A Ascensão das Chamas Escarla...

By Rineirows

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Em meio a um golpe militar, a família do mercenário Alex Thorns é aniquilada por um assassino misterioso. Min... More

*•.¸✧ ANTES DE LER ✧¸.•*
*•. EXTRAS .•*
*• GLOSSÁRIO •*
• DEDICATÓRIA •
Prólogo
✧ Brasa ✧
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19

Capítulo 1

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By Rineirows

Faz pouco menos de seis meses que toda Cortom virou de cabeça para baixo, e a cada segundo que se passava, mais eu preferiria que aquela bala tivesse acertado a minha cabeça. Naquele dia, além de minha família ter sido massacrada, a metrópole foi à ruína.

Crianças eram mortas, mulheres estupradas e conjuntos habitacionais simplesmente destruídos por todos os métodos imagináveis. Cortom era uma cidade-estado independente, até ser devastada pela Levihart, uma organização governamental transnacional.

As ruas foram invadidas por milhares de soldados armados, mísseis e tanques de guerra. Segundo eles, todos que fazem parte de "minorias" são pessoas impuras, destinadas a morrer pelos seus métodos desumanos.

Neste dia, a máfia resolveu ser a heroína e começou a abrigar os perseguidos.

A Fulehart sempre foi um grupo paramilitar "famoso" nas comunidades. Eles nos protegiam em troca do seu controle quase abusivo. Atualmente, nos tornamos a resistência contra o estado.

Meu irmão conseguiu salvar a mim e a Yuli naquele dia. Ele estava voltando do quartel da Fulehart, já que faz parte dela há um tempo. Porém, apesar de estar vivo, não consegui fugir daquele disparo.

A máfia me socorreu. Fui forçado a trabalhar para a facção, onde, desde então, treino para ser agente de reconhecimento. Trataram da ferida por semanas, no entanto, ainda não me sinto curado.

Mesmo que o tiro tenha sido há tanto tempo, ainda tenho a sensação de minha barriga estar perfurada. Foi um milagre não ter morrido.

Acho que agora você entendeu o porquê de eu preferir arrebentar o meu braço na infância.

Hoje é 15 de março. Ainda são 7:00, acordei cedo devido ao teste avaliativo. Esqueci completamente disso até ontem de madrugada, só relembrei quando vi Yuli se matando de estudar.

Um cheiro azedo relaxante paira pelo local. Estamos no outono e na estação lunar da aurora. Particularmente, a minha época preferida.

Alguns fios prateados atravessam o horizonte que cerca o teto, dando abertura para um grande relógio que sombreia parcialmente todo o salão. O som do ponteiro se movendo vagarosamente já se tornou comum.

A arquitetura daqui é antiga, porém tem um design de interiores refinado. Transparece a mistura de diversas tecnologias ao nosso alcance. A estrela de Fules está presente em todos os cantos, sendo a marca da facção, simbolizando o equilíbrio entre o caos e a ordem.

Estou no refeitório do quartel da Fulehart, mais conhecido como "Mixelis", sendo o local onde moro desde o golpe. Coloco no prato um pão com manteiga, junto a um copo de café com leite quente.

Vou até a mesa que sempre fico, no canto inferior direito, onde há outras três pessoas sentadas: Yuli, Toli e Noah. Algumas das poucas razões para eu continuar vivendo.

Utilizamos o uniforme padrão da Fulehart. Preto e prateado são cores predominantes. É formado por um kit de compressão projetado para nossos objetivos, formado por camisas, manguitos ou meias. Por razões de força maior, utilizo quase tudo.

Me recuso a parecer uma salsicha embalada a vácuo.

Ajeito minha jaqueta de manga curta quando sento na cadeira. Desgrudo um cacho molhado e cheio de creme da testa. Tomo um gole do café, o que queima minha língua. Faço uma careta quando ponho a bandeja na bancada.

Sento ao lado de Toli, no único lugar vago. Está fazendo um bico, enquanto apoiava seu queixo na prótese de braço. Os seus brilhantes olhos cor de avelã estão fixos num pão espatifado no chão. Seu cabelo loiro ondulado escorre sobre sua testa. Ele é como um dilúvio de areia dourada.

Apesar de ser "ilegal", Toli sempre anda com seu moletom amarelo por aí, contrariando as normas. Ele é tão cabeça dura que obrigou os oficiais a fazerem testes científicos provando que ele luta melhor com sua peça de roupa favorita.

Na sua frente, Yuli dá gargalhadas enquanto engole uma fatia de bolo de Bagal, um sabor delicioso e salgado. Seus olhos refletem inteligência, fervor e um brilho esmeralda, se sobressaindo entre seus fios castanhos alourados.

Em quesito de aparência, ela seria somente mais um rosto no meio dos puros, mas, onde apenas excêntricos habitam, Yuli é conhecida como esquisita.

Por vários motivos, eu sou taxado como um impuro. Sou caçado pela minha existência. Se pisar no centro da cidade agora, serei alvejado pelos "puros" que moram lá. Este tempo escondido não foi uma opção, e sim uma questão de sobrevivência.

Sua roupa é estilizada dentro do possível. Seu zíper fechado pela metade faz uma manga de seu casaco cair dos ombros. Luvas de algodão com estrelas prateadas e diversos cintos de utilidade transversais decoram sua roupa.

Já Noah está tapando o riso com suas mãos enfaixadas. Ele é uma junção de gentileza, disciplina e flocos de neve matutinos. Seus olhos glaciais refletem uma alma doce e afetuosa. Cabelo prateado tampa um pouco de sua visão, o que o faz sempre ficar arrumando a sua franja. Seu corpo musculoso e treinado contrasta com a sua pacificidade.

Ah, agora o detalhe mais importante sobre mim.

Eu odeio usar calças. Shorts acima do joelho são bem melhores. Porém, não quero ser fora da lei como Toli.

Quando os encaro, simplesmente faço a coisa mais lógica e empática que qualquer pessoa poderia fazer. Ri da cara dele.

— Belo jeito de começar o dia. — Me abaixo e pego o pão, que continua sujo devido ao chão mal lavado. Os olhos esmeralda de Yuli me encaram junto a um sorriso sarcástico.

— Pode comer, Alex. Você é um porco por natureza mesmo. É a definição do que os civis pensam dos impuros.

Top 10 patadas atualizadas pós-golpe.

É um amor fraternal, coisa básica, essa é nossa brincadeira, bem tranquila, cotidiana, com piadas para crianças.

— Ao menos não tenho que me preocupar em me engasgar com meu próprio veneno, sua jiboia de peruca oxigenada.

Como disse, brincadeiras extremamente tranquilas.

Encaramo-nos e rimos como sempre, mas Noah continua preocupado com algo.

— O que aconteceu, amigo? — Meu tratamento com Noah é totalmente diferente do que com os outros.

— Uma pessoa esbarrou no Toli quando ele estava vindo se sentar. — Já entendi o que aconteceu.

A voz de Noah tem um tom aveludado. Um breve sotaque de Pollux, e uma dicção bem mais polida do que a de todos nós. Particularmente, considero muito simpático.

— Ele deve estar pensando em mil formas de se vingar.

Toli continua olhando para o chão sujo de manteiga, perplexo. Ele é gente fina, mesmo tendo horas que emite uma energia arrogante. É um bom garoto, pelo menos com a gente. Tem uns surtos psicóticos de vez em quando, mas já estamos acostumados.

De início, pensávamos que não podia fazer nada por ser magrinho e baixinho. Esse foi nosso maior erro. Ele é totalmente o oposto de Noah.

— Quem foi? — Ele pergunta, com os olhos vidrados, se movendo lentamente para Noah. — Quem foi?

Vi Noah se tremendo do fio do cabelo até o dedão. Sei que dali para a frente o resultado não vai ser ótimo. Pego meu pão e começo a comer, afinal, toda briga tem que ter uma plateia, e toda plateia necessita estar alimentada.

— Bom... — Noah fecha seus olhos antes de falar, seus cabelos lisos grisalhos caem sobre seus olhos, enquanto ele aponta para uma direção. — Foi Lanna.

Agora as coisas vão ficar boas de verdade! Lanna é a namorada da Yuli, e, bom, se Toli tentar por algum motivo mirabolante confrontar ela, vai ter barraco.

Adoro uma briga. Quando não estou envolvido, é óbvio.

Toli se levanta e anda em direção à mesa onde Lanna está sentada. Ela é como uma ilusão de tantos traços perfeitos. É como um amontoado de cachos impecáveis, bom senso crítico e beleza tão magnífica quanto as pedras preciosas de Mileth.

Está com o cabelo preso, misturando seus fios castanhos com as mechas vermelhas. Sei que é difícil cuidar de cabelo cacheado de manhã. Digo isso por experiência própria. Tem uma maquiagem característica no rosto, a qual somente funciona com seu rosto. Seu corta-vento está aberto acima de um cropped, de um jeito mais desleixado.

Uma garota chamada Vênus está ao seu lado. Seus cabelos crespos e cheios acompanham um corpo atlético. Ela utiliza acessórios em excesso, incluindo anéis, colares brilhantes e brincos enormes. Apesar do excesso de apetrechos, não usa o corta-vento. É linda, mas insuportável.

Toli logo começa a falar, mas sua expressão muda de irritada para doce e tranquila em questão de centésimos. Me decepcionei por não ter a oportunidade de assistir à briga.

— Lanna! — Ele abre um largo sorriso, não sei se é genuíno ou pura falsidade. — Você esbarrou em mim mais cedo e derrubou meu pão no chão. Você pode ir...

Antes de ele terminar a frase, ela responde:

— Não. — Ok, eu já esperava que ela dissesse isso. — É a terceira vez nessa semana que você deixa sua mão mole derrubar o pão.

— Agora as coisas vão ficar boas de verdade. — Vênus se apoia na mesa e põe a mão no queixo.

É a primeira vez que concordo com algo que ela diz. Adoro um babado.

— Beleza — Toli dá um falso passo para trás, e nesse movimento, pega o iogurte que Lanna estava tomando. — Então posso beber seu iogurte, certo? Uma troca justa.

— Mulher, um moleque de 1,60 está querendo te peitar! É só meter um peteleco nele!

Apesar de Toli ser meu amigo, eu concordo novamente com Vênus.

— Me devolve em dois segundos ou levarei seu braço junto.

Sei que eles não estão falando sério. Se ela tentasse machucar Toli, viria uma expulsão da facção e Yuli terminaria seu relacionamento. E eu tenho certeza de que ela não quer largar minha prima.

Ele devolve o iogurte para a mesa, mas mesmo assim senta ao seu lado. O meu sorriso está tapado com a caneca, para não verem que eu estava rindo que nem uma hiena.

Eles trocam olhares, os mais frios que já pude ver — só não se comparam aos olhos de Noah quando ele está em combate. Depois, Lanna rasga seu pão na metade, dando o outro pedaço para Toli, que abre um sorriso sincero.

Eles são bons amigos. Lanna pode ser um pouco agressiva às vezes, mas com certeza é uma das melhores pessoas que já conheci. Apesar de haver momentos em que pode simplesmente acabar com sua sanidade mental mediante palavras, ela é gente boa.

— Poxa, nenhuma puxada de cabelo!? — Vênus diz, indignada — Decepcionante...

Olho para Yuli e para Noah, vejo que soltaram um suspiro. Com certeza estavam preocupados se Toli arranjaria confusão com Lanna, mesmo sabendo que os tons de intimidadores de ambos são apenas ameaças que nunca se realizarão.

— Graças a Lique! — Fala Noah, citando o nome da deusa de sua religião. — Já vou avisando que na próxima vez que tiver alguma coisa desse tipo, eu vou vazar daqui e não volto mais.

— Leve a Yuli com você, deixar essa praga fora da minha visão vai melhorar muito minha vida. — Eu e ela rimos simultaneamente.

— Cala a boca, pobre miserável. — Ambas dizem simultaneamente.

Essa doeu, mesmo levando em conta que todos nós somos igualmente lascados.

Exatamente quando elas acabam de falar, o sinal toca. É uma sirene muito alta indicando que é hora do teste. Todos do refeitório se levantam e a maioria joga os restos de comida no lixo. Toli demonstra um olhar de desprezo a todos que fizeram isso.

────────────── ⋆⋅✧⋅⋆ ──────────────

A medida que saímos do prédio, as grandes portas duplas se abrem para revelar um mundo ao ar livre repleto de contrastes. O aroma fresco do gramado cortado paira no ar. O sabor do café com leite quente ainda persiste, uma memória do café da manhã no refeitório.

Um antigo campo esportivo se estende diante de nós, um tapete verde cortado por árvores ao fundo, formando uma barreira natural que oculta nossa localização. A brisa suave acaricia minha pele.

As arquibancadas antigas agora servem como plataforma para dezenas de fugitivos do governo, todos habilidosos na manipulação da matéria. Sim, você ouviu direito: manipulação da matéria! Quando mencionei que a Fulehart tem métodos de combate bizarros, não estava brincando.

Vale ressaltar que, embora seja crucial para minha sobrevivência, também drena minha vida aos poucos.

No topo de uma pequena elevação, destaca-se uma mulher com olhos de ônix, cabelos castanhos acobreados e um uniforme que se destaca. Uma mistura de genialidade, distração e pensamentos científicos constantes.

Sua vestimenta é uma ruptura do uniforme padrão, uma camisa social preta com uma gravata de modelagem ousada, uma saia que destoa do comum, e uma jaqueta corta-vento que lembra um jaleco de laboratório. Uma bolsa de ombro pendura-se de forma casual, enquanto dezenas de granadas adornam seu cinto.

Ela é a oficial do conhecimento, Crystal. Após consertar seus óculos inúmeras vezes, ela abre a boca com um sorriso largo e solta um grito.

— Bom dia, companheiros! — Só dia, porque de bom não tem nada — Começaremos hoje o nosso teste para utilização de MAO!

Suspiros de alívio ecoam ao nosso redor. A maioria parece gostar desse tipo de teste, mas minha reação é oposta à de todos os outros. Uma onda de arrepios percorre minha espinha, mais incômoda do que nunca. Para mim, esse treinamento é mais doloroso do que qualquer outra coisa.

— Vocês já conhecem a parte teórica, então quero que todos se dirijam à área florestal.

Posso ver o brilho nos olhos de Yuli desaparecendo. Sua madrugada de estudos parece ter sido em vão. Um gosto amargo de nervosismo enche minha boca quando Crystal anuncia o início do teste.

— Em grupos de quatro pessoas cada, vocês terão que roubar ou encontrar cartelas. Cada membro da equipe já tem uma originalmente; são necessárias 6 cartelas por equipe para passar no teste, sem mais nem menos! Existem 4 bases com 1 cartela cada. Roubos são permitidos, mas ferimentos graves e permanentes resultarão em suspensão da Fulehart. Terão o limite de tempo de 2 horas. LIBERADOS!

Agora, estou verdadeiramente animado.

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