu a dois anos atrás se dizendo arrependida, não vi mentira em seus olhos. E apesar de já se fazer um ano que a mulher conseguiu o perdão do ex marido e frequentava nossa casa, o relacionamento dela com o filho não teve nenhum avanço. A mágoa que Stone sentia ainda era muito vívida em seu peito...

Sem dizer mais nada, Dean começou o trajeto até a cozinha. Preferi ficar para trás e falar um pouco com Suzana que parecia abalada.

― Tivemos problemas no evento. Coisas ruins aconteceram... ― Expliquei, pois, me sentia na obrigação. Suzi não era mais a mesma mulher egoísta de quando os deixou, e a mesma era boa para mim e para os meninos. Talvez eu até a considerasse como uma amiga lá no fundo...

― Que tipo de "coisas ruins"? ― perguntou preocupada.

― Podemos falar sobre depois do café? Estamos realmente exaustos... principalmente o malcriado do seu filho. ― Disse em divertimento, tentando tirar o clima ruim que Dean havia deixado. A mulher sorriu brevemente e assentiu com um balançar de cabeça.

Juntas começamos a fazer o mesmo trajeto que o meu esposo, e em poucos segundos estávamos na cozinha. Não me surpreendi ao ver a família Phillips sentada à mesa junto ao meu sogro e Luca. Depois que nos casamos, Dean e eu decidimos que deveríamos tentar nos afastar do nosso passado conturbado. Vendemos as duas casas em São Paulo, e o Stone mudou a sede da empresa para o Rio, onde poderíamos morar próximo aos nossos amigos.

Comprar as casas uma ao lado da outra foi ideia da Mari. Ela disse que já tínhamos passado muito tempo separadas e nossos filhos precisavam crescer juntos. Antes tivéssemos nos mudado para a casa deles, já que os mesmos faziam todas as refeições na nossa. Não que isso fosse algo ruim, nem de longe. A sensação de casa cheia e de família grande era a melhor coisa que eu poderia pedir. Para quem não tinha "quase nada" à alguns anos atrás, eu havia conquistado algo semelhante ao paraíso.

― Bom dia, Lucca... ― Saudei adentrando a cozinha, e dois pares de olhos se voltaram em minha direção.

Um era do mesmo tom de castanho do Dean. E o outro de um azul intenso. Algo do tipo sempre acontecia por terem o mesmo nome, e era sempre engraçado ver suas expressões confusas.

― Bom dia, querido... ― me aproximei da mesa onde o rapazinho de cabeleira loira estava tomando café, depositando um beijo em sua cabeça.

― Bom dia, tia Lis! ― murmurou de boca cheia.

Luca ainda não tinha se acostumado a chamar a mim e o Dean de pais, apesar de nós o considerássemos como um filho. Mas isso não era um problema, poderíamos esperar até que o pequenino estivesse pronto, pelo tempo que fosse necessário.

― Bom dia, Lis! ― o meu sogro finalmente respondeu com um sorriso ponderado em seu rosto. Olhar para ele era quase como estar a olhar para Dean. A semelhança entre os dois era incrível, tanto no comportamento quanto na aparência física.

― Bom dia, casal 20. ― os dois estavam do outro lado da mesa com o pequeno Josh sentado entre eles. Mari me olhava de forma acusadora e tratei de desviar o olhar, ignorando-a.

Eu tinha planos de explicar o motivo do nosso sumiço para ela e minha sogra, mas, naquele momento, ainda me sentia envergonhada o suficiente para querer adiar aquela conversa.

― A noite deve ter sido longa para os pombinhos... ― Mari disse enquanto eu me sentava ao lado de Luca. Estava morta de fome, mas o seu comentário me fez sentir vontade de sair correndo dali.

― Você nem imagina o quanto. ― A voz de Dean soou, tomando a atenção de todos na mesa para si. Meus olhos foram até ele no automático, me deparando com o rapaz encostado sobre o balcão enquanto segurava o nosso caçula no colo.

Dan tinha os braços em volta do pescoço do pai e sua cabecinha estava encostada sobre o peito dele. Sabia que meu bebê não dormia, pois suas perninhas ainda se balançavam no ar. Mas a forma como Dean o ninava era certo que logo cairia em um sono profundo.

Meu olhar subiu até o dele, e um sorriso bobo enfeitou meu lábios feliz por vê-los em um momento tão íntimo. O moreno, apenas, deixou que o lado esquerdo da boca se erguesse alguns milímetros. No entanto, o brilho em seus olhos castanhos era do que eu precisava para saber que ficaremos bem. Todos nós. Juntos.

Me levantei da cadeira desistindo do café de uma vez e caminhei até os dois.

― Ele vai acabar dormindo desse jeito, e não vou poder matar a saudade. ― disse para que somente o Dean pudesse escutar. Deslizei as mãos pelos poucos fios de cabelo do nosso filho.

― Vocês vivem juntos. Me deixe aproveitá-lo um pouco, também... ― sussurrou de volta sério, mas o seus olhos sorriam.

― Você é ridículo. ― Murmurei, voltando a acariciar o rostinho do Dan. Seus olhinhos estavam fechados e as bochechas coradas. Os lábios entreabertos eram iguais aos do pai. Na verdade, a maioria das características ele havia herdado do Dean. O que era uma ofensa já que quem o carregou durante nove meses fui eu.

― Sei que olhar é esse. Apenas se conforme, Lis... Dan é a minha cara e ponto. ― Zombou me fazendo sentir vontade de socá-lo.

― Isso é muito injusto. Fui eu a sentir todo o desconforto de uma gestação, sem falar nas dores do parto. ― Falei, tirando uma gargalhada baixa dele. Seus olhos pousaram sobre os meus outra vez.

― Nós podemos ter uma garotinha... talvez ela se pareça com você. ― sugeriu.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando decifrar se ele estava a falar sério. Eu adoraria ter uma menina, mas não achava que fosse o momento certo. Pelo menos, até resolvermos o problema da sua ausência.

Já estava até pensando em uma solução, por sinal...

― Foi só uma ideia, Lis... ― Dean assegurou ao perceber minha hesitação.

― Eu sei... também quero ter uma garotinha, mas, neste momento não é o ideal.

― Tudo bem. ― Disse por fim, e sorriu.

― Vão continuar de cochicho aí, ou vão dizer de uma vez o que aconteceu? ― Mari voltou a falar, me puxando para fora do nosso momento.

Ralhei os olhos para o seu exagero.

― Não aconteceu nada de mais. ― Respondi, encarando a loira.

― Quantas vezes vou precisar te dizer que não sabe mentir? ― Rebateu.

― Deixe-a em paz, amor. ― Max entrou em minha defesa e lhe lancei um olhar de gratidão.

― Como foi com o Sr. Abdalla? Conseguiram fechar o contrato? ― Meu sogro puxou o assunto, provavelmente, tentando tirar o clima pesado que havia se apoderado da cozinha. No entanto, ele não fazia ideia de que podia ter acabado de pisar em um campo minado.

Meu olhar voltou rapidamente até o moreno, me deparando com o seu olhar em chamas e o maxilar trincado.

― Eu quero que ele enfie a merda daquele contrato...

― Dean! ― pus a mão sobre seu braço chamando sua atenção, o impedindo de continuar. ― As crianças... ― Completei.

Luca era o único que talvez pudesse entender, mas de todo modo, eu não queria os meus filhos e o Josh inseridos nesse tipo de diálogo.

Seu olhar suavizou, porém, não muito. As veias ao lado do seu pescoço estavam a mostrar o quão tenso estava. Contudo, também dava para notar o quanto o mesmo estava se esforçando para não voltar a perder a cabeça como ontem.

Todos na mesa estavam confusos com a sua reação, menos a minha melhor amiga que tinha um sorrisinho no rosto. Ela adorava uns barracos e estava louca para saber os detalhes daquele, mas decidi que a faria sofrer um pouco mais.

― Mari tem razão! ― iniciei. ― A noite de ontem teve muitos acontecimentos perturbadores. Mas estamos muito cansados para dizer qualquer coisa, agora. Antes preciso de um longo banho e algumas horas de sono... ― Depositei um beijo casto sobre a bochecha do Daniel, que por sinal já estava dormindo nos braços do pai, e comecei a me dirigir até a saída da cozinha, deixando uma Mariana embasbacada para trás. E sorri vitoriosa.

No corredor, onde ficavam os quartos, escutei passos atrás de mim e logo soube de quem se tratava. Sua mão segurou meu braço esquerdo e rapidamente fui colocada contra a parede. O calor do seu corpo se misturando com o meu deixava uma tensão palpável no ar. Senti sua respiração contra o lóbulo da minha orelha, fazendo cada célula do meu corpo se contorcer em excitação. Mordi o lábio inferior para evitar que um gemido escapasse da minha garganta, no momento em que o rapaz depositou um beijo molhado na região.

― Vai mesmo contar a eles? ― Perguntou se afastando alguns centímetros, apenas, para encarar meus olhos.

― Estava pensando em ocultar a parte do canalha do Abdalla, mas você acabou com os meus planos... ― Sussurrei de volta, me segurando para não acabar com a distância que ainda nos separava.

― Não foi por mal... acho que vai levar um tempo até que eu ouça o nome dele e não sinta vontade de matá-lo.

― Eu também... ― Sorri.

― Então vai mesmo dizer a eles?

― Nós precisamos, Stone. ― Levei minha mão até seu rosto. ― Eles são a nossa família, e nós os deixamos preocupados quando resolvemos sumir sem explicações.

― Não quero que eles saibam o que eu fiz... não quero que o Luca saiba! ― Disse com os olhos transbordando angústia, fazendo meu coração se apertar contra o peito.

― Você me protegeu, Dean.

― Não, Anna Lis. Eu agi como um monstro...

― Eu teria feito o mesmo por você. ― Afirmei, fitando seus olhos. ― Se a Miller tivesse chegado tão longe como o Marcos, não sei o que seria capaz de fazer... nós dois lutamos muito por tudo o que temos hoje, e não estou disposta a deixar que alguém estrague tudo.

― Isso foi sexi, Scott... ― Dean esboçou um sorriso lascivo, colocando um pouco mais nossos corpos.

― Você ainda não viu nada, querido... ― Murmurei próximo ao seu ouvido, e em seguida, mordisquei a região do seu pescoço fazendo o mesmo se arrepiar. Levei minha mão até a sua nuca e trouxe seus lábios para os meus.

Pedi passagem com a língua, querendo aprofundar o beijo, e o mesmo me concedeu. Suas mãos desceram até a parte de trás da minha coxa, e em um piscar de olhos minhas pernas rodearam sua cintura.

Acabou que depois de uma pegação no corredor, sem ninguém nos pegar no flagra, Dean se ofereceu para me acompanhar no banho. Foram longos e prazerosos minutos que passamos embaixo do chuveiro. Mas quando pisamos na cama, caímos exaustos.

Antes de se entregar ao cansaço completamente, o rapaz me puxou para seus braços e encostei minha cabeça em seu peito. Adormeci com as batidas do seu coração sendo a minha música de fundo.

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