Já está na hora do jantar, depois da reunião acabei deixando o tempo passar, fiquei conversando com Rhaena e minha mãe, e quando fui ver já tinha anoitecido.
Me livro do peso daquela armadura, coloco algo mais confortável, tento trocar sozinha o curativo do meu ombro, ele parece ter inflamado um pouco, deve ser por conta da fricção com a armadura. Coloco um vestido em tom dourado com alguns adornos vermelhos no decote e mangas longas
*Valiriano*
— Você não consegue mesmo, não é? – Viro no susto, Aemond entrou pela passagem do meu quarto, ele encosta na parede bem de frente para mim, me olha dos pés à cabeça.
*Valiriano*
— O que? Não ser linda? Com certeza não. – Ele ri, caminho até ele, parando a poucos centímetros, ele desencosta da parede e zera qualquer distância, sua mão vai para o meu rosto, fazendo carinho.
*Valiriano*
— Fugir do perigo, você não consegue, pequena. Sabe... isso não vai desaparecer totalmente. – Seu polegar passa por cima do corte na minha bochecha.
*Valiriano*
— Eu tentei... Não fui atrás de você, por inúmeras vezes eu pensei, mas resisti. Quando meu avô disse que VilaVelha poderia cair, eu não podia deixar isso acontecer, as únicas possibilidades eram eu e Baela, nunca que eu deixaria minha mãe se arriscar nessas condições, Aegon provavelmente beberia até cair em algum canto da cidade e ninguém ia conseguir achá-lo. Eu tive que fazer isso, sou uma Targaryen, preciso ajudar e proteger o meu povo. – Ele beija a minha testa.
*Valiriano*
— Eu sei, eu sei. Mas confesso que fiquei bem preocupado, cada vez que diziam que alguém tinha se machucado ou que um dragão quase foi atingido... Quase larguei tudo e parti para lá, mas eu também soube que você se tornou o terror deles, estão oferecendo até prêmios para quem levar sua cabeça ao comandante de Norvos. – Arregalo os olhos, eu não sabia disso.
*Valiriano*
— Bom... Quero ver tentarem. – Ele se inclina e beija o meu pescoço, seu braço envolve a minha cintura, ele me impulsiona para me pegar no colo, enlaço minhas pernas nele, ele começa a andar até a minha cama, então ele sussurra no meu ouvido:
*Valiriano*
— Eu também quero... – logo inicia um beijo sedento, mas eu interrompo.
— Aemond, no dia que você foi para Correrrio, o que você disse sobre... – Sou interrompida por uma batida na porta, só que Aemond continua beijando o meu pescoço e tentando tirar o meu vestido. — Pare de me desconcentrar... – Ele solta uma gargalhada rouca, fazendo eu me derreter ali.
— Estou ocupada... – Eu grito.
*Valiriano*
— Você ficou tão linda com aquela armadura... Pelo Deuses, como ficou. – Sinto sua mão por baixo do meu vestido. — Você bem que poderia vesti-la de novo... Não, deixa isso para lá, você fica melhor sem nada.
— Aemond... – Minha voz sai como um gemido estrangulado. – Ele ri e ouço Sor Braith.
— Princesa, já estão todos reunidos a algum tempo, estão esperando por você... E acho que pelo príncipe Aemond também.
*Valiriano*
— Droga, só falta nós dois. – O calor por baixo do meu vestido só aumenta, sinto o carinho na minha coxa. — Aemond... Por favor, vamos. – Ele me dá um selinho e sai de cima de mim.
*Valiriano*
— Está bem, vamos logo. – Ele anda até a porta, quando ele coloca a mão na maçaneta, seguro seu braço, ele olha para mim e franze a testa, chego bem perto dele e puxo seu rosto, lhe dou um selinho e sussurro:
*Valiriano*
— Eu também amo você. – Me afasto um pouco e sinto a mão dele encaixando de leve na minha, ele sorri.
*Valiriano*
— Depois conversaremos melhor sobre aquele dia... – Ele beija minha testa.
Antes que eu possa abrir a porta, alguém esmurra ela, ouço Baela me chamar e abro a porta.
— Você quer quebrar? – Ela intercala o olhar entre mim e Aemond.
— Vocês dois enlouqueceram de vez? Todo mundo já reparou que só faltam vocês para o jantar. Anda, vamos agora. – Ela puxa a minha mão e eu puxo a de Aemond.
— Nós já estávamos indo, relaxa. – Eu falo, sinto Aemond apertar a minha mão e logo soltá-la.
******
Assim que entramos no salão, todos os olhares se voltam para nós três, andamos o mais rápido possível, sento na ponta ao lado de Joffrey e Aemond senta na outra ponta, bem de frente para mim.
Todos estão encarando desconfiados, principalmente meu pai, ele encara Aemond como uma ameaça de morte, mas sou rápida para me desculpar.
— Desculpa pela demora, por causa do ferimento no ombro tive certa dificuldade para fazer tudo sozinha. – Eles me olham preocupados.
— Como se feriu? – Jace pergunta.
— No nosso último ataque, um deles me acertou e a flecha da balista atravessou o meu ombro, ele ainda dói, por isso demorei, foi difícil tirar a armadura e ainda tive que trocar o curativo.
— Não tem problema, querida, o importante é que estamos aqui, infelizmente com dois a menos, mas em breve eles estarão de volta e poderemos fazer um jantar para comemorar o fim dessa guerra. – Meu avô fala e levanta a taça. — Um brinde à nossa família.
Sinto Joffrey me cutucar, olha para ele.
— Você está bem? O ferimento não é sério não, né?
— Ei, está tudo bem, foi só um pequeno machucado. – Meu irmão aperta a minha mão.
— Senti sua falta. – Ele fala e eu me inclino para beijar sua bochecha.
— Eu também senti. – Quando volto a olhar para frente, encontro Aemond com uma cara de nojo para Jace, já meu irmão está com um sorriso cínico no rosto.
Nós bebemos e comemos, mas o clima não estava bom, sem Luke e Aegon, tudo estava estranho, ninguém levantou para dançar, as conversas cessavam rápido demais, meu avô começou a se sentir mal, ele até resistiu por um tempo, mas decidiu se retirar, pedindo que nós aproveitássemos o restante da noite, mas foi só ele sair, que o caos se instaurou.
— Eu só queria que Luke estivesse aqui. – Joffrey fala, percebo o olhar triste que minha mãe direciona ao meu pai, que logo faz um carinho em sua barriga.
Aemond levanta e chega mais próximo de nós dois.
— Não se preocupe, ele vai se sair bem... Quem sabe não está até planejando algo, ele é muito inteligente... – Todos na mesa ficam surpresos com a fala do meu tio, mas ai ele continua. — E também é muito, muito... Forte. – Jace se levanta e bate na mesa.
— Qual é o seu problema? – Aemond ri.
— Eu que deveria te perguntar isso, eu elogiei o seu irmãozinho. – Ele gargalha e isso deixa Jace mais irritado, meu irmão vai até o meu tio, os dois ficam cara a cara.
— Você não consegue respeitar nem o momento, não é? Sua mãe também está mal por causa de seu irmão e você fica nessa. – Joffrey levanta e vai até Jace, tentando tirá-lo de lá.
— Jace, deixa esse idiota para lá. – Meu irmão nega.
— Você ainda não superou mesmo, né? Ele tem tanta raiva por causa disso. – Jace faz algo que não estávamos esperando, ele puxa o tapa olho de Aemond, expondo o olho de safira dele, na mesma hora, meu tio da um soco em Jace, Joffrey vai para cima dele, mas Sor Criston o segura e separa a briga. Eles começam a trocar insultos, meu tio quase bate em Jace de novo.
— Você é insuportável. Será que você não percebe que ninguém te aguenta mais? – Meu irmão fala gritando. — Fiquei impressionado que em Correrrio você não me desferiu insultos, até achei que finalmente tinha visto o quão ridículo e babaca era, mas você não muda, você é um babaca, mimado. – Aemond começa a rir, ele está achando a reação do meu irmão hilária. — Qual é o seu problema? – Aemond chega mais perto dele.
— Meu problema são vocês, os meus sobrinhos... – Ele ri e começa a falar lentamente. — bastardos. Torço para que os Deuses sejam misericordiosos com nossa família e nos livrem logo do bastardinho de merda do seu irmão. – Jace soca Aemond, Sor Criston e Sor Braith separam os dois, Joffrey também tenta partir para cima dele, mas Sor Harrold o segura.
— Já chega, por favor, parem. – Alicent se pronuncia, eles olham para ela. — Não importa as desavenças de vocês, os irmãos de vocês estão correndo risco de vida, parem de agir assim. – Ela se levanta e sai do salão.
Eu quero me levantar e rebater tudo o que Aemond falou, mas não consigo, a única coisa que vem na minha cabeça, é a possibilidade de Luke morrer, fecho os olhos com força para tentar afastar esse pensamento, só que começam a vir imagens da Campina, todas as mortes, todo o sangue derramado no campo de batalha, todas as vidas que... As vidas que eu tirei, meus ouvidos se enchem com o som dos gritos e pedidos por misericórdia e de repente, eu sinto como se não soubesse mais respirar, aquele nó volta a se formar em minha garganta, sinto meus olhos queimarem, abro os olhos e minha visão está escurecendo, tudo parece se fechar.
— Rhaenys, olha para mim, por favor. – Sinto uma mão no meu ombro. — Olha para mim. – A voz é de Baela.
— O que está acontecendo com ela? – Ouço Joffrey perguntar.
— Rhaenys... – As lágrimas não param de cair pelo meu rosto, acho que eu nunca tinha tido um ataque de pânico na frente de tantas pessoas... Sempre tentei me manter forte na frente de outros, só demonstrando minha fraqueza para Baela ou Daeron, mas não dá mais. Consigo virar para Baela, sua expressão é de medo e angústia. — Respira fundo, bem devagar, junto comigo, ok? Eu estou aqui, não vai acontecer nada com o Luke, ele vai ficar bem. – Ela me abraça, minha respiração vai retornando aos poucos. — Está tudo bem. – Depois de alguns minutos, consigo me recuperar, me levanto pronta para sair de lá.
— Vou para o meu quarto... Quero ficar sozinha. – Eu não queria que isso tivesse acontecido na frente deles, não mesmo, mas ouvir Aemond falar daquele jeito... Como se a morte de Luke fosse uma coisa boa, isso foi demais para aguentar. Baela tenta contestar. — Por favor, Baela... Eu quero ficar sozinha. – Ela recua e eu saio de lá o mais rápido possível.
******
Mesmo aqui, não consigo dormir, quando eu ouvia e lia as histórias de grandes guerreiros em batalhas, em como as glórias e conquistas para os reinos eram satisfatórias, nunca imaginei que fosse ser daquele jeito, nas histórias não há descrições de tamanho horror, de tamanha crueldade, Lorde Ormund me disse na minha primeira participação nas batalhas: "Esqueça tudo o que você ouviu e idealizou sobre uma guerra, acredite, é muito pior e o que você vai ver, ouvir e sentir, isso vai marcá-la pelo resto de sua vida". E ele tem razão, não acho que vou ser capaz de esquecer, sei que fiz tudo aquilo para defender o meu povo, eu faria tudo de novo se fosse preciso, mas não deixa de ser assustador e doloroso pensar nas vidas que eu tirei.
Me sento no sofá próximo à janela, fico observando, a cidade parece calma, eu poderia dizer que nem estamos em meio a uma guerra... Ouço o barulho da passagem se abrir, logo Aemond entra.
*Valiriano*
— Eu disse que queria ficar sozinha... – Ele se senta ao meu lado.
*Valiriano*
— Desculpa, eu não deveria ter falado aquilo. – Apenas dou de ombros. — Quando você começou a ter esses ataques de pânico?
*Valiriano*
— Foi apenas um momento de fraqueza, não deveria ter acontecido, eu estou bem. – Ele segura a minha mão.
*Valiriano*
— Ei, isso é normal, ok? Você é nova, Rhaenys, não deveria ter que passar por tudo isso, ter que ver tantos horrores... Se precisar conversar sobre isso, estou aqui. – Ele me lança um sorriso acolhedor, puxo a minha mão.
*Valiriano*
— É claro, tudo o que eu preciso é ser confortada pelo cara que disse que a morte do meu irmão seria uma benção. Isso é tudo o que eu preciso no momento. – Respiro fundo, passo a mão no meu rosto.
*Valiriano*
— Vamos ser sinceros agora, ok? Estou cansada dessa maldita rivalidade entre vocês, eu sei que tem raiva de Luke por ter feito isso com você, mas será que não dá para superar? Nós somos uma família e se você realmente cogita em se casar comigo... Você vai ter que mudar essa situação entre vocês. Eu conversei com a minha mãe, ela não confia nada em você e eu super entendo. – Sua expressão é indecifrável. — Eu realmente entendo, você nunca deu a qualquer um deles motivos para confiarem, e isso só piora quando você só sabe ofender os meus irmãos. Será que é tão difícil deixar isso para lá e começar a agir como se fôssemos uma família normal? – Aemond retira o tapa olho.
*Valiriano*
— Se Aegon tivesse feito isso com você ou com qualquer um dos seus irmãos, você deixaria isso para lá? Você seguiria em frente e pararia de odiá-lo por isso? – Eu fico em silêncio, apenas observando aquela safira no lugar do olho. – Exato, você não perdoaria ele e continuaria o odiando, sabe muito bem disso, até porque ele não fez isso e mesmo assim o ódio que sente por ele é tão grande quanto o que eu sinto pelo Lucerys. Eu sinto muito por ter falado daquele jeito, mas não venha me dizer o que fazer ou como eu tenho que agir com eles. – Ele passa uma mão no cabelo e suspira alto. — Quando eu me casar com você, terei que suportar a presença de cada um deles sim e eu farei isso por você... Mas Rhaenys, seu irmão tirou uma parte de mim e nem punição ele tomou, saiu como se nada tivesse acontecido, isso não é nada justo.
*Valiriano*
— Sinto muito por isso... Sinto muito que o ódio de nossas mães tenha afetado tanto todos vocês. – Ele me puxa para sentar no colo dele, eu passo a mão por seu rosto, pela sua cicatriz. — Sinto muito mesmo. – A mão dele faz leves carícias pelas minhas costas.
*Valiriano*
— Juro que não ofendi eles nenhuma vez em Correrrio... Me segurei por muito tempo. – Lhe dou um selinho.
*Valiriano*
— Poderia fazer isso mais vezes... – Ele ri, depois fica me observando.
*Valiriano*
— Quando começaram as crises? – Encosto a minha testa no seu ombro. Começo a contar tudo o que aconteceu, tudo o que vi e que eu não estava conseguindo dormir, o quão difícil tinha se tornado suportar aquilo, mas mesmo assim, eu estava dando o máximo de mim, pelo nosso povo, pela nossa família, eu suportaria, eu lutaria e me manteria forte no campo de batalha, sem hesitar.
Ele mexe no meu cabelo, fica em silêncio por alguns minutos, está raciocinando tudo o que eu falei, logo beija o meu ombro e fala.
*Valiriano*
— Queria tanto poder tirar esse fardo de você e jogá-lo para mim... Não queria que tivesse que passar por tudo isso. – Encosto minha cabeça no peito dele.
— Você está cansada... – Ele se levanta e me mantém em seu colo, entrelaço minhas pernas nele e seguro em seu pescoço.
*Valiriano*
— Eu não consigo dormir direito... – Ele me coloca na cama e começa a retirar a roupa, ficando apenas com a calça.
*Valiriano*
— Ficarei aqui com você. – Ele deita e me puxa, me aninho em seu corpo. Aemond faz carinho em mim, o cansaço bate com força, mas tenho medo de fechar os olhos e lembrar daquele caos. — Não precisa se preocupar, estou aqui, meu amor. – Relaxo ao máximo e me entrego ao meu cansaço.
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Boa tardeeee❤️
Espero que estejam bem...
Não esqueçam de conferir se leram os outros capítulos, wattpad não tá entregando...
Gente, isso não é para todo mundo ok?
Antes de criticarem ela por surtar, por demonstrar fraqueza ou por tomar decisões impulsivas... Lembrem-se de que ela é muito nova, então, mesmo sendo filha de Rhaenyra e Daemon, ela vai cometer muitos erros... Então vamos ter calma com a nossa menina, ok? Amo todos❤️