4 dias depois do aviso de Correrrio
Isso não pode estar acontecendo, estamos no escuro em relação aos acontecimentos mais recentes, só sabemos que dois dos nossos foram capturados, o medo e a aflição só cresceram dentro de mim, parece que meu corpo está prestes a colapsar e eu não tenho tempo para isso, eu queria poder pegar Storm, ser imprudente e partir para Correrrio, mas isso seria sentenciar VilaVelha à queda, não posso fazer, fiz um juramento e irei proteger essa cidade.
Norvos começou a avançar, no caso, uma grande parte de seu exército, outra ainda guarda a sede, depois de mais alguns ataques, a defesa de Qohor caiu, ainda assim, não estamos em vantagem, já que para reduzi-los, não foram necessários só os dragões, precisávamos de ajuda e eles fizeram por terra, tem ficado cada vez mais perigoso atacar por cima, a cada cinco balistas que destruímos, aparecem mais sete. Quando tudo isso começou, eu pensei que era algo aterrorizante, pensei que a quantidade de corpos e de sangue espalhados pela Campina, eram de embrulhar o estômago, mas é porque eu não imaginei que chegaria ao ponto que está agora, por onde passamos há tripas por todos os lados, homens com partes faltando, seus gritos são agonizantes, eles imploram por misericórdia, imploram para nós matarmos eles, alguns corpos já estão podres, com bichos por todos os lados e outros completamente carbonizados, toda vez que tento descansar um pouco, acordo no susto em alguns minutos, não consigo mais dormir, o medo de invadirem nosso acampamento não me deixa relaxar, mesmo com a pouca vantagem que temos, ainda não consigo relaxar, toda vez que fecho os olhos, vejo corpos, sangue e ouço gritos.
— Você está bem? – Daeron pergunta.
— Sim, só um pouco preocupada. Tivemos mais alguma notícia de Correrrio? – Ele suspira e nega.
— Mas acho que se tivessem matado dois Targaryens, já saberíamos... Ele iriam se vangloriar disso. – Talvez, mas mesmo assim, meu coração está apertado, Rhaenys está lá, meus irmãos estão, meu pai, Aemond... Eu nem consegui dizer o que eu sentia, o que sinto e só de pensar na possibilidade de... Pelos Deuses, parece que vou... Eu não...
— Rhaenys, o que foi? – Começo a ficar ofegante, sinto um nó na minha garganta, meu corpo começa a tremer de leve, tudo parece estar girando.
— E-eu... Eu n-não consigo... – Coloco a mão no meu peito, meu coração está acelerado, me sinto fraca. — R-respirar, não dá. – Daeron segura em meus ombros.
— Rhaenys, olha para mim. – Eu fecho os olhos com força, mas a única coisa que vem na minha cabeça é morte, sangue e destruição. — Preciso que você olhe para mim. – Abro os olhos, mas parece que tudo em volta está se fechando, tudo está ficando tão pequeno. — Olha para mim, por favor. – Finalmente encontro aqueles olhos violetas. — Respira fundo, igual a mim, isso, puxa e solta devagar. Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. Isso, bem devagar. – Aos poucos vou me acalmando, sinto os braços de Daeron me envolverem em um abraço, ele faz carinho nas minhas costas, consigo respirar melhor e aquele nó dentro de mim se desfaz.
******
— Isso, se mantém firme, cuidado com os movimentos dos seus pés, eles tem que ser em conjunto com o seu corpo, se não isso... – Ele cruza sua espada na minha, girando ela e a fazendo se soltar de minha mão, jogando-a para longe, ele aponta a dele na minha garganta. — vai acontecer. Precisa ter controle total de seus movimentos, não pode se afobar ou esquecer de que na luta não se usa só os braços. Você melhorou muito desde o início de nossos treinos... – Sor Gusly finaliza o nosso treino.
— Se continuar assim, daqui a pouco nem vai precisar mais de Storm para te defender. – Sor Richter começa. — Sua evolução é nítida. Parabéns, menina. – Ele esfrega sua mão no meu cabelo. Richter e Gusly são os que mais me ensinam, estão o tempo todo corrigindo minha postura, minha defesa, meu ataque, graças a eles, eu até consegui sair viva de uma batalha em terra.
Pela manhã, alguns homens de Braavos conseguiram adentrar no acampamento, nosso flanco esquerdo tem estado muito frágil, tem sofrido ataques constantes, por sorte, nós agimos bem rápido, eu até protegi Baela que não tinha visto o ataque, agora ela não para de falar o quanto está orgulhosa, disse até que queria enviar um corvo para minha mãe, Ormund imediatamente disse um não gritando, depois continuou dizendo que era melhor Rhaenyra não saber de nada, por enquanto, se não ela mesmo grávida, viria até aqui só para matá-lo por deixar eu me arriscar assim, mesmo que seja inevitável em uma guerra, ele ficou insistindo "Você é a menininha da mamãe."
******
Dia seguinte
Entro na tenda principal, Ormund está tenso, Daeron parece que está prestes a matar um.
— Aegon e Lucerys. – É a única coisa que meu tio fala. Fico sem entender, Aegon está Porto Real e Lucerys em Correrrio, pela expressão dele parece até que os dois se mataram. Ormund repara a minha confusão e explica.
— Seu avô enviou Aegon para Correrrio. Os dois Targaryens capturados são Aegon e Lucerys. – Na mesma hora parece que um cratera se abriu bem aos meus pés, Baela entra e percebe que tem algo errado, Ormund explica e ela imediatamente se vira para mim.
— Ei, calma, vai ficar tudo bem, nosso pai deve ter algum plano... Ele não vai deixar nada acontecer com o Luke. – Ela me abraça. Ultimamente tenho tido alguns ataques de pânico, só por imaginar o que pode acontecer com as pessoas que eu mais amo, Baela e Daeron tentam me acalmar ao máximo, mas mesmo assim, é difícil, eu nem me lembro o que é conseguir dormir.
— Não falaram mais nada? – Daeron nega, antes que ele possa falar algo, Gusly entra na tenda.
— Nós estamos mortos, o exército é muito maior do que o nosso, eles tem o triplo dos nossos homens, pelo menos metade está bem de frente ao castelo de Tarly, se preparando para avançar, Qohor recuou para voltar com eles, nós estamos ferrados.
Passamos praticamente a manhã toda reunidos na tenda, traçando inúmeras estratégias, desde planos idiotas à planos suicidas, não estamos descartando nada, a desvantagem é nossa, eu imaginava que estavam em maior quantidade, mas não o triplo do que temos.
— Estou pensando em algo, mas é muito arriscado... – Ormund fala e senta, apoiando a cabeça nas mãos.
— Mas você acha que esse plano pode dar certo? – Ele me encara.
— Talvez, mas será muito arriscado para você, Baela e Daeron. – Olho para minha irmã.
— Explique seu plano, depois nós decidimos se vale a pena o risco ou não.
O plano de Ormund seria um elemento surpresa, eles sabem que nós atacamos com dois dragões, eu sempre tento distrair e Baela ataca, ou ao contrário, mas já estão mais espertos quanto a isso, mas eles se esquecem que nós temos Tessarion, já que Daeron está lutando em terra, isso seria uma vantagem para todos nós. A quantidade de balistas no castelo é absurda, para conseguir chegar perto, o dragão deve ser muito ágil, o montador deve ter total controle sobre ele, coisa que eu tenho sobre Storm. Baela atacaria o exército que já está posicionado junto com Qohor, isso chamaria a atenção deles e eu tentaria atacar a sede, com isso, eles não esperarão um ataque vindo de cima, é quase o que Baela e eu fizemos no início, mas dessa vez o risco é maior.
Mesmo que não estejam esperando mais um dragão, eles ainda posicionam balistas para todos os lados, isso seria arriscado para Daeron também, nós não teríamos como defender uns aos outros, cada um teria que se preocupar em desviar com o próprio dragão, porque se nós ficarmos perto demais uns dos outros, será mais fácil para acertar.
Se conseguíssemos desviar delas, ao nos aproximarmos das torres principais, poderíamos bater tanto Tessarion, quanto Storm, nelas e derruba-las, com isso, impediria a saída deles ou a entrada de ajuda, poderíamos queimá-los ali mesmo. O exército que cerca o castelo, seria atacado pelos nossos e Baela ajudaria eles. Em teoria é fácil e parece algo que já fizemos, parece tão simples, mas daquela vez eram em torno de oito balistas apontadas apenas para mim, no castelo tem pelo menos quinze delas, isso só as que estão de frente, lá dentro pode haver mais, no campo de batalha tem mais, eles vieram muito bem preparados, não era um plano premeditado, isso já foi arquitetado tem bastante tempo e por isso não tinham tanto medo dos dragões, só quiseram reduzi-los para facilitar esse trabalho.
******
— O risco é muito maior para você, sabe disso. – Baela começa a falar. — Rhaenys... Você tem certeza? – Me sento perto de Storm, olho para o meu dragão, que me olha fixamente.
— Sim, não podemos deixar que eles consigam tomar VilaVelha, essa é a nossa missão, proteger o nosso povo e é isso o que vou fazer. – Minha irmã se senta ao meu lado, encosta sua cabeça em meu ombro.
— Não sei o que faço da minha vida se... – Ela nem consegue terminar, encaixo minha mão na dela.
— Você sempre foi a minha melhor amiga, sabe, o meu grande exemplo, acho que sempre me espelhei muito em você... – Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto. — Se algo acontecer e eu... Quero que cuide deles, não permita que façam algo que causará arrependimentos no futuro, eu... – Baela levanta na mesma hora.
— Pare de falar em tom de despedida, você não vai morrer. Nós vamos voltar para casa juntas e não tem discussão. – Ela sai irritada, vejo Daeron encarando com uma expressão confusa, ele vem na minha direção.
— Aconteceu algo? – Assinto.
— Ela ficou irritada por eu estar me "despedindo". – Me levanto. — Fica aqui, vou pegar uma coisa.
Vou na direção da minha tenda, pego a carta com o brasão Targaryen que está em cima da mesinha e volto para Daeron.
Entrego na mão dele e digo:
— Se algo acontecer comigo, eu quero que entregue isso para ele... Faça-o ler, é importante, mas só se eu não sobreviver, se tudo ficar bem, você pode jogar fora. – Lhe dou um sorriso.
— Vou sair irritado igual Baela se você continuar fazendo isso. – Ele fala seriamente, mas logo gargalha. — Prometo que vou entregar a ele, caso aconteça algo com você... Mas ficarei muito feliz em jogar ela fora. – Abraço ele.
— Será arriscado para você também, tome muito cuidado, está bem? – Ele concorda e vai em direção ao Ormund.
Chego mais perto de Storm, passo a mão pela sua lateral.
*Valiriano*
— Nós faremos isso juntas, como se fôssemos uma só. – Encosto minha testa nela. — Sempre confiei minha vida a você, dessa vez não será diferente. – Ela se inclina mais ao meu toque, sinto nossa ligação forte, sei que ela também confia em mim, meu pai sempre esteve certo... Blackstorm nasceu para ser minha, foi feita para mim, não tenho dúvidas.
******
A primeira coisa que consigo ver é a forma como eles posicionaram as balistas, elas ficam em direções opostas, longe uma da outra, para que quando o dragão ataque uma, a outra dispare por trás, uma forma bem covarde de ataque, nem sendo rápida eu conseguiria desviar tão fácil, a visão não seria boa o suficiente. Baela segue atacando a primeira linha de Norvos, onde há uma fusão com as linhas restantes de Qohor, o nosso exército avança, mas a situação não parece boa, continuo avançando em direção ao castelo, quando chego mais próximo, já sou obrigada a desviar para não sermos atingidas, o intervalo está menor do que das outras vezes, por duas vezes, quase que me acertam, não Storm, a mira estava em mim.
Consigo ouvir os gritos de aviso, eles estão se preparando para avançar, mas antes, serão obrigados a me derrubar. Confiro se estou bem presa em Storm, preciso ganhar tempo para Daeron se ajustar ao novo "campo de batalha" dele.
Vejo uma das balistas engatilhada, pronta para me acertar, no momento em que ela é enviada para mim, faço Storm descer, quase que na direção dela, mas ela vira e fecha as asas, nos fazendo fluir melhor ao ar, ela passa por cima da minha cabeça, quando isso acontece, nós já estamos próximas de onde foi o tiro, vejo eles tentando engatilhar mais uma, mas não são rápidos o suficiente.
— DRACARYS. – O fogo não consome apenas a balista, ouço os gritos dos homens pegando fogo, se jogando ao chão para tentar apagar, outros correndo na direção de mais homens... Sinto Storm ficar tensa, parece estar nervosa, ou furiosa, não sei ao certo, ela começa a perder seu foco do castelo, talvez esteja sentindo Tessarion.
Subo mais e consigo ver mais a extensão da Campina, Ormund apelidou de "A Campina de sangue", já Gusly chama de "A Campina da morte", dois nomes extremamente bizarros, em pensar que a um tempo atrás, eu estava aqui em VilaVelha, apenas lendo e me reunindo com Meistres e Arquimeistres, ajudando aprendizes, buscando mais conhecimento e agora... Estou defendendo a cidade em uma sangrenta batalha, ainda não consigo acreditar que estamos aqui, ele só nós enviou porque realmente não tinha o que fazer.
Os homens da fortaleza Tarly começam a engatilhar mais balistas, vejo três sendo disparadas ao mesmo tempo, uma delas passa raspando em meu rosto, no susto eu consegui desviar um pouco, mas senti o sangue escorrer e uma outra passou raspando pela cauda de Storm, a fazendo rugir, dessa vez consegui enxergar os olhares assustados, o rugido dela pareceu fazer o mundo tremer, foi como o som de uma tempestade que estava a caminho, mas ninguém levou a sério e ela só se acumulou mais e mais, até que finalmente chegou, consegui sentir a ira que vibrou pelo meu dragão. Antes que eu pudesse controlá-la, ela desceu com toda sua força e velocidade, tentei fazê-la parar, mas dessa vez, Storm não quis me obedecer, a fúria a consumiu, ela sentiu que fui levemente ferida, não seria motivo para agir dessa forma, se ela não fosse tão protetora comigo, ela não quer me obedecer porque sente que precisa revidar o ataque, que precisa acabar com eles para me proteger.
Como se estivesse sentindo que era o momento, já que todos estão concentrados em Storm, vejo Daeron descer, sem cerimônia, Tessarion incendeia a ameia do castelo, Storm ataca as balistas, enquanto alguns se jogar por conta do fogo, outros tentam nos acertar, mas a fumaça intensa faz com que a visão fique ruim, Tessarion da a primeira porrada em uma das torres, fazendo-a quebrar na parte do topo, grandes escombros caem, vejo homens sendo esmagados, ordeno que Storm suba, dessa vez ela me obedece, indo na direção da torre contrária, batendo com força nela, dessa vez é a base dela que começa a fraquejar, ouço os homens gritarem para outro correrem, mas eles não tem nem tempo, Tessarion bate na mesma torre, a fazendo se desmontar e caindo pós toda a entrada principal, esmagando tanto quem está dentro, quanto quem está fora.
Subo mais ao leste do castelo e Storm queima os malditos, outra balista passa raspando por ela, o que atiça mais a sua fúria, ela da outro daquele rugido, sinto meu corpo vibrar e ela pousa bem no centro do pátio do castelo, queimando tudo em volta, mas nos deixando bastante expostas, os gritos pedindo por misericórdia só aumentam, ouço gritarem ordens para que me derrubem do "maldito dragão", ela sobe e consigo ver Tessarion batendo em outra torre, dessa vez ao sul do castelo, as balistas estão passando raspando nos dragões, está ficando mais perigoso, tento sinalizar para Daeron, acho melhor recuarmos, mas não consigo, já que em um momento de distração, sinto uma flecha atravessando o meu ombro direito, a maldita atravessou a proteção da armadura por conta da força e velocidade, sinto uma dor horrível, mas consigo me manter firme, puxo ela do meu ombro, o sangue começa a jorrar, subo mais com Storm, tentando sair do campo de visão deles, Daeron finalmente olha em minha direção e vê a situação, ele sinaliza para que retornemos ao acampamento e assim tentamos.
******
Boa tardeeeee❤️
Hoje foi mais longo heeeein...
Não esqueçam de conferir se leram os de ontem, postei um cedo e um de madrugada, vão conferir.
Se tiver algum erro, é porque eu não revisei direito, tô com um pouco de dor de cabeça, mas eu queria postar esse logo, então dei só uma revisada rápida...