๐๐‹๐Ž๐Ž๐ƒ ๐Ž๐… ๐“๐‡๐„ ๐ƒ๐‘๐€...

By plsnalua

170K 17K 11.6K

๐“Š ๐–๐ˆ๐’๐„๐๐˜๐€ ๐•๐„๐‹๐€๐‘๐˜๐Ž๐, ๐ฌ๐ž๐ ๐ฎ๐ง๐๐š ๐๐ž ๐ฌ๐ž๐ฎ ๐ง๐จ๐ฆ๐ž, princesa de Pedra do Dragรฃo e... More

๐•ฟ๐‡๐„ ๐ƒ๐‘๐€๐†๐Ž๐ ๐‡๐„๐ˆ๐‘๐’
๐•ฟ๐‡๐„ ๐๐‘๐Ž๐๐Ž๐’๐€๐‹
๐•ฟ๐‡๐„ ๐…๐€๐‘๐„๐–๐„๐‹๐‹
๐•ฟ๐ˆ๐“ ๐…๐Ž๐‘ ๐“๐€๐“
๐•ฑ๐ˆ๐‘๐„ ๐‚๐€๐๐๐Ž๐“ ๐Š๐ˆ๐‹๐‹ ๐€ ๐ƒ๐‘๐€๐†๐Ž๐
๐•ฌ๐ ๐”๐๐–๐„๐‹๐‚๐Ž๐Œ๐„ ๐†๐”๐„๐’๐“
๐•ฏ๐€๐๐‚๐ˆ๐๐† ๐–๐ˆ๐“๐‡ ๐“๐‡๐„ ๐„๐๐„๐Œ๐˜
๐–‚๐ˆ๐‚๐Š๐„๐ƒ ๐†๐€๐Œ๐„
๐•ฟ๐‡๐„ ๐–๐ˆ๐๐“๐„๐‘ ๐ˆ๐’ ๐‚๐Ž๐Œ๐ˆ๐๐†
๐•ท๐€๐ˆ๐‘ ๐Ž๐… ๐–๐Ž๐‹๐•๐„๐’
๐•ฒ๐Ž๐ƒ๐’ ๐’๐€๐•๐„ ๐“๐‡๐„ ๐Š๐ˆ๐๐†
๐•ฟ๐‡๐„ ๐๐„๐†๐ˆ๐๐๐ˆ๐๐† ๐Ž๐… ๐“๐‡๐„ ๐„๐๐ƒ
๐•ฏ๐”๐“๐˜ ๐ˆ๐’ ๐ƒ๐”๐“๐˜
๐”—๐‡๐„ ๐†๐‘๐„๐„๐ ๐‚๐Ž๐”๐๐‚๐ˆ๐‹
๐•ฟ๐‡๐„ ๐†๐‘๐„๐„๐ ๐–๐„๐ƒ๐ƒ๐ˆ๐๐†
๐•ฌ๐„๐†๐Ž๐, ๐“๐‡๐„ ๐Š๐ˆ๐๐†
๐•ฝ๐‡๐€๐„๐๐˜๐‘๐€, ๐“๐‡๐„ ๐๐”๐„๐„๐
๐•ฟ๐‡๐„ ๐๐‹๐€๐‚๐Š ๐‚๐Ž๐”๐๐‚๐ˆ๐‹
๐•ฟ๐‡๐„ ๐ƒ๐€๐๐†๐„๐‘๐Ž๐”๐’ ๐Œ๐ˆ๐’๐’๐ˆ๐Ž๐
๐•ฟ๐‡๐„ ๐๐Ž๐‘๐“๐‡ ๐‘๐„๐Œ๐„๐Œ๐๐„๐‘๐’
๐“๐‡๐„๐‘๐„ ๐–๐ˆ๐‹๐‹ ๐๐„ ๐๐‹๐Ž๐Ž๐ƒ
๐•ฟ๐‡๐„ ๐‘๐„๐๐„๐‹ ๐ƒ๐‘๐€๐†๐Ž๐๐’
๐•ฑ๐ˆ๐‘๐„ ๐ˆ๐ ๐…๐‹๐„๐’๐‡
๐”„ ๐’๐Ž๐ ๐…๐Ž๐‘ ๐€ ๐’๐Ž๐
๐•ฟ๐‡๐„ ๐๐‘๐ˆ๐๐‚๐„๐’๐’ ๐–๐‡๐Ž ๐‚๐‡๐„๐€๐“๐„๐ƒ ๐ƒ๐„๐€๐“๐‡
๐–๐ˆ๐Ž๐‹๐„๐๐“ ๐ƒ๐„๐‹๐ˆ๐†๐‡๐“๐’
๐•ฟ๐‡๐„ ๐ƒ๐‘๐€๐†๐Ž๐ ๐๐ˆ๐‘๐€๐“๐„
๐”—๐‡๐„ ๐ˆ๐๐‚๐Ž๐Œ๐ˆ๐๐† ๐’๐“๐Ž๐‘๐Œ
๐”—๐‡๐„ ๐๐‹๐€๐
๐•ฟ๐‡๐„ ๐๐‹๐€๐‚๐Š ๐๐”๐„๐„๐
๐•ป๐Ž๐–๐„๐‘ ๐Œ๐”๐’๐“ ๐๐„ ๐„๐€๐‘๐๐„๐ƒ
๐‡๐„๐€๐•๐„๐ ๐Ž๐‘ ๐‡๐„๐‹๐‹
๐•ด๐ ๐“๐‡๐„ ๐Œ๐ˆ๐ƒ๐ƒ๐‹๐„ ๐Ž๐… ๐“๐‡๐„ ๐๐ˆ๐†๐‡๐“
๐•ท๐Ž๐’๐ˆ๐๐† ๐†๐€๐Œ๐„
๐•ฟ๐‡๐„ ๐€๐‘๐‘๐ˆ๐•๐€๐‹
๐•ฌ ๐†๐‡๐Ž๐’๐“ ๐Ž๐… ๐˜๐Ž๐”
๐•น๐Ž๐“๐‡๐ˆ๐๐†'๐’ ๐…๐€๐ˆ๐‘ ๐ˆ๐ ๐–๐€๐‘
๐•ฎ๐Ž๐’๐Œ๐ˆ๐‚ ๐‹๐Ž๐•๐„
๐•ท๐Ž๐•๐„ ๐€๐๐ƒ ๐–๐€๐‘

๐•ฟ๐‡๐„ ๐‹๐€๐’๐“ ๐’๐“๐‘๐€๐–

4.9K 560 214
By plsnalua



                                     𓊝

       𝕻𝐀𝐑𝐀 𝐀 𝐂𝐄𝐑𝐈𝐌𝐎̂𝐍𝐈𝐀 𝐃𝐄 𝐂𝐀𝐒𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎 𝐝𝐞 𝐀𝐞𝐠𝐨𝐧 𝐞 𝐇𝐞𝐥𝐚𝐞𝐧𝐚, a princesa Visenya havia decidido ser bastante petulante.

       Embora houvesse prometido a si mesma que iria se comportar e tentar de todas as formas suavizar sua relação com este lado da família enquanto estivesse em Porto Real, a situação havia fugido levemente de seu controle, e para que não fosse completamente pisoteada por aqueles que lhe desejam mau, teve que insurgir para se afirmar.

       Zaldrīzo ānogar.

       Sangue do dragão, isso é o que era. E ela iria lembra-los.

       Os sete dias de festividades haviam se dado início no salão de festas, e pelos deuses, haviam muitas pessoas. Todos os lordes de todas as grandes e pequenas casas de Westeros fizeram-se presente no local, cada um vestindo suas próprias cores. Como sempre, no fim do local, disposta em uma grande madeira horizontal, estava a mesa do rei, com seu avô e a senhora sua esposa, Alicent, sentados lado a lado. A cadeira ao lado de Viserys estava vazia, como ele havia prometido, e a lado estava Aemond. Por uma imensa sorte, tanto Aegon quanto Helaena assentaram-se ao lado de sua mãe.

       E Visenya estava atrasada.

       Não era de boa educação chegar depois do rei nas cerimônias, para tanto, ela nunca o fizera. Mas hoje era diferente. Hoje havia a necessidade, e para tanto, correria o risco.

       Quando as portas do salão foram abertas, já em meio as festividades, o guarda real anunciou em alta voz — Visenya da casa Targaryen e Velaryon, segunda de seu nome, princesa de Pedra do Dragão!

       Todos os rostos presentes se voltaram para a jovem princesa que acabara de chegar, que pela primeira vez em toda sua morada na Fortaleza Vermelha, estava trajada inteiramente de vermelho vinho, as cores de sua casa. Dragões negros e dourados estavam bordados no seio da vestimenta, e suas joias eram compostas por aço escuro e rubis, tendo seu colar semelhante a escamas de dragão. Seus longos cabelos alvos estavam majoritariamente soltos, contendo uma pequena trança disposta como um arco em sua cabeça, presa por uma coroa discreta, digna de uma princesa, com pedras vermelhas incrustadas. Estava tão bela que não houve sequer uma pessoa no salão que possuísse a capacidade de desviar os olhos de sua figura, que calmamente, em meio a atenção e ao silêncio dos convidados, fez seu caminho até a mesa do rei em lentos passos. Entretanto, seus olhos cor de púrpura focavam-se apenas em uma pessoa.

       Aemond.

       Aquela fora sua cartada final, sua última provocação, uma vez que findado o casamento, ela enfim voltaria para casa. Era a última chance de irrita-lo e tira-lo do sério, e se agarrou a ela com sede de vingança. Ele, por sua vez, parecia ter caído de forma certeira no plano da ardilosa princesa, pois seu único olho, focado na sobrinha sem desviar por um segundo, parecia queimar em brasas vermelhas, explicitando que o gesto o deixara nervoso, embora não conseguisse esquivar-se dela. Não usara azul, como ele havia requerido. Decidira mostrar para ele ali e perante todos, que seu sangue Velaryon, ou até mesmo Strong, jamais lhe tiraria o que possuía de mais especial.

       Era, inegavelmente, uma Targaryen.

       Realizou uma graciosa reverência ao rei, primeiramente, que sentado a sua cadeira e olhava a neta com mistos sentimentos: queria lhe repreender pelo atraso, pela cena que causara, mas ao mesmo tempo, sentia orgulho de sua aparência, expondo a todos os lordes do reino o orgulho e a beleza da casa do dragão. Optou então por apenas assentir, sorrindo indescritível.

       O real problema era a rainha, é claro. Pela primeira vez desde que chegara, ela não conseguiu conter os olhares que costumava dar a Anya todo o tempo, quando ainda morava aqui, o olhar de quem contempla um bicho peçonhento muito perigoso, que precisava rapidamente ser esmagado para que não causasse mal a ninguém. O pensamento que ela reprimira todos esses dias, finalmente se expos. Ali estava a rainha Alicent, pura e verdadeiramente, sem seu manto de retidão, como sua mãe uma vez sabiamente pontuara. Mesmo contudo, a princesa lhe ofereceu uma digna reverência.

       Os noivos, por sua vez, esboçavam sentimentos conflitantes. Sua tia lhe saudou com um sorriso quase extinto, logo voltando a observar suas mãos, mas seu tio Aegon parecia tão ou até mais miserável do que na noite anterior, e vendo a sobrinha, aquela sensação se aprimorou. Era como se a presença dela o fizesse se sentir mais descontente ainda com seu matrimônio, por isso, naquele dia ele não ousou encara-la mais tempo do que devia.

       Pelo menos um pouco de sorte nessa vida.

       Ela não saudou Aemond. Apenas andou até o assentou ao lado do rei, acomodando-se e beijando o anel na mão de seu avô, fazendo com que ambos compartilhassem um sorriso singelo entre si. Então acomodou-se na poltrona, e mirando o salão sem direcionar um único olhar ao homem, cumprimentou friamente — Tio.

       Ela sentiu ele se movimentar incomodado em sua própria cadeira — Sobrinha — replicou com a mesma aspereza.

       E nada disseram um ao outro por um longo tempo.

       As festividades se seguiram. Musica soava e muita, mas muita comida. Anya jamais presenciara uma festa daquela magnitude e com pessoas tão importantes! Nunca vira nenhum outro casamento além de o de sua mãe com Daemon, que fora completamente recluso. Era uma evento colossal, e mesmo que ela se sentisse tensa com a sequência de ocorridos, o clima da festa a alegrou um pouco, de certa forma.

       E para melhorar, tivera muito tempo para conversar com seu avô.

       — É bom sentir que seu propósito no mundo não é apenas proliferar — Anya contava a ele sobre sua vida como futura senhora protetora de Pedra do Dragão.

       Ele tremia suas mãos magras ao tentar levar sua taça até os lábios — Fico muito feliz que Rhaenyra tenha a nomeado. Foi muito bravo da parte dela.

       Ela o observou tentar executar a tarefa — Suponho que minha mãe tenha tido uma boa influência — falou — afinal, foi o senhor, vossa graça, que nomeou ela, uma mulher, como sua herdeira legítima, em primeiro lugar. Respeitou o direito da linhagem, e ela fez o mesmo comigo.

       Um sorriso brincou nos lábios do rei, um tanto saudoso — Aquela pequena menina, desde sempre feroz como um dragão, assim como a mãe dela. Fará uma ótima rainha — ele levou a taça a boca com muita dificuldade, bebericando e afastando-a — Mas você, minha criança, já está crescida. Sua mãe tem algum arranjo de matrimônio em mente?

       — Não que eu saiba, vossa graça — disse, balançando a cabeça negativamente.

       Anya nunca pensava em se casar, curiosamente. Talvez pelo fato de sua própria mãe jamais mencionar esses assuntos ou sequer pressiona-la para tal, desde o incidente com Aegon. Agora, a súbita volta deste tema a fez ficar reflexiva, afinal, mesmo que se tornasse senhora protetora de Pedra do Dragão, precisaria de um marido a seu lado, e herdeiros, é claro.

       Seu avô pareceu ler seus pensamentos — Qualquer homem no reino teria o prazer se toma-la como esposa. Você pode escolher, Visenya. Coisas que muitas mulheres não podem.

       Aquilo a deixou genuinamente mais contente. De fato, dado a sua conjuntura, ela tinha muitas escolhas a seu dispor. Parecia uma aventura.

       Liberdade deixava um gosto bom na boca.

       — Acho que está correto, vovô.

       Ele pareceu alegre pela concordância da neta. Outra vez, tentou apanhar seu cálice para bebe-lo, mas ainda tremia — Deixe-me ajuda-lo, vovô — e colocou suas delicadas mãos ao redor das dele, as firmando para que não tremessem.

       Ele então conseguiu tomar bons goles, suspirando quando terminou. Anya realocou a taça sobre a mesa enquanto o rei encostava sua cabeça na poltrona, fechando os olhos — Estou mais doente a cada dia que passa, Visenya.

       Sua garganta ressecava quando pensava naquela possibilidade. Seu avô estava entre as pessoas que a princesa mais amava neste mundo inteiro, e meramente a ideia de perde-lo já deixava seu semblante triste — Não diga isso, Vossa Graça.

       — É a verdade, minha criança — sua voz era baixa, para que só os mais próximos escutassem — Não verei muito mais desse mundo.

       Permaneceu em silêncio, deixando que ele falasse tudo aquilo que estava em sua mente — Gostaria tanto de... ver toda minha família bem, unida, feliz. Gostaria de ver você feliz, Visenya.

       Outra vez ela levou sua mão até ele, segurando-a e esboçando um sorriso — Neste momento, sou a pessoa mais feliz da terra.

       Ambos se observaram com um bom sorriso no rosto, até que um pigarrear levou a atenção deles até a rainha, que apoiou as digitais sobre o ombro do rei — Marido, por que não apresenta a princesa Visenya aos lordes? Muitos deles estão ansiosos para a conhecer.

       Aquilo pareceu extremamente gentil da parte dela, mas algo estava errado. Seus olhos amendoados estavam alarmados, como se vigiasse o inimigo. Ela não entendeu o que a rainha estava querendo com aquilo.

       Mas Viserys pareceu achar uma ideia formidável — Precisamente. Sor Otto.

       A Mão do Rei, sentado pela ponta da mesa, pôs-se de pé imediatamente, se aproximando da cadeira do soberano — Vossa Graça.

       — Leve Visenya para ser apresentada aos lordes — ordenou, e então foi a vez dele de beijar o anel da neta — Cumprimente todos em meu nome. E se divirta.

       Tomando a licença, a princesa passou por seu tio sem nem dignar-se a olha-lo. Acompanhou a Mão até cada uma das mesas dos lordes das nobres casas de Westeros. A primeira casa foi a dos Arryns, onde uma mulher jovem, talvez um pouco mais nova que sua própria mãe, muito bem vestida em azul claro e branco e cabelos levemente louros, se assentava como centro das atenções. Anya gostou como todos na mesa dela, até mesmo os homens, pareciam ser submissos a mulher. Assim que colocou seus olhos sobre a princesa, realizou uma pequena reverência ao se levantar.

       — Minha princesa. Que honra finalmente conhece-la.

       Sor Otto murmurou perto de Anya — Lady Jeyne Arryn, senhora de Ninho da Águia.

       Anya também a curvou-se levemente — Lady Jeyne. Meu avô o rei, e família real ficam imensamente agraciados com vossa presença e de sua casa. Os Arryn serão sempre como nossa família, independente de tudo.

       A mulher não esboça sorriso algum, embora seus olhos gentis indicassem que estava feliz — Me alegra muito acompanhar outro casamento real. O último foi o de sua mãe, e antes disso, o de sua avó, minha tia Aemma.

       Visenya junta suas mãos atrás das costas — A Boa rainha Aemma Arryn, que descanse em paz.

       A mulher mostrou respeito ao voto de luto, mantendo-se em silêncio por alguns segundos — Esperamos que o próximo casamento venha muito em breve — a mulher então se curva para observar um rapaz que assentava a sua mesa. Era mais velho, loiro e robusto, e vestia uma armadura típica dos Cavaleiros do Portão Sangrento. Tornou então a olhar a menina a sua frente — Quem é que decide por sua mão, minha princesa?

       Ela sorri brevemente — Sou eu mesma, Lady Jeyne.

       A senhora de Ninho da Águia ergueu sua sobrancelha — Você mesma? — e pareceu satisfeitíssima — Vejo que novos tempos estão vindo sobre Westeros.

       Anya gostou da mulher. Era forte, independente e senhora de uma das nobres famílias mais poderosas do continente, e parecia feliz em vê-la seguindo pelo mesmo caminho. Saudaram uma ultima vez antes de seguirem em frente. Sor Otto caminhou ao lado dela, que estava pensativa.

       — Acredito que Lady Jeyne tenha sinalizado interesse em uni-la com seu primo — a Mão diz.

       Anya discretamente olha para a mesa dos Arryns por cima de seu ombro — O cavaleiro robusto?

       A Mão assente — Sor Joffrey Arryn, declarado oficialmente como seu herdeiro.

       Ela mordeu seu lábio inferior — Me parece complexo, sor Otto. Se é um herdeiro indireto, muito certamente seu direito será questionado após a morte dela. Não gostaria de me colocar no meio disto.

       A mão do rei pareceu muitíssimo assombrado com o pensamento perspicaz da neta do rei, observando-a com surpresa impar — Certamente, minha princesa.

       A próxima mesa que saudou fora a dos Lannisters, recheada de loiros de claros olhos muito bem vestidos e adornados. Anya sabia que eram a casa mais rica de Westeros, mas pela primeira vez pode ter plena prova daquilo. Vestiam-se como ou até superiormente aos membros da realiza, embora seus narizes fossem muitíssimo arrebitados. Nenhuma sinalização de noivado fora dada, embora o Lorde de Rochedo Casterly, sor Jason Lannister, parecesse especialmente interessado na princesa, pois não parara de mira-la com cobiça um segundo sequer. Sor Otto mais tarde lhe explicara que não deveria ser nada pessoal, e que todo Lannister possuía aquele olhar. Eram ardilosos e interesseiros.

       Na mesa da casa Stark de Winterfell, seu senhor, ainda muito jovem, com talvez vinte dias de seu nome, belo, cabelos negros e olhos como gelo, cumprimentou Anya a maior das cordialidades. O cavalheirismo do Norte é famoso, pensou ela. Reverenciou-o graciosamente também.

       — Princesa, você não deve me reverenciar — disse sor Cregan, lorde protetor do Norte.

       — Eu faço questão, meu Lorde. Espero que esteja aproveitando a festa. O rei está muito grato com sua presença e a de sua casa. Esperamos que tenham os mais proveitosos dias em Porto Real.

       — É muito gentil de Vossa Graça mandar uma tão bela porta-voz para agraciar nossa noite.

       Anya sentiu suas bochechas se avermelharem. Gostou do elogio vindo do homem, que parecia gentil e honrado, assim como bem apessoado.

       Ela sorri brevemente — Você me honra, meu lorde.

       — E espero honra-la mais, minha princesa. Gostaria de ser seu par para uma das valsas da Lua, se desejar.

       Anya levou seu olhar a Sor Otto, que ao lado da princesa, acenou positivamente, sorrindo de leve. Ela então virou-se novamente para o Lorde com maior entusiasmo — Seria um prazer, meu lorde.

       Tendo as costas de suas mãos beijada, ela então despediu-se da mesa dos lobos. Sor Otto lhe contou que sor Cregan perdera sua esposa há alguns anos, e que incessantemente procurava por uma nova companheira. Por alguma razão, sentiu-se animada. Ainda cumprimentando, prestou sua gratidão as casas Tully, Tyrell, Hightower, Baratheon, e todas as vassalas presentes. Prometeu dançar com o primogênito de cada uma delas, é claro, exceto pelos Baratheons, no qual fora lorde Boros em pessoa que pedira a valsa. Feito toda estas coisas, enfim retornou a mesa do rei, cansada. Seu avô sorria bastante, olhando com enorme gratidão — Como foi?

       Ela sentou-se na cadeira, soltando um suspiro cansado mesclado a um riso — Esplêndido. Acredito que todos ficaram mui satisfeitos.

       — Foi um excelente trabalho liderado pela princesa, Vossa Graça — diz sor Otto, e parece trocar olhares com a rainha — os lordes ficaram encantados.

       Uma leve risada nasalado soou ao seu lado, tirando sua atenção dos adultos. Era Aemond, que ainda sentado no mesmíssimo lugar, bebia hidromel enquanto observava a festa, embora com os ouvidos atentos a tudo que diziam ao seu lado.

       Anya rolou os olhos. Fora bom o tempo em que estava conversando com os lordes e havia completamente se esquecido da existência dele.

       Mas o homem sempre se fazia presente, de uma forma ou de outra.

       Então ela decidiu irrita-lo.

       — Gostaria de dizer algo sobre minha vestimenta, tio?

       Ele olhou brevemente para ela antes de voltar seu olho ao ponto de antes — Vermelho fica terrível em você.

       Não evitou rir — Prefere azul, então?

       — Milhões de vezes.

       — Então farei questão de usar apenas vermelho, de agora em diante.

       Não entendendo exatamente porquê, Aemond pareceu flexionar o canto de seus lábios em um pequeno sorriso divertido.

       Foi naquele momento que desconfiou que talvez ele não houvesse odiado seu vestido tanto assim.

        — Como foi com os lordes? — foi a pergunta dele — Quantos deles imploraram por sua mão?

        Ela juntou suas sobrancelhas — Ciúmes, tio?

        Ele enfim a encarou, e parecia um tanto entretido, como se houvesse decidido que hoje, nada do que ela dissesse seria relevante para deixa-lo nervoso — Muito pelo contrario, sobrinha.

        E se inclinou sobre sua cadeira, chegando perto dela — Torço por você. Quem sabe, casando-se com algum deles, sua fama de bastarda do reino seja substituída por algum título que realmente lhe traga honra — e colocou uma das frutinhas vermelhas que estavam sobre o bolo no prato dela em sua boca, voltando para sua inicial posição — Que tal, Visenya Stark, protetora consorte do norte? Bem melhor do que bastarda Strong, não é mesmo?        

        Ela deixou sua taça cair no chão em raiva, mas para sua sorte, os barulhos altos de conversa pelo salão fizeram aquilo passar imperceptivelmente. A testa da princesa ficou quente em raiva, odiava quando ele conseguia virar o jogo.

        Mas não por muito tempo.

        Manteve a calma, limitando-se a sorrir de forma cínica — Eu não preciso me casar com ninguém. Serei um dia senhora sobre Pedra do Dragão, com ou sem marido. — e curvou a cabeça — O que exatamente o senhor tem, tio? Quero dizer, além do posto de príncipe que, julgando pela quantidade de príncipes que temos, não deva ser lá muito relevante.

        Em cheio. O ego de Aemond era sempre a provocação mais certeira. Vendo-o travar o maxilar em raiva, olhando o cenário com ódio, ela prosseguiu — Me parece que quem terá que se casar para garantir um título de honra será você. Hm, porque não tenta a sorte com a Lady Jeyne Arryn? Poderá se tornar senhor de Ninho da Águia, não é maravilhoso?

        Aquele zombar foi demais para o príncipe. Ele virou-se para ela, composto inteiramente de fúria, e mesmo que estivesse muito bem controlada, ela conseguia sentir seu ódio transpirar por sua pele. Levou sua mão forte até o braço dela, indiscretamente, apertando-o com tanta força que a princesa precisou reprimir um alto grito — Repita o que disse mais uma vez — ele pediu, e sua voz era mortalmente controlada — se tiver coragem.

        Ele estava apavorante daquela forma. Entretanto, não havia volta. Se recuasse agora, daria a ele a vantagem. Abriu a boca, mesmo que assustada, pronta para repedir cada palavra.

        — Princesa — um dos soldados de sua guarda se pôs em frente a mesa de ambos.

        Vagarosamente, Aemond e Anya desviaram seus olhares um do outro até onde o homem estava.

        E ele não soltou o braço dela.

        — Lorde Cregan Stark solicita uma dança, Vossa Majestade.

        Ela pareceu voltar a realidade naquele momento, fechando os olhos por um segundo antes de proferir: — Os meus modos... É claro, sor. Perdão pela demora, eu...

        Viserys sorriu com que estava prestes a acontecer, vendo que sua vontade de que a neta se unisse com um lorde de uma grande casa estava em andamento. Ela então tentou se levantar para ir ter com o lorde de Winterfell, mas seu tio não a permitiu, mantendo sua mão sobre o braço dela como uma algema — Não — foi simplesmente o que disse.

        Aquilo surpreendeu não só a ela, mas todos os que assentavam a mesa do rei. Anya não soube nem mesmo que dizer. Aemond se pôs de pé — Quem terá a primeira dança com minha estimada sobrinha serei eu.

        Os olhos da princesa estavam muitíssimo arregalados, sem reação nenhuma. O que ele queria com aquilo, que viera logo após ela ter proferido uma de suas provocações mais terríveis?

        Intenções cruéis marcavam o único olho de seu tio, que vendo-a em choque, começou a guia-la para a salão de festa — Venha, Visenya, me agracie com sua companhia.

        Estava sendo observada por todos. O que mais poderia fazer, além de seguir seu joguinho perverso? Esboçou um sorriso falso e quase extinto, seguindo ao lado do homem enquanto todos, tanto o rei quanto a rainha e a Mão, os olhavam com surpresa.

        Assim que distanciaram-se dos ouvidos curiosos, ela disse — Pensei que não dançasse.

        Um riso escasso decorou seus lábios — Vamos dizer que você mudou minha perspectiva.

        Sarcasmo, como sempre. Ela rolou os olhos, quando ele de repente puxou-a outra vez com uma de suas mãos pela cintura com grande indelicadeza, aproximando seus corpos — Pare de fazer isso! — reclamou.

        — Por que? — achegou seu rosto rente ao dela — Não gosta das minhas mãos em volta de você, sobrinha?

        — Não! Sua mera presença me incomoda — murmurou, embora ainda sentisse sua estômago formigar com a sensação da pele dele contra a sua— Sabe o que sinto quando o olho?

        Aquela conversa parecia estar indo no rumo que ele queria, pois sua íris regozijava em prazer. Que doença era aquela? Parecia se deleitar com o caos, o ódio, com a desavença.

        — Diga — ele pediu, mas então colocou o indicador em sua orelha — mas diga bem aqui, em meu ouvido.

        Coragem, Anya.

        Achegou seus lábios no local indicado, dizendo — Nojo.

        Um sorriso se abriu em Aemond — Cuidado. Deveria vigiar sua língua, princesa.

        Ela então sentiu algo roçar contra si em sua barriga, engolindo seco. Calmamente abaixou os olhos, vendo ali uma pequena adaga encapada na mão direita do homem, quase imperceptível para os que olhavam de fora. Ele percorria o objeto pela extensão de seu abdômen, sem causar nenhum dano, é claro — Um dia desses, alguém pode acabar se irritando e — ele cravou a capa com mais força, simulando uma apunhalada — seria o fim da pequena bastarda de Pedra do Dragão. Fácil assim.

        E voltou a guardar sua arma no cinto, ainda com a expressão sádica. Quanto a ela, seu rosto estava fechado, odioso e temeroso — Está me ameaçando, tio?

        — Ah, não — e chegou seu rosto tão próximo ao dela que seus narizes quase se encostaram — estou fazendo uma promessa — ele então apanhou a palma da mão da sobrinha, dizendo com tom de ordem e impaciência — Agora ande, dance.

        Mesmo com seu coração batendo forte e seu sangue fervendo, ela obedeceu o comando, dançando silenciosamente, sem desviar seu olhar de puro ódio do dele, que parecia muito divertido com a situação — Boa menina.

        Por um longo tempo ficaram por isso, sem nada dizer, se encarando com a distância mínima entre si, e é claro, aquilo atraiu a atenção de todos, que cochichavam pelos cantos e observavam os príncipes performarem sua dança. Até mesmo o rei parecia embasbacado, não podendo desviar a atenção de ambos, o filho e a neta, murmurando perguntas para sua esposa, que negava a todas elas, dizendo que não se tratava de nada que mereça atenção.

        Anya deveria ter ficado silencioso. Estava derrotada, com suas piores emoções pela flor da pele, e sentia como se fosse explodir a qualquer momento. Sim, ficar quieta teria sido a melhor das alternativas para evitar um problema.

        Mas ela não podia suportar a derrota. Não era sua natureza.

        Então indagou — Quando foi que você se tornou assim?

        — Assim como, sobrinha?

        Ela diz de uma vez — Puro mau.

        Um riso ecoou roucamente dos lábios dele — Puro mau. Um pouco dramático.

        — Um pouco verdadeiro demais. Sabe, você nem sempre foi assim. Houve um tempo em que era gentil, sorridente, quando ainda era uma criança. O que houve?

        Sua expressão divertida cessou, sendo tomada por trevas — Eu era fraco.

        — Você era amável. Isso não é uma fraqueza.

        — Minha amabilidade, se é que um dia já existiu, não me levou a nada, assim como não vai levar você a nada, Visenya — disse, tão frio quanto o inverno nortenho — Tudo o que do conquistei, as custas dos sofrimento dos outros ou não, me fez quem eu sou.

        Ela então sibilou — Um monstro.

        — Sim, sobrinha, todo mundo tem um monstro dentro de si, alguns apenas são melhores em esconde-lo. O seu monstro está aqui — ele leva sua mão até a garganta dela em meio a dança, como quem a enforca — entalado, esperando para sair — então um sorriso maligno surge — e me delícia saber que sou o único que consegue coloca-lo para fora.

        Ela não conseguia acreditar no que ouvia.

        A mais pura verdade.

        Sem Aemond, ela era dócil, calma, educada, da forma que qualquer pessoa deveria ser. Mas ao lado dele, algo em si mudava. Ela sentia vontade de incendiar o mundo inteiro, cinzas e sangue, até não sobrar pedra sobre pedra.

        Ele despertava o que havia de pior nela. E, bem fundo em seu coração, ela gostava disso.

        Atordoada com a matéria de seus próprios pensamentos sombrios, ela achou que tudo aquilo era demais para se suportar. Se afastou dos braços fortes do tio, recuando alguns passos, soando frio.

        Precisava sair dali.

        — Termine a dança, Visenya — seu tom era provocativo, deleitando-se com a instabilidade emocional que havia causado nela — Vamos, tenha bons modos.

        Ela respirava fundo — Eu preciso... eu preciso de ar.

        O único olho de Aemond se recaiu sobre a face pálida da menina por um segundo de forma analítica, como se, pela primeira vez na vida, sentisse remorso por vê-la naquele estado. O homem então, parecendo suspirar consigo mesmo, deu espaço para que ela saísse, em um lapso de misericórdia. E foi o que ela fez. Atravessou o salão em meio aos saiotes rodopiando em sincronia com a dança que se seguia entre os pares, respirando altamente. Estava se sentindo comprimida, claustrofóbica, precisava de ar, mas não de qualquer ar.

        Precisava do ar de Pedra do Dragão.

        A princesa então seguiu correndo para fora da fortaleza vermelha, decidida a sair daquela cidade o mais rápido possível e voltar para sua casa, onde sua família amada lhe esperava. Já havia se fartado de tanto aborrecimento! Estava tão certa do que iria fazer que ordenou que o soldado de sua guarda a deixasse em paz, pois nada nem ninguém a seguraria ali por muito mais tempo.

        — Princesa, eu não posso deixa-la...

        Com os olhos repletos de lagrimas, ela virou-se terrivelmente furiosa e arrasada para o homem — Se não me deixar sair agora, eu lhe darei como comida para meu dragão!

        O soldado calou-se com o que ouvira, parecendo muitíssimo triste. No momento em que aquelas palavras deixaram seus lábios, Anya os cobriu imediatamente com suas mãos, arregalando os olhos, absolutamente incrédula de que havia de fato dito aquilo. Suas lagrimas enfim escaparam, e ela diz, tremula — Sor, eu... eu jamais... me perdoe... — e fechou os olhos, sentindo um misto de sentimentos terríveis dentro de si. Finalmente abriu-os novamente, respirando fundo — Eu irei agora. Peço que não me siga.

        E fragilizada, virou-se, vestindo sua capa e escapando no castelo em plena festa. Anya caminhou em rápidos passos por Porto Real, encapuzada para que não fosse jamais reconhecida, e seguiu desta forma até que alcançasse o fosso dos dragões, onde pensava que Canibal estaria. Assim que adentrou, apanhou uma tocha para procura-lo, uma vez que o local era bastante escuro. Andou por todo o breu do fosso, iluminando cada canto para acha-lo, não encontrando Dragões em lugar algum. Nem mesmo Sunfyre ou Dreamfyre foram vistos. Estava começando a ficar desesperada, pensando que talvez houvessem removido os dragões dali e os levado para outro local, fazendo sua ida ter sido inútil e sua fuga, impossível. Entretanto, quase no limite do fosse, o único dragão que se fez visível no local foi a gigantesca Vhagar, que rugiu enraivecida com a presença da garota, na qual já bem conhecia e já havia se declarado hostil.

        Mau sinal.

        Estava atada a cadeados, é claro, como todos os dragões do fosso. Mas vendo-a ali agora, desprotegida, sem Canibal para guarda-la, Vhagar sentiu-se no poder para abaixar seu pescoço até onde Anya estava, outra vez rugindo e enfim abrindo sua boca, como se dessa vez não fosse esperar nem um segundo. A menina não recuou com o avanço, é claro, pois até um tolo sabe que não adiantava correr quando um dragão cuspia fogo, e também não temeu, pois em nada poderia lhe afetar. Pairou friamente em pé, vendo a garganta do dragão se iluminar com o fogo que ascendia.

        Fechou os olhos, ansiando por recebe-lo, como se as brasas fossem queimar tudo aquilo que estava sentindo no momento. A tristeza, a tensão, o medo, o ódio. Todos evaporariam em meio ao calor, e ela, das cinzas, renasceria como uma fênix.

        Entretanto, um segundo antes que recebesse o poder das chamas, uma voz berrou em alto valiriano — Daōr, Vhagar! Likyri, rybas!

        Era a voz de Aemond.

        Os comandos dados pelo montador, ordenando que o dragão não fizesse aquilo e obedecesse, quase foram suficientes, pois Vhagar pareceu hesitar por um segundo. Entretanto, estava enfurecida com a invasora, portanto preparou-se novamente. Vendo então que o fogo viria sem conseguir ser contido. Aemond arregalou seu único olho, correndo na direção de sua sobrinha e pulando por sobre ela, livrando seu corpo do fogo por um segundo de diferença.

        Todo o fosso foi iluminado com o fogo do dragão, que agora ardia em altas chamas.

        O principe, agora caído ao chão, segurava Anya, que estava disposta acima de si, dentro de seus braços. Olharam-se profundamente por bons segundos, com respirações pesadas, até que enfim, a  feição do tio começou a lentamente se enrugar em muito nervosa. Ele então se pôs de pé, puxando-a junto.

        — Você está ficando maluca?

        — Quero ir para casa — ela diz, com voz falhando — onde está meu dragão?

        Ele a analisa por um segundo — Ouviu o que eu disse? — e seu nervosismo o fez levar sua mão ao queixo dela, segurando-o com firmeza para que olhasse para ele — Você quase morreu.

        Anya estava tão farta que nem mais media o que dizia — Fogo jamais poderá me machucar. Me diga, Aemond, onde está Canibal? — sua voz era incisiva.

        Mas ele nem mais ligou para aquela pergunta. Fora a declaração dela sobre o fogo que ecoara em sua mente — As chamas teriam te consumido.

        — Elas já me consumiram antes, e nada me fizeram — dizia, impaciente, e então, recitou pausadamente a próxima frase — eu não queimo.

        Ela pode sentir no fundo do olho dele que o que havia acabado de dizer havia o aterrorizado. Talvez o pior de seus pesadelos fosse que uma prole que ele sempre julgara bastarda, tivesse em seu sangue o poder Targaryen mais semelhante ao de um dragão. Ele tornou-se taciturno e amargo — Prove!

        Aemond então agarrou a sobrinha pelo braço, arrastando-a com força e, sem nem pestanejar, lançou-a em meio as chamas de Vhagar. Anya caiu de joelhos sobre as brasas, observando o chão por alguns segundos, enquanto era consumida pelo calor. Nada lhe ocorreu, é claro, além de uma doce sensação de paz, como se houvesse retornado ao lar, finalmente então mirando fixamente o olho de seu tio, que observava com horror a sobrinha dentro das chamas, intacta, pairando sobre elas enquanto as brasas circundavam seu rosto e queimavam a borda de seu belo vestido.

        Julgando suficiente, ela saiu do fogo antes que ficasse sem vestes. Aproximou-se de Aemond em passos calmos, e foi a primeira vez que ela jurou ter visto o medo assombra-lo ao ponto de quase faze-lo recuar. Mas manteve-se firme. Outra vez repetiu: — Onde está meu dragão?

        Assombrado, respondeu — Descansando na beira da Baía da Água Negra.

        Sem nem dizer mais nada, ela então começa imediatamente a andar até a saída, e Aemond nada faz além de vê-la deixar o local, andando com a cabeça erguida e mãos juntas por de trás das costas. Não fora difícil depois daquilo para Visenya encontrar seu dragão pela praia e monta-lo com alívio em direção a Pedra do Dragão, sua casa. Mas o que realmente importara naquele dia fatídico era que, a partir dali, Aemond Targaryen passou não só a apenas odiar Visenya Velaryon.

        Mas também passou a respeita-la.




•••



𝗢𝗹𝗮𝗮𝗮́, caros leitores que me incentivam cada dia a escrever mais!

Fiz essa pequena parte off porque vi a necessidade de falar algumas coisas com vocês, para ficar esclarecido alguns pontos muito importantes para que todos os leitorezinhos fiquem muito tranquilos e para que conheçam um pouquinho mais sobre a história por trás dessa fanfic.

Bom, primeiramente, assim como vocês, sou uma fã do universo de as crônicas de gelo e fogo, e com esse hype da série, que está simplesmente maravilhosa, eu comecei a ter muitas ideias nessa minha cabecinha oca, isso desde o primeiro episódio. Como eu já tinha lido o livro Fogo & Sangue, que conta toda essa história da Dança dos Dragões, comecei a pensar em algo que mesclasse muito bem elementos da série (como diálogos, sequência de acontecimentos e descrição física dos personagens), mas também do livro, como alguns personagens que faltaram (cogumelo foi um, simplesmente o fofoqueiro fanfiqueiro do reino não poderia faltar) e elementos intrínsecos da casa Targaryen (os olhos violeta, por exemplo). Somado a isso, tem a parte que vem de mim também, é claro, um vez que eu estou inserindo numa trama já concluída uma personagem completamente minha, a coitada da Visenya, e por isso, muitas coisas que normalmente aconteceriam sofrerão pequenas ou até mesmo grandes mudanças, ao passo que terão coisas que nem mesmo virão a acontecer. Gostaria da compreensão de todos com isso, por tanto já aviso de uma vez, para não se assuntarem quando notarem essas coisas acontecendo.

A segunda coisa que eu queria pontuar é que, como você já devem ter percebido, o ritmo de capítulos estava a todo vapor, com basicamente um capítulo por dia, e as vezes até dois, mas esse de hoje já demorou mais. Isso está ocorrendo porque boa parte dos capítulos iniciais eu já tinha escrito há um tempo, e meramente decidi postar aqui recentemente. Por tanto, os capítulos estão saindo "rápido" porque já estavam prontos. O que eu quero dizer é que, infelizmente, a partir de agora, voltei a estaca zero, onde para postar um capítulo, preciso pensar, ter ideias, ser criativa e meter a mão na massa para escrever. Eu estou amando fazer isso! Os comentários PERFEITOS que me matam de amor e me fazem rir muito estão me deixando muito empolgada (e eu não sei responder com seriedade, me perdoem *cries) então essa fic está me divertindo muito. MAS, como nada é perfeito, é provável que daqui para frente o ritmo caia para um capitulo a cada três dias, para que eu tenha tempo de desenvolver sem pressa, afinal, pressa é inimiga da perfeição. Não adianta correr para escrever e fazer uma coisa desleixada que não se compara com os outros já postados, eu jamais faria isso com vocês! (disse ela já fazendo exatamente isso.

Enfim, esperando que compreendam e continuem acompanhando. Amo muito cada um ❤️❤️

Continue Reading

You'll Also Like

58.4K 220 15
[C O N T O S] โ [ E R O T I C O] โ [ E M A N D A M E N T O] Ah eu acho que enganei os curiosos. Se perca no prazer. Quando as luzes se apagam, รฉ...
7.1K 1K 34
Jacaerys Velaryon era o primeiro filho da Princesa Herdeira, Rhaenyra Targaryen, e seu marido, Laenor Velaryon. Embora, segundo muitos, se parecesse...
5.2K 339 11
Um รฉ o prรญncipe e herdeiro do reino, o outro รฉ um rapaz humilde que vira seu guarda-costas. Seus caminhos se encontram por trabalho, e comeรงam a se...
31.8K 3.7K 25
Charlotte Evans era mais uma garota tรญpica e normal vivendo em sociedade num planeta chamado Terra. Uma jovem tรญmida, mas tagarela e criativa. U...