Uma suposta facção de balé •...

Oleh callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • colegial • jm!kitty gang & jk!bailarino Jungkook estava no último ano do ensino médio... Lebih Banyak

00 | Avisos
01 | Tendu
02 | Plié
03 | Coupé
04 | Déboulés
#ikusweek2021 crossover | parte 1
05 | Cambré
06 | Relevé
07 | Fondu
08 | Cloche
09 | Chassé
10 | Allegro
11 | Arrondi
12 | Avant, En
13 | Piqué
14 | Tombée
15 | Brisé
16 | Emboité
17 | Chainés
18 | Penchée
19 | Balancé
20 | Pas de Deux
21 | Battement
22 | Entrechat
23 | Dessus
24 | Glissade
25 | Rond de jambe
26 | Pas de valse
27 | Devant
28 | Échappé
29 | Raccourci
30 | Arrière, en
31 | Effacé
33 | Écarté
34 | Passé
35 | Couru
36 | Dégagé
37 | Emboîté
38 | Tour
39 | Final | Changements
40 | Epílogo | Développé

32 | Pirouette

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Oleh callmeikus

Oiiiiiiiii, faccionáries!! De boas na lagoas?

Que saudades!!!! Amo demais demais da conta postar procês!

Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

 O Sol na pracinha naquele sábado de manhã não dava trégua a ninguém. Por isso, um ponto rosa e um ponto preto foram buscar sombra debaixo de alguma árvore. Jimin esperava tal desfecho e, preparado como sempre, trouxera uma toalha para estender.

Como prometido, Taehyung segurava um farto pastel em uma mão e uma pequena lata de refrigerante na outra. Jimin, desacostumado a comer essas coisas de manhã, deixou para depois. Acomodados entre as raízes da árvore — e talvez o cocô de algum cachorro; que não viam de jeito nenhum, mas sentiam o cheiro —, era hora de conversar. Jimin, porém, continuava com todas as palavras antes tão fáceis engasgadas.

— Por que o viadinho nº 2 não tá? — Foi Taehyung quem quebrou o silêncio. Entre eles, claro; não havia muita coisa a se fazer durante o final de semana em Busan, então a praça fervilhava de famílias. E a atração de todas as crianças eram aquelas duas figuras... exóticas.

— Marcou ensaios extras de balé com a professora... Agora está mais para três semanas do que para um mês até a competição. Ele anda meio estranho, mas deve ser o nervosismo...

— Tendi, vai ter que se contentar comigo nesse sábado então — ironizou junto a uma risadinha rude e, então, estufou a boca com um grande pedaço de pastel.

Jimin o olhou longamente, talvez entendendo o motivo da distância entre eles. Ou, ao menos, um deles. Taehyung era um grande mistério.

— É bom sair com você. Sinto falta de conversar contigo no final das aulas — Jimin respondeu em uma voz mansa. E, arriscando levar uma patada que Jungkook já recebera ao tentar descobrir, perguntou: — Por que você parou de aparecer lá na minha escola?

— Porque não quis. — Mais um pedaço de pastel para dentro, enorme. Daquela forma, Taehyung o terminaria com quatro mordidas. — Trouxe o maiô lá?

Derrotado, Jimin assentiu e puxou de uma bolsa o collant preto comprado durante a semana. Taehyung pegou a peça entre as mãos e alisou e esticou o tecido, com um ar conhecedor. Parecendo satisfeito, largou o collant na toalha debaixo deles, tirou a mochila preta, rasgada e cheia de spikes de seus ombros e, dela, retirou um saco enorme de lantejoulas.

Jimin continuou assistindo, quase hipnotizado, a Taehyung puxar, por último, uma agulha e uma linha preta, as quais preparou com rapidez inesperada. Nas poucas vezes que Jimin precisara colocar uma linha em uma agulha, passara mais de dez minutos tentando fazer o que Taehyung resolvia em um segundo.

— Nossa... Você parece experiente em costura mesmo — comentou Jimin, impressionado, recebendo de volta o olhar penetrante dos olhos totalmente pretos, tão contrastantes com o cabelo raspado e descolorido.

— Pareço muitas coisas. — Taehyung deu de ombros, evitando mais uma vez qualquer assunto que significasse alguma coisa.

— Porra, você não pode me responder direito uma vez, Danny Phantom selvagem?! — resmungou Jimin e, no instante que a frase deixou seus lábios, arrependeu-se amargamente. Respirou fundo e enterrou o rosto nas mãos. Taehyung estava ali, ajudando-o sem nada em troca. Ele era, sim, um cara esquivo, mas fazia parte de sua personalidade; não cabia a Jimin ficar irritado com aquelas coisas.

Uma risada soou. Então, Jimin levantou o rosto só para dar de cara com um Taehyung muito satisfeito. Piscou algumas vezes e, sem entender, mas liberto de sua contenção, rosnou:

— Está rindo do quê, porra?

— Nada. Enfim tô falando com a Bratz purpurinada de novo... — retrucou, em um tom meio de mistério.

Jimin mordeu os lábios e passou mais um tempo em silêncio, encarando Taehyung. Esse encarou de volta em uma expressão de deboche e Jimin, em um tom de entendimento, deu a língua. O gótico riu. Talvez aquela fosse a chave mágica. Aquela era a dinâmica deles.

— Me dá algo para fazer, ô Danny Phantom selvagem. Você acha mesmo que é bom ficar só parado aqui olhando para sua cara de cu?

— Pensa na maquiagem então. Desenha essa porra e pronto. Mas tem que combinar com a roupa que desenhei, hein? Não adianta o viadinho nº2 ter uma roupa toda linda personalizada por mim e ficar com a maquiagem cagada.

— Como se eu fosse humanamente capaz de fazer uma maquiagem ruim! — bufou, todo exaltado, enquanto pegava o caderninho e repassava os desenhos de Taehyung. — Mas não que eu esperasse algo de alguém que acha que rabiscar lápis preto de qualquer jeito nos olhos é maquiagem o suficiente...

O gótico riu. Sarcástico, provocador e um tanto alegre. Acalentou o coração de Jimin ouvi-lo. Tinha feito tantos planos mirabolantes e com cheiro de fracasso para animar Taehyung — pedir o telefone do irmão do Yoongi e fazer um sanduíche temático gótico eram dois deles —, ainda bem que não foram necessários. Não necessários, mas Jimin ainda carregava uma vontade de executá-los por já ter gastado tanta massa encefálica arquitetando-os e querer ver a reação de Taehyung.

Jimin desenhou a maquiagem. Mostrou a Taehyung, recebeu uma reação morna, e resolveu fazer mais várias propostas. Depois ficou um tempo em silêncio, folheando o que tinha feito, assistindo às crianças correndo na praça e ao azul celeste do céu. Inspirado, desenhou mais duas opções de maquiagem (e de cabelo). A penúltima opção arrancou um suspiro impressionado de Taehyung antes dele disfarçar. Jimin, orgulhoso, sabia qual era a certa.

Tendo concluído sua tarefa, Jimin começou a se agoniar com a própria ociosidade, ainda mais com Taehyung costurando logo ao lado, lantejoula por lantejoula. Parecia uma tarefa infinita, mas Jimin achava muito arriscado tentar ajudar com o collant. Começou a pensar e desenhar, então, algo para a sapatilha e o fuseau de Jungkook. Após algumas ideias frustradas, voltou a encarar Taehyung, que trabalhava com empenho genuíno em sua tarefa. Era rápido, como se fosse costume, mas ainda era muito trabalho.

— Você costura muito rápido... — Jimin murmurou, impressionado.

— Tá no papo esse maiôzinho do viadinho nº 2 — Taehyung respondeu, todo prepotente, e deu de ombros. — Já tive que personalizar vestidos com lantejoulas pras minhas irmãs, a mão já até sabe o caminho.

— As do balé? Pequenininhas?

— Uhum, foi pra uma apresentação de balé, inclusive. Ano retrasado.

— Pensei que para as apresentações de final de ano, contratassem uma costureira própria para o centro cultural.

— Contratam, mas tem que pagar, né? — Taehyung deu de ombros de novo. — Como minhas irmãs queriam muito participar, combinei de trabalhar junto da costureira pra manter o padrão que eles esperavam, mas fazer os figurinos delas sozinho. Tipo, isso na primeira apresentação delas, né? Faz uns cinco anos que elas fazem balé. Aí já é meio que combinado, aprendi um monte de técnica com a dona Hayoon.

— Entendi... Deve ser puxado — Jimin sussurrou, meio pesaroso, meio preocupado. Recebeu um olhar perfurante de Taehyung e tossiu antes de corrigir: — Só suas irmãs... hm... mesmo para explicar você ter esse talento mesmo sendo... um preguiçoso, Danny Phantom selvagem!

— Essa não deu muito certo. — Taehyung gargalhou, e Jimin corou, concordando.

— Foi mal, mudança de planos muito brusca.

— Valeu por tentar. — Taehyung deu de ombros duas vezes seguidas. Ao notar, suspirou e parou de costurar para esfregar o rosto. Fez uma pausa. Fitando o tecido entre suas mãos e com a voz quase inaudível, confessou: — Gosto quando você me provoca. Na verdade, não gosto quando me olham com dó. Se me olham com dó, começo a me sentir merecedor dessa dó toda e começo a ter pena de mim, o que fode com tudo. Tudo fica muito mais difícil. Por isso que detesto falar com o bunda mole. Por isso que comecei a detestar falar contigo depois que o bunda mole te deixou todo sensível e sentimental.

— Taehyung... — Jimin abaixou o tom de voz também. Era como se segredassem de forma que o Jimin e o Taehyung durões de sempre não ouvissem. — Não acho que Jungkook te olhe com dó, acho que é com compaixão e interesse, sabe? Ele e eu... Só queríamos poder te ajudar com uma coisa ou outra.

— Não acho que minha situação possa ser ajudada.

— Talvez não resolvida ou coisas assim... Mas a gente pode te ouvir. Posso te comprar um pastel, ou fazer um sanduíche que você goste mais do que o de atum. Coisas assim.

— É bem estúpido.

— É, sim. É só para mostrar que, mesmo não tendo muito o que fazer, a gente se importa.

Taehyung não respondeu, apenas deu de ombros mais uma vez e fez uma careta para conter outras expressões que flertavam tomarem seu rosto. Fungou, e foi uma fungada molhada, de alguém prestes a chorar. Sentiu o olhar de Jimin em si e, então, justificou em um tom bravo:

— Por isso não gosto de falar com vocês, viu?!

Jimin assentiu com a cabeça, complacente. Conteve todo discurso criado para Taehyung, ou possibilidades de carinho. Não era aquela a dinâmica deles, e reconhecia já ter aprendido muito mais do que sequer achava possível. Deu um tapa fingido de bruto no ombro alheio.

— Quer que eu te compre um pastel, Danny Phantom selvagem? — Jimin usou um tom debochado e provocador. Taehyung sorriu e tomou coragem para encará-lo de frente. Os olhos emoldurados pelos lápis pretos estavam meio marejados, mas as sobrancelhas descoloridas tinham um tom prepotente.

— De palmito.

— E a palavrinha mágica?

— Vai logo.

Jimin gargalhou e levantou-se, ajeitando a saia do vestido e pegando a bolsa logo em seguida. Taehyung voltou a se concentrar nas lantejoulas, apesar das mãos ainda tremerem. Logo notou que não conseguiria se acalmar até falar o que queria.

Não foi rápido o bastante. Jimin já estava longe quando as palavras enfim foram convencidas, a muito custo, de sair da sua boca. Contudo, como já tinha feito todo o esforço, Taehyung deixou-as escorregarem para fora de sua boca, talvez para se acostumar com o gosto delas, aproveitar um sentimento que tentava conter no peito.

— Obrigado.

-💋-

Taehyung conseguiu costurar as lantejoulas em pelo menos um terço do collant quando deu a hora de buscar as irmãs na casa de uma amiguinha de escola. Jimin, depois de muitos xingamentos e provocações, acompanhou-o na tarefa, e conseguiram conversar sobre besteiras meio adolescentes meio jovem adultas no caminho. Lembraram-se do porquê daquela amizade estranha — sendo tão diferentes juntos, sentiam-se normais.

Foi o máximo que o gótico permitiu compartilhar. Com as irmãs agarradas às pernas, dispensou Jimin no caminho de volta para sua casa. Esse não insistiu, sabia já ter descoberto muito. Então, na impossibilidade de dar um abraço carinhoso e se oferecer para conversar qualquer coisa pelo celular, Jimin deu um tapa ardido no ombro de Taehyung e ameaçou roubar seu lápis de olho se não recebesse uma mensagem com o link da banda de metal sobre a qual tanto ouvira o amigo tagarelar.

Jimin verificou as horas e resolveu ir até o Centro Cultural. Não foi uma caminhada muito longa, apesar de suficiente. Busan era mesmo pequena, não culpava Jungkook por ser paranoico, também o era. Sempre ficava atento, com o canto do olhar, a movimentações suspeitas ou pessoas conhecidas. Contudo, o Centro Cultural era quase tão confortável quanto sua casa.

Por ser sábado, estava mais vazio do que de costume, mas também mais cheio do que Jimin esperava. Passeando pelos corredores e bisbilhotando as janelinhas de cada porta, que permitiam olhar o interior, viu que algumas salas tinham aulas mesmo — provavelmente para quem trabalhava durante a semana — e outras eram alunos específicos ensaiando. Apesar de Jungkook estar focado na competição, a apresentação de fim de ano do Centro Cultural também se aproximava, e o clima de preparações, ansiedade e ensaios ocupava todo o ambiente de paredes gastas, mas bonitinhas.

Passou muitos e muitos minutos na frente da janela da sala de balé avançado, hipnotizado, tudo por culpa de Jungkook. Não foi notado pelo namorado, apenas pela professora, que trocou um breve sorriso consigo antes de voltar a prestar atenção no aluno. Jungkook se encarava pelo espelho com tanta concentração que parecia prestes a se engolir com o próprio olhar. A blusa estava ensopada e a franja rebelde gotejava suor. Jimin sentiu um tesão danado, mas se o perguntassem, negaria até a morte.

Com calor, foi buscar um canto para sentar e não acabar atrapalhando o ensaio, mas poderia assisti-lo pelo resto da vida, poderia até contratá-lo para ser seu bailarino pessoal pela eternidade. Sentou-se no banco de sempre, frio sem Jungkook nem Taehyung. E, ao lembrar desse último, resolveu dar vida às estratégias alternativas de animá-lo.


Jimin [15:43]

Está aí?


Yoongi [15:45]

não


Jimin [15:45]

Escroto


Yoongi [15:45]

ngm mandou fazer pergunta burra


Jimin [15:46]

Vai se foder.

E me passa o número do seu irmão? Quero repassar para o Taehyung.

Ele jura que não, mas dá para ver de longe que está gamado.


Yoongi [15:47]

escolhe um


Jimin [15:47]

Quê?


Yoongi [15:48]

ou eu vou me foder, ou eu passo o número do meu irmão

os dois juntos não dá


Jimin [15:48]

Bem... Você não negar o número do seu irmão quer dizer que o Taehyung tem chances?


Yoongi [15:49]

sei lá

capaz

o jin é um mistério

mas aqui

tô indo me foder ali

pode demorar um pouquinho ;)


Jimin [15:50]

Aff, não se fode!

Passa o número do seu irmão, por favor!


Yoongi [15:51]

q bonitinho

tá até fingindo educação

Contato: Seokjin Piercing


Jimin [15:51]

Sério que o nome do seu irmão no celular é piercing?


Yoongi [15:51]

sim

mais fácil passar pra cliente

inclusive é o mesmo número do cartão q eu te dei daquela vez, no aniversário do hobi


Jimin [15:52]

Eu perdi.


Yoongi [15:52]

notei.


Jimin [15:53]

Você tá me respondendo muito rápido. O que está acontecendo?


Yoongi [15:53]

hobi tá ensaiando pra competição e eu esperando minha vez de receber atenção


Yoongi enviou uma foto do Hoseok treinando um mortal para trás. Seria uma foto maravilhosa, em uma pose muito interessante e complexa, não fosse o fato do rosto dele ter saído com uma careta muito engraçada, de olhos semiabertos e boca torta. Jimin reconheceu o quintal da casa do melhor amigo, nostálgico. Gargalhou, divertido e com acolhimento também. Namorando Jungkook, os resquícios de amargura e de ciúmes de seu coração desvaneceram por completo, e era ainda mais gostoso ser amigo daqueles dois.

Então, levantou-se e, escondido, postou-se ao lado da perigosa janelinha hipnotizante. Tirou uma foto rápida de Jungkook antes de voltar ao banco. Era uma ótima foto, dada as proporções. Não era muito definida porque a sala era grande e a janela distante, mas mostrava Jungkook em um cambrè, com a postura perfeita e uma expressão de sofrimento apaixonante entre os fios cada vez mais fugidios do rabo de cavalo.

Enviou a foto ao Yoongi.


Jimin [16:01]

Ah, estamos quase na mesma.


Yoongi [16:03]

não me compare com vc, eu nunca deixaria o hobi sair com uma cara bonita dessas


Jimin [16:03]

Forças para o Hobi.


Yoongi [16:10]

aqui

tava falando com o hobi

e se um dia quiserem vir aqui ensaiar, ele e o jungkook podem trocar ideias e talz sobre a competição

é a segunda edição q o hobi participa, ele pode dar pitaco

isso é, se o jungkook não se importar, claro

eles ainda são rivais


Jimin [16:11]

E o Hobi não se importa?


Yoongi [16:11]

lê d novo sua pergunta


Jimin [16:12]

Ah, eu sei que não, mas... não pode ser prejudicial para ele?

Podemos fazer essa decisão entre nós antes de chamar o Jungkook.

Proteja seu namorado bonzinho.


Yoongi [16:12]

não acho q seja só bondade

acho q eles podem se inspirar e melhorar a própria apresentação

talvez fique mais difícil p eles competir entre si, né? pq vão se aperfeiçoar

mas aí tem chances deles ficarem mto melhores q o resto dos competidores

é usar da competitividade saudável, algo assim


Jimin [16:13]

Hm... Parece uma boa mesmo.

Vou falar com o Jungkook então, e te digo.

Ah, e obrigado pelo celular do seu irmão.

Esqueci de perguntar, ele ao menos gosta de outros homens também, certo?


Yoongi [16:13]

certo

minha casa é uma fábrica de homossexuais pro pavor do meu pai

mas manda o taehyung se apressar q tem um cliente dele q tá bem forte nas investidas, viu?


Com a ameaça, Jimin encaminhou imediatamente o contato para Taehyung. O gótico detestou, xingou e reclamou que não iria mandar mensagem para o Seokjin coisa nenhuma? Sim, mas Jimin não acreditou em nenhuma palavra e aproveitou para tirar sarro do amigo, recebendo de volta várias figurinhas ilustrando a insatisfação alheia. E, enfim, sentia como se suas saudades do Taehyung tivesse sido sanada.

Depois, Jimin tirou um livro de sua bolsa, Cem Anos de Solidão. Chegava ao final e lambeu os lábios com a possibilidade de terminá-lo. Sorvia cada capítulo; deveria recomendar para Jungkook? Seu namorado não parecia muito do tipo leitor, mas se andava lendo seus livros de poesia... Talvez fosse uma tentativa.

Bufou ao notar que nem ao menos lendo parava de pensar em Jungkook. De fato, já estava pura e totalmente rendido. Não que já não soubesse antes. E, entre o farfalhar das páginas e as trilhas da narrativa, foi tomado por pensamentos sobre Jungkook de novo: será que o nervosismo dele era mesmo só por causa da competição? Temia alguma parte ter a ver com o episódio nos fundos do colégio, sempre, mas Jungkook nem tocava mais no assunto. A cada dia ficava com menos pistas do que poderia ser.

O ensaio de Jungkook foi tão longo que, mesmo com as interrupções preocupadas de sua cabeça, Jimin terminou Cem Anos de Solidão. Ficou lá sentado, quieto, com saudades da prosa de Gabriel Garcia Marques e até mesmo de Macondo. Saudades daqueles momentos de peso nas mãos até terminar o livro. Sempre se sentia um tanto melancólico ao terminar uma leitura, desde criança, e soterrava a sensação começando outro. Naquele momento, queria soterrá-la beijando Jungkook, pois nutria esperanças de acalmar sua preocupação também.

E, de fato, vê-lo despontar pelo corredor empapado de suor — desde os fios negros até a blusa preta de malha — e carregando um sorriso no rosto foi capaz de relaxar um pouco seus músculos. O Jungkook mais leve de todos era aquele: transição entre Jey e Jungkook, empanturrado da sua paixão por balé, exaurido pelo vigor entregue. Aproximou-se, olhou para todos os lados e inclinou-se para selinho casto.

— Salgado — Jimin comentou, ao provar os próprios lábios depois do beijo.

Jungkook, de pronto, tentou esfregar o braço pelo rosto em vão. Jimin gargalhou e verificou os arredores antes de segurar o rosto de Jungkook entre as mãos e puxá-lo para um beijo de verdade.

As línguas, incapazes de se conter, deslizaram uma contra a outra, trocando sal. As mãos de Jimin escorregaram do rosto até os fios úmidos, tudo muito quente. O hálito de Jungkook era quente, a pele fervia e desprendia ainda mais seu cheiro tão característico, como se envolto em uma névoa cálida de entrega, de paixão e de intensidade.

Separaram-se apenas ao ouvirem a porta de alguma sala de aula abrir, com um suspiro decepcionado. Jimin lambeu os lábios de novo, provando daquela transição entre Jey e Jungkook enquanto pegava uma toalha de sua bolsa e a entregava ao namorado.

Jungkook aceitou com um sorriso e se secou rápido, apoiando a toalha no ombro depois de terminar. Suspiraram. Hora de ir para casa.

— Pelo seu estado, o ensaio foi bom — disse Jimin, com um sorriso correspondido.

— Foi ótimo! Só tô com uma fome do cão. — O tom de voz de Jungkook era dramático e, para acompanhar, pousou as mãos na barriga. Jimin alargou o sorriso. — E precisando de um banho urgente. E querendo sentar e nunca mais levantar.

— Vai ter que escolher uma coisa para fazer primeiro! — Jimin riu. — Tem algo específico que queira comer? Posso preparar enquanto você toma banho.

— O chef Park Jimin ataca novamente?

— Ataca sempre, favor, mais respeito!

— Pode ser aquela sua omelete? Eu amo sua omelete!

— Claro.

Terminaram o caminho em silêncio. Não em um silêncio ruim, mas um silêncio de troca de olhares, de esbarrão de ombros e de apreciar o cantarolar dos pássaros. Entrar na casa de Jimin também foi gostoso, com um clima fresquinho e cheiro de comida no ar. Bongcha e Jina estavam em casa e, pelo visto, animados para experimentar uma receita de frango ao molho de laranja.

Jimin foi ajudá-los. Jungkook tentou fazer o mesmo, mas foi intimado a ir tomar banho pela família Park inteira. Subiu as escadas para tomar um banho, sabendo que encontraria sua toalha lá.

Quando desceu, vestido com uma roupa do Bongcha porque todas as suas estavam lavando, encontrou a mesa já servida. Frango, arroz e salada. Como era sua tarefa primordial, parou para fazer uma limonada e, com ela pronta, sentaram-se à mesa, calorosa, aromática, com um pedacinho de todos ali.

A conversa, como sempre, era mansa. Começou com perguntas sobre como foi o dia, passou pelo site em que o Bongcha viu a receita do frango e encerrou com comentários impressionados da Jina sobre uma nova aparelhagem médica que pensavam em comprar no trabalho. Depois, Jina e Bongcha se despediram, pois iam visitar alguns amigos. Jungkook se levantou para lavar as louças, por ter sido o que menos contribuiu para o jantar, mas sentiu braços o agarrando por trás. E um beijo na nuca. Um beijo curioso, pois seus fios úmidos e longos a cobriam, então Jimin teve de abrir caminho com o nariz pequeno até conseguir tocar a pele com os lábios.

— Já tomou banho e comeu, apesar de não ter sido minha omelete — Jimin disse, em um tom todo mandão, aquele que Jungkook amava. — Agora, resta só sentar e nunca mais levantar.

— Mas eu não ajudei a cozinhar... — Jungkook murmurou, todo manhoso, apesar de flertar demais com a ideia de sentar. Depois de comer, o corpo já letárgico implorava por descanso. Mal sentia as pernas, eram apenas um peso acoplado em seu corpo.

Portanto, não se opôs quando Jimin o empurrou até o sofá, deitando-o ali. Um suspiro alto e satisfeito escapou de seus lábios ao enfim sentir algo que não era ele mesmo sustentar seu corpo. Derreteu contra o estofado. Era tão gostoso... E estava tão cansado.

— Viu?! — Jimin riu e sentou-se também, apoiando os pés do namorado no colo, cheio de esparadrapos e calos. — Nem se aguenta em pé!

— Hm... Você vai ter que me deixar compensar depois...

— Não precisa, mas se for questão de honra, tudo bem.

Jungkook arfou, mais pesado, ao sentir as mãos pequenas de Jimin enlaçarem seus pés e aplicarem uma pequena pressão.

— Dói? — Jimin perguntou, temeroso.

— Não... Só é muito bom.

Mais calmo, Jimin voltou a massagear os pés alheios. Tímido, pois era habilidoso com músculos das pernas ou das costas, os pés eram novidade para si, ainda mais pés tão surrados quanto os de Jungkook. Morria de medo de machucá-lo, mas foi tocando aos poucos e aplicando mais e mais pressão de acordo com as reações recebidas.

— Você não acha meu pé muito feio? — Jungkook perguntou com a voz pastosa, os olhos fechados.

— Claro que não... — Jimin respondeu. Parou, tomou um ar, e conseguiu acrescentar: — Te acho todo lindo.

Jungkook abriu os olhos apenas para observar as bochechas coradas de Jimin. Sabia que elas estariam daquela forma. Tão prazeroso quanto cada toque, cada palavra, era ver Jimin enfrentar sua timidez e seu orgulho.

— Te amo... — respondeu Jungkook, pela impossibilidade de tocar Jimin, tão distante no sofá para seu corpo cansado. — É estranho alguém lindo me achar lindo. Até meu pé feio.

— Seu pé não é feio!

— É, sim. E vai ficar mais. As meninas do balé sempre reclamam disso! Acho que elas não têm a sorte de namorar um docinho compreensivo que diz amar até um pé feio.

Jimin sorriu. Jungkook correspondeu e voltou a fechar os olhos, exausto. Seu corpo derreteu mais no estofado e sua única reação eram gemidos baixos de satisfação para mostrar a Jimin que gostava da massagem. Ficou ainda mais gostoso quando Jimin subiu as mãos pelas suas pernas, pois era conhecedor de verdade dos pontos certos; a pressão certeira entre seus músculos os aliviava e fazia o formigamento ceder. Era gostoso porque o calor das mãos de Jimin sempre seria uma das suas coisas favoritas.

No final da massagem da segunda perna, Jungkook já caíra no sono, Jimin riu consigo, depositou um beijo na testa de seu bailarino adormecido e foi lavar as louças.

Lavou as louças e arrumou a cozinha. Jungkook continuava dormindo. Foi ao quarto e escolheu um novo livro: Irmãos Karamazov. Jungkook dormia. Desceu com o livro, sentou-se numa poltrona ao lado do sofá e intercalava entre observar o namorado ressonar e passear pelas páginas. Devagar, pois era um livro denso.

Alguns capítulos depois, Jimin considerou acordar Jungkook, ou ele não pegaria no sono de noite. Porém, olhando-o dormir tão bem, não teve coragem. Então, navegou por mais capítulos de seu livro. Aquilo se repetiu algumas vezes. Em nenhuma Jimin teve coragem de acordá-lo.

Até ele se mexer, atraindo o olhar alheio no mesmo instante. Jungkook costumava ser uma pedra, então talvez estivesse prestes a acordar.

Mas não, pelo visto era só um sonho. Jungkook se revirou no sofá algumas vezes. Sobrancelhas franzidas, pálpebras trêmulas. Estranhando, Jimin chegou perto para acariciar os fios dele.

Não adiantou; Jungkook continuou se mexendo, cada vez mais agitado. Jimin o sacudiu várias e várias vezes. Em uma delas, Jungkook despertou.

Foi desesperado e estabanado. Sentou-se de supetão, batendo a testa na de Jimin. Enquanto Jimin segurava a própria cabeça e gemia baixinho de dor, agachado ao lado do sofá, Jungkook depositava a mão no peito acelerado e tentava regular a respiração. Olhou ao redor, confuso, contextualizando-se aos poucos.

Uns vinte segundos depois, tempo o suficiente para Jimin se desencolher e sentar no sofá, Jungkook piscou os olhos, encarando-o aéreo. Sua atenção pousou na marca vermelha na testa de Jimin, que decerto viraria um galo.

— Meu deus! Desculpa! — Jungkook pediu, aflito e com a voz rouca de sono. Inclinou-se para beijar o local e afagar os fios rosa.

— Teve pesadelo? — Jimin perguntou, com cuidado, ao notar que Jungkook parecia entender melhor os arredores. Como amara o beijo recebido, inclinou-se para fazer o mesmo com a testa alheia.

Jungkook não respondeu, apenas repousou a mão no peito acelerado. Suava frio, e a adrenalina não dava trégua, mesmo acordado. Concordou com a cabeça devagar, para não deixar o namorado completamente sem respostas. Jimin levantou-se para pegar um copo d'água, que Jungkook aceitou e bebeu o conteúdo inteiro de uma vez.

— É o nervosismo com a competição de balé...? — Jimin arriscou adivinhar.

Jungkook, porém, negou com a cabeça. Ainda devagar. Apoiou o copo na mesa de centro e ficou encarando-o, estático, perdido em pensamentos. Respirou fundo, sem vontade de se lembrar de detalhes do sonho. Não queria mais dormir, com medo de encontrá-lo de novo.

Recusando-se a reconhecer os esforços da respiração profunda e da estaticidade do resto do corpo, os olhos de Jungkook marejaram. Perceber que estava prestes a chorar o encheu de raiva, indignação e melancolia e fez com que, de forma irônica, começasse a chorar de verdade.

Sentiu os braços de Jimin ao seu redor, acomodando-o em um abraço. Era impressionante como Jimin sempre estava lá, mesmo que apenas para oferecer sua presença. Tinha o melhor abraço do mundo, era tão gostoso; Jungkook realmente queria que o curasse, arrancasse toda aquela frustração de dentro de si.

Mas o abraço não servia para livrar a dor, apenas para acolhê-la. Então, mesmo se sentindo meio patético por estar tão estranho e tão chorão nas últimas semanas, acomodou-se melhor no peito do namorado para chorar mais e mais.

Jimin estava lá. Corpo sob o seu. Braços ao seu redor. Dedos mergulhados no cabelo. Pulmões trazendo-o para a realidade com seu vai e vem constante. Jungkook, porém, sabia que não só preocupava Jimin, como o deixava perdido, há dias.

E já estava tudo tão real, tão próximo, tão pungente, tão doloroso, que contar ao namorado não aumentaria o sentimento. Então, para deixá-lo menos perdido e, talvez, nutrindo a esperança de que compartilhar tudo aquilo em seu peito com alguém que realmente se importasse ajudasse a doer um pouco menos, Jungkook sussurrou:

— É que depois de amanhã... Eu... eu tenho uma reunião com meu pai. Quero entrar com um processo judicial contra ele e minha mãe.

»»🩰««

Veio aí o teor do e-mail do JK pro papito dele 👀 esperavam?

Ah, não se esquece de deixar seu votinho! 💜

Qual foi sua cena favorita? Obviamente a minha é dos meus vmin, amo amo demais os filhotinhos!!!

Aliás, terminei de escrever UFSDB semana passada 😭 vai ter 39 capítulos + o epílogo mesmo. Tô com saudades da minha pitica já, socorroooooooooo

Muito, muito, muito obrigada mesmo a todo mundo que lê, comenta, vota e dá tanto carinho pra minha bebê!! Sou bobinha demais de amor por vocês!

Beijinhos de luz e até 03/12 às 19:00! Amo vocês!

Lanjutkan Membaca

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(EM ANDAMENTO) Como seria o homem perfeito? Esse é o assunto que Park Jimin e suas amigas discutem certa noite. Quais seriam suas principais qualidad...
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🎡ímαgínєs tσmσrrσw вч tσgєthєr ¡pedidos aberto s ! 【Capa feita por: @Aigoounnie】
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[CONCLUÍDA] Já ouviram dizer que quando a paz e o amor reinam num lugar, é porque o outro está em completo caos e dor? É como um típico efeito borbol...