Capítulo 23

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Kara estava sentada sobre a poltrona, agora seu corpo estava coberto por roupas de couro forradas de pele, e seu cabelo foi trançado em um penteado firme, isso logo significava que ela faria algo hoje, e ela já sabia o que era.

— Pelo Caldeirão, Rhys — disparou Morrigan, colocando os dois pés no tapete. — Ficou maluco...?

Kara já sabia quem era a criatura, por isso, inclinou o corpo de maneira preguiçosa no braço da poltrona, o rosto ainda estava corado depois da manhã que teve. 

— Tecelã é antiga e cruel — Azriel replicou, lentamente ela subiu os olhos e verificou as leves cicatrizes em suas asas, no pescoço, e se perguntou quantas criaturas como aquela não descritas em livros Azriel teria encontrado na vida imortal. Se eram piores que as pessoas que compartilhavam laços de sangue com ele. — Que deve permanecer imperturbada — acrescentou o mestre-espião na direção de Rhysand. — Encontre outra forma de treinar as habilidades de Kara.

Ela balançou a cabeça, negando.

— O convite de Helion não era exatamente um convite — ela disse franzindo as sobrancelhas. — Ele quer o que é dele, ir até a Tecelã é o de menos.

— Sua possível morte não é o de menos aqui — Cassian retrucou, os braços cruzados e as asas tensas em suas costas.

Kara levantou a cabeça, e além de Cassian, todos viram seu olhar. Ela descia lentamente os dedos limpos na tatuagem que marcava o outro braço e no fundo, estava cansada; ela era a criatura cuja poder imensurável carregava e não era dela, foi roubado, deve ser devolvido, porém, enquanto não for, Kara ainda era considerada um alvo nas Cortes, ela sabia que possivelmente não seria recebida com gentileza, e que provavelmente aguentaria o deboche de comentários amargos. Ela não estava em outro contexto da história, Feyre era a heroína deles e Kara foi a vilã.

— Cassian e Azriel podem ir juntos — Rhysand declarou, e ambos illiryanos assentiram com alívio. — Não vamos testar a fúria da Tecelã no limite, se for demais, saberemos e vamos tirar você daquele lugar.

— Então está decidido — ela disse se levantando, não existia qualquer faísca de medo em sua voz.

Kara conseguiria, ela sabia que sim.

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Azriel entregou uma adaga e o coração de Kara retumbou dentro do peito, seus dedos desenhados tremendo levemente ao se aproximar do cabo encravado por uma grande pedra azul brilhante, a lâmina curvada parecia cantar em sua direção; Reveladora da Verdade.

— Nada de espadas — disse o illyriano.

Ela assentiu, engolindo em seco com uma doce calmaria antes da tempestade. Rhysand se ajoelhou diante dela, abrindo a teia de couro de aço que era o cinto, indicando que ela enfiasse a perna por um dos laços. Ela fez conforme instruído, o silêncio reinando dentro de si como nunca antes, Rhysand havia se ajoelhado.

— Não fique com medo. — Cassian tocou seu ombro e Kara o olhou de lado.

— Não estou.

O Grão-Senhor apertou uma fivela. Ele agora tinha mãos fortes e capazes; tão diferentes dos requintes que ele costumava usar a fim de maravilhar o resto do mundo e o convencer de que era algo totalmente diferente do que realmente era. Kara o olhou, completamente em silêncio.

Acho que eu gostaria de me curvar e beijar você. Foi o que ela pensou.

Rhysand sorriu. Por que não o faz?

— Vamos, crianças — Cassian cantarolou. — Não temos tempo para seus flertes agora.

Ele gargalhou baixo, apertando sua coxa antes de se levantar, a lâmina da espada simples brilhando com o toque do sol. Kara segurou a Reveladora da Verdade, encolhendo os ombros levemente.

Corte De Sonhos e Mudanças | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora