Capítulo 06

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Enquanto descíamos pelo elevador não nos falamos, o silêncio permaneceu durante todo o caminho de volta a parte principal da boate.

Logo ao passarmos pela porta de antes, vejo Hory ainda sentado provando drinks. Dryca se separa de mim e vai até o banheiro, ao menos é o que parecia.

Me aproximo de meu amigo sentando-se ao seu lado, e logo vejo um sorriso em seu rosto. Eu sabia que ele já soubesse o que havia acontecido, então eu sorrio para ele, enquanto estendo meu punho para que ele o toque igualmente.

Peço para que a moça atrás do balcão me faça um drink que me surpreendesse. E de fato acabo ficando surpreso com o sabor eletrizante que ele proporcionou.

— Então irmão, foi bom? — Ele pergunta se virando para mim, com o olhar perverso e o sorriso de felicidade.

— Você já sabe a resposta — Respondo sorrindo no final, enquanto dou mais um gole.

— Sim, sim. Mas eu quero ouvir você falando.

Por um momento, olho para o espelho que ficava na pia onde a moça lavava suas mãos agora. Penso no que aconteceu entre mim e Dryca, e em sequência no que houve antes de virmos para essa nova vida.

O momento em que Samantha e eu quase nos beijamos... Isso não saia da minha cabeça, ainda martelava fortemente como a droga de um enigma.

Antes que pudesse responder à pergunta dele, ouço uma voz familiar me chamando. Não consigo acreditar logo de começo, mas então escuto ela me chamar de novo.

Passo meu olhar para Hory, e ele concorda com a cabeça. Rapidamente me viro na direção da voz, e para minha total surpresa era ela.

Dryca voltava juntamente de Sam, que corria em minha direção. Me levanto e dou alguns passos até ela, mas antes que pudesse começar a correr sinto seu corpo se batendo no meu.

Ela havia acabado de pular em cima de mim, passando suas pernas por minha cintura e as prendendo por trás de mim. Não consigo ter reação imediata para sua chegada, apenas sou preenchido por seu abraço caloroso e apertado.

Retribuo o abraço dela e fecho meus olhos. Minha cabeça estava quase encostada em seus seios, e seu cheiro era surreal. Aquilo por algum motivo me trazia calma e paz, acho que por isso fechei meus olhos e deitei minha cabeça em seu corpo, enquanto tinha suas mãos massageando meus cabelos.

Por alguns longos minutos nós ficamos dessa forma, até que ela se afasta um pouco e pega em meu rosto, me olhando diretamente em meus olhos, tentando procurar algo em mim, mas parecia não encontrar.

Acabo sorrindo, sem saber o motivo, para ser realista. Peço para que ela descesse, pois não aguentava mais a segurar. Ela desce sorrindo e me dá um leve soco no meu peito.

— Está dizendo que estou gorda?

— Não, estou dizendo que sou fraco demais para segurar alguém por muito tempo.

Acredito ter dito algo engraçado, ela sorriu bastante, então talvez? Não sei dizer se sim ou não, mas prefiro acreditar que sim.

Hory nos interrompe e fala que precisávamos voltar para casa, pois a boate logo iria abrir ao público e não tínhamos acertado o trabalho ainda, então não poderíamos ficar.

Isso me fez pensar no tempo em que passei com Dryca, me levando a conclusão de que passei muito tempo lá.

Acabamos voltando para o apartamento, e no caminho Sam e eu conversamos bastante. Ela me disse que havia chegado hoje, e que tinha me ligado várias vezes, mas não atendi, então ligou para Hory.

Hory parece ter dito a ela que nosso apartamento tinha espaço sobrando, então ela poderia ficar com a gente. Agora éramos quatro pessoas juntas em um apartamento, imagino o que isso irá se tornar.

Quando chegamos ela correu diretamente para a varanda, provavelmente tenha sido de cara o que mais lhe chamou atenção. Não julgo nenhum pouco, afinal quando a porta do elevador abre a primeira coisa que vemos é justamente isso.

— Querem algo para beber? — Dryca pergunta a nós, indo até a cozinha.

— Ainda tem cerveja? — Indaga Hory, caindo no sofá deitado.

— Vejamos — Ela começa a procurar na geladeira, com seu corpo inclinado e balançando sua cintura — Tem três ainda.

Acabo pegando apenas uma garrafinha com água e ando até o sofá também. Hory vira seu rosto e me olha, sorrindo novamente.

Eu nunca sei o que passa em sua mente, e isso me frusta de uma forma descomunal. Até agora ainda me pergunto como ele conseguiu esse apartamento, a boate, e essa nova vida inteira.

Nunca comprovamos a inteligência real dele, mas Sam e eu sempre acreditamos que ele fosse um gênio completamente desconhecido, e claro, que não gosta de mostrar tudo o que sabe.

— Então, Sam — Sou interrompido pela voz de Dryca, que se senta nas pernas do meu amigo — Você e esses dois se conhecem a muito tempo?

Nem percebo quando Samantha se senta ao meu lado e passa seu braço ao redor de meu pescoço, me puxando para perto.

— Conheço o Heyzin desde que tínhamos uns três anos, eu acho. Hory conheci no fundamental, uma longa história.

Ela sorria e gargalhava, realmente aquele dia tinha se tornado em uma longa história. Olho para Hory e o vejo olhando atentamente para a perna de Dryca, passando seus olhos por todo seu corpo, observando cada centímetro.

— Acho que temos bastante tempo para uma história.

— Eu preferia que não fosse justo essa — Falava ele, fechando seus olhos e jogando suas mãos por cima, tampando sua visão.

— Então será ela mesmo. Vamos Sam, me conte sobre — Ela gargalhava suavemente, me olhando de forma discreta após terminar.

Samantha me olha por alguns segundos, e sinto sua respiração batendo em meus lábios. Nossos corpos estão tão próximos que... Isso é errado, eu sei, mas eu adoraria beijar ela nesse exato momento.

A vejo sorrir e sinto ela assoprando meu rosto. Esquivo para minha esquerda e quando viro meu rosto para ela novamente, já estava olhando para sua mais nova amiga, começando a contar toda a história antiga.

— Então, tudo começou quando...

Nostroar Where stories live. Discover now