Uma voz feminina, entrecortada e aguda, soou atrás dos dois machos na antecâmara.
- Vocês, illyrianos, são piores que gatos miando para que alguém abra a porta dos fundos. - A maçaneta se agitou. A mulher suspirou profundamente. - Sério, Rhysand? Você nos trancou do lado de fora?
Kara sorriu com os lábios fechados, apertando as mãos e mordendo os lábios enquanto esperava Rhysand decidir abrir a porta. A garota sorria por cima dos machucados ainda com curativos e pomadas, ela tinha o rosto claro e cheio de sentimento, mesmo com tudo... Aquela fagulha de alegria de Rhysand aumentou.
O Grão-Senhor assentiu, bufando baixo quando outro murro foi desferido na porta e o macho illiryano impaciente gritou:
- Estou com fome!
Ele quase grunhiu quando destrancou e abriu a porta com calma, ainda bastante elegante quando disse:
- Onde está a educação que eu os dei?
Alguém gargalhou, cheio de deboche forte e divertido, invadindo a casa com passos largos, empurrando o ombro de Rhysand no caminho.
- Cassian não conhece essa palavra.
Azriel entrou em seguida, a mulher cuja pertencia a voz feminina também. Logo Morrigan bocejou em meio a balbúrdia.
- Onde ela está? Só por isso que viemos tão cedo.
Abaixo, Rhysand resmungou, resmungou:
- Confie em mim, não tem festa alguma. Apenas um massacre se Cassian não calar a boca.
- Estamos com fome - aquele primeiro macho, Cassian, reclamou. - Nos alimente. Alguém me contou que haveria café da manhã.
- Patéticos - debochou aquela voz feminina esquisita. - Vocês idiotas são patéticos.
Morrigan esticou o pescoço e então falou novamente:
- Sabemos que isso é verdade. Mas onde ela está e tem comida?
Rhysand respirou fundo, questionando a si mesmo se teria feito o certo em traze-la para todos eles. Um grupo de monstros prestes a engolir uma garotinha.
Ele olha para trás, esperando encontrá-la em suas costas olhando tudo e todos. Mas ela não estava ali, ele olhou mais para o fundo e a achou, Kara estava atrás de uma parede, mais da metade do corpo escondido enquanto observava tudo escondida. Rhysand quase quis rir quando percebeu o quão vermelha ela estava.
- Venha aqui, Kara. Antes que Mor surte e Cassian comece a comer as paredes.
Cassian suspirou jogando a cabeça para trás:
- Estou quase cogitando a ideia.
Kara apertou forte as mãos, engolindo em seco ao sentir os pequenos cortes arderem. Ela toma fôlego quando sai de onde estava, sua animação de segundos atrás sumiu completamente, dando lugar unicamente ao nervosismo.
Amarantha foi uma vadia perversa que machucou todos, machucou Rhysand, o Grão-Senhor de Azriel, Cassian, Morrigan e Amren. E agora, Kara estava aqui, com o corpo da praga.
Ela tinha medo de ser profundamente odiada.
Logo, ela parou poucos passos atrás de Rhysand, todos podiam a ver. Kara levantou a cabeça, sabia que seus olhos transmitam o puro desespero que uma general como Amarantha nunca teria no olhar.
Cassian moveu o peso de uma perna para outra, olhando Kara dos pés a cabeça, coçando levemente a cabeça, os olhos acastanhados pareciam ignorar os machucados, como se ele bem soubesse que não era da conta dele.
- Tem mais bolinhos?
Kara piscou, uma, duas e três vezes. Bolinhos? A primeira coisa que Cassian, o general da Corte Noturna e o tão amado illiryano dos livros falou foi sobre bolinhos. Seus ombros tremeram levemente com uma risada, era a cara de Cassian.
- Perdão, mas mandei todos que fiz com Rhysand ontem.
Cassian deitou a cabeça no ombro de Morrigan, resmungando um choro falso.
- Mas eu posso fazer mais! - Kara disse em certo desespero.
- Você não é nossa empregada - diz Azriel.
O Encantador de Sombras olha feio para seu amigo quando o mesmo sorri vitorioso no ombro de Morrigan, mas murcha completamente quando Rhysand também fala:
- Ele pode contratar uma confeiteira se quiser mais bolinhos.
- Você é um bastardo egoísta! - Cassian se afasta de Morrigan.
- Eu posso fazer mais...
- Não diga isso. - a voz forte de Amren ordena. - Esse bastardo idiota só está sendo um bebê chorão.
Kara arregala os olhos. Amren falou, falou com ela. Se Amren falava, ela certamente obedeceria.
- Certo.
Rhysand pisca ao seu lado, quase se apressando ao falar:
- Mas, se quiser você pode fazer.
Kara encolhe os ombros. Certamente sem saber o que dizer. Em sua vida antiga ela era uma confeitaria, dona de uma cafeteria, era óbvio que ela queria fazer mais bolinhos e muitas outras coisas diferentes.
- Quem sabe. - Foi a única coisa que respondeu.
Antes que Cassian pudesse abrir a boca outra vez, Morrigan quase grita:
- Então, vamos comer!
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Durante quase todo o café da manhã, Kara permaneceu calada, não porque se sentia triste ou deprimida, mss porque estava apreciando o momento de silêncio e observação. Ela gostaria de rir agora ao lado de seu irmão e o contar cada detalhe que nenhuma imaginação humana seria capaz de ver.
A beleza deles, modos e força. Tudo.
O dia passou rápido em Velaris e quando percebeu, já era de tarde. Rhysand tinha a deixado sozinha por uma hora ou outra na Casa do Vento, não que ela se incomodasse.
Na hora de partir, Kara encarou a cidade com certa tristeza, sua mente barulhenta gritando que adoraria continuar na cidade e não na tão fria e vazia propriedade que estava. Se Rhysand percebeu, não fez nada a respeito.
Ela não o culpava, ainda era quem era e pensava que todos teriam motivos para trancar as portas caso a vissem.
- Tudo foi bem hoje - disse Rhysand, sua voz era o único som no meio de tanto silêncio.
- É, foi sim. - Kara assente, tão sozinha em seu silêncio.
- Você... Gostou?
Kara levanta a cabeça, encontrando incerteza no belo olhar de Rhysand. Ela sorriu um pouco, assentando.
- É magnífico, Rhysand. Sua família e a cidade, tudo o que você conseguiu salvar e preservar.
- Fiz o que pude para manter isso vivo. - Ele coloca as mãos nos bolsos.
- Você foi bem nisso - Kara respira fundo. - Eles são legais... Todos vocês parecem irmãos.
- Você pode vê-los de novo, se quiser. Eu posso te levar, amanhã talvez.
- Eu ficaria feliz. - E realmente ela ficaria.
Rhysand leva uma mão ao pescoço, apertando levemente quando falou baixo:
- E você pode... Sabe, fazer mais daqueles bolinhos?
Um sorriso grande se abriu no rosto da mulher.
- Só se você me ajudar.
Notas da autora:
Capítulo não revisado!!!
Os primeiros planos eram de realmente seguir com o livro e ter uma guerra.
Mas eu desisti disso, prefiro focar no romance de Kara e Rhys sem uma guerra no meio.
Então vamos simplemente ignorar o resto, Kara tomou o corpo de Amarantha e nada de tão ruim aconteceu, aqui o Hybern não vai agir e Attor com os lacaios de Amarantha fugiram como covardes.
Ela vai treinar unicamente para devolver os dons de cada Grão-Senhor e não se preparar para uma guerra.
Lembrando, não gosto de muita enrolação nas minhas fanfics, então vou aproximar mais Rhys e Kara no próximo capítulo e quem sabe não rola um clima
Até a próxima ;)