Um Amor Proibido (Obra Reescr...

By Garoto1D

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Para Louis a vida sempre foi uma incógnita, existiam coisas que não faziam tanto sentido, e uma dessas coisas... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 61
Capítulo 62

Capítulo 60

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By Garoto1D

18 de dezembro

William

"Estava sentado próximo a escada na casa da vovó pérola, odiava ter que esperar dar meia noite para poder comer, coisa mais desnecessária que existe é isso. Bufei pela milésima vez apertando a droga do suéter patético que eu fui obrigado usar, vovó pérola achava que eu amava isso, mas na verdade eu odiava aquele maldito suéter de renas.

Deixei as mãos apoiando meu queixo enquanto fitava todos meus tios, e alguns primos sentados pela sala, a conversa dos mais velhos era cheia de risadas e também extremamente entediante. Foi então que ele passou rápido, meu primo Louis corria de um lado para o outro me irritando. Odiava ver aquele risinho na cara dele, parecia viver feliz a todo instante, qual sentido de alguém ser feliz assim todo dia, toda santa hora, odiava Louis.

Tia Patrícia mimava demais ele, por isso ele era daquele jeito, tosco como sempre. Corria brincando com alguns primos nossos, a família tinha a mania de reunir todo mundo, e era uma das poucas vezes que eu via ele. Ele não parecia se incomodar usando o suéter de boneco de neve, mas é claro, pessoas estranhas gostam de coisas estranhas, e definitivamente Louis se sentia confortável com aquela porcaria no corpo dele.

— Feliz Natal Will — Ele disse me abraçando bem forte mas empurrei ele para longe."

Sorri ao lembrar disso, é meio engraçado a situação que eu passava agora, se alguém me falasse a alguns anos atrás, que eu ia achar a coisa mais maravilhosa do mundo ver o Lou de suéter, eu provavelmente chutaria a pessoa e xingaria. Mas era a verdade, estava fodidamente fofo daquele jeito, eu continuava odiando essa merda, mas só estava usando por Yasmin ter ameaçado raspar meu cabelo enquanto eu estivesse dormindo.

Estávamos os quatro usando a roupa felpuda feita de lã, o meu tinha um biscoito de gengibre como estampa, do Lou um urso polar, da Yas uma rena e do Caio um doce em forma de bengala. A situação era estranha, Yas simplesmente saiu e voltou com isso nos obrigando a vestir.

— Então, hoje nós vamos fazer uma coisa diferente, inscrevi a gente para trabalho voluntário. Vamos distribuir cobertores e lanches para as pessoas de rua que estão nos abrigos — Yas diz sorridente, assenti, a neve já tinha começado a alguns dias, mas era o suficiente para os abrigos estarem lotados, era uma época foda, e na verdade essas pessoas só estavam tentando não morrerem de frio pelas ruas geladas.

Agradecia por poder ter um teto e um aquecedor, ficamos sentados ouvindo a Yas terminar de falar, íamos lanchar em casa e depois ir em direção ao The Sun, uma ONG que tinha cerca de dez abrigos pela cidade, e estava convidando pessoas para trabalhos voluntários. Era óbvio que a gente ia, em alguns pontos da cidade também tinham lugares que davam abrigo para animais de rua no inverno, normalmente alguns moradores também acabavam fazendo isso e adotando. Particularmente eu era bem contra isso, tipo do que adianta fazer uma boa ação se na primavera tudo vai voltar a ser como sempre foi, mas depois parei de pensar assim, porque eram nesses pequenos atos que muitas pessoas ainda mantinham a esperança.

E querendo ou não a esperança é algo que move o ser humano, se existe aquele pingo de esperança que amanhã algo vai mudar, então você se agarra nisso e usa como energia para suportar só mais um dia.

Estava nevando quando saímos de casa, mas não era tão forte ao ponto de atrapalhar o trânsito, Lou e Caio estavam bem distraídos no banco de trás, um jogo de celular era o motivo da distração deles. Yas estava batucando alguma música do Arctic Monkeys no painel do carro, era engraçado como ela viciou nessa banda desde o baile, que foi onde ela ouviu a música pela primeira vez.

Continuei concentrado no caminho, vez ou outra observando as decorações de Natal quando tinha de parar em algum semáforo, quando chegamos no The Sun estacionei o carro, e apenas segui Yasmin. Algo me dizia que ela já estava arquitetando aquilo, tivemos de preencher um formulário bem básico de participação, depois fomos encaminhados para uma sala. Eu quase tive uma crise de risos quando vi mais pessoas de suéter, não era possível aquilo.

Uma moça passou entregando uns gorros de papai Noel e eu só queria rir, mas não estava desdenhando da ação beneficente, era mais de mim mesmo. Assistimos uma pequena palestra sobre o que íamos ter de fazer, pelo que foi dito íamos passar o restante do dia por aqui. E no final a gente ia ser dispensado para o ano que vem, já que era rodízio de voluntários e não podíamos repetir de novo, pois outras pessoas já estavam na espera para aquilo, e sinceramente me deixava feliz saber que existia uma fila de espera para se voluntariar ali.

Os voluntários foram divididos em grupos de oito pessoas, e separados em setores, ficamos no setor da cozinha o que significa que íamos preparar a próxima refeição, o jantar no caso. Uma moça chamada Elisa nos guiou para uma grande cozinha, e nos separou em tarefas variadas, Lou e Yas ficaram com os legumes. Lembrei daquele filme que o ratinho cozinha, eu tive de misturar massa de pão e caio ficou com a carne.

Elisa me ensinou fazer a massa dos pães, e a segunda eu já estava me virando, Caio estava bem concentrado cortando os pedaços de carne e deixando em uma tigela. Continuei fazendo minha tarefa, em poucos minutos meus músculos já doíam de tanto amassar aquilo, era engraçado de como isso cansava mais rápido que puxar peso na academia. Comecei a cortar a massa e ir pondo nas formas, após estar tudo pronto Elisa apareceu novamente para checar meu trabalho. Felizmente estava tudo curto e eu fui tomar um pouco de água, estava realmente cansado.

Fiquei sentado observando os demais finalizando suas coisas, Lou e Yas já tinha cortado uma pilha de legumes, batata, cenoura, tomate, cebola. Talvez aquilo também fosse cansativo se tivesse que fazer em grande quantidade, Caio tinha os músculos do braço tensos enquanto cortava um último pedaço de carne, seria um pecado querer morder ele naquele momento? Talvez não.

— Bom gente, já que todos terminaram, podem descansar por vinte minutos, os veteranos vão assumir algumas coisa daqui, mas depois vocês voltam novamente — Elisa deu a ordem como uma líder nata, e apenas assentimos indo para o refeitório que se encontrava vazio até então.

Segui com os meninos para o refeitório, ele era grande com mesas em formato retangular, ao todo umas vinte mesas daquela. Nos sentamos próximos e Lou que estava do meu lado descansou a cabeça no meu ombro, apenas sorri e passei a mão nos cabelos dele, se o objetivo da Yas era fazer a gente se distrair com ela conseguiu, Lou vivia tenso por causa do Cassius então era bom ver ele mais tranquilo.

— Está cansado? — Perguntei e ele apenas assentiu esfregando o rosto no ombro, me lembrei daqueles gatos carentes e ri.

— Não sei como ficaram cansados, eu estava na carne e Will no pão, vocês só tinham que cortar legumes — Lou levantou a cabeça e olhou para Caio como se fosse dar um tiro nele, Yas caiu na gargalhada.

— É cansativo fazer movimentos repetitivos — Yas disse e Caio sorriu malicioso, espero que ele não esteja pensando no tipo de repetição que eu também estou.

— Bom, acho que ainda temos muito pela frente, e vamos sair acabados daqui — Todos concordaram, principalmente o Lou que já estava praticamente com a cabeça no meu colo.

— Ah, a gente precisa passar no mercado para comprar algumas coisas, daqui alguns dias é Natal, e vocês sabem como fica um caos as filas nas lojas — Caio deu o lembrete, isso era bem verdade, ia no dia seguinte ou antes dos dias mais movimentados.

— Sim, também vou ligar para meus pais, é meu primeiro Natal longe dos dois — Yas estava bem animada com a gente, mas sei que ela ia sentir um pouco de falta pais. Mas início do próximo ano eles já iam estar por aqui de novo.

Lou apenas escutava a conversa, e nossos vinte minutos de repouso passaram voando, porque logo Elisa apareceu nos chamando novamente para cozinha. Quando voltamos tivemos que começar a preparar tudo, ficamos sendo orientados pelos voluntários fixos do The Sun. Bom depois de hoje já sei fazer e assar pão, isso é algo bem legal de se aprender.

Louis

Estava bem animado na cozinha, Yas ficava fazendo eu rir a todo momento, achei legal poder estar aqui e contribuir com algo para alguém. E também nos últimos dias Cassius teve uma melhora boa, as vezes a mãe dele me ligava me falando sobre como ele estava. O Diogo conseguiu liberdade provisória, mas voltou novamente para a cadeia, o pai do Cassius fez de tudo que pôde para deixar ele por lá, e era meio estranho a forma que ele agia acerca dessa situação toda, sempre meio apático e eu poderia jurar que ouvi ele comentando algo sobre Cassius ter merecido o que aconteceu, mas parece absurdo demais pensar que um pai diria algo assim sobre o filho.

Agora estava tendo uma batalha judicial contra ele e a família, mesmo os pais dele tentando aliviar o erro dele. Recebi flores da família do Diogo, mas Will jogou tudo fora dizendo que eu não precisava daquilo, e se eu quisesse ele enchia a casa de flores para mim, apenas ri e disse que não precisava.

Após entregar as tigelas com os legumes para um voluntário, fomos chamados para organizar o refeitório, era uma tarefa simples. Colocar os pratos, os talheres e os copos arrumados foi bem rápido, após alguns minutos o restante do pessoal da cozinha começou a chegar com as panelas com as comidas, e pondo em uma bancada de madeira. Vi Will com o suéter e ele sorriu para mim, em seguida Caio deu um aceno com a mão e eu ri, aos poucos as pessoas começaram a chegar por ali. E era nossa função atender todos que precisassem da nossa ajuda. Yas pegou duas jarras de suco, e nós dois fomos pondo para as pessoas que já estavam a mesa, e sempre éramos agradecidos com sorrisos simples, mas cheios de significado.

No final de tudo recolhemos as louças e levamos para a cozinha, todos se ajudaram para lavar aquelas pilhas de pratos, foi uma coisa bem legal e acabou tendo uma guerra de espuma, Elisa ficou irritada mas acabou rindo juntamente com todos. Quando terminamos, recebemos um broche em formato de rosa como lembrança, todos os anos tinha broche diferente. Acho que vou começar a colecionar broches do The Sun, pretendo vir ano que vem de novo.

— Que dia agitado hein — Will disse tirando o gorro e bagunçando o próprio cabelo, estava lindo, ele está deixando crescer um pouco.

— Sim, acho que agora nós vamos para casa certo? — Will negou e eu fiquei confuso.

— Tem um bar aqui perto, a gente pode ir lá, comer alguma coisa ou tomar alguma bebida — Yas revirou os olhos.

— Se tiver suco eu quero — Assenti juntamente com ela, não que eu não tomasse algo alcoólico, mas sinceramente preferia tomar um suco agora.

— Tem sim, tem muita coisa variada não se preocupem — Caio disse e começamos a caminhar para o carro, a neve estava um pouquinho densa, então estávamos com casaco por cima do suéter.

Nosso caminho para o bar foi bem legal, vi um senhor fantasiado de papai Noel passeando na rua e sorri, Natal me lembrava mamãe e papai, era algumas das datas que eles podiam passar o dia inteiro comigo desde a véspera até o final do Natal. Queria que eles estivessem comigo este ano, mas não ia ser possível, então ia ter que aproveitar o Natal com os meninos, mesmo que me afetasse estar sem meus pais.

O carro parou em frente a um lugar bem engraçado, tinha um porco segurando um pote de ouro, não entendi nada daquilo. Descemos e entramos no local, era bem aconchegante, ficamos em uma mesa de canto. Pedi uma xícara de chocolate quente e Yas pediu chá de hortelã. Will e Caio duas cervejas, qual era o sentido de beber cerveja no frio? Nenhum, mas tudo bem não ia estragar esse clima.

— Will tem como me levar em uma corretora? Lembrei que meu pai pediu para mim pegar uns documentos da nova casa para ele — Will assentiu dando um gole longo na bebida dele, e eu fiz o mesmo com a minha, que estava muito boa.

— Você precisa fazer a matrícula na escola também, teus pais vão resolver quando estiverem aqui? — Yas assentiu com a cabeça e Caio guardou o celular que estava lendo mensagem, provavelmente da tia Laura.

— Preciso de um banho quentinho — Will sorriu para mim e assentiu, estava exausto de hoje, só queria um, banho e minha cama. Mas foi uma experiência muito boa, me senti útil ajudando aquelas pessoas, eu não sabia muitos dos nomes mas sei que contribui para algo.

— Depois vou lá em casa, vou ir conversar com minha mãe e saber se ela vai vir passar o Natal com a gente, mas provavelmente ela vai sim — Assenti e continuei tomando meu chocolate enquanto a conversa fluía em nossa mesa.

Caio

Nosso dia foi bem movimentado, tivemos trabalho voluntário no The Sun, aprendemos algumas coisas lá também. Gostei muito da experiência, foi algo bem novo para mim e bem cheio de significado. Já que uns tempos atrás a única coisa que importava para mim era o meu nariz, então poder servir outra pessoa era algo novo, e uma sensação bem satisfatória.

O pai do Cassius me mandou uma mensagem me chamando para conversar, não entendi nada mas concordei com ele, mas antes ia ver minha mãe e fazer os planos para nosso Natal. Esse ano ia ser bem diferente dos anos anteriores, ia ter mais animação e eu ia estar com os meninos então era algo que eu realmente estava ansioso para acontecer, literalmente era aquele sonho de passar natal com namorado, nesse caso namorados.

Assim que desci do carro já fui rumo a porta e subindo as escadas para tomar um banho, me arrumei e já estava saindo novamente, me despedi dos meninos e peguei um taxi, mesmo Will tendo se oferecido para me levar, ele estava cansado então preferi não abusar muito. O caminho foi tranquilo, o taxista era bem legal, e conversou bastante comigo o que tornou o preço da corrida um pouco caro, mas tudo bem valeu a pena a conversa. Me despedi dele com um aceno de mão, e segui para minha casa batendo na porta.

Minha mãe apareceu e sorriu, mas aquele sorriso não era autêntico, não era o sorriso da dona Laura e eu sabia disso, notei olheiras ao redor dos olhos dela, e também ela tinha um ar cansado que mesmo se forçando para não demonstrar eu percebi.

— Oi, está tudo bem mãe? — Ela assentiu e me arrastou para cozinha.

— Você está com bafo de bebida — Sorri constrangido enquanto ela fatiava um bolo de chocolate.

— Você não respondeu minha pergunta — Então ela se virou para mim com a sobrancelha levemente arqueada.

— Estou bem filho, apenas cansada por passar horas jogando no Facebook, depois de certa idade isso se torna viciante — Eu ri tanto que quase me engasguei.

— Certo então dona Laura está madrugando em jogos? Que coisa feia — Mamãe gira os olhos e atira o guardanapo em mim se fingindo de brava.

— Mãe, vai passar o Natal com a gente? Pretendo passar lá no Will, não sei se a dona Bruna vai aparecer por lá, mas já tô te convidando — Ela assentiu e me pareceu nervosa.

— Vou sim — E se sentou após por uma fatia generosa de bolo no prato e me servir chá de menta.

Minha conversa com minha mãe foi bem descontraída, e aquela aura estranha que estava nela parece ter se dissipado, a nossa casa estava meio arrumada já com decoração Natalina, mas sei que ela ia por muito mais coisas. Quando saí ela me abraçou bem forte, e me beijou na testa. Segui para o encontro com o pai do Cassius, não entendia muito o que ele queria falar comigo, mas os acontecimentos recentes eu não poderia ignorar um pedido dele.

Cheguei no lugar e era um bar também, mas diferente do que eu fui com os meninos, esse era mais estranho pois era em um porão, estava com mesas escuras e uma iluminação sinistra. Na verdade, as pessoas que estavam ali eram bem estranhas, me sentei e fiquei esperando por longos vinte minutos, até pedi um pouco de cerveja. O pai dele chegou e se aproximou de onde eu estava, estava com o semblante sério e marcado, pelo que sei ele é ou era militar, mas não sei se é aposentado ou ainda está em serviço. Mas de qualquer forma aquela carranca dizia muita coisa para mim, me alertava de perigo.

— Olá garoto, fico contente que tenha vindo ao meu encontro — Senti um arrepio percorrer minha espinha com aquela voz macabra que ele tinha, era literalmente rouca e arrastada, digna de vilões mais cruéis possíveis.

— Sim, sobre o que quer conversar? — Ele chamou o garçom e pediu uma cerveja, o copo era o triplo do tamanho do meu, e começou a dar goles sem se preocupar.

— Meu filho teve uma complicação no quadro de saúde — Minha respiração falhou, estávamos perto do Natal, isso ia ser uma merda.

— O que houve? — Perguntei com receio e ele me fuzilou, não entendia nada daquilo, era como se eu fosse culpado do que aconteceu.

— Cassius está morrendo, os órgãos dele estão parando, e o coma está irreversível, não sei se tem noção disso, mas ele está de mãos dadas com a morte e dificilmente vai se recuperar, apenas por um milagre, mas não acredito em milagres — Meu coração apertou pelo que estava acontecendo, e pela forma tranquila que ele falava aquilo.

— Sinto muito — Foi a única coisa que consegui dizer.

— Claro que sente — Um sorriso traçou seu rosto — Garoto, se meu filho morrer, dê adeus a sua vida nessa cidade, Cassius iria engessar carreira militar assim como eu, mas como essa merda aconteceu não será possível. E se ele morrer, você vai no lugar dele substituir — Fiquei estático com aquilo, aquele homem era completamente doido, não fazia sentido nenhum nada aquilo.

— Você está louco, eu não vou para lugar algum eu não devo nada a você — Ele sorriu parecendo se divertir, era como se pudesse ver que ele tinha péssimas intenções, como se a cara dele denunciasse alguma merda gigante.

— Seu pai devia, mas não pagou então esse vai ser nosso acerto de contas do passado — Fiquei sem ar ao ouvir ele falar do meu pai, eu sabia poucas coisas.

— Ah então não sabe do seu pai? Laura foi uma burra mesmo — Franzi o cenho sem entender nada, e também pelo xingamento a minha mãe.

— Então garoto, teu pai e o pai do William, eram dois fodidos, dois ladrões desgraçados e dos melhores possíveis. Eles conseguiram me corromper, na época eu era apenas um jovem idiota e resolvi ajudar os dois, mas adivinha? Fui largado por eles, teu pai tentou me matar, mas meu gatilho foi mais rápido. O pai do William sumiu desde então, ou você não sabe disso? Eles me deviam as vidas deles, mas teu pai não pagou toda a dívida direito — Minha mente girou em círculos me deixando tonto, aquela era a coisa mais desconexa que eu já tinha escutado.

— Cala boca — Falei tentando acalmar a mim mesmo, mas ele continuou.

— Sabe os pais do loirinho que vocês fodem? O avião deles caiu por obra do velho do William, era um plano de vingança, eu ia pegar aquele voo, mas me atrasei, e meses depois descobri que ele que tentou me matar por eu ter apagado teu velho. Mas olha como a vida é boa, ele estava tão cego por vingança que nem se preocupou com quem estaria no voo e assim destruiu mais uma família além da dele — Olhei para ele atordoado sem saber o que fazer.

— Isso é mentira — Sussurrei sentindo minha garganta se fechar, aquilo não podia ser verdade, nada daquilo era verdade. Meu pai não era um criminoso, nem o do Will. Mas como nossas mães se conheciam a tanto tempo, era coincidência certo? Meu Deus, minha cabeça ia explodir.

— Garoto, Cassius vai morrer eu sei que vai, então você se prepara pois é você que eu vou pegar, não me importo com tua vontade, tua mãe se for inteligente vai te incentivar a ir comigo, ela já sabe de tudo mesmo — Ele disse calmo e frio bebendo a cerveja.

— Eu vou te denunciar para polícia — Ele gargalhou alto.

— Você é burro ou o que porra? Eu acabei com a vida do garoto que matou o Cassius, você acha que ia conseguir me manter preso sem provas? Ou você faz o que eu tô mandando, ou eu estouro os miolos da tua mãe, que nem fiz com o cachorro do Cassius — Minha vontade de chorar era enorme, e a confusão dentro de mim também. Eu não podia ir embora, os meninos, droga eu queria gritar.

— Eu não vou fazer isso — Ele fechou a cara e se aproximou de mim.

— Escuta, eu acabo com a Laura, acabo com o Louis, eu destruo tudo que você ama, eu tenho poder para isso. Vou fazer você virar homem, homem de verdade e não um veado de merda. Assim que Cassius morrer, saiba que já está tudo planejado para você ir embora, a Laura já sabe de tudo e você deveria ser inteligente para me obedecer, parece que vocês não sabem nada do passado dessas três famílias. Bruna é só uma vadia que engana todo mundo, abrigar o garoto loiro é o mínimo que ela poderia ter feito, ela sabia o paradeiro do pai do William e não denunciou. Ela é uma das principais culpadas pela morte da própria irmã, mesmo que Patrícia não fosse de sangue — Ele se levanta e sai deixando o dinheiro da conta na mesa, sinto um gosto amargo na boca e corro para o banheiro vomitando no sanitário, sento no chão e começo chorar. Então era por isso que minha mãe estava estranha, era por isso que essa merda toda estava acontecendo. O pior de tudo era minha mãe e a Bruna terem escondido isso, eu sentia nojo, me sentia traído. Eu não sabia o que fazer, não tinha para onde correr.

Aquele homem provavelmente iria acabar com as pessoas que eu amo, mas por que eu? Que inferno, meu peito ardia assim como minha garganta, meu mundo estava desmoronando, eu ia acabar com minha vida, droga que confusão, eu posso falar para o Will isso, não posso? Levanto e saio do banheiro determinado a jogar a merda no ventilador, mas um bilhete na mesa me faz parar, pego e abro "Nem pense em pedir ajuda, só vai piorar as coisas", rasgo ele e derrubo a mesa no chão em um ataque de raiva. Minha mãe mentiu para mim, meu pai era só um fodido que roubou a vida toda, isso explicava a gente nunca precisar de nada, provavelmente ela tinha alguma conta dele. Que ódio eu sentia de todos naquele momento. Eu queria chorar, os pais do Lou morreram por injustiça, eu sentia nojo da dona Bruna, sentia nojo da minha própria mãe. Minha vida estava prestes a virar um verdadeiro inferno.

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