Serendipity of a dream

By Estrela_rana

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[ LIVRO FÍSICO EM BREVE PELA EDITORA SINGULARITY 📖 ] [Em andamento] Jeon Jungkook, um adolescente que tem s... More

AVISOS!
Lembranças
O loirinho bonito.
Tudo que sinto é... medo.
Sorvete de menta
Quase um encontro
Molho de pimenta
Rosa azul
Sombras do passado
Foi só um beijo bobo, né?
Cheirinho de morango
Viva sem medo
Verdade oculta
O meu único refúgio
Pelo teu sorriso
sinceridade
Foi tudo um sonho
Me apaixonando mais a cada dia
Um passo de cada vez
Perdido por você
Meu coração palpita por você
Você sou eu
Amizade em primeiro lugar
Mudanças
onde a verdade se revela (1)
uma palavra dá autora :)
Onde a verdade se revela (2)
Arrependimento
Ainda há esperança?
Memorias perdidas
Coração quebrado
NOVA TEMPORADA
Novo cronograma
Pesadelo
Sem forças
Desavenças
Um momento de paz
Uma volta no tempo
Confusão
Grupo novo no Instagram
Calmaria
Sofrimento
Mostrando as garras
A dor que sempre volta
"Nervos a flor da pele"
Melhor amigo
A última briga
Apenas Continue
Dores do passado
O seu lado da dor
Uma nova chance
Incerteza
Estou com você
Um momento só nosso
Me deixe ser feliz
A noite em que fizemos amor
O monstro se revelou

Eu sou você...

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By Estrela_rana

Bastou um olhar para eu me apaixonar
E sem perceber entreguei meu coração
A você...

Fico parado de olhos fechados aguardando seus dedos pesados tocarem o meu rosto, porém nada acontece. 

— ME LARGA SEU MOLEQUE IDIOTA! — minhas pálpebras se abrem lentamente e percebo seu olhar raivoso sobre Hoseok, meu amigo me defendeu. Ele está segurando o braço do meu pai, para que ele não encoste em mim.

— O SENHOR NÃO VAI TOCAR UM DEDO NO JIMIN! — Uma onda forte de dor me atinge por inteiro, e lágrimas começam a surgir. 

Meu pai arranca seu braço das mãos de Hoseok e o empurra para longe. Não tenho tempo para ajudar meu amigo, pois sou puxado pela camisa, nos poucos segundos em que ele me encara posso sentir seu olhar perfurar minha alma, minha visão é embaçada por conta das lágrimas que cobrem meus olhos, não tenho reação alguma, apenas aguardo ser punido como das outras vezes. Mas antes que ele consiga fazer algo, meu irmão aparece e sem hesitar afasta o homem em um empurrão brusco. 

— SAIA DAQUI SEU VELHO NOJENTO! — É a primeira vez que vejo Seokjin falar assim com nosso pai, nem mesmo no dia que foi expulso de casa ele teve coragem de levantar a voz como está fazendo agora. — O SENHOR NÃO VAI BATER NO MEU IRMÃO, ESTÁ OUVINDO? 

As pessoas ao redor estão afastadas, mas com os olhos atentos na discussão. Não demora para que meu pai parta para cima de Seokjin, acertando um soco em seu rosto, meu irmão cai sentado no chão, esbarrando em uma pessoa que segurava um copo com bebida. Observo toda a situação com as mãos trêmulas. Isso não pode ser real. Hoseok ao meu lado fala algo, mas não consigo entender uma só palavra do que diz. 

— QUEM VOCÊ PENSA QUE É SUA BICHA ASQUEROSA? — O homem à nossa frente encara o próprio filho com tanto nojo que nem parece que um dia o amou. 

— Ele é o amor da minha vida, seu velho babaca. — fico desacreditado quando o professor Namjoon aparece ao lado do meu pai lhe dando um soco de direita. Dessa vez o meu pai cai sentado no chão. 

As pessoas ao redor gritam espantadas, alguns usam seus celulares para gravar toda a situação. 

Corro até meu irmão, que já está sendo amparado pelo namorado. 

— Jin, você tá bem? — pergunto, sem evitar que as lágrimas escapem. Namjoon o ajuda a levantar. 

— Eu to… 

— Jimin você tá bem? — As mãos quentes do Jungkook apertam as minhas, fazendo algo dentro de mim finalmente se acalmar, é como se ele tivesse o poder para absorver a dor que a cada segundo consome o meu peito. Ele leva as mãos até minhas bochechas, conferindo cada parte do meu rosto. — Ele fez alguma coisa com você de novo? — Jungkook perguntou desviando o olhar para o homem.

Não precisa conhecer muito Jungkook para perceber o quanto ele é gentil e dócil, mas neste momento tudo isso parece ser apenas um mito. Nunca vi seu olhar carregar tanto ódio como agora, os músculos de seu rosto estão mais tensionados e seu maxilar está

completamente travado. Quando percebe meu pai se levantando, Jungkook nem ao menos me deixa responder suas perguntas ele me puxa para trás do seu corpo, sem soltar minha mão em momento algum. Jungkook se coloca na minha frente para me defender do meu próprio pai. 

— Jungkook, ele não me bateu. Não dessa vez — sussurro. Mas ele não parece ouvir, e por algum motivo estranho a forma silenciosa em que meu pai o encarou de volta me assustou. 

— Vai embora do meu estabelecimento agora mesmo senhor ou serei obrigada a chamar a polícia! — avisa a senhora Choi, aparecendo ao meu lado, segurando seu celular na mão. Meu pai a ignora completamente. 

— Você. — ele aponta para Jungkook serrando os dentes — VOCÊ É O MOTIVO DE TUDO ISSO! — Aperto firme as mãos que seguram as minhas. — TODA A DESGRAÇA QUE CAIU SOBRE MINHA VIDA É SUA CULPA! SEU DESGRAÇADO, JEON VOCÊ NÃO VAI ACABAR COM A MINHA VIDA DE NOVO. — quando vejo ele avançar em Jungkook com ambas as mãos levantadas como se estivesse pronto para enforcá-lo, saio de trás do meu escudo e me jogo à sua frente. As mãos que agora estariam rodeadas em Jungkook pressionam forte o meu pescoço. — ME DEIXE EM PAZ SEU VERME, SUMA DA MINHA VIDA. 

O pouco ar que chega aos meus pulmões me permite tentar arrancar suas garras de mim, no entanto, quando meu pai tem seus surtos ele parece estar possuído por algo maligno, então só consigo me livrar delas com a ajuda de Jungkook que não pensa duas vezes antes de usar sua força ao máximo para afastar as mãos que me sufocam. Kim Namjoon avança no homem e consegue prender seu corpo contra o chão.

Sem forças para me manter de pé, caiu ajoelhado sendo sustentado pelos braços de Jungkook, tentando segurar meu corpo mole. Ele pergunta diversas vezes se consigo ouvir sua voz, posso ouvi-lo, mas não consigo responder de imediato porque a tosse me impede, ainda posso sentir as mãos do meu pai rodeadas em meu pescoço. 

Ouço a senhora Choi gritar para meu irmão que a polícia já está a caminho. Hoseok tentando chamar minha atenção. Os convidados cochicham entre si, pessoas que estão acostumados a me ver como um inabalável Park Jimin, criado em uma família rica e perfeita, agora está observando da pista prêmio o quanto ter dinheiro não faz diferença alguma quando não se tem amor em casa. Eles estão podendo ver um lado meu que sempre procurei esconder, o meu eu que se permite chorar por conta de todo o peso que carrego na minha vida. 

Minhas pernas são afastadas do chão quando Jungkook me pega no colo, passo os braços em volta de seu pescoço, e permito que ele me carregue até o sofá. 

— Eu estou bem. — falo assim que ele me senta. 

— Não, você não está. — olho para o lado esquerdo quando Leia aparece entregando um copo com água para mim, mas Jungkook recebe antes, e leva até minha boca pedindo que eu beba devagar. Depois que dou um gole volto a dizer: 

— Eu estou bem Jungko- — não consigo concluir a frase, essa que seria só mais uma mentira dita. Minha atenção é voltada para o meu pai se debatendo contra o chão tentando se livrar das mãos do professor. 

Observo os arredores e me sinto completamente indefeso com todos os olhares dos convidados sobre mim. Meus amigos estão todos ao meu redor, me olhando com pena. 

Não queria que isso estivesse acontecendo.

Eu só queria poder ter uma vida normal, ter um pai que me ama do jeito que sou, não um que repudia minha existência. Porque, porque eu estou sendo punido dessa forma? Eu não entendo! Não entendo!

Escondo o rosto com as mãos, abafando meu choro. 

Eu não quero que me vejam chorando. Não quero que pensem que sou fraco. Jungkook me abraça forte e diz: 

— Você não tá bem, Jimin. Mas vai ficar tudo bem, eu prometo. — me aconchego mais no seu abraço e continuo derramando as lágrimas.

Lembranças da minha infância me acertam em cheio, o tempo em que meu pai ainda me amava. Quando eu e meu irmão éramos a sua vida. Quando ele deixava eu dormir em seu quarto por conta dos meus pesadelos bobos. Já faz tanto tempo que esse meu pai, que eu tanto amava morreu, eu fiz de tudo para acreditar que ele estava aqui e que se eu aguentasse só mais um pouquinho ele voltaria. 

Mas ele não voltou…

E depois do que aconteceu hoje eu não posso mais continuar a viver com essa esperança, o meu pai me odeia, e mesmo que admitir isso arranque um pedaço do meu coração, eu não posso mais negar. Eu só queria entender o porquê o senhor mudou tanto pai, porque deixou de nos amar? 

Ouço a voz de Seokjin se aproximando e logo o seu corpo grande me abraçar por trás. 

— Não chora, Ji. Aquele homem não vai mais tocar em você. — Afasto dos braços de Jungkook e abraço meu irmão desesperadamente, como se aquilo fosse trazer alguma resposta. 

— Por que Jin, porque ele nos odeia tanto? — sua mão faz carinho na minha cabeça.

— Eu também não sei Jimin. — escuto ele fungando, Seokjin também está chorando. — Mas não importa o que ele pensa sobre nós. Eu amo você. E nada no mundo vai fazer eu deixar de te amar. Desculpa ter deixado você sozinho naquela casa.

Eu aperto seu corpo mais ainda, porque também senti falta de ter alguém que me amasse naquela casa. Mas não é sua culpa, ele não saiu por vontade própria, Seokjin foi expulso da sua família. 

— Ele me bateu Jin… ele me bateu muito e aquilo doeu tanto. — Minha voz sai embaralhada por conta dos soluços. 

Desde que recebi aquela surra nunca contei nada para o meu irmão, eu não queria preocupá-lo, mas me sinto tão desamparado nesse momento que as palavras simplesmente fogem da minha boca.

— Me desculpa meu irmão, desculpa por não estar lá para defender você desse monstro. — ele me abraça com mais intensidade e beija minha cabeça como um pedido de desculpas. 

Ele sempre fazia isso quando éramos mais novos, Jin dizia que receber o beijo de alguém que ama você é como receber uma dose de vida. Quando ele falava isso eu dava risada porque achava a coisa mais boba do mundo, no entanto, agora entendo, meu irmão está pedindo para que eu não desanime da minha vida. E eu o amo tanto por isso. 

— A polícia chegou. — ainda soluçando levanto a cabeça para olhar na direção da porta, quando Taehyung avisa sobre a polícia. 

Dois homens fardados entram no Ho'omau, eles vêem meu pai no chão e de cara entendem que ele é o motivo de estarem ali. Eles falam algo com o professor Namjoon, mas não consigo ouvir direito por conta da distância. 

— Fica aqui Jimin, eu vou falar com os policiais. Cuida dele Jungkook. — Seokjin pede antes de se levantar e ir em direção aos homens que já levantam meu pai do chão. 

Olho para Jungkook e percebo que seus olhos estão lacrimejando. 

— V-você também tá chorando? — pergunto — Por quê?

— Me desculpa Jimin o seu pai não está totalmente errado, eu sou o culpado, talvez se eu não tivesse batido nele aq-

— Cala a boca, Jungkook! — Peço firme, mas sem soar rude. Ele se cala. — Eu já disse que você não teve culpa de nada. O meu pai não me odeia por sua causa, ele me odeia por quem eu sou, ele abomina a mim e ao meu irmão, porque a gente não é como ele! — sem perceber já estou chorando novamente. Jungkook me abraça de novo e dessa vez eu o abraço de volta. Ele pede desculpas por ter dito o que disse, eu apenas continuo em silêncio, completamente abalado demais com tudo que aconteceu. 

O calor que seu corpo transmite para o meu é tão reconfortante que por um instante consigo esquecer que a momentos atrás estava sendo estrangulado pelo meu próprio pai. 

Queria poder ficar assim para todo o sempre, apenas eu e ele, sem todos esses problemas que temos de enfrentar, me dói tanto imaginar que infelizmente a uma grande chance desse abraço nunca mais voltar a se repetir, que nesse momento já nem sei se choro por culpa do meu pai ou pelo medo que tenho de perder Jungkook.

— Me larga seus idiotas, me soltem, vocês sabem quem eu sou? — me distancio de Jungkook e olho para o meu pai tentando se livrar dos guardas que o seguram por trás. 

— Senhor, por favor se acalme. — um dos homens pede.

Antes que eles saiam pela porta me levanto, Jungkook ainda tenta impedir, porém não consegue, paro de frente ao meu pai, seus olhos castanhos não mostram nenhum pingo de arrependimento ou culpa. 

— JIMIN VOCÊ VAI PAGAR CARO POR ISSO! NUNCA MAIS APAREÇA NA MINHA CASA! 

Em meio aos soluços com lágrimas descendo as bochechas, respiro fundo e finalmente digo:

— O senhor não precisa se preocupar com isso. Eu só piso naquela casa de novo para pegar minhas coisas. Pode ficar com ela inteira, assim como todo o dinheiro que o senhor tanto ama. 

Ele tenta avançar para cima de mim, mas o policial impede. Ainda assim, sinto meu corpo tremer. 

— Alguém vai acompanhá-lo até a delegacia? — um dos policiais pergunta, porém ninguém diz uma só palavra. O olhar vazio do homem algemado vaga por todo o salão, talvez só agora ele tenha percebido  que afastou de si as únicas pessoas que o amavam e que só restou ele afundado na própria amargura. — Certo, então vamos resolver isso na delegacia. 

Ele finalmente é arrastado para fora do cyber-cafe. Mesmo relutante.

Meu irmão vem até mim e vejo que seu rosto está vermelho. 

— Você precisa cuidar disso, — falo apontando para o local machucado, um pouco acima de sua sobrancelha esquerda. 

— Eu sei. Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. Eu e o Nam conversamos e você pode ficar em nossa casa. 

— É sério? Eu não quero atrapalhar.

— Não tem isso de atrapalhar Ji, você é minha família, e além do mais, você não tem outro lugar pra ir, tem? — nego com a cabeça. 

— Mas acho que ainda posso voltar pra casa essa noite. Ele provavelmente vai dormir na cadeia até conseguir subornar alguém pra liberá-lo, então essa noite eu posso voltar e arrumar minhas coisas. — explico.

— Você tem certeza disso? — ele pergunta. O professor aparece repousando o braço sobre o ombro do namorado.

— Sim, eu vou ficar bem. 

— Qualquer coisa pode contar com a gente. — Namjoon diz. Agradeço. 

— Eu vou com ele. — Jungkook falou me surpreendendo. Estava tão distraído que nem havia notado ele ao meu lado. 

— Não precisa Jungkook, você também precisa voltar pra sua casa. Não vai acontecer nada comigo, tá? Eu tô bem.

— Eu já mandei mensagem pra minha mãe avisando que hoje eu ia dormir na casa do Yoongi. Não tem problema eu ir pra sua casa, Jimin. A não ser que você não me queira por perto. 

Fico em silêncio analisando seu rosto bonito, ele está tão lindo com essa roupa.

Não sei se seria uma boa ideia o levar  naquela casa, porém, também quero ter alguém ao meu lado. Vai ser muito difícil ter que ficar naquele quarto preso com aquelas lembranças sem ter ninguém por perto. Hoseok já está sofrendo com sua vida amorosa, não posso pedir que ele durma comigo e meu irmão tem seus próprios problemas.

— Tudo bem. — Ele sorri de canto ao ouvir minha resposta. Espero não me arrepender.

Suspiro fundo finalmente observando o clima estranho que se transformou o ambiente festivo, poucas pessoas foram embora, a maioria ainda espera por conta da briga. Eles amam uma fofoca, vou me preparar psicologicamente para ser o assunto do momento na escola.

— Então, a festa já acabou? — um garoto aleatório com uma bebida na mão pergunta.

— Sim, garotos a fest-

— Não senhora Choi. — impeço que ela continue sua frase. — A FESTA AINDA NÃO ACABOU, ELA SÓ TA COMEÇANDO. — grito fingindo uma alegria que desconheço neste momento, para que todos escutem, e logo a música começa a tocar e a galera volta a dançar como se nada tivesse acontecido. 

Alguns ainda me olham curiosos, mas ignoro todos e vou até a senhora Choi, explico que não podemos deixar a noite acabar de uma forma triste por isso a festa precisa continuar. Ela me abraça falando algumas palavras de conforto, a agradeço, e depois vou para o sofá que estava antes, meus amigos se aproximam, Jungkook senta ao meu lado direito segurando a minha mão e Leia do lado esquerdo. Taehyung, Yoongi, Lisa e Hoseok estão parados à nossa frente.

— Sabe uma coisa que eu ainda não entendi? — Yoon questiona, ele e Hoseok estão afastados um do outro. — Como o seu pai soube que tava rolando festa aqui? 

Boa pergunta. 

Taehyung mexe algo em seu celular, Lisa pede licença para sair, mas antes que ela sai Leia a chama:

— Então, Lisa, você não tem nada a nos dizer? 

Ela se vira para nós.

— Eu não. — disse simples.

— Tem certeza? — Taehyung que está ao seu lado pergunta. Ele abre na galeria do celular, aponta na minha direção e começa explicar: — Quando eu e a Leia estávamos. — ele pigarreia. — Bom, o que a gente estava fazendo não importa. Mas como vocês podem ver nesse vídeo, pegamos a Lisa fazendo uma ligação para o seu pai Jimin, aqui no vídeo não dá pra ouvir direito por conta do barulho da música, mas a gente estava lá perto e ouvimos tudo. Ela avisou o seu pai sobre a festa e ainda disse que você estava com o Jungkook. — Na gravação do celular mostra Lisa debaixo das escadas falando algo ao celular. — Procuramos você pra avisar, mas não encontramos. 

Provavelmente isso aconteceu enquanto eu e Hoseok conversávamos. 

A encaro de imediato.

— Eu não acredito que você fez isso, Lisa.

— Ah Jimin, por favor, para de se fazer de vítima. Você sabe o quanto machucou ouvir da sua boca que eu não era o amor da sua vida? 

É sério que ela vai insistir nessa conversa de novo? Vai a merda, que ódio dessa garota! 

— Eu nunca Lisa, nunca disse que te amava e a gente conversou várias vezes sobre isso, caralho! E em todas elas você sempre concordava com um sorriso enorme no rosto. Se isso te machucou tanto assim, por que decidiu me ajudar? — juro que estou tentando ao máximo não surtar, mas já estou farto de tudo isso! 

Os dedos de Jungkook apertam os meus não sei se está a ponto de fazer uma besteira ou tema que eu faça primeiro. 

Ela ri debochadamente e aponta o dedo pra minha cara enquanto fala: — Você achou mesmo que eu estava te ajudando? Seu idiota! Esse tempo todo eu estava tramando com o seu pai, lembra o dia em que eu apareci na sua casa? — É claro que recordo desse dia. — Eu fui lá porque queria fazer você pagar por tudo que me fez passar! Por me usar como se eu fosse um brinquedo que você pode comprar em qualquer lugar. 

Levanto do sofá com brusquidão, Jungkook não solta minha mão, talvez agora ele esteja ciente do quanto estou chateado com o fato de ser traído por uma pessoa que deveria ser minha amiga. 

— Esqueceu que tudo isso só aconteceu por culpa do meu pai? Como você pode fazer algo assim? 

Ela cruza os braços e continuou a dizer com o seu tom confiantes de voz: 

— Eu não me importo se foi ideia dele ou não, eu só queria fazer você pagar por tudo. 

Naquele dia eu contei para o seu pai que vi você e esse outro nojento juntos naquela sala. O seu pai me aconselhou a fingir estar do seu lado, eu aceitei porque naquele momento tudo que eu queria era fazer você sofrer tanto quanto eu! 

— Agora você passou de todos os limites, Lisa. — disse Yoongi tão sério que nem parecia ele.

— E o que você ganhou com tudo isso? — pergunto. — Está feliz agora? Porque você não vai lá fazer companhia para o seu amiguinho na cadeia? Já que estavam tão próximos, talvez ele esteja sentindo sua falta. 

Sua expressão zombeira muda para uma totalmente séria. 

— Então a nossa amizade nunca significou nada pra você mesmo, né? — Hoseok questiona.

— Tinha vários jeitos de resolver essa situação e você preferiu arrumar uma dessas com o pai do Jimin, Lisa? — é a vez de Taehyung se posicionar.

Leia se levanta: 

—  Como você pode? O Ji é nosso amigo e você mesmo sabendo a forma que o pai dele trata ele, você ainda teve a coragem de colaborar com isso? 

— Você também vai ficar contra mim, Leia? — ela pergunta com lágrimas nos olhos. — Eu achei que você fosse diferente deles. 

— E você acha certo o que fez, Lisa? Você viu tudo o que aconteceu nessa festa! Está feliz agora por ter estragado a noite de todo mundo?! Porra! Era isso que você queria? Fazer todo mundo te odiar? 

Ela passa os dedos sobre os fios de cabelo castanhos os jogando para trás.

— Quer saber? Vocês todos se merecem — diz apontando para todos nós. — E outra. — Agora ela volta a me olhar. — O que aconteceu com você nessa festa foi pouco seu idiota eu queria que o louco do seu pai tivesse quebrado a sua cara aqui na frente de todo mundo, seu babaca infeliz.

— VAI EMBORA DAQUI AGORA! — Jungkook grita ao se levantar.

— Vai embora, Lisa. — falo fazendo força com os dedos contra a palma da mão. 

Ela solta mais uma risadinha e joga o cabelo para trás novamente em seguida, uni as mãos como se tivesse fazendo pouco caso da situação. 

— O que foi? Vai fazer o que agora, me bater? — pergunta olhando para Jungkook.

— Ele não vai, mas eu vou. — Leia avisa, dando um tapa no rosto de Lisa, pegando todos nós desprevenidos. O cabelo dela esconde seu rosto virado, mas o barulho do tapa foi alto, então com certeza a região ficou vermelha. Ela volta a nos encarar com mais raiva ainda e posso confirmar o que pensei, os dedos da Leia estão marcados em sua bochecha. — Vai embora daqui, Lisa.

— Vocês são todos desprezíveis, eu odeio todos vocês! — ela diz nos dando as costas e partindo em passos pesados para longe. 

— Pois saiba que o ódio é recíproco, querida. — Yoongi grita mesmo que ela já não esteja tão perto de nós. 

— Como você tá Jimin? — Leia, pergunta.

— De verdade? Eu só quero ir embora.

— Então acho melhor você ir logo pra casa, Ji. — Hoseok fala. 

— Ele tem razão, Jimin você passou mó barra hoje aqui, precisa descansar um pouco. 

— É Yoongi, hoje não foi nada fácil. — Acabo sorrindo, pra esconder a vontade de voltar a chorar. 

— Se você quiser pode ir Jimin, a gente cuida de tudo aqui. — Taehyung me tranquiliza. 

— Jimin. — Jungkook chama, viro meu corpo em sua direção. — Eles tem razão, você precisa descansar.

— Não, Jungkook, não preciso descansar. E vocês também não precisam ficar tão preocupados comigo, ok? Eu estou bem gente, vamos curtir a festa antes que ela acabe, e não esqueçam que ainda precisamos contar o dinheiro para ver se deu a quantia que precisávamos. — falo isso e me distancio deles indo para a pista de dança. Eu só preciso dançar pra esquecer tudo o que aconteceu. 

[•••]

Jungkook 🐰

Volto a sentar no sofá, descanso os cotovelos em cima do joelho, uno as mãos e posiciono o queixo em cima delas. Fico vendo o loirinho se misturar em meio às pessoas suadas na pista de dança. Ele tenta disfarçar que está bem, mas é nítido o quanto está abalado com tudo que aconteceu.

— Gente eu vou aproveitar a festa um pouquinho mais, você vem comigo Leia? — Taehyung pergunta, esses dois estão mais grudados que o normal hoje. Ela acaba aceitando e os dois somem de vista. 

Meu primo senta ao meu lado. 

— Jungkook. — Hoseok que está parado de braços cruzados a minha frente começa a falar: — Avisa o Ji, que eu estou indo embora. Ok? — apenas aceno de leve com a cabeça.

— Por que você já vai embora, vida? — Yoongi pergunta.

— Não me chama assim, Yoongi. — O foguinho fala duramente. O meu primo se levanta, mas as próximas palavras ditas por Hoseok o fazem ficar travado no lugar: — E não venha atrás de mim, por favor. Até mais Jungkook. — É a última coisa que diz antes de sair. 

— O que será que deu nele? — Yoon questiona ao sentar novamente no sofá. Encosto as costas no sofá. 

— É sério que você ainda pergunta o que aconteceu? — questiono. — Você pegou uma menina literalmente na frente dele, Yoongi, como você esperava que ele reagisse? 

— Jk e do que isso importa? Aquilo foi só uma brincadeira. Ele não tem motivo pra ficar de mal comigo. 

— Que você é um idiota isso eu nunca tive dúvidas, mas não enxergar que o Hoseok está gostando de você isso já é demais.

— Ele gosta de mim? 

— Qualquer um vê isso, Yoongi. 

Ele fica em silêncio por um tempo e depois volta a falar: 

— Não, Jungkook isso só pode ser bobeira da sua cabeça, eu e o Hobi nos damos muito bem, eu gosto de estar com ele. Mas é só isso, o nosso combinado foi amizade acima de compromisso. Prometemos um para o outro que qualquer um estaria livre para se relacionar com quem quisesse, ele não tem o direito de ficar zangado comigo por beijar uma garota que eu nem sei quem é em uma festa. 

—  Esse pode até ter sido o combinado inicial de vocês Yoongi, mas o que me parece agora é que o Hoseok não te vê mais apenas como um amigo. Você não gosta dele? — decido pergunta.

— É claro que gosto, mas eu não quero estar em um relacionamento sério, entende? Isso não é pra mim, e o Hoseok sabe muito bem disso. — ele se levanta. — Vou pegar algo pra beber, você quer? — nego com a cabeça e ele sai.

Olho dessa vez para o balcão e lá está Jimin sorrindo como se nada tivesse acontecido, penso em ir até ele, mas não posso mentir e dizer que sei o que está sentindo. Talvez ele precise passar um momento nos seus próprios pensamentos para tentar digerir tudo o que aconteceu. 

Quando ele foi conversar com Hoseok eu saí por alguns minutos para respirar em um canto da festa onde não tinha muitas pessoas. Estava mexendo no celular quando escutei a gritaria. A primeira impressão que tive foi que estava acontecendo uma briga entre os convidados, mas a medida em fui me aproximando da multidão e vi aquele homem, o meu corpo travou por um instante quando aquele rosto de alguma forma muito estranha me fez regressar para o passado, em meio às lembranças embaçadas pude ver o pai de Jimin como uma pessoa calma e sorridente o completo oposto do que ele estava na hora da confusão, quando as memórias confusas cessaram eu simplesmente corri para onde Jimin estava. 

Eu não sabia muito o que fazer, mas meu coração me guiava para tentar defender ele a qualquer custo! Foi doloroso ver Jimin chorando, suas mãos estavam trêmulas e seu olhar tão feliz parecia ter perdido toda a alegria. Aquele homofóbico de merda partiu pra cima de mim e quando o loirinho se pós a minha frente, tudo aconteceu tão rápido que quase nem vi que eu já tentava arrancar aquelas mãos nojentas do pescoço dele. 

Aquele homem é maluco de cabeça! Ele estava enforcando o próprio filho! Como um pai é capaz de fazer isso? 

A vida é realmente inescrutável, meu pai que era um homem bom acabou falecendo e já o pai de Jimin que tem a oportunidade de ter os filhos ao seu lado, os tratam dessa forma.

Decido finalmente parar de divagar no sofá e vou ajudar em algo, fico perto do Jimin, não consigo ficar longe dele por muito tempo, ainda mais depois de tudo que aconteceu, ele precisa de cuidados por isso me ofereci para dormir em sua casa, eu menti quando disse que avisei minha mãe que dormiria fora, mas não posso deixar ele sozinho. Resolvo as coisas com ela depois. 

Algumas horas se passaram, a festa finalmente acabou e todos os convidados foram embora. É hora de contar o dinheiro.

Ficamos todos ao redor do balcão, aguardando a senhora Choi contar todo o dinheiro que tinha em mãos, grande parte do pagamento foi de forma digital, mas ainda entrou uma grande quantia em espécie. 

— Então senhora Choi, o dinheiro foi o suficiente? — Jimin perguntou. Seu otimismo era evidente no tom de voz. Ele está ao meu lado tão próximo que nossos braços se encostam. 

Todos estávamos ansiosos pelas próximas palavras da senhora Choi, mas seu olhar tristonho me desanimou por completo, ela deu um pequeno sorriso de lábios contraídos e disse: 

— Infelizmente não.

— O que, mas como assim? Eu achei que… — Jimin começou a falar, mas a senhora Choi interrompeu para continuar:

— É, eu também tinha esperanças de que daria certo. No entanto, a vida nem sempre está do nosso lado, não é mesmo? — ela desliza sua mão sobre o balcão até alcançar as de Jimin. — Muito obrigada por tentar me ajudar, querido. Obrigada a todos vocês.

— A senhora não precisa agradecer. Eu sou o culpado por isso, se eu soubesse que aceitar esse emprego aqui traria tanto mal pra senhora eu juro que não teria aceitado. — Jimin fala, e por algum motivo suas palavras doem em mim, se ele não tivesse aceitado trabalhar aqui, talvez nunca teríamos nos conhecido. Será que ele também se arrepende disso? 

— Não se culpe, Jimin, eu não deveria ter hipotecado o Ho'omau. — O rosto velho e enrugado da senhora observa todos os cantos com os olhos brilhando em lágrimas,

 —  Vai ser difícil ir embora, deixar tudo que eu e o meu amor, que infelizmente já não está mais entre nós, construímos. Mas talvez seja melhor assim. 

— Não fala assim senhora Choi, talvez ainda dê tempo para fazer algo. — tento parecer esperançoso, mas desde que tudo isso começou, acho que sempre fui o mais pessimista de todos.

— Senhora Choi, quanto ainda falta pro valor total? — Taehyung pergunta. 

— Isso, quanto ainda falta? Talvez ainda podemos fazer alguma coisa pra ajudar. — Leia questiona. 

— Preciso de ₩ 1.303.781,63 (5.000 R$), e infelizmente o que conseguimos hoje é um pouco mais que ₩ 521.512,65 (2.000 R$). Se eu não tivesse atrasado por tanto tempo o pagamento do banco, esse valor poderia ser negociado, mas eles estão cobrando todos os atrasados agora. 

— Poxa. — diz Yoongi. 

Todo nosso ânimo se vai por completo. A senhora Choi se vira para começar a recolher os copos, nós nos entreolhamos frustrados com tudo isso. Como não tem outro jeito, decidimos ajudar a limpar uma boa parte da bagunça. 

Algum tempo se passou Taehyung e Leia avisaram que precisavam ir embora, não demorou para que Yoongi também fosse. Senhora Choi agradeceu mais uma vez a mim e ao Loirinho e pediu para irmos descansar. 

Nos despedimos da senhora e ficamos parados em frente ao Ho'omau, esperando o taxi, que eu pedi pelo aplicativo chegar, para nos levar até o endereço de Jimin.

— E aí, como você tá se sentindo agora? — pergunto, estamos de frente um para o outro a alguns centímetros de distância.

— Eu já disse, não precisa se preocupar, eu tô bem. 

— Como você consegue? 

— O que? 

— Mentir assim com tanta facilidade — seus olhos confusos encontram os meus — Você não tá bem, Jimin. Não precisa fingir, estamos só eu e você aqui, você não confia em mim? 

— É claro que eu confio. Mas é que é tudo tão difícil Jungkook, que fingir não se importar parece a melhor solução — Pego sua mão com a minha entrelaçando nossos dedos, ele olha para elas.

— O que o seu pai fez é imperdoável, sei que não é fácil, então senhor Minnie vou dizer algo que um cara loirinho e muito bonito me disse uma vez: se tudo estiver difícil demais é só lembrar que você não está sozinho, eu estou aqui com você. — Não lembro ao certo se foi exatamente assim a frase que ele me disse quando apresentamos aquele trabalho, mas Jimin me deu forças e eu farei o que for possível para o ajudar de alguma maneira. 

Ele soltou minha mão e usou as suas para segurar meu rosto, da forma mais delicada possível aproximou nossas faces fazendo ambas as testas se tocarem, sou um pouco mais alto do que ele então meus olhos tinha a visão perfeita de seus lábios, posso sentir o cheiro de energético que sai de sua boca quando ele começa a falar: 

— Eu fiquei com tanto medo do meu pai fazer alguma coisa com você lá dentro. —  revela deixando uma lágrima pesada escorrer.

— Você foi meu herói. Me defendeu, você é incrível Park Jimin, e nada de ruim que o seu pai já disse pra você vai mudar isso. — Beijei seus lábios lentamente. Quando me afastei disse: — Agora é minha vez de ser seu herói. — Ouço o carro parar próximo a nós, mas ainda não nos afastamos por completo. 

— Obrigado, Jungkook. — ele diz me puxando para um abraço. 

Logo que nos separamos tratamos de entrar no carro, não demora muito para que estejamos em frente a uma mansão. 

Qual a probabilidade da bicicleta do loirinho e essa mansão serem idênticas a da foto que eu achei no escritório da minha mãe? Juro, elas são muito semelhantes, está escuro por conta da noite, mas a pouca iluminação me permite ver com clareza que o portão é exatamente o mesmo da foto. 

— Jungkook, vamos. — Estamos parados em frente ao portão, ele me chama, mas ainda não consigo parar de olhar fixamente para o lugar.

É uma sensação tão estranha uma nostalgia misturada com tristeza, sinto minha cabeça doer, fecho os olhos com força para tentar espantar a dor. 

— Jungkook. — Jimin chama mais uma vez. Dessa vez eu o olho. — O que foi? Vamos entrar? 

— Não foi nada, vamos. — finalmente entramos na casa, ela é enorme como imaginei e muito linda, cada detalhe da mansão me faz perceber o quanto a família do Jimin tem boas condições financeiras. Minha casa não é tão simples, mas com toda certeza não chega nem aos pés da dele. Ele me guia para o seu quarto, que fica no andar de cima, tudo aqui é bastante silencioso, todos já devem estar dormindo. 

Ambos sentamos na cama. 

— Você não vai falar pra sua mãe que o seu pai foi preso? 

— Não vou, não consigo falar com ela agora. — percebo ele apertar o tecido da cama entre os dedos. — Tenho certeza que ela vai me culpar pelo que aconteceu. 

— Mas não é sua culpa, foi o seu pai.

— Eu sei Jungkook, mas ela não vai entender isso. Minha mãe não é a mesma de antes, agora ela não parece se importar comigo, o marido dela é tudo que ela enxerga. 

Não sabia que sua relação com a mãe era ruim também.

— Você vai mesmo embora dessa casa? — Decido perguntar. Ele apenas balança a cabeça em concordância.

— Não quero mais ter que viver com medo. — suas mãos ainda seguravam firmes no lençol, as toco com as minhas. Ele para de apertar e me olha. 

Não falo nada, não sei exatamente o que dizer, nunca estive em uma situação dessas, mas quero que ele entenda que estou do seu lado, então apenas continuo olhando para ele na esperança de que leia todos os meus pensamentos. 

— Acho que você tem razão… vou falar para minha mãe. — disse se levantando, pensei que ele sairia do quarto, mas ao contrário disso, Jimin vai até sua mesinha e pega um papel e caneta.

— O que você vai fazer? 

— Não vou conseguir falar tudo o que eu quero pessoalmente. Escrever às vezes é uma forma mais fácil de colocar pra fora o que machuca.

— Entendo, também faço isso com a música. 

Ele sorri fraco e se vira para o papel começando a escrever. Fico em silêncio para não interferir no seu espaço de pensamentos, sinto meu celular vibrar no bolso, pego para olhar e vejo que minha mãe está ligando. Eu apenas desligo o telefone o colocando no modo avião. Minha mãe vai me matar amanhã. 

Depois de alguns minutos Jimin se levanta, sem olhar para mim, ele vai até ao banheiro. 

Durante o tempo em que passou escrevendo a carta, vi ele limpar o rosto com o dorso da mão várias vezes, ele também soluçava bastante, quis levantar da cama e ir abraçar ele com toda a força e confortá-lo, mas preferi deixar que terminasse a carta, aquele era o momento dele e mesmo que tenha sido doloroso assistir, eu sabia que Jimin precisava colocar pra fora o que estava sentindo. 

Engulo em seco pensando no quão difícil deve estar sendo para ele. Jimin não merece isso.

Fico algum tempo parado simplesmente pensando em nada, apenas os meus suspiros são ouvidos, analiso as paredes de cores neutras. — Todo esse lugar me parece tão familiar. — sussurro para mim mesmo, estranhamente sinto como se essa não fosse a primeira vez que estou nessa casa. 

Respiro fundo e me levanto, tiro minha jaqueta e a coloco pendurada sobre a pequena poltrona azul que tem no canto do quarto. Tiro os sapatos e as meias também deixando meus pés livres de vez. 

Olho para a cama e só agora me dou conta de que eu terei que dormir na mesma cama que o loirinho. Socorro.

Será que não seria melhor eu forrar o chão com alguns lençóis e dormir no chão? Talvez essa seja uma boa opção, ele precisa do espaço dele, não quero incomodar. Quando estou prestes a fazer o que planejei a porta do banheiro se abre, Jimin sai de dentro usando um roupão branco, uma pequena parte do seu peito nu esta amostra e seu cabelo está um pouco assanhado devido a toalha que ele usa para secar. 

Seu rosto está inchado e os olhos avermelhados, isso me preocupa então decido perguntar pela milésima vez naquela noite.

— Minnie, tudo bem? — ele não responde com palavras, mas deixa que seu choro fale por si, ver ele chorar dói como se cada gota que ele derrama fosse uma adaga cravada em meu coração. Vou até ele o puxando para um abraço apertado Jimin repousa a cabeça sobre meu peito e chora, permitindo finalmente deixar sua dor sair. 

Peço a ele que se acalme quando ouço os soluços descontrolados, suas mãos estão completamente trêmulas e já não posso mais aguentar segurar o choro, ver ele assim me machuca demais. Seguro seu rosto entre minhas mãos e beijo carinhosamente os seus lábios trêmulos. Não consigo evitar de soltar uma lágrima rala. 

— Vai ficar tudo bem, Jimin. — falo, mas não tenho certeza de nada disso. Não sei o que o futuro reserva para nossas vidas tão pouco sei sobre a vida dele, mas não quero mais que ele se sinta tão mal como está agora. 

Chamo Jimin para nos deitamos na cama, ele deita de lado e eu deito atrás de si, abraço sua cintura. Puxo um cobertor para nos cobrir. Ele se acomoda mais confortavelmente na cama levanto minha cabeça um pouco e deixo um beijo delicado em sua bochecha quando volto a repousar a cabeça na cama ele fala: 

— Obrigado por me dar uma dose de vida,  Kookie. 

— O que? — pergunto confuso. Jimin passa a brincar com os meus dedos que envolvem sua cintura. 

— Meu irmão me disse uma vez que receber o beijo de alguém que nos ama é como ganhar uma dose de vida. — ele explica. Sua voz sai bem baixa, mas como estou colado ao seu corpo consigo escutar. 

— Gostei disso, sendo assim, essa noite vou te dar muitos beijinhos. — falei deixando um selar singelo em seu ombro, ouço ele sorrir em seguida se vira para mim. 

— Ah é? 

— Sim. — falo e me aproximo beijando sua testa, ele sorri quando passo a beijar suas bochechas, ainda úmidas por conta do choro recente, beijo a pontinha do seu nariz e dou vários selinhos rápidos em seus lábios, ouvir a risada dele me anima. Depois de vários beijos eu volto a olhar para ele.

 — Agora você terá vida eterna. — brinco só para poder ver ele sorri novamente, seus olhinhos ficam tão fofos quando ele ri. 

— Terei que beijar você também, não quero ter uma vida eterna sem você ao meu lado. — nem respondo nada, deixo ele passar a mão por meus cabelos e ao levantar a cabeça ele se aproxima beijando o local onde possuo minha cicatriz.

— Por que você gosta de beijar minha cicatriz? — O loirinho fica em silêncio. 

— Não sei… — seus olhos murcham, ele parece estar prestes a voltar a chorar e para que eu não veja se vira para o outro lado, eu novamente envolvo sua cintura o abraçando forte. Ficamos assim por alguns minutos até ele voltar a falar: — Kookie

— Oi. 

— Canta pra mim? 

— Ah, eu…

— Por favor, Kookie. 

De repente me sinto nervoso, não esperava ser pego de surpresa com esse pedido. 

— E-Eu. 

— Sua voz é tão linda só quero poder ouvir ela um pouquinho. — ele se aconchega mais ainda em meus braços, eu aperto seu corpo tentando passar segurança, essa que no momento nem é tanta devido a minha vergonha de cantar para o loirinho. 

— Tá bom. — Sussurro. Respiro fundo — Qual música você quer que eu cante?

— Não sei, você escreve músicas, né? 

— Eu tento. 

— Canta uma música sua pra mim então.

— Sério? 

— Sim. 

— Só não espere muita coisa, eu não sou tão bom nisso. 

— Duvido. 

Há alguns dias venho trabalhando em uma nova música, escrevi ela no intervalo das aulas, ainda preciso caprichar mais na melodia e não sei o que o Loirinho vai achar, mas espero que ele goste. Eu ia mostrar ela para o Yoongi e perguntar o que ele acha, mas já que estou tendo essa oportunidade vou aproveitar. 

Respiro fundo, antes de finalmente começar a cantar baixinho só para ele. 

— Quando eu vejo teu sorriso, é como se eu tocasse nas nuvens do paraíso.

— 6 segundos do seu lado, me arrancam 6 mil sorrisos, você é o que eu preciso. E assim. 

— Eu quero estar do seu lado, eu quero te abraçar

— Talvez o destino queira nos afastar, mas eu prometo que pra sempre vou estar…

— Do seu lado 

— Bastou um olhar pra eu me apaixonar 

E sem perceber entreguei meu coração a você. 

Canto o refrão da música mais uma vez e quando termino o que resta é o silêncio do quarto. 

— Você gostou? — pergunto, mas ele nada diz. Levanto um pouco a cabeça para ver seu rosto, é inevitável não deixar um sorriso espontâneo escapar quando vejo que Jimin estava dormindo serenamente. Aproximo meus lábios de sua bochecha gordinha e deixando um selar singelo. 

— Tenha bons sonhos, Minnie. — respirei fundo mais uma vez e coloquei uma perna por cima da sua trazendo seu corpo para mais perto do meu, e assim juntos um do outro, acabei adormecendo também. 

— A gente vai viajar? — Minnie pergunta animado para sua mamãe e papai que estão sentados no sofá ao lado do meu papai e da minha mamãe. 

Os adultos se entreolham, eu anseio pela afirmativa tanto quanto meu amigo, porém não demonstro entusiasmo, meu pai disse que isso é muita falta de educação. Depois de um tempo em silêncio um dos adultos, o senhor Park, se põe a falar: 

— Vamos. — uma simples palavra foi o suficiente para meu amigo sair correndo pela grande casa. 

— A gente vai pra casa na praia, a gente vai pra praia Kookie. — ele falava enquanto dava voltas ao meu redor, eu apenas dava risada. — A gente precisa arrumar nossas coisas! — disse segurando em meus braços. 

— Tá bom. 

— Vem. — ele me puxa, ainda posso ouvir meu pai chamar por mim e a mãe do meu amigo mencionar que a viagem é só daqui a três dias, mas ele me leva para o andar de cima tão rápido que nem tenho tempo de contestar. 

— A gente vai poder fazer castelo na areia. — ele se joga sobre sua cama, faço o mesmo deitado ao seu lado. 

— Eu queria gostar tanto da praia quanto você. — comento. 

— Mas porque você não gosta, acha que elas são feias? 

— Não. As praias são lindas, mas eu não sei nadar, e é muito chato ter que ficar só olhando os outros se divertirem. 

Ele virá o corpo na minha direção, faço o mesmo ficamos cara a cara. 

— Sendo assim eu tenho uma nova missão! 

— E qual é? 

— Vou ensinar você a nadar! Assim podemos nos divertir juntos. 

— Como uma criança vai ensinar outra a nadar? — Levanto as sobrancelhas enquanto aguardo suas respostas.

— Oras, ensinado simples assim. A gente vai se divertir muito, Jung — ele ergueu seu dedo mindinho esperando que eu entrelaça o meu ao seu quando faço ele diz: — Eu prometo. E você sabe que eu estou falando sério, porque eu sou você… — Ele espera que eu termine a frase que sempre falamos quando fazemos uma promessa de mindinho.  

— E você sou eu. — falo firme. 

Depois que ele sorri e nossos dedos se afastam. Ficamos em silêncio, percebo o olhar dele se concentrar na minha boca eu inocentemente passo a língua pelos lábios, seu olhar muda rapidamente para os meus olhos.

Ainda não consigo esquecer o dia em que nos beijamos. Foi estranho, mas ao mesmo tempo foi bom. 

— Jung. — ela chama.

— Oi. 

— Você sente vontade de fazer aquilo de novo? 

— Aquilo o que? 

— Beijar. — Engulo em seco, porque era exatamente isso que eu estava pensando. 

Ele aproxima mais a cabeça da minha. 

— Eu… — olhar pra ele assim tão de pertinho deixa minha barriga toda agitada. 

— Jungkook, o que você está fazendo? — Quase caio da cama quando meu pai aparece abrindo a porta com força. 

— Eu não estava fazendo nada pai, a gente só — ele não deixa que eu termine de falar apenas segura em meu braço. E olha duramente para o meu amigo sentado na cama.

— Vamos embora! 

— Mas, pai…

Espreguiço meu corpo pela cama esticando as pernas e levantando os braços, no entanto, o que me causa estranheza é sentir um fungando ao meu lado, finalmente abro os olhos e me deparo com o loirinho. 

Eu realmente dormi com ele, não foi tudo um sonho? Ok, não precisa surtar Jk. 

Falando em sonho, eu tenho a estranha sensação de ter sonhado algo, mas por algum motivo não consigo lembrar de nada, isso acontece quase sempre, o que é um saco, gostaria de poder lembrar de todos os meus sonhos, pelo menos os bons. 

Viro meu corpo completamente de lado assim como está o de Jimin, ficamos cara a cara, ele ainda dorme tranquilamente. E eu aproveito o momento para admirar a beleza de Park Jimin. Os lábios inchados formando um bico, os olhos um pouquinho entreabertos, o que eu acho engraçado, o nariz delicado assim como todo o resto dos traços do seu rosto. Fico perdido em sua beleza por alguns minutos até ele finalmente abrir os olhos, mas estou tão concentrado em si que nem ligo de ser pego no flagra.

— Bom dia. — ele diz com uma voz tão rouca que causa arrepios por todo o meu corpo. 

Engulo em seco antes de responder. 

— Bom dia. Dormiu bem? 

Ele balança a cabeça em concordância. 

— Graças a você. 

— Ah, eu não fiz nada de mais..— Levo a mão até a nuca e a coço. 

Ele todo folgado como é, joga uma perna em cima da minha. Assim como faz o mesmo com seu braço repousando em minha cintura. 

— Você fez sim. — Uni nossas testas e tenta se aproximar para um beijo, mas dou um sorriso e me afasto. — O que foi? 

— Acho melhor a gente escovar os dentes primeiro, antes de se beijar.

— Eu tô com tanto bafo assim? — pergunta com um bico emburrado. 

Faço um sinal com a mão indicando que sim.  Jimin revira os olhos. 

— Você também tá com bafo e eu não reclamei. Desse jeito não vai dá pra gente casar nunca viu Jungkook, você tem que me amar na saúde e na caatinga. 

É impossível ficar sério depois de uma dessas. Acabo gargalhando alto. 

— Antes você vivia falando sobre namoro, agora já virou casamento? E olha que a gente nem é namorado, ainda. 

— Você tá de brincadeira com minha cara, né? A gente se beija, come junto, sai pros lugares juntos, eu fiz um boquete em você esqueceu? — Como eu vou esquecer o dia em que mais senti prazer na minha vida? Impossível. — E agora estamos aqui dormindo na mesma cama e você ainda diz que a gente não é namorado? — eita que deixaram o dedo pressionado na metralhadora. — Não é porque você nunca me pediu em namoro que isso significa que não estamos namorando. 

Engulo em seco. 

Então eu tenho um namorado? 

— Por que tem que ser eu? Você pode muito bem me pedir em namoro. 

— Eu quero viver meu conto de fadas, onde o príncipe pede o outro príncipe em namoro com uma linda declaração romântica. 

— Então você gosta mesmo dessas coisas bregas? — ele confirma. — Você vai se dar bem com a minha mãe, ela ama essas coisas românticas também.

— E você é o que? Um anti-romântico? — pergunta entre risos. 

— Não, só acho que esse tipo de coisa é vergonha alheia demais. — Ele senta na cama de costas para mim pronto para se levantar, ele ainda está de roupão. 

— E você não passaria uma vergonha dessas por mim? — Jimin finalmente se levanta. 

— É, por você talvez eu passaria. — O loirinho se vira e vem até mim dessa vez não me distancio deixo nossos lábios se tocarem por uns segundos. 

— Bom saber disso. Vou tomar um banho, quer vir comigo? 

Esse descarado não perde uma oportunidade. 

— Claro. — me levanto, ele fica visivelmente surpreso. — Que não Park Jimin. — O loirinho bufa me olhando com tédio. 

— Você é chato, sabia? — pergunta. 

— É, eu sei, esse é um dos meus talentos — falo como se estivesse me gabando. — Vai lá vou ficar esperando você aqui. 

— Tá bom, seu chato. — Jimin vai para o banheiro. 

Um bom tempo se passou, estamos agora terminando de colocar suas coisas nas malas grandes. Jimin tem muitas roupas, sapatos, alguns objetos de decoração que ele disse ter comprado porque são especiais, seus materiais escolares e várias outras coisas, sem falar em seus óculos de sol, ele tem uma coleção e eu nunca vi ele usar um. 

Enquanto arrumamos as coisas, tentei ficar sempre puxando alguma brincadeira para amenizar o clima triste de despedida. Ir embora da sua própria casa porque foi expulso por seu pai, não é uma coisa legal, por isso fiz de tudo para que ele não se sentisse mal. O que é inevitável, eu sei. 

Ao finalizar de empacotar tudo carregamos as mais de cinco malas até a porta do quarto, fiquei parado ao lado de fora esperando ele que estava lá dentro observando todos os cantos. Encosto as malas na parede e adentro o quarto, paro ao seu lado, seguro sua mão com a minha.

— Vamos?

— Vamos! — Ele segura firme em minha mão. Finalmente deixamos o quarto, Jimin tranca a porta e pede que eu espere um instante, faço o que ele pede, o loirinho segue no corredor e antes de virar a esquerda percebo que segura a carta que escreveu ontem a noite. Ele some da minha vista e o que me resta é esperar. Encosto na parede achando que ele iria demorar, no entanto, ligeiramente ele retornou, ainda com a carta em mãos, me distancio da parede, quando está perto o suficiente percebo seu olhar triste. 

— Por que não entregou a carta? Você não conseguiu? — questionei, imaginando que não deve ser fácil ter que dizer adeus a sua mãe. 

— Minha mãe não tá em casa. — encaro ele confuso. — Quando entrei no seu quarto só estava a moça que faz a limpeza e ela me disse que hoje de manhã cedo minha mãe recebeu um telefonema e ela foi correndo para a delegacia. — seu olhar vai de encontro ao chão. — Ela escolheu meu pai mais uma vez, Jungkook.

Não suporto ver ele triste assim, então me aproximo lhe dando um abraço apertado,  quando afasto nossos corpos por alguns centímetros, deixo um beijo em sua cabeça. Seu cabelo tem um cheiro tão bom.

— Você ficaria muito chateado se eu de alguma forma usasse uma palavra ofensiva contra a sua mãe? — ele não entendi o que quero dizer, mas ainda assim, me permite continuar a falar: — Sua mãe foi muito burra de ter escolhido seu pai. — beijo sua bochecha direita. — Você vai ser sempre o número um pra mim. — ele passa os braços em volta do meu pescoço e eu coloco as minhas mãos em sua cintura. 

Jimin cola nossos lábios e um beijo calmo é iniciado, não demora para que nossas línguas se toquem e o beijo se torne mais e mais cheio de desejo. Porém, fomos interrompidos pelo toque do seu celular, ele atende e avisa que o seu irmão está nos esperando. Ajudo ele a carregar as malas até o carro.

Falo com os professores e eles oferecem uma carona até minha casa. Colocamos a última mala no carro do professor Namjoon, a sorte é que o homem tem um carro preto daqueles bem grandes que eu não faço a mínima ideia de como se chama, nunca fui do tipo especialista em carros. Jimin pediu para que esperássemos um pouco ele vai até o portão, conversar algo com o porteiro, vejo ele entregar a carta e depois se virar para vir até nós. Entramos no carro e seguimos viagem.

Durante o trajeto até minha casa inacreditavelmente eu falei muito mais que o loirinho, ele estava mais quieto do que o normal, seu irmão e o namorado falavam com a gente diversas vezes para amenizar o clima, mas ele só murmurava as palavras, eu por outro lado tentava parecer animado para que ele se animasse também. Mas não adiantou muito.

O carro para em frente a minha casa e já posso sentir a morte chamar por mim. 

Me despeço de Jimin, pedindo que ele se cuide e me mande mensagem caso queira conversar, espero o carro sumir de vista criando coragem para entrar em casa, eu ainda estou com a roupa da festa, então a primeira coisas que faço quando passo pela porta é arrancar a jaqueta, me viro de frente para porta para trancá-la. Porém, meu corpo fica congelado quando ouço passos descendo a escada. 

Droga. Ela está em casa.

Respiro fundo, girando sobre os calcanhares para finalmente dar de cara com dona Ji-woo, ela me encara de braços cruzados e com um semblante nada contente. 

— Jeon Jungkook. — ela falou o nome completo, orem por mim. — Onde você estava esse tempo inteiro? — minha mãe se aproxima segurando em meus braços, analisando todo meu corpo, reclamando sobre o quanto a deixei preocupada e perguntando o porquê não atendi suas ligações. — Você está tentando matar sua mãe antes da hora? 

— Não exagera, mãe eu tô bem, olha — fico de braços abertos para mostrar que não tenho machucado algum no corpo. 

— Você quase me matou do coração, menino! — ela fala dando palmadas leves na minha bunda. Eu me afasto exclamando um "aí mãe, para com isso" liguem para a polícia estou sendo agredido aqui. — Nunca mais faça isso, está ouvindo? 

Eu me afasto indo para o sofá, ela vem atrás, mas ao contrário de mim não se senta, continua me fitando de braços cruzados tentando manter sua pose de mãe séria. 

— Tá bom, mãe. Não vou fazer mais isso. 

— Agora me diga, onde você passou a noite? Na casa do seu primo que não foi, porque eu liguei para sua tia e ela me disse que ele chegou sozinho lá. 

Viro minha cabeça de um lado para o outro alongando meu pescoço.  A mulher me assusta quando se aproxima segurando em minha cabeça para olhar meu pescoço de perto, engulo em seco quando lembro que ela está olhando para o mesmo lugar onde ficou marcado com o chupão do loirinho, é uma marca levemente avermelhada, mas ainda assim, é uma marca. 

— Jungkook, o que foi isso no seu pescoço? Foi atacado por um mosquito? 

— A-ah, é, então. Isso mãe! Sim, isso é uma picada de mosquito, sabe? Aí eu cocei muito e ficou assim, mas relaxa já já some. — ela parece acreditar na desculpa esfarrapada e dessa vez se senta no sofá ao meu lado. 

— Eu fiquei realmente preocupada, filho, não faça mais isso, nunca mais! Eu já perdi o seu pai, não quero perder você também. — Ô mulher dramática, eu não ia morrer porque dormi fora. 

— Desculpa, mãe. Eu sei que deveria ter avisado, mas é que aconteceu tanta coisa ontem a noite. A senhora lembra do Jimin? 

— Sim, aquele seu amigo bonito. 

— Foi na casa dele que eu dormi. 

— Por que, aconteceu algo com ele? 

Balancei a cabeça em concordância. 

— O pai dele apareceu na festa e fez o maior barraco. 

— Meu Deus, e porque o pai desse garoto fez isso? 

— É que o Ji é bissexual mãe, mas o pai dele não aceita isso, ele é homofobico e trata os filhos muito mal. 

Ela fica em silêncio por um tempo e depois volta a falar: 

— Coitado do seu amigo filho, ele me parece uma pessoa tão boa, ninguém merece ser tratado assim pelo próprio pai. Então você dormiu na casa dele para confortá-lo? 

— Também, mas não foi só por isso. — ela vira a cabeça na minha direção. Acho que está na hora de finalmente contar para minha mãe sobre o que Jimin é pra mim. Só espero que ela reaja bem. — Eu sei que a senhora sempre quis que eu arrumasse uma namorada. 

— Já conversamos sobre isso Jungkook, eu estava sendo precipitada, não me importo se você não tiver uma namorada ou… quem sabe namorado. 

— Eu sei mãe. — tenho sorte de ter a melhor mãe do mundo ao meu lado. — Eu não passei a noite ontem na casa de um amigo, o Jimin ele é muito mais que isso pra mim. 

— Então quer dizer que meu bebê está finalmente gostando de alguém? — ela pergunta segurando em minha mão.

Apenas balanço a cabeça em concordância. 

— Eu gosto muito dele mãe, e ver ele passar pelo que passou ontem, me deixou muito mal, eu não podia deixar ele sozinho. Por isso fui dormir na casa dele. 

Ela me abraça e diz: — Obrigada por se abrir comigo, filho. Esse garoto tem muita sorte de ter encontrado você. 

— Não é pra tanto mãe, eu não sou isso tudo, eu que tenho sorte de ter encontrado o Jimin, ele é incrível. — é inevitável não sorrir ao falar do loirinho.

Ela se afasta levantando do sofá.

— Esse garoto vai ter que vir aqui em casa, viu? Se ele está tendo algo com o meu filho, preciso ter uma conversa com ele.

— A senhora quer conhecer o Jimin? — Engulo em seco. 

— Mas é claro que sim.

Nossa conversa não demorou muito. Subi para o meu quarto para descansar um pouco, nesse meio tempo recebi mensagens do loirinho, ele me informou que chegou bem na casa do irmão e pediu para que a tarde nos encontrássemos no Ho'omau, junto com os menino. Eu acabei dormindo um pouco e quando acordei tomei um belo banho e me arrumei para ir ao Ho'omau, agora estamos todos aqui tentando achar uma nova solução para ajudar a senhora Choi.

— Ainda dá tempo de conseguir esse dinheiro. — fala Jimin ele não desiste mesmo. Admiro o seu otimismo. 

— E como a gente faria isso? — resolvo perguntar. 

Ele solta um suspiro pesado e diz: — Eu não sei. 

— Sabe eu tenho umas roupas que eu não uso mais. — Taehyung comentou. Olhamos pra ele. Não entendo de primeira o seu raciocínio, mas logo que Leia entra no assunto tudo fica mais claro. 

— E eu posso falar com minha irmã, tenho certeza que ela vai ajudar. 

— Vocês podem compartilhar a ideia com quem tem mente lerda, por favor? — Yoongi pede. 

— Eu também não tô entendendo. —  Jimin revela.

— Vamos fazer um bazar! — Leia, bate palmas animada. 

— Isso aí! — diz Taehyung. 

— Vocês acham que isso vai dar certo? Digo, porque as pessoas comprariam roupas usadas? — pergunto. 

— Não vão ser só roupas usadas, na loja da minha irmã tem roupas de sobra, ela comentou comigo recentemente que estava querendo esvaziar o estoque, ou seja, será um bazar com roupas novinhas. E outra não precisa ser só roupa pode ter acessórios bolsas o que tiver pra ajudar.

— Isso é uma ótima ideia! O que me diz senhora Choi? — Jimin perguntou esperançoso. 

Ela fica um tempo em silêncio observando todos nós atentamente. 

— Eu acho que vocês são uns anjos na terra. 

Acabamos por sorrir de sua fala.

— Modéstia parte eu realmente sou tão lindo quanto um anjo. — O boboca do Yoongi diz. 

— Você tá mais pra um palhaço de circo Yoongi.

— Você já se olhou no espelho hoje Tae? Não sou eu que estou com a boca vermelha de batom. — Taehyung arregala os olhos tampando a boca com a mão, eu já havia percebido aquela mancha vermelha no canto de sua boca, mas achei que não fosse nada de mais. Tae, encara Leia imediatamente, sim ela está com batom vermelho, mas fingi que não vê o olhar de Taehyung sobre si. 

— Decidiu usar batom agora foi? 

— E-eu, e se eu estiver, tem algum preconceito com isso Yoongi? 

— Eu não, pode usar o que você quiser. 

— Gente vamos parar de discutir e focar no que realmente importa aqui, por favor. 

— O Jimin tem razão, vamos parar de falar de bocas e batom porque isso não é importante. — disse Leia.

Eles continuam falando mais sobre como seria esse tal bazar, a senhora Choi foi atender alguns clientes que apareceram. Já eu me perdi pensando: e se eu não tivesse negado cantar na festa, será que isso seria diferente? Talvez se eu não fosse tão medroso como sou agora o dinheiro estaria na quantia certa. A senhora Choi já me ajudou em tantos momentos, e agora que ela precisava de ajuda eu neguei. E Jimin, que é alguém que a conhece a pouco tempo, não mediu esforços para tentar fazer tudo que estava ao seu alcance para ajudá-la. 

Eu sou tão idiota!

— Dessa vez eu vou cantar! — afirmo após uma grande lufada de ar. 

— Sério? — Jimin me olha de soslaio. 

— Sim. 

— Mas você se negou a fazer isso antes Kookie o que te fez mudar de ideia? 

— Eu só quero tentar Jimin, se a gente ainda tem uma chance pra fazer diferente eu quero ajudar. 

Ele sorri para mim.  

— Isso vai ser maravilhoso. Um bazar com uma apresentação, o pessoal vai amar. — Leia, comenta. 

— Eu também acho. — diz Taehyung. 

— Eita que agora eu botei fé em você primo, vai ser um arraso ter você cantando. Cuidado pra não perder o bonitão, em Jimin. 

— Não seja idiota Yoongi, O Jungkook não é nem doido de me trocar por outro homem, não é Jungkook? — Credo, isso pareceu mais uma ameaça do que uma pergunta.

— Você que pensa loirinho, Caiu na rede é peixe. — falo segurando um sorriso. 

— Ah, é assim? Então você não se importa se eu fizer o mesmo. Né? — fechei a cara no mesmo instante.

— Você leva as coisas a sério demais, eu só estava brincando. 

— Ah, é? 

— Hô casal, podem sair do mundinho mágico de vocês e voltarem pra terra por um instante? — Leia interrompe. Voltamos nossa atenção para ela. — Então tá combinado, vamos realmente fazer esse bazar, certo? — concordamos. — E o Jk vai cantar? 

Engulo em seco antes de responder:

 — Sim. Dessa vez eu vou cantar!

Confesso que só de imaginar cantar na frente de outras pessoas já me causa calafrios pelo corpo, mas dessa vez eu não vou desistir, vou cantar e tenho certeza que eu vou conseguir! 

———————

A música que o Jungkook "cantou" para o Jimin foi escrita por mim 🙈 bom pelo menos boa parte dela foi, eu não sou cantora e nem compositora, mas quis tentar fazer algo "original" para colocar no capítulo. Aqui embaixo tem uma tentativa minha de cantar a música, peguem levem, pfv, eu não sei cantar kkkkk

O que acharam do capítulo de hoje?

Beijos e até a próxima atualização 💋

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