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By plsnalua

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By plsnalua




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𝕹𝐀 𝐌𝐀𝐍𝐇𝐀̃ 𝐐𝐔𝐄 𝐒𝐄 𝐒𝐄𝐆𝐔𝐈𝐔 𝐚 𝐭𝐫𝐚𝐠𝐞́𝐝𝐢𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐟𝐨𝐫𝐚 𝐨 𝐛𝐚𝐧𝐪𝐮𝐞𝐭𝐞 𝐞𝐦 𝐬𝐮𝐚 𝐡𝐨𝐦𝐞𝐧𝐚𝐠𝐞𝐦, Visenya não estava disposta a ver mais ninguém além de seu avô.

Acordara os raios de sol invadindo seu escuro aposento, incomodando suas íris e fazendo-a reclamar, revirando-se na cama em protesto. Entretanto, a responsável pela súbita entrada de luz no recinto, Mylena, sua fiel criada, não iria desistir com um simples resmungar. Prosseguiu seu trabalho de abrir todas as janelas do cômodo, tornado agora impossível dormir com tanta claridade. Anya grunhiu, jogando sua grossa colcha de pelo de ganso por sobre sua cabeça.

— Acorde, minha princesa — a voz doce da dornesa soou — É um dia cheio. Há muito o que fazer.

Há muito o que dormir, Anya pensou consigo mesma, mas a criada tampouco se importou com a inércia da garota. Continuou movimentando-se em volta do quarto ruidosamente, fazendo a menina por fim sentar-se subitamente — O que é?!

Mylena a olhou como se fosse uma tola — O casamento, minha princesa.

Anya pareceu se lembrar daquilo somente naquele instante, e sua barriga borbulhou. Não suportaria mais uma noite daquelas, com tantos dramas e momentos de pura tensão. Não tinha saúde para mais, mesmo que possuísse ainda apenas treze dias de seu nome. Bufando nervosamente, colocou seus pés para fora da cama, apertando-os contra o chão frio e se levantando — Nem me lembre desse pavoroso detalhe.

Mylena foi até ela, ajudando-a a tirar sua camisola — Como se já não bastasse a... — a roupa passou por seu rosto — eloquência de meu tio na noite anterior. Me pergunto agora o que aprontará para a ocasião de hoje.

E caminhou até o lavabo, onde uma banheira de aguas mornas e pétalas lhe esperava. A menina adentrou com graciosidade, uma perna de cada vez, finalmente imergindo-se nas aguas relaxantes e pacíficas.

Entretanto, não poderia estar mais atormentada.

Visenya sentia como se sua presença no local fosse como os vulcões de Valiria, prestes a gerarem um cataclisma e devastarem toda uma civilização. A qualquer momento, a tensão presente nas relações que compartilhava com os tios e até com a rainha se romperia, gerando danos permanentes. Alguém teria que ceder, e temia que fosse ela esse alguém, afinal, era apedrejada por tormentos de todos os lados. Aemond, Aegon, Alicent, até a Mão! Era como se silenciosamente houvessem decretado Visenya como a indesejável número um da fortaleza vermelha, tramando contra ela pelas entrelinhas enquanto esboçavam sorrisos simpáticas na sua frente.

— O que será que fiz a eles, Mylena? — sua voz cortou o silêncio.

A mulher, que cuidadosamente lavava seus cabelos, a olhou com curiosidade — o que quer dizer, minha princesa?

Anya gesticulou com as mãos por sobre a água, fazendo pingos se dispersarem pelo chão.

— A meus parentes. A rainha, meus tios, a mão... por que estão me tratando tão... estranhamente? É como se todas as vezes que me abraçassem, espreitassem uma faca em minhas costas.

Mylena penteou as longas madeixas brancas da menina com delicadeza — Pensei que entre você e seus tios sempre houvesse uma relação de animosidade, minha princesa.

— Sim, brigas de criança, Mylena. Agora é diferente... eles sorriem pra mim como se sorri para uma nação inimiga. Como se... como se conspirassem secretamente.

A criada então finaliza, rodando até o lado esquerdo da banheira e e agachando, utilizando-se de um pano embebedado de perfume para percorrer pelos braços da menina — Mas é assim que sempre foi, minha princesa. Com seu pai, com sua mãe, e até com seu irmãos. Sempre com sorrisos pela frente e conspirações por trás.

Mylena estava com Anya desde que ela havia nascido. Acompanhou quase toda a história de sua família, e sabia de muitas coisas. Entretanto, a princesa não compreendia — Como nunca percebi? A aspereza, o receio? Como nunca notei?

— Você era uma criança, princesa — falou, e aquela mera frase fez Anya refletir profundamente, vendo a verdade que não conseguia enxergar.

Ela havia crescido.

Era agora quase uma mulher formada. Aquilo que perturbava a mente de um adulto e que jamais poderia perturbar uma criança, agora lhe era claro a vista e lhe deixava ansiosa. Ela podia claramente perceber tudo que a falta de idade e maturidade havia lhe ocultado, e não sabia se havia gostado. Sentia o que sua mãe andava sentindo por anos e anos quando morava ali.

Crescer era duro.

— Muito bem feito para mim — murmurou consigo mesma, com olhar sem luz — passei toda vida querendo crescer. Agora consegui.

Ela observou suas mãos — e nunca me senti tão miserável.

Visenya deixou a banheira para ser aprontada para suas atividades diárias. Tentara melhorar seu humor com um bom chá de anís selvagem e pão folheado. Observou Porto Real pela janela, onde um dragão, que ela julgou ser Sunfyre, voava entre o fosso e a baía da água negra. Vendo o belo animal fazer seu caminho, cortando o céu, decidiu que voaria um pouco em seu próprio dragão também. Nada como uma atividade ao ar livre para revigorar-lhe os ânimos.

Mylena voltou com suas roupas de montaria prontas para o uso, e sentada frente a sua penteadeira, esperou que ela trançasse seu cabelo para enfim deixar seus aposentos. Entretanto, enquanto fazia aquele trabalho, sua criada parecia observar a princesa de maneira excessiva, desviando quando percebia que era analisada.

Não suportando mais aquilo quando já ocorria pela quarta vez, Anya disse — Diga de uma vez o que está em sua cabeça, Mylena, todos esses olhares irão me deixar maluca!

A criada parou o que estava fazendo — Não é nada importante, minha princesa... é só algo que as servas da cozinha estavam comentando.

— Mexericando, você quer dizer — corrigiu, inclinando-se para observa-la melhor — me diga de uma vez.

Ela parecia querer rir — Elas andaram dizendo que na noite do banquete, os príncipes brigaram por uma dança com você.

Ela tentou, pelos deuses, e como tentou segurar sua risada, mas fora mais forte do que ela. Riu horrorizada por longos segundos, sendo incapaz de para para sequer respirar. Aquilo fora a coisa mais absurda que já escutara em toda a sua vida! Aegon e Aemond, brigando por ela? Logo por ela? Aquela piada alegrara o dia de Anya de uma forma certamente doentia.

— Vejo que deve ter sido um equivoco — Mylena adicionou, parecendo divertida com as risadas da menina.

Ela tentou recuperar o fôlego, apoiando-se na cadeira — Sinto muito, Mylena... irei me conter — e respirava fundo varias vezes — É só que... sete infernos, poderia imaginar um rumor mais absurdo?

— Ora, eu estava lá, majestade — voltou a trançar o cabelo dela — o principe caolh... Aemond! Parecia muito nervoso com a aproximação do próprio irmão.

— Por medo da desonra de sua própria casa, apenas — ela rola os olhos, observando a mulher pelo espelho — para Aemond, tudo é sobre honra... merecimento, protocolo. A cópia descarada da rainha, ouso dizer.

Pensar sobre ele lhe deixava nervosa, pois era talvez uma das únicas pessoas que não conseguisse inteiramente compreender. Presava pelos princípios, mas era tão cruel quanto um tirano. Balançou a cabeça para livrar-se daqueles pensamentos.

Mas antes disso, tornou a virar-se para Mylena — Afinal, onde as servas ouviram isso?

— De cogumelo, minha princesa, o bobo da corte.

A surpresa de Anya fora tamanha que ela levantou com um pulo de sua cadeira, arrastando-a para trás em alto som — Como aquele anãozinho abusado ousa?

Mylena mordeu os lábios, entrelaçando suas mãos — Dizem que ele mesmo ouviu da boca de um dos príncipes que ambos haviam disputado pela dança, uma vez que vossa majestade... bem... — as bochechas dela se avermelharam — vossa majestade prometeu recompensar o ganhador com um beijo.

Mais tarde, quando se tornara mais adulta, Visenya veio a descobrir que não era exatamente apenas um beijo que ela havia supostamente prometido, segundo Cogumelo, mas sim algo mais obsceno. Entretanto, para agora, foram aquelas palavras que a criada conseguira achar para amenizar, mas que mantiveram o mesmo efeito catastrófico.

E a princesa tornou-se colérica — Isso um despeite! Um absurdo! Se chegar aos ouvidos da rainha, ou até de meu avô, o que hão de pensar de mim?

Sua criada pareceu triste com o desespero de Anya, que era ainda só uma menina — Ninguém realmente acredita em tudo que cogumelo diz, minha princesa, especialmente sobre você. Todos lhe amam. É o deleite do reino... — tenta suavizar a situação com voz apaziguada, buscando apanhar a mão dela — acalme-se...

Mas fora em vão. Visenya estava inconformada — Não posso me acalmar! Eu exijo que a língua deste ser seja cortada fora, para que jamais pense em atirar contra mim qualquer mentira pútrida! — calçou seus sapatos sobre as meias longas, andando rumo em direção a porta — Se ninguém fizer nada, eu mesmo farei...

Entretanto, assim que a abriu a porta, a rainha se fez presente pairada por de trás dela, surpreendendo a princesa. Com um belo vestido nos típicos tons verdes e a coroa em sua cabeça, ela tinha os olhos amendoados um tanto curiosos com a reação de Anya. Não era possível dizer se Alicent estava prestes a bater na porta ou se estava apenas estática do lado de fora para escutar o que diziam lá dentro, mas de toda forma, no mesmo instante, a princesa diminuiu sua proatividade e estresse, é claro, bem como seu tom. Não continuaria a rugir na frente da rainha, por isso, meramente fez uma reverência, ainda com seus olhos púrpura um tanto confusos.

— Vossa Graça — e deu passagem para a mulher adentrar — sinto muito, acho que me assustei com sua presença.

A rainha lhe cumprimentou com um leve sorriso, entrando no local — Não se preocupe, foi minha culpa, deveria ter me anunciado — e enfim pairou no meio do aposento. Mylena ficou quieta no canto do recinto, mantendo a cabeça baixa — Como passou a noite?

Anya parecia um tanto perdida — Muito bem, vossa graça. Nada mudou muito — olhou ao redor, voltando então para a rainha — Aconteceu algo?

— Graças aos deuses, tudo está correndo bem. Mas me pareceu que algo havia acontecido com você. Sua expressão estava muito... perturbada, quando abriu a porta.

A face de Anya foi calmamente se avermelhando, tanto por raiva quanto por vergonha, assim que lembrou-se novamente da razão pela qual estava de saída um segundo atrás — Nem sei por onde começar.

— Cogumelo — Alicent disse, apenas.

Tanto Anya quanto Mylena a olharam com surpresa — Você ouviu os rumores?

A rainha não pareceu perturbada com aquilo. Apenas aproximou-se de sua enteada-neta, pegando em ambas suas mãos — Não acho que exista alguém que realmente acredite nos rumores que ele espalha, e se de fato existe, a coroa certamente não é um deles.

Anya não evitou suspirar, relaxando seus músculos com a notícia — Fico aliviada, vossa graça, mas me pergunto por que ele permanece na corte, sendo tão mentiroso.

A rainha outra vez esboçou um sorriso cansado — Ele diverte seu avô, e só os deuses sabem como é bom que ele sorria.

Aquilo fez sentido para ela, momentaneamente. Seu avô estava velho, cansado, doente. Nessas condições, felicidade se torna mais escassa, quase inexistente. Se ele o fazia rir, talvez a dor de cabeça valesse a pena.

— Tem razão — disse — acho que irei visita-lo agora. Talvez uma tarde jogando Reis antes da cerimônia é o que ele precisa.

A rainha manteve seu sorriso, embora algo no fundo de seus olhos houvesse se tornado opaco — Seria adorável, mas eu vim aqui na esperança de que pudesse aceitar meu convite, ou melhor, o convite de Aemond.

Anya juntou suas sobrancelhas — Aemond?

Todos estavam ficando loucos?

— Sim. Ele gostaria que você voasse com ele, e eu adoraria que o fizessem — a rainha andou até a janela, trazendo a princesa consigo para observar o céu da capital — Ter dragões ao céu no dia do matrimônio de meus filhos será uma belíssima atração e demonstração da força de nosso sangue. Um bom presságio, eu diria.

A princesa não soube o que responder. Tudo lhe era muito absurdo. A rainha jamais fizera questão de tê-la por perto, tampouco de seus filhos. Duvidou que seu tio houvesse concordado prontamente aquilo. Os dois, voando juntos? Era absurdo. Ela abriu a boca para replicar, mas ainda não conseguia formular uma frase sequer.

— Seu avô também acha uma ótima ideia.

Aquela declaração tornou então impossível de recusar. Se viu obrigada a aceitar, e logo hoje, que acordara sem humor para lidar com seus tios.

Quanta sorte.

Ela ainda olhou levemente para Mylena no canto de seus aposentos, antes de voltar-se para a rainha — Muito que bem. Será uma honra.

Será um tormento, você quer dizer, seu eu interior salientou.

Outro sorriso radiante foi esboçado pela rainha — Perfeito. Ele lhe aguarda no fosso. Agora tenho que continuar os preparativos, se me dá licença.

Ela soltou a mão de Anya, que lhe fez uma reverência antes que partisse. Assim que a rainha fechou a porta, a menina permaneceu onde estava em completa inércia e pensamentos embaçados. Após um longo tempo, se virou para sua criada — Viu só isso?

Mylena andou até a princesa — Não é por seu avô, minha princesa, que a rainha mantém cogumelo na corte — ela então chega perto do ouvido de sua senhora — as criadas dizem que ele é um de seus informantes.

— Informante? — perguntou com imensa surpresa, um pouco mais alto do que deveria — Impossível. O homenzinho claramente não bate bem da cabeça.

— E é justamente por pensarem que ele é um débil que os lordes e homens importantes falam seus segredos mais perversos na sua frente sem pudor. — explica a criada.

Visenya ficou bastante surpresa. Tanto pela revelação sobre cogumelo, o ardiloso ser que inventara mentiras de si e aparentemente conspirava com a rainha, e também pelo fato de Mylena ser extremamente bem informada. Jamais recebera tantas informações assim da mulher, pois usualmente sua relação se limitava em conversar sobre vestidos, penteados e sobre sua mãe e irmãos. Jamais a vira daquela forma, contando-lhe detalhes sórdidos sobre os podres da corte.

Você era uma criança, princesa. A voz de Mylena soou em sua mente novamente.

Anya fechou os olhos. Hora de agir como adulta, então.

— Obrigada, Mylena, por me informar disso. — disse, e seu tom soou muito mais masuro do que de costume — A partir de agora, tudo que ouvir sobre minha família, reporte a mim.

Não pediu. Ordenou. Mylena fez uma reverência, assentindo com a cabeça, parecendo um tanto orgulhosa — Assim o farei, minha princesa.

Anya levantou seu rosto, observando friamente a porta por onde a rainha saíra.

                                       𓊝

𝕾em muita demora, fora escoltada até o fosso dos dragões pela guarda real, liderada por sor Criston. Trajava roupas de montaria apropriadas para a situação, bordadas com as insígnias de suas duas casas, e os exibia com orgulho. Quando alcançou o lugar, pode observar a longe um colossal dragão esverdeado deitado a descansar, tão grande que facilmente poderia passar um cavalo por sua garganta. Vhagar era bela, ela tinha que admitir, mas confessou a si mesma que gostaria muito mais do dragão se ela houvesse sido reivindicado por Rhaena. Um olho fora pouco perto do sofrimento que Aemond causara a sua prima com aquela trapaça. Mesmo que enraivecida com aquele pensamento, ela ousou se aproximar do animal, dando alguns lentos passos para mais próximo do que deveria. Conhecendo o comportamento dos dragões, sabia que chegar assim tão perto não causaria reação amigável de Vhagar, mas não teve medo.

Não temia o fogo, pois era feita dele.

Vhagar respondeu a proximidade, virando seu enorme rosto para ela e grunhindo assustadoramente, mas a princesa não recuou. A dragão então pôs-se a levantar, pisando pesadamente no chão. Rugiu tão alto que sua respiração quente deu contra o corpo de Anya como um vento forte, como se lhe desse um último aviso para que se afastasse.

Entretanto, atrás de si, alguém reagiu a seu favor.

Canibal, tão gigantesco quanto a velha guerreira, despertou de seu sono, rugindo estrondosamente para Vhagar ao colocar-se de pé. Balançou seu longo pescoço e bateu suas asas uma única vez no chão, parecendo deixar claro que qualquer ataque contra Visenya não seria tolerado. Aquela fora a primeira vez que ele fizera aquilo desde que fora reivindicado, monstrando para sua montadora que a ligação de ambos estava selada de forma permanente e fiel. Ele estava disposto a morrer por ela.

A cena era digna de uma pintura, com toda certeza. Visenya Velaryon, bem ao meio do caminho entre os dois maiores e mais perigosos dragões da terra, que estavam a encarar mortalmente em rosnados, um negro contra um verde, representando fisicamente a disputa política que se selava no reino.

Mas a cena pouco durou, pois de súbito sentiu seu braço ser puxada para longe de Vhagar. Quando virou para encarar quem era, ali estava sua maior tormenta.

Aemond.

Roupas negras de montaria, embora, desta vez, usasse um colete verde escuro. O tapa olho estava perfeitamente assentado a seu olho esquerdo, e seus cabelos soltos, com uma pequena porção presa em um rabo-de-cavalo. Ele não parecia feliz — Está fora de si?

— Eu não iria permitir que se atacassem — e rodou seu corpo, encarando Canibal — Dohaeras!

Dando um último grunhido ameaçador a Vhagar, o dragão respondeu a sua montadora, recuando e voltando a se deixar. Feito isto, voltou-se ao homem — O que foi, tio? Temeu perder seu querido dragão? — e livrou seu braço com um forte puxar.

Ele cerrou seu único olho, como se tomasse aquilo como um desafio pessoal — Temi mais um escândalo. O de ontem não já não foi o suficiente para você?

Inacreditável.

— Então seu irmão age como um idiota, mas eu sou a culpada? Que interessante! — pontua com ironia.

Ele se aproxima com um passo — Quem sabe realmente não é você a culpada — diz, e sua voz está recheada e perversidade — Sabe, sobrinha, eu sempre me perguntei o que Aegon via em você. Desde sempre ele era demente, louco por você, como se houvesse lançado um feitiço nele.

Um sorriso divertido decorou os lábios dela, não acreditando no absurdo que ouvia — Acha que enfeiticei seu irmão, é isto? Agora, além de ser culpada pelo mau caráter de Aegon, também sou uma bruxa?

— Uma bruxa talvez não, mas depois de certos boatos que andei escutando — a distância entre os dois se encurtou mais ainda — penso que esse "feitiço" possa ter sido algo muito mais... físico.

A expressão da princesa se fechou, sombria — O que está insinuando?

Aemond não respondeu. Ambos ficaram no perfeito silêncio, se encarando friamente, e no fundo do violeta de seu único olho, ela pode enfim entender o que ele dizia.

Ele estava a acusando de ter seduzido seu tio.

O nojo que sentiu com aquele pensamento a fez querer banhar-se outra vez. Seu estômago revirou e um gosto amargo inundou sua boca. Aquilo era demais para se aguentar.

Quase tremendo de raiva, ela replica — Tenho minha consciência em paz, tio. Seu irmão pode dizer o mesmo?

E não esperou a resposta. Recuou um passo, dando as costas para ele e marchando tempestuosamente na direção de seu dragão. Aemond ficou para trás, vendo-a ir com um minúsculo sorriso sádico. Ele havia vencido, é claro. A tirara do sério.

E sem demora já estavam aos céus, cada um em seu respectivo dragão. A visão magnifica de dois gigantes cruzando-se em meio as nuvens, performando ao céu uma perfeita dança, maravilhou a todos os que assistiam do solo. Entretanto, aos ares, a atmosfera era muito mais pesado do que aparentava. Não estavam voando por esporte, por prazer: estavam competindo. Uma imensa sede para provarem um ao outro o quão bons eram em voar, o quão rápidos e fortes seus próprios dragões eram, vigorou ferozmente a atividade, que por fim, quase acabou em uma tragédia, uma vez que Aemond cruzou o vento tão perto com Vhagar acima da cabeça de Anya que quase causou o contato entre ambos os animais e a derrubou lá de cima. Canibal sentiu esse próximo movimento e respondeu furiosamente, contornando sua trajetória para perseguir Vhagar, no intuito de mata-la. Quando um dragão se obstinava a lutar, não era fácil coagi-lo a parar, assim diziam os meistres. Mas, monstrando-a outra vez de que sua ligação com Canibal era verdadeiramente profunda, a princesa foi muito vitoriosa em conte-lo rapidamente, ordenando-o em valiriano que recuasse e voltasse ao chão. O dragão, grunhindo em protesto, contornou sua mais nova inimiga e seguiu em direção ao fosso. Por um passo o dia não havia terminado em sangue, fogo e cinzas.

Aemond seguiu o mesmo percurso com seu dragão, e no momento em que Visenya desceu da sela e encostou seus pés no chão, caminhou nervosamente na direção do tio, que também desmontava das costas de Vhagar. Ela arrancou uma de suas luvas, atirando contra ele e proferindo em valiriano — Agora quem perdeu a cabeça foi você!

Seu tio a olhou com falsa surpresa, replicando em mesma língua, que se seguiu por todo o dialogo — O que há, sobrinha? Não gostou do passeio? Achei tão estimulante.

Ela estreitou seus olhos — Chega de brincar, Aemond. Quase não consegui conter Canibal de avançar contra Vhagar, e tudo por causa de suas provocações sem sentido!

— Eu estava meramente voando, Princesa. — falava, e o cinismo em sua voz corroía os ouvidos de Anya — aliás, não era isso que queria agora pouco, quando chegou aqui? Parecia muito destinada a fazer os dragões se enfrentarem.

— Aquilo foi diferente, eu tinha as coisas sobre controle! O que você fez poderia ter acabado em um confronto irreversível — sua voz era extremamente colérica — Se continuar — ela fez aspas com seus dedos — "brincando" de pega-pega com seu dragão desta forma, um dia perderá o controle sobre ela!

O homem pareceu esgotar a paciência, outra vez aproximando-se dela — Eu tenho completo controle sobre Vhagar, ela responde a mim — sua voz era orgulhosa e um tanto dura — se sente dificuldade em controlar seu dragão, deve ser porque seu sangue bastardo fala mais alto e faz com que não o mereça.

Bastarda.

Aquela era uma palavra que pensou ter se livrado há muito tempo.

Visenya deu um passo na direção dele e disse pausadamente — Eu sou uma Velaryon.

— Isso, minta para si mesma, faça isso — falou baixinho — vista de azul seu belo corpo, use as insígnias que quiser. Mas seu extraordinário lindo rosto — ele aproximou-se da orelha dela, sussurrando — sempre irá expor os traços de uma Strong.

A adaga que sempre repousava em seu coldre ficou mais quente, como se tentasse lembra-la de que estava ali, pronta para ser utilizada. Imaginou a si mesmo apunhalando seu tio, e ao gostar desse pensamento, percebeu que Aemond havia conseguido exatamente o efeito que queria.

Não poderia se deixar ser afetada, ou ele ganhava o jogo.

Ainda com ele perto de seu ouvido, murmurou — Acha mesmo meu rosto bonito, tio? — perguntou.

Sarcasmo, é claro, sempre falava com sarcasmo. Ele voltou a fita-la nos olhos, entendendo o jogo dela. Ficou sério por alguns segundos antes de curvar levemente o canto dos lábios em um fraco sorriso — Tenho que admitir, sobrinha, você está se tornando boa até demais nesse jogo perverso. Deveria se preocupar.

Ela levou suas íris para o céu sem mover sua cabeça, como se pensasse — Então me chamou de bonita e inteligente? — voltou a mira-lo, sorrindo com seu rosto a milímetros do dele — desta forma irei ficar vermelha.

— Você brinca demais com o perigo para ser considerada inteligente — disse.

— Mas para ser considerada bonita, qual sua objeção?

O olho de Aemond deixou os dela, descendo até o chão e vagarosamente subindo por toda a extensão da sobrinha, até finalmente alcançar seu rosto novamente, olhando primeiramente para seus lábios, que proferiram a ardilosa pergunta, e finalmente seus olhos— Nenhuma.

Aquela resposta, por alguma razão doentia, fez com que Anya se sentisse estranha, com as pernas fracas e a testa quente. Não soube o que dizer, tampouco o que fazer, e quase se esqueceu do se tratava o assunto.

Ficaram a se encarar por leves segundos, até que um enorme grunhido de Canibal, não muito longe dali, fez com ambos se dessem conta de que não poderiam ficar daquela forma para sempre. Anya deu um passo para trás, observando a fortaleza vermelha enquanto juntava suas mãos nas costas.

— Devo ir. O casamento começará em breve, preciso me aprontar.

Ele não disse nada. Ficou ainda com seu olhar fixo na sobrinha, como se pensasse em algo.

Então disse com leve ironia — Vá, querida sobrinha. E vista um de seus milhares de vestidos azuis, sim?

Ela rolou seus olhos, dando as costas para ele, ouvindo ainda a voz de seu tio falar mais alto — Será a alegria da minha noite!

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