Nostroar

By HenryqueGregory

627 178 665

Heyden e Hory são dois amigos que abandonam suas vidas de luxo e riqueza, com o destino feito, para se aventu... More

Prólogo
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14

Capítulo 01

75 22 109
By HenryqueGregory

Quantas vezes você já pensou em largar tudo e tentar mudar de vida? Quantas vezes você se irritou com seus pais, por eles não te entenderem ou só te julgarem? Bastante né? Eu também, muitas vezes e muitas vezes. Por 17 anos eu vivi sendo julgado e forçado a ser quem eu não queria, ser uma pessoa falsa.

Meu pai era um gênio criador de carros, minha mãe dona de casas e apartamentos de luxo, e por conta disso, deles serem assim, eu vivi sendo julgado e forçado a ser igual a um deles. Nesse mesmo ano eu completaria meus dezoito, e caso eu não tivesse me decidido, meu pai me forçaria a ser militar.

Minha mãe era mais tranquila quando comparada a ele, mesmo assim, nunca me apoiou da maneira que eu precisava. Desde novo eu quis me tornar advogado, por conta de uma série de advogados eu criei paixão por essa profissão e me decidi ser um também.

Claro que, meu pai não apoiava essa ideia, e minha mãe também. Diariamente ela estava andando de cidade em cidade, estado em estado, e país em país, então assim só ficava eu e meu pai em casa. Por conta disso, ele sempre dizia o que talvez grande parte dos pais dizem quando querem forçar seus filhos a serem algo que eles não querem.

"Enquanto você viver embaixo do meu teto, comer da minha comida, e ter tudo que vem de mim. Você se tornará o que eu quiser que se torne". Sim, eu ouvi isso dele por basicamente dezessete anos, até que eu não aguentei mais.

— Hory? Sou eu cara — Digo ao telefone, após meu melhor amigo atender.

— Heyden? Que horas são mano? — Respondia ele, bocejando e com a voz de sono.

— Quase 03:50AM — Respondo, andando pelo quintal e olhando as estrelas enquanto fecho meus olhos.

— Tá fazendo o que acordado essa hora mano?

— Aquele plano — Digo, fazendo uma pequena pausa antes de voltar — Você ainda quer?

Por um momento tudo fica em silêncio, tudo o que eu ouvia era a brisa do vento batendo em meu rosto e fazendo a grama balançar. A três meses atrás, Hory apareceu com um plano que até então parecia louco demais.

Sua ideia era pegar uma certa quantia de seu pai, e levar nós dois para Nova Iorque, para fugirmos e deixarmos para trás a vida que vivemos e correr atrás de nossos sonhos. Naquele dia eu achei isso uma tremenda idiotice dele, eu só pensei nos contras, mas agora, eu só penso em ir e conseguir.

— Você tem certeza? — Ele me perguntava, com sua voz mudada, como se tivesse perdido o sono total.

— Tenho mano, 200% de certeza.

— Então tá, agora, vá dormir. Hoje às 18:00PM passarei na sua casa para te buscar.

— Para onde vamos? — Eu perguntava realmente sem entender, achei que ainda iríamos decidir algumas coisas.

— Para a cidade dos sonhos irmão, a cidade dos sonhos.

Nesse momento um sorriso enorme tomou conta do meu rosto. Nunca me senti tão feliz na vida como estava agora, finalmente eu e Hory iríamos correr atrás de nossos sonhos, e deixar de lado o julgamento e a obrigatoriedade de nossos pais.

— Hory? — Chamava por ele, antes que a chamada fosse desligada.

— Oi?

— Se o que faz te deixa feliz...

— Então não deixe de fazer por conta do que os outros dizem — Respondia rindo bem leve, e ali eu soube que ele era mesmo um irmão para mim.

— Até mais irmão — Me despedia dele, desligando o celular logo de imediato e o guardando no bolso da calça.

Talvez ele tivesse conseguido dormir, mas eu não iria conseguir de forma alguma. Restava apenas doze horas para que pudéssemos dar início a grande mudança na vida, a mudança que tanto queríamos e precisávamos.

No mesmo momento eu já arrumei minhas coisas, algumas roupas em uma mochila e objetos de higiene, o restante, eu conseguiria na nova cidade.

Séria minha primeira experiência saindo São Paulo para outra cidade, e já séria dessa forma, arriscando tudo para um recomeço. É como aquele velho ditado, quem não arrisca não petisca, e iremos arriscar tudo agora.

As horas foram se passando, e logo após o almoço eu convidei uma amiga para sair. Ela esteve comigo na minha vida desde que éramos criança, então eu acho que deveria contar a ela sobre essa mudança repentina.

Infelizmente, por morarmos em São Paulo, e por eu ter agora poucas horas, não fomos para muito longe. Moramos ambos perto de um grande shopping, e decidimos ir para lá mesmo, para eu não perder muito tempo e acabar atrasando.

— Então, você vai me contar o que pretende me falar ou não? — Perguntava ela, me olhando de lado enquanto andávamos pelo shopping.

Sutilmente eu a olho também, e sorrio como de costume. Ela percebeu que havia algo que eu a queria falar, como sempre, sendo boa em ler as pessoas.

Tento ao máximo enrolar ela, o tempo que conseguisse, ainda restava bastante tempo, não precisava ser de imediato. Meu medo na verdade era ficar um clima estranho, e eu ter que passar horas em casa pensando sobre tudo.

Conforme andamos pelo shopping, acabamos parando a praça de alimentação, e compramos uma pizza com refrigerante. Sentando em uma mesa de canto, enquanto levo um pedaço a minha boca, vejo ela me olhando novamente, fixamente em meus olhos.

No fundo eu já sabia o que ela pensava, e no que queria falar, na verdade, perguntar. Fecho meus olhos e começo a mastigar o pedaço em minha boca, enquanto ouço ela suspirando. Ao terminar, abro meus olhos e finalmente revelo a ela.

— Hory e eu iremos viajar essa noite — observo ela, parando de mastigar a pizza e começando a me encarar — Iremos para Nova Iorque, Sam.

Ela me olhava com uma cara de surpresa, mas não parecia estar triste ou desapontada, era como se o que eu acabava de falar, não interferisse muito em nossa relação. Contínuo a olhando, e lentamente ela continuava comendo o pedaço em sua mão.

Era como que estivesse enrolando, como se não houvesse razão para se apressar ou ficar agitada, aquela calma dela me impressionava, eu jamais havia conhecido uma mulher tão calma como ela. Mas, ao mesmo tempo em que eu ficava impressionado com sua calma, também me via irritado por haver tanta calma em uma mulher.

Colocando o último pedaço da fatia na boca, ela mastiga de forma mais acelerada, enquanto vê que eu estava esperando que ela falasse algo. Levantando a mão aberta para mim, ela fazia o sinal de espera. Esperar mais ainda? Por que as mulheres nos fazem esperar tanto?

Finalmente terminando, ela pega o copo com seu refrigerante e começa a beber, bem devagar. Nesse momento, eu provavelmente já estava arrancando meus cabelos de tanto nervosismo e ansiedade.

— Então você e Hory vão sair do país — falava ela, colocando o copo na mesa e inclinando seu corpo para frente — Imaginava que eu fosse ficar chateada? Na verdade, eu iria sim, se eu também não estivesse indo para lá.

Sua resposta foi um completo choque para mim. Indo para Nova Iorque também? Como assim, Samantha nunca me disse nada sobre ir para lá, o que diabos está acontecendo?

Nada que eu pensava se encaixava, não me vinha nenhum motivo que fizesse com que ela se mudasse para lá, então por quê?

De repente surgia uma lembrança, como se fosse algo mandado e mostrado por seres superiores, bizarro. Sam e eu sempre falamos sobre sermos advogados, e desde pequenos nós nos esforçamos para que conseguíssemos uma chance de fazer faculdade de direito fora do Brasil, então talvez, ela tenha conseguido.

— Não me diga que... — falei, sem conseguir continuar, era muita coisa em minha cabeça.

— Sim... Fui aceita na NYU — suas palavras me causavam extrema alegria, não apenas por poder continuar com ela, mas por ela ter conseguido entrar em uma faculdade, e logo em Nova Iorque.

Séria obra do destino? Juntar nós dois antes, e nos manter juntos mesmo agora? Tínhamos tudo para ficarmos distantes, mas então vem a notícia de que continuaremos juntos.

Nem percebo o sorriso que expresso em meu rosto. Apenas a olhava e admirava a felicidade em seu rosto, e claro, aquele sorriso encantador que ela tinha, juntamente daqueles olhos verdes. Se eu não a conhecesse desde criança, com certeza eu seria apaixonado por ela.

Olho para o relógio em meu pulso e percebo já ser 17:36. Olho para ela e falo que eu precisava ir rapidamente para casa. Ela se levanta da mesa primeiro e estende sua mão para mim. Corremos juntos até minha casa, chegando com quinze minutos de folga ainda.

Convido ela para entrar, não que precisasse, ela viveu boa parte de sua infância aqui comigo. Vamos até meu quarto, onde busco minha mochila e ando até o closet, para me trocar. Sam anda por meu quarto, tocando em tudo que estivesse em seu alcance.

Me visto com uma calça preta, e pego uma camisa branca, lisa e grande. Volto para o quarto e vejo ela sentada em minha cama, com uma fotografia que eu deixava ao lado da cama. Ela me olha, e me encara na cara de pau. Visto minha camisa e ela disfarça, voltando a olhar para a foto.

— Quer ficar com ela? — pergunto, enquanto procuro por minha jaqueta preta.

— Nós iremos estar juntos em Nova Iorque idiota, e para que eu iria carregar uma foto nossa?

— Ué, para as pessoas verem que você tem um amigo muito lindo, e para suas amigas quererem me conhecer também — digo a ela, sorrindo enquanto visto a jaqueta.

Ela revira seus olhos e bufa. Olho no relógio e em seguida pego meu celular, vendo que havia mensagens de Hory. Em seguida ouço o som de seu carro se aproximando.

Samantha me olha, e vou até ela. Me agacho e fico olhando para seu rosto, agora ela parecia estar realmente triste com tudo isso. Levo meus dedos até suas bochechas, enxugando as lágrimas que caiam de seus olhos.

Abraço ela, a confortando e falando que estava tudo bem, afinal, iríamos manter contato ainda, e logo, logo estaríamos juntos novamente. Ela desfaz o abraço, se afastando um pouco para trás.

Enquanto olhava para a foto em suas mãos ainda, eu me levanto e me olho no espelho, terminando de arrumar meu cabelo, mesmo não tendo muito o que arrumar, já que eu usava ele meio bagunçado. Virando para trás eu a vejo frente a mim, muito próximo mesmo, seu rosto estava quase colado com o meu, seus olhos semiabertos e sua respiração bem pesada.

Até penso que ela faria algo que jamais imaginei, mas na verdade ela não fez nada, apenas disse que Hory havia chegado e que estava lá embaixo. Ela sai primeiro, enquanto eu continuo parado, refletindo no que eu havia pensado. Eu realmente pensei que ela fosse me beijar? Somos amigos desde criança, ela não teria esse sentimento por mim, e nem eu... né?

Pego a carta que fiz para meus pais, e a deixo na cama, onde eles possam ver facilmente. Em seguida desço até a rua, vendo meu amigo parado com seu carro bem em frente à minha casa, conversando com a Sam.

Ando na direção deles, com um sorriso enquanto olho para ele, nossa felicidade era inegável, estávamos muito felizes por finalmente mudar de vida e iniciar uma nova etapa.

— Está pronto? — ele me perguntava, já dando a volta no carro e entrando.

Eu confirmo com a cabeça e vou até a porta do passageiro, antes de abrir, dou um último abraço na Samantha, e um beijo em sua bochecha. Toco seu rosto com minha mão, e sorrio para ela.

— Assim que possível, irei informar tudo a você sobre lá, e quando finalmente for para lá, venha ficar em nossa casa... se já tivermos hahaha.

Tento quebrar o clima tenso e fazer com que ela fique feliz com tudo isso, afinal nós iremos estar juntos em breve. Após entrar no carro, Hory o liga e começa a acelerar, levando nós dois até o aeroporto.

O caminho inteiro passamos por lugares marcantes para nós dois. Por nossa escola, onde nos conhecemos. Por nosso primeiro lugar de trabalho, o beco onde lutamos com dezesseis alunos da escola rival a nossa.

Foram tantas lembranças, e agora estávamos indo em busca de novas coisas, deixando todas as velhas para trás. Eu não imaginava o quão gigante séria a mudança que ocorreria em minha vida, após tomar essa decisão.

E Samantha, espero muito que possamos nos ver novamente. Mas aquele momento não saia da minha cabeça, e eu deveria parar de pensar isso, aquilo não foi real. Ou foi?

Continue Reading

You'll Also Like

290K 22.2K 45
"𝖠𝗆𝗈𝗋, 𝗏𝗈𝖼ê 𝗇ã𝗈 é 𝖻𝗈𝗆 𝗉𝗋𝖺 𝗆𝗂𝗆, 𝗆𝖺𝗌 𝖾𝗎 𝗊𝗎𝖾𝗋𝗈 𝗏𝗈𝖼ê." Stella Asthen sente uma raiva inexplicável por Heydan Williams, o m...
49.9K 10.3K 29
Puerto Vallarta, México, era o seu lar desde criança. Elena Flores tinha uma vida simples, morando com seus pais, indo a escola e fazendo parte do ti...
101K 8.2K 57
Talvez eu não merecesse ter ela. Ela era boa demais. Doce demais. Linda demais. Ela era pura. Inocente. Quase um anjo. Eu não tinha um pingo d...
45.2K 4.1K 22
Todo mundo achava que Olívia Senna era uma patricinha. Isso e que ela era esnobe, antipatica e, acima de tudo, mimada. Pelo menos foram essas as pal...