Terra Proibida - Essência

By EvaSans86

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Em um entrelaçar de passado e presente, mergulhe em uma trama que desafia os limites da razão e da sanidade... More

Nota da Autora
[Agora] A queda
[45 anos atrás] A proposta
Cap. 1 - Sentimentos Ocultos
Cap. 2 - Tormenta
Cap. 3 - Ecos do Passado
Cap.4 - A medalha
Cap. 5 - Revelação
Cap.6 - O nada
Cap. 7 - Oráculo
Cap. 8 - Isadora Moraes
Cap. 9 - Elizabeth Detzel
Cap. 10 - Segredos ao pôr do sol
Cap. 11 - Sangue quente
[45 anos atrás] A Alma à venda
[45 anos atrás] A casca
[Agora] O Salto
Cap. 12 - Despertar
Cap. 13 - O Animal que me tornei
Cap. 15 - Feito de lágrimas e cinzas
[45 anos atrás] Ninguém se lembrou
[45 anos atrás] Inferno
[45 anos atrás] Quando todos os homens falharam
[45 anos atrás] Mais que morrer
[45 anos atrás] Seus pensamentos
[45 anos atrás] Miserável
[45 anos atrás] Esse tipo de amor...
Cap. 16 - Versões de uma mulher
Cap. 17 - A casa
Cap. 18 - Terceira morte
Cap. 19 - Primeira vida
Cap. 20 - Alguém tem que morrer
Cap. 21 - Sete Palmos
Cap. 22 - O Centro do Universo
Cap. 23 - Essência

Cap. 14 - Presente de grego

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By EvaSans86

Alguns deles querem te usar

Alguns deles querem ser usados por você

Alguns deles querem abusar de você

Alguns deles querem ser abusados

[Sweet Dreams]


Uma calma assustadora.

No presídio, o silêncio tomava lugar onde o barulho era comum.

Ao verem Benício ser escoltado até a solitária naquela manhã, os detentos não sabiam se estavam diante de um homem ou um macabro serial killer.

Os carcereiros tentavam fazer com que ele abaixasse a cabeça, porém, erguido ele continuava. Os cacetetes com os quais o batiam pareciam não surtir efeito algum naquela pele. A sua volta era tomada por uma energia sombria, pesada e todos os homens sentiram a atmosfera mais densa, como presságio de que novas mortes estavam por vir caso não cessassem as investidas contra ele.

Não havia humanidade em seu olhar.

Ao ser interrogado pelos policiais que investigavam o caso naquela manhã, sobre o porquê da chacina que protagonizou, Benício respondeu apenas:

— Eu precisava dar motivos reais a vocês para me manterem aqui. Eu não matei a Olívia, mas posso dizer com propriedade que matei cada um daqueles homens. O porquê? - um sorriso sarcástico e olhos aparentemente vitrificados encarando o nada - Perguntem ao meu advogado.

Na solitária, completamente isolado, aquele foi o melhor sono que Benício teve em anos.

Dormiu todo o tanto que pode.

Diego não estava lá, era como se nunca houvesse existido e qualquer sentimento de culpa era substituído por "antes eles, do que eu".

Benício também podia ser cruel quando necessário, esse era seu traço tóxico. Traço que seu pai administrou perfeitamente quando era criança e que agora corria solto. Embora estivesse preso, sentia-se estranhamente livre. De qualquer forma, para ele, sua vida já tinha sido arruinada, o que fizesse ou deixasse de fazer não mudaria nada. Tinha plena consciência de que tinha lascado com todo o trabalho de Henri. Mas o que podia fazer? Era matar ou morrer. Dessa vez queria ver o quão bom o primo era como advogado. Afinal, tudo não passou da mais pura legítima defesa e cabia a ele provar.

Mas... e se não desse certo? E se outra ameaça surgisse? E se nunca mais voltasse a ser livre? e se? E se... Eram tantos "e se's" que Benício sentia o desespero voltar a cada possibilidade que imaginava. Nunca pensou que, algum dia, sentiria falta de Diego e seu humor sombrio.

— Queria só ver se você ia conseguir mesmo me tirar daqui em cinco minutos, grande Diego Del Toro. - falou para o nada, dentro da solitária.

Sentia não só falta de Diego, mas também de um gravador. Dessa vez, pensou ele, não mais pesadelos, mas terror concreto. Cogitou como seria a sua nova fase de gravações e suas nomenclaturas, organizou mentalmente os "capítulos" e ao se dedicar a essa ideia, todo desconforto e desespero foram sumindo.

Quando cansou de organizar as ideias, lhe veio à mente que era importante colocar o físico em dia, pois quando saísse dali, sabe-se lá quantas pessoas teria que matar? Tinha certeza que agora, muita gente o queria morto.

Esse pensamento o assustou. Mas não o limitou. Algo em seu íntimo estava sedento por vingança e certamente começaria por Isadora, pois, nem ele, que era alvo do ciúmes de Olívia, tinha motivos para matá-la ou vontade de querê-la morta, então, porque cargas d'água, Isadora a matou? Não teria sido mais irritante fazer com que a rival se sentisse ignorada?

Ahhhh garota, eu vou te desestruturar.

Quando se tratava de vingança, na cabeça de Benício, a morte era uma verdadeira benção. Odiava admitir que, quando atiçado, era bastante vingativo e agora com seu lado macabro à solta, bastava se dedicar à estratégia.

Fez um organograma mental de tudo o que precisava descobrir sobre Isadora, já deduzindo que todas as informações que ela tinha soltado nas conversas via whatsapp e durante o encontro eram mentiras, a única coisa que poderia julgar ser verdade era que ela e Anita se conheciam. Mas isso já tinha dividido com Henri e ele, com toda certeza já tinha descoberto bastante coisa, o problema era que, como péssimo mentiroso que Henri era, estava tentando fingir que não sabia nada além do que conversavam.

Considerou uma verdadeira pena o grande Hórus também estar preso, embora o hacker fosse sair muito antes que ele da prisão, sentia uma ponta de inveja.

A cada flexão que fazia, dentro da pequena e abafada cela, Benício se via torturando Isadora. Por um momento achou extremamente confortável a sensação de ódio. Estranhamente era como se fosse um de seus sentimentos default.

No meio de conjecturas, pensamentos dissonantes, meditações, yoga e um sono perfeito, os quinze dias de solitária passaram voando.

Quando os carcereiros o moveram da solitária de volta para sua cela, seus companheiros desviavam o olhar e evitavam cruzar seu caminho. No pátio, apenas uma pessoa se atreveu a chegar perto dele.

— Wallace, eu tenho um serviço pra você. - Disse Benício quando Wallace se aproximou.

— Serviço? Aposto que agora a senhora quer sal rosa do Himalaia pra espantar o Diego? - Disse colocando a mão na cintura, exalando toda uma energia "bicha pare!".

— Não, Diego não me afeta mais. Você vai sair daqui em breve, quero que encontre tudo sobre algumas pessoas. - Ofereceu um cigarro a Wallace que prontamente, pegou e levou a boca.

— Agora estou todo ouvidos. Nomes.

— Isadora Moraes e Anita Stier. - Benício acendeu o cigarro de Wallace e em seguida o próprio.

— Anita... como diz Henri, a puta loira. - torceu os lábios. - o senhor deveria saber muito mais do que eu nesse caso.

— O que eu sei não adianta nada. Era basicamente sexo. Conversas efêmeras e mais sexo.

— Conversas efêmeras... - repetiu a fala de Benício finalizando com um muxoxo em negação - Essas "conversas" é por onde sacamos informações importantes. Pulei essa fase e olha onde estou?

— Como eu deveria saber? Eu sempre estive com a mesma pessoa, quando pulei a cerca de verdade, olha no que deu!

— Ah, Benício, pare! Com essa tua cara de sonso, tu quer que eu acredite que tu ficou quase vinte anos, com uma única pessoa?

— Uai? Fiquei! Nós namoramos dez anos e moramos juntos por mais quase dez anos. Ela foi minha primeira em tudo e até conhecer a Anita eu nunca tive a necessidade de me relacionar com outra mulher que não fosse a minha.

— Gente... Então porquê que a Olívia tinha tanto ciúmes?

— Acho que justamente por eu não estar interessado em outras pessoas e os maridos, namorados e afins das amigas estarem sempre aprontando, ela concluiu que eu também fazia merda, só que escondia muito bem.

— Mas sério mesmo?

— Só beijei outra mulher quando a gente deu um tempo no ensino médio e não passou disso.

— To passada. Eu já perdi as contas de com quantas pessoas eu já fiquei. - ponderou - nesse tempo todo, antes da presença de Anita, você nunca se apaixonou por outras? Ou desejou?

— O que você considera como paixão e desejo?

— Um desejo ardente de estar com outra pessoa, não conseguir parar de pensar nela, sentir ciúmes, se sentir extremamente feliz, mesmo que só com um pingo de atenção, ou profundamente triste se ignorado, sonhar com a pessoa, sabe?

— Interessante. - Benício mordia o lábio pensativo. - A pessoa que me despertava esses sentimentos está fora do meu alcance.

— Despertava?

— Ainda desperta, mas em uma intensidade bem menor. Acho que o que me afetava mais era a puberdade.

Wallace percebeu uma ligeira mudança de postura em Benício. O olhar dele trazia um certo mistério, a forma como se encostava no muro e tragava o cigarro soltando a fumaça pra cima era envolta em sensualidade.

— Eu tenho ciúmes de duas pessoas nesta vida: meu pai e a tia Elizabeth.

— Engraçado, de todo esse tempo que estamos aqui, essa é a primeira conversa que tenho com você lúcido!

— Só matei quinze pra colocar a cabeça no lugar. - disse com um sorriso enigmático.


Henri Speltri

Quando soube que o irmão tinha matado sozinho apenas quinze pessoas, Henri achou que ia enfartar. Não sabia se ficava feliz por Beni estar vivo ou se ficava puto por todo seu esforço em coletar provas para inocentá-lo ter ido pelo ralo.

Quase bateu o carro. Quase atropelou velhinhos e quase passou por cima de um cachorro, tamanho atordoamento.

Deixa eu parar e respirar, por que senão, quem vai terminar preso ou internado sou eu.

Defender Benício estava se tornando uma tarefa muito mais difícil do que tinha imaginado. Nunca quis tanto que ele ficasse em isolamento, assim, pelo menos, estaria por quinze dias livre de encrenca. Quando contou ao pai a façanha do irmão, ficou embasbacado com a reação de Raul. Parecia até que ele estava esperando que algo do tipo acontecesse.

— Pelo menos meu filho ainda está vivo.

Será que um dia se acostumaria com o alvoroço que sua vida tinha virado desde que o irmão e Wallace foram presos? Precisava de bolinhas para manter a calma, mas o para seu desespero, o psiquiatra estava preso.

Além de toda essa confusão, ele mesmo estava passando por experiências um tanto quanto curiosas: As pessoas a sua volta estavam sendo sinceras demais. Sinceras a nível de cometerem "sincericídios".

Quando cumprimentou um conhecido perguntando com um inocente "tudo bem?", teve que ouvir o cara contar durante quase uma hora sobre um turbilhão de problemas que estava passando, com riqueza de detalhes. Quando foi comprar um terno novo em uma loja, perguntou a atendente se estava bonito e a mulher respondeu que ele estava tão lindo que transaria com ele no provador no mesmo instante se ele quisesse. Absolutamente tudo o que perguntava verbalmente para qualquer pessoa vinha com as respostas mais sinceras que já tinha ouvido na vida. Para o bem e para o mal, ouvir a verdade nem sempre era legal. Pequenas doses de mentira ou omissões facilitam a vida e muito.

Parece até que injetaram soro da verdade nesse povo... eu hein? bizarro!

Embora fosse extremamente comunicativo, Henri era observador e percebeu que essa mudança de comportamento das pessoas diante às suas perguntas aconteceu depois da maldita festa gratiluz, festa da qual não recordava absolutamente nada. Decidiu começar a investigar mais sobre isso e a única pessoa que poderia ligar esses pontos que estavam desconexos aparentemente era Júlia.

Acontece que ele não queria falar com a Júlia.

Se esperneou, se xingou, deu leves soquinhos na cabeça, e até essa falta de vontade de falar com a Júlia lhe acendeu um alerta. Se estava lidando com seres sobrenaturais, como havia presumido junto com o pai, eles poderiam ter facilmente mexido em sua cabeça. Tomou coragem, pegou o celular e discou o número da ex.

Foi atendido de primeira

— Oi Jú....

Henri! Finalmente!

— Oi?

Vamos conversar? Espero que dessa vez não bata com a porta na minha cara.

— Ok... - estava chocado.

Estou indo na sua casa...

— Mas já?

Já! Chego em quinze minutos.

Quando Júlia chegou, Henri a observou olhar para o interior do apartamento deslumbrada. Ela passou o dedo em um dos móveis.

— Estou chocada, essa é a primeira vez que venho na sua casa e está limpa, e o melhor, sem cheiro de cigarro!

— Não seja por isso. Ando fumando isso aqui - Mostrou para ela um vaper. Que logo foi tomado de sua mão e jogado no lixo.

— Você pirou? Isso é milhões de vezes pior!

— Júlia, eu não estou afim de brigar ou ser criticado, vamos conversar?

— Vamos. O que você quer saber? Mas antes, me dá um abraço! - ela estendeu os braços para que ele se aproximasse, quando Henri a alcançou, ela o apertou tão forte ao ponto dele levar um susto achando que ela ia quebrar suas costelas. Se soltou igual um gato arisco.

— O que aconteceu na festa que eu não me lembro? - disse ele esbaforido.

— Eu pensei que você tinha morrido! - Júlia desabava em lágrimas. Henri reticente a abraçou outra vez. - nunca agradeci tanto a Deus por você ser um stalker maldito!

— Quase morri? Como assim?

Júlia contou a ele tudo o que tinha acontecido e ele ouvia tudo pasmo.

— Como eu esqueci de tudo e você não?

— Sabe a minha ex namorada? Ela não é humana.

— Péra! Você sabia  o tempo todo que a Anita é uma vampira?

— Sim... mas eu achava que era piração minha...

— Ela te mordeu?

— Não, nunca. Por isso eu achava que era apenas viagem minha...

Henri fazia dos cabelos esculturas, cogitou estar sob influência de drogas pesadas para estar realmente acreditando em tudo o que ouvia.

— Sabe aquele chá que eu tomo sempre que você dizia ter um sabor muito esquisito? - Henri assentiu, o sabor daquele chá estava numa escala depois do ruim para ser esquecido. Julia continuou. - Quando eu era criança, minha avó me fazia beber dizendo que era pros "bicho ruim" não me enganarem e não me comerem, porque meu sabor seria terrível.

— A tirar pelo sabor do chá, tu deve ter um gosto ruim da porra!

— Henri!!!

— esterco deve ser mais gostoso!

— Para! - ele conseguiu arrancar um sorriso dela. - Me acostumei a tomar com o chá, porque era uma forma de lembrar dela, que Deus a tenha. Depois de tudo o que aconteceu, pesquisei nos livros de receitas que ela guardava e achei o real uso do chá, como, também o de outras ervas.

— Tua vó era benzedeira, pelo que me lembro.

— Sim.

— Ju, se tu sempre soube que a puta loira era uma vampira e que ela podia te fazer esquecer das coisas, porque continuou com ela? E mais, sobre as fotos que você mostrou pra Olívia, você sabia que podia não ser o Beni, não sabia?

— Sim. - Júlia deu um suspiro pesado. - antes eu não tivesse deixado ela ver.

— Então, por que deixou? Ela era sua melhor amiga!

— Sim! E me arrependo amargamente! Eu tava com ódio Henri! Eu também tava me achando corna! E o pior, sem nunca ter procurado nada!

— Puta que pariu, hein Ju!?

— Henri, você não tem noção, do que é perseguir o Benício com a Olívia no mínimo umas sete vezes no mês! Ela fingia pra ele que tava se controlando, tomando os remédios e indo a terapia, mas não. E eu, por ser amiga dela, tentei amenizar, mas eu não podia deixar ela sozinha, sabe-se lá o que ela faria?

— Só piora, meu pai eterno!

— Sabe o que era pior? Toda vez que seguíamos o Beni, ele ia pra algum bar, ficar sentado sozinho tomando whisky. Ou ele ia pra alguma biblioteca, ou ele ia meditar, ia pro cinema e meu deus que gosto péssimo pra filmes! Ele era praticamente um buda!

— Caralho, o Beni só queria um pouco de paz! Óbvio que ele sabia que tava sendo seguido! Ele não é otário! O Bê adora ficar um tempinho sozinho. E trair a Olívia? O Bê é preguiçoso demais pra essas coisas!

— E como ele chegou até a Anita?

— ai. - Henri, bagunçava ainda mais os cabelos. Esfregava as têmporas. Mordia os lábios. - Ju, nós literalmente ferramos a vida das pessoas que mais gostamos. Eu levei ele até a Anita.

— Uma morta e o outro preso. Que dupla nós somos!

Depois de ponderarem bastante sobre o que fariam dalí pra frente, Henri e Júlia tomaram uma decisão. Mas primeiro, ele ia se empanturrar do maldito chá pra não esquecer absolutamente nada. E em segundo, ia fazer Anita falar. A faria contar tudo até seus segredos mais íntimos.


Raul Speltri

Era noite.

Em um terreno baldio, Raul se preparava para realizar o estranho pedido do filho.

Naquela manhã tinha ido visitar Benício, aproveitando que ele tinha sido liberado do isolamento. Quando o viu, o abraçou como se o abraçasse ainda criança. Ele estava com saudade do filho. Estava preocupado. Estava com medo.

— Papai. - disse Benício com a voz embargada se aninhando a ele enquanto chorava. - Eu não queria te decepcionar tanto.

— Filhote. Você só me decepcionaria caso morresse. - apertou ainda mais o abraço.

— Eu pensei que você não viria mais. Que me abandonaria já que não sou mais perfeito.

— Benicio, você não precisa ser perfeito! você sabe o quanto eu e sua mãe sofremos até ter você? Então resista e sobreviva! O que não te mata te faz mais forte. No fundo estou orgulhoso por você saber se defender. Sinal que pelo menos as aulas que você não cabulou serviram pra algo.

Sentiu o filho relaxar um pouco. Benício costumava fugir das aulas de artes marciais para ir dormir com Olívia na adolescência e isso deixava Raul furioso. Não só por que o rapazinho matava aulas, mas por que fazia Henri mentir o acobertando.

Benício lhe contou tudo o que fez. Cada detalhe. E em sua mente Raul se lembrava das histórias que ouvia vez ou outra sobre Diego.

Sentados em um banco, após o filho ter contado sobre a experiência da solitária e confirmado ainda mais suas suspeitas sobre o sobrenatural, sentiu por um momento que não mais falava com Benício, mas sim com o próprio Diego Del Toro.

— Pai. - disse Diego. - preciso que me faça um pequeno favor.

Os olhos de Raul se arregalaram ao ouvir a mudança de entonação na voz do filho. Sentiu um arrepio na nuca. Não sabia como reagir. A atmosfera parecia rarefeita.

— Sabe aquela estrada de chão batido que passávamos durante as trilhas de motocross rumo a Formosa?

— Sei. - disse engolindo em seco, seu corpo enrijeceu.

— Preciso que deixe uma mensagem pra mim lá.

— E o que seria essa mensagem? - a voz saia rouca, reticente.

— É melhor que você não saiba Raul, ou melhor, - se corrigiu. - pai. Quando você sair daqui, ligue neste número. - Diego entregou um papelzinho para Raul. - Diga que Diego Del Toro deseja a melhor cachaça que ele tiver e que precisa ser entregue na sua casa antes das dezenove horas. Tá vendo esse desenho? - Diego agora marcava o chão com um pedaço de pedra. - Tem ele um pouco maior desenhado no terreno próximo a casa uma abandonada, aquela que eu sempre paro para aliviar. Leve gasolina, faça uma fogueira no centro e coloque fogo. Deixe a cachaça lá e vá embora. Em hipótese alguma olhe para trás.

Naquela noite, envolto pela escuridão enquanto se preparava para acender a fogueira, Raul sentia o intestino se contorcer de nervosismo e o suor escorrendo frio. Era sem dúvidas uma missão horrenda, mas estava fazendo conforme o prometido. Diego não era uma pessoa de brincadeiras e pelo visto sabia muito bem o que fazia. Acendeu o fogo. Deixou a cachaça e quando estava se virando para entrar no carro e ir embora, a figura humanóide e baixinha gritou em uma voz esganiçada:

— EI! COMO DEVO CHAMAR O MESTRE AGORA?

Raul sentiu o corpo petrificar, sem querer, virou-se para responder. Era a criatura mais feia que já tinha visto na vida. Com a voz quase sem sair, respondeu:

— Speltri... Benício Speltri. - disse sentindo um gosto de fel na boca.

— Ahhhhh. - em um piscar de olhos o homem estava em frente a Raul e seu tom de voz era polido. - perdão pela forma física. Me chamo Isauro. Dirija em segurança. - fez uma mesura e voltou ao fogo.

Viu a criatura abrir a garrafa que minutos atrás jurava ser uma mera cachaça. Da garrafa saíram seres que flutuavam como redemoinhos incandescentes pelo terreno, liberando assustadores uivos. silvos e estalos, pareciam criaturas trazidas diretamente do inferno. Entrou no carro, apertou a ignição e acelerou o máximo que podia. Suas mãos estavam tão frias que sentiu os dedos adormecerem de tanto medo. Ele falou pra não olhar pra trás, por que eu tive que olhar!

Só parou o carro quando chegou no prédio de Henri. O corpo encharcado de suor. Não conseguia pensar em mais nada. Ver o filho mais novo seria um sopro de vida.

Quando o rapaz abriu a porta, sem mesmo dizer oi o abraçou e Henri tentava se esquivar igual a um gato, como sempre fazia.

— Pai, você precisa de uma namorada urgente, não dou conta da sua carência, não!

— Henri! - interviu Júlia.- larga de ser idiota e abraça seu pai direito!

Era uma grata surpresa encontrar Júlia na casa de Henri. Ela era sua norinha mais querida e mesmo que não houvesse mais nada entre ela e o filho, ainda a adorava. A abraçou também como se fosse mais uma filha.

Antes que abrisse sobre o que tinha acontecido horas antes, a dupla dinâmica lhe contou sobre tudo o que conversaram, desde as fotos, Anita e também segundo eles, a tal Isadora Moraes. Henri revelou, também, o quanto estava incomodado em ouvir a verdade nua e crua das pessoas.

Só após Júlia ir embora, Raul contou a Henri os eventos do dia. Henri ouvia tudo igual uma criança diante de um conto de terror, com os olhos e boca bem abertos.

— PAAAAIIIII! - exclamou chocado- Eu não vou dormir nunca mais!

— Nem eu, meu filho. E olha que eu já vi e vivi muita coisa.

Serasse vamos ter que procurar um exorcista? Confesso que esse Diego me dá medo.

— Amanhã vamos conversar com sua tia Liz. Tenho certeza que ela entende dessas coisas.

— Ra-Rá! Só me faltava essa.


Oráculo

Akemi era a pessoa que mais ficava de olho em Víviam e seguia diligentemente todas as ordens de Santiago.

Vivian já estava acostumada com a presença constante da japa. A mulher era tão séria e tão na dela que chegava a ser irritante em alguns momentos. Tudo o que Vivian queria era quebrar o gelo daquele iceberg humano. Queria dividir o seu primeiro dez na vida com alguém. Apreensiva sobre a reação de Akemi, torcendo para que não fosse como a reação de Thiago, roendo as unhas, durante o jantar, mostrou a ela o tablet com a sua página de notas escolares.

— Vivi! Estou tão orgulhosa de você! - pela primeira vez, Vivian via uma reação humana em Akemi. Ela estava tão feliz quanto ela. A abraçou.

Viu a cabeça de akemi jogada frente a porta principal de casa.

Viu a caçadora de oráculos com o pescoço rasgado

Viu um homem chorando a perda de um filho

Viu um artista desafinando e caindo no chão envenenado

Viu Santiago chorar

Viu uma mulher se decompondo em vida

Viu uma ruiva parecida com Eva se contorcer em dor

Viu o médico levando um tiro

Viu uma biblioteca sendo incendiada

Viu uma mãe matando os filhos

Viu um pai jurando vingança

Viu uma infinidade de desgraças...

— Akemi... Por favor, fica aqui comigo! - disse entre lágrimas, sentindo taquicardia. Tudo a sua volta girava.

Passado, presente e futuro se misturavam. Desmaiou.


Elizabeth Detzel


Era uma tarde nublada em Liverpool. Espelhando os prédios, poças d'água formadas pela recente chuva eram pisoteadas pela menininha que alegremente saltitava cantarolando uma música infantil.

Do banco de trás de seu Rolls-Royce preto, estacionada em uma quadra residencial, Elizabeth abaixava o vidro e observava à distância a garotinha e sua mãe, que embora parecesse distraída com o celular, estava bastante atenta aos movimentos da filha.

Um sorriso carinhoso se formava no rosto de Liz, que suspirava enquanto imaginava a vida tranquila e feliz que o foco de sua observação tinha. Torcia para que fosse bem diferente da sua.

A mulher era bastante jovem, algo em torno de seus 23 anos e a menininha inquieta em seu traje de frio, brincando com a fumaça que a própria respiração produzia, deveria ter no máximo 4 anos.

Em determinado momento de sua curta caminhada a mulher se virou e seu olhar colidiu com o de Elizabeth. Segundos depois ela abaixou a cabeça, agarrou a pequena mão da filha e continuou seu trajeto.

Do que ela tem tanto medo? - Se questionava Elizabeth.

Após a morte de todas as mulheres de sua família a quarenta anos atrás, ao redor do globo, haviam nascido apenas trinta e sete novas Detzels. Elas eram filhas dos poucos homens da linhagem que sobreviveram. Dessas meninas, haviam apenas três que Elizabeth não conseguia se aproximar ou proteger: Eva, filha de seu irmão mais velho e que negava veementemente qualquer envolvimento ou ajuda de Liz; Agatha, a jovem que observava naquele momento e sua pequena filha Liesel.

Confiança e consentimento eram as regras pelas quais Elizabeth reerguia sua família, sem esses dois quesitos fundamentais e mútuos, nada poderia ser feito. As meninas que a reconheciam como líder tinham todo um amparo educacional, financeiro e psicológico, além da iniciação por igual aos ritos que, em parte, consistiam nos ensinamentos da linhagem e outra parte pelos ensinamentos de Diego coletados por Liz. Assim elas aprendiam desde cedo tudo relacionado aos seus poderes sem serem tolhidas, mas sim, terem suas capacidades expandidas.

A vontade de Elizabeth era que nenhuma das garotas passassem por algo semelhante ao que viveu e faria o que fosse necessário para a proteção e felicidade delas, tarefa que não era lá uma das mais fáceis e Agatha era a prova. A garota não queria ser uma Detzel detestava a magia. Ela queria viver a própria vida longe de qualquer coisa relacionada a bruxarias e afins. Sonhava em ser uma atriz reconhecida e nessa busca conheceu um produtor musical famoso e casou-se com ele.

Embora Agatha tivesse deixado a família há alguns anos, Elizabeth vez ou outra a visitava, mesmo que à distância, era uma forma de dizer à garota que estava e estaria por perto se precisasse. Liz se enxergava em Agatha e torcia para que ela conquistasse tudo o que sonhava. Mas o que a deixava inquieta era a vontade de abraçar e apertar aquela menininha fofa e saltitante que era Liesel e a encher de todos os mimos que só uma avó era capaz de proporcionar.

Mãe e filha sumiram do campo de visão de Elizabeth que dentro do carro, sentia o sabor agridoce que era amar aquelas duas criaturas.

Seu momento familiar foi interrompido pelas forças espirituais que eram movidas naquele instante. Girassóis caíam do céu sobre o carro. Elizabeth ordenou que o motorista descesse do carro e colhesse um buquê das flores.

Diego começou a se mexer.

Pegou o celular e fez uma chamada para o juiz que julgava os casos de Benício.

— Atenda às petições de Henri Speltri. - disse ela e desligou o telefone.

O motorista a guiou até uma casa de arquitetura gótica. Elizabeth observava os detalhes do interior da casa enquanto uma senhora anotava uma lista de compras. Verificava as camas, cortinas, iluminação, indicava onde cada quadro deveria ficar. Pegou um vaso e depositou delicadamente as flores. Guardando duas para si mesma.

— Madam, - disse a senhora de postura rígida.- quando o milorde chegará?

— Em três dias. Auxilie ele em tudo.

— Madam... a senhora não vai ficar com ele?

Elizabeth deu um pesado suspiro. Mordeu os lábios e sua face adquiria o tom vermelho de alguém prestes a chorar.

— Não. - respirou fundo - Cuide bem dele.

Liz rapidamente se desmaterializou e ressurgiu em um quarto de hospital. Santiago rapidamente atravessou a porta e seus olhos se fixaram nas flores que ela segurava.

— Que fofinho, meu irmão te deu flores. - Thiago parecia irritado.

— Suponho que ele também tenha te dado um presente. - respondeu Liz se sentando sobre a cama, com o olhar perdido no amarelo de seus girassóis.

Santiago se aproximou de Liz, sentando-se ao lado dela, desbloqueou o celular e mostrou uma foto. Era a cabeça de Akemi, sua assistente pessoal mais querida, jogada na porta da frente de sua casa.

Elizabeth olhou pra ele com pesar.

— San. - disse ela quase sussurrando. - ele vai te cobrar. Olho por olho, dente por dente.

— Mas Liz, eu tentei me redimir!

— Só ele poderá dizer se aceitou sua redenção ou não. Eu não sei como ele está se manifestando no Benício. Não sabemos do que se lembra. Mas vou selar o passado. Nem que eu morra.


Benício Speltri

Deitado em sua cela, Benício repassava mentalmente os eventos do dia anterior. Não conseguia lembrar do momento em que o pai foi embora. Percebeu alguns lapsos na memória e isso só podia ter um nome: Diego. Era perturbadora a ideia de estar sendo possuído, percebia que não vê-lo era tão ruim quanto vê-lo.

— Diego, que merda você está fazendo comigo? - sussurrou.

Te tirando daqui conforme o solicitado. - respondeu o outro sem dar a honra de aparecer. - Desculpe, mas dadas as condições, seu pedido será atendido em três dias. Honorável mestre!

— Porquê não fazemos um trato?

Por essa eu não esperava! - gargalhou com a ideia.- Um trato comigo mesmo? E eu que pensava já ter visto de tudo!

— É sério, Diego. Precisa me avisar quando usar meu corpo, assim não ficarei maluco pensando em tudo o que você pode ter feito quando estive off.

Tem certeza que você quer saber?

— Absolutamente tudo.

Que hospedeiro chato! Ah Benício! Me deixa manter o mistério!


Alejandro Távros

O dia tinha começado tão excitante, tão maravilhoso, tão incrível que jamais imaginou que no mesmo dia estaria jogado em uma banheira, envenenado, cuspindo sangue.

Completamente sem voz e sem seus tão estimados dons musicais.

Dias atrás tinha presumido que por Benício ser mortal, matá-lo seria como tirar doce de criança. Ficou surpreso quando soube que o detento tinha matado quinze pessoas em uma única noite sem o uso de armas. Todo o levantamento de informações que tinha recebido sobre a cópia o descreviam como uma pessoa normal, incapaz de cometer crimes graves. Não havia infrações em seus registros. Tudo gritava um enorme "comum" e em todas as imagens coletadas ele sorria brilhantemente. Assistiu inúmeros vídeos que o continham gravados. Viu como ele era quando criança, viu como ele parecia um jovem nerd e bobo. E o mais importante, o total de zero bruxarias.

Aumentou a premiação para quem dentro da cadeia o matasse, vazou a localização para todos que odiavam Diego e, olha que essa era uma lista bastante extensa. Não se admirou quando Isadora Moraes entrou em contato.

Eram aliados.

Mas... Não era confiável.

Soube por meio de um etéreo que a garota tinha se tornado uma excelente caçadora de oráculos. Odiava admitir, mas invejava a persistência de Isadora, o que ela não conseguia, ela destruía e foi assim que acabaram matando o irmão. Ela era uma ótima manipuladora embora tivesse falhado miseravelmente com Diego.

O problema era que Diego duvidava de tudo e todos, menos de Elizabeth e sinceramente não entendia o porquê. A maldita era da linhagem da mulher que havia desgraçado suas vidas quando humanos.

Porém o rancor mais profundo de Alejandro em relação ao irmão mais velho era que ele havia tornado uma estranha infinitamente mais poderosa que ele próprio. Eram irmãos, não eram? O próprio sangue deveria ser mais importante, não?

Diego se tornou um estranho e era isso que o aproximava Alejandro de Isadora. O sentimento de ter sido ignorado, por quem deveria amá-los.

Em um hotel de luxo, na suíte mais sofisticada com detalhes em ouro, mármore Carrara e todas as últimas novidades tecnológicas, Alejandro se encontrava com a caçadora de oráculos.

— Isa querida!

— Alex! - respondeu a garota animada, o abraçando.

— A que devo a honra da sua magnífica presença? - Alejandro a olhava de baixo pra cima.

— Benício.

— Direta e reta. Assim que eu gosto. Sem rodeios.

— Você colocou a cabeça dele a prêmio e ele é inofensivo!

— Se você considera um humano que é capaz de matar quinze pessoas com as próprias mãos inofensivo, me desculpe, mas inofensivo é a última coisa que ele é.

— Dessa vez é diferente, ele me ama.

— E com base em quê você tá afirmando isso?

— Ele me disse que ia voltar. - Disse Isa, se sentando em um sofá branco, com os ombros caídos e cara de criança quando está prestes a fazer uma birra.

— Raciocina comigo. Não existem no mundo, fisicamente duas pessoas iguais, no máximo, são idênticas, mas não iguais.

— Ele é igual...

— Eu não sei como a Detzel trouxe ele de volta e o que ela fez com a cabeça dele. Mas, se por um milésimo de segundo a consciência do Diego voltar, o que você acha que ele fará conosco?

— Ele não mataria o amor da vida dele e esse amor sou eu!

— Tem certeza? De que ele não te mataria? De que você é o amor da vida dele? E se não for?

— Se não for... eu o matarei outra vez. Ele não será de mais ninguém.

— Agora começamos a conversar. Partindo da premissa de que ele não será de mais ninguém...

— Espera! Eu tenho certeza que ELE ME AMA! - se exaltou. - Nós nos beijamos e foi perfeito!

— Querida... Eu já beijei desde mortais, imortais, iluminados, clássicos, homens, mulheres, a porra toda e não amo ninguém além de mim mesmo, você tá muito perdida nas suas ilusões, tá na hora de acordar! Beijo não define amor. Sexo define menos ainda. Você já está velhinha pra essas coisas, não acha? Logo você que namorava o Santiago, pensava no Diego e depois fodia comigo?

Os olhos de Isadora marejaram. Deu uma batidinha birrenta de pé, sacudindo as madeixas chocolate. Ela concordava com Alejandro que beijos e sexo não garantiam sentimento algum a ninguém. Quando mataram Diego sentiu um vazio tão profundo que desejou por um breve momento que ele estivesse vivo apenas para poder olhá-lo de vez em quando. O problema era que não tinha auto controle para manter a distância, não dele.

Alejandro serviu a Isa um Bloody Mary, feito com, ao invés de suco de tomate, sangue. Ela deu um gole e se acalmou.

— Se sente melhor agora? Vamos aproveitar que aquele idiota ainda é humano e vamos matá-lo o mais rápido possível.

— Alex...

— E você não ouse protegê-lo. Por que aí, quem vai te matar não será o Diego, serei euzinho. - Alejandro, passou o nariz pelo pescoço de Isadora a cheirando e por fim beijando.

Alejandro estava satisfeito com a companhia de Isadora. Durante quatro dias os dois se perderam em todo tipo de festa, sexo e drogas. Tudo isso era inofensivo para eles.

De volta ao hotel, os dois escolhiam que tipo de sangue queriam. Isadora adorava sangues tipo AB-, os achavam docinhos. Alex apreciava os O+, para ele, eram mais picante. Em fila os modelos desfilavam enquanto ambos decidiam quem seria o jantar.

Alex escolheu um belo rapaz ruivo e o mordeu. O calor do sangue, a beleza do jovem eram deliciosos demais para não se aproveitar daquele corpo de todas as formas que a noite sugeria.

Isadora fez o mesmo, escolheu um rapaz fisicamente parecido com Diego. O perfume dele era tão intenso e tão irresistível que ela não conseguia se conter. Antes que mordesse o rapaz, foi surpreendida com uma mordida em seu próprio pescoço. A dor era intensa.

Enquanto Alex se contorcia no chão envenenado com as veias saltadas, olhos vermelhos e cuspindo sangue, Isadora estava paralisada com a garganta aberta. Tal como tinha feito com Olívia.

Todos os modelos presentes se entreolharam com feições diabólicas. O rapaz que Alejandro tinha mordido minutos atrás, o arrastou até uma banheira cheia de água e colheu o dom que lhe era inato, sorvendo lentamente todos os resquícios artísticos que havia no bruxo agora indefeso.

O que mordeu Isadora, limpava os lábios com cara de nojo. Como se tivesse mordido uma carne podre, e disse:

— O mestre Speltri mandou lembranças. 

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