Serendipity of a dream

By Estrela_rana

183K 23.1K 17.8K

[ LIVRO FÍSICO EM BREVE PELA EDITORA SINGULARITY 📖 ] [Em andamento] Jeon Jungkook, um adolescente que tem s... More

AVISOS!
Lembranças
O loirinho bonito.
Tudo que sinto é... medo.
Sorvete de menta
Quase um encontro
Molho de pimenta
Rosa azul
Sombras do passado
Foi só um beijo bobo, né?
Cheirinho de morango
Viva sem medo
Verdade oculta
O meu único refúgio
sinceridade
Foi tudo um sonho
Me apaixonando mais a cada dia
Um passo de cada vez
Perdido por você
Meu coração palpita por você
Eu sou você...
Você sou eu
Amizade em primeiro lugar
Mudanças
onde a verdade se revela (1)
uma palavra dá autora :)
Onde a verdade se revela (2)
Arrependimento
Ainda há esperança?
Memorias perdidas
Coração quebrado
NOVA TEMPORADA
Novo cronograma
Pesadelo
Sem forças
Desavenças
Um momento de paz
Uma volta no tempo
Confusão
Grupo novo no Instagram
Calmaria
Sofrimento
Mostrando as garras
A dor que sempre volta
"Nervos a flor da pele"
Melhor amigo
A última briga
Apenas Continue
Dores do passado
O seu lado da dor
Uma nova chance
Incerteza
Estou com você
Um momento só nosso
Me deixe ser feliz
A noite em que fizemos amor
O monstro se revelou
A realidade machuca
Aviso
Escolhas difíceis são necessárias
Eu sou o medo

Pelo teu sorriso

3.4K 457 373
By Estrela_rana

Oiiii, gente, capítulo novo aqui pra vocês! Ele era pra ter saído no sábado passado, mas aconteceu uns imprevistos :( porém, decidi postar hoje! Espero que gostem. Ah e mais uma coisa, pela primeira vez alguém usou a # da fic 😭 eu me senti tão importante ksksksk se quiserem falar de "Serendipity of a dream" em alguma rede social use a

#acasodeumsonho 

assim vou poder ver o que vocês acham da minha bebê :)

Boa leitura 📖

Até mesmo nos dias mais chuvosos sempre haverá um sol, e o sol que trago hoje servirá de ponte para dias de paz nessa fanfic, mas não se deixem levar pela calmaria, pois, logo uma nova tempestade virá...

Jung Hoseok

Jimin é uma das pessoas mais importantes para mim. Conheci ele no pior momento da minha vida.

Fazia pouco tempo que eu tinha acabado de perder meu avô, que era como um pai pra mim. 
Eu estava destruído, não via mais sentido em respirar, nada mais me alegrava, minha mãe chorava escondida pelos cantos da casa porque não queria me preocupar, e isso me deixava ainda mais triste e irritado. 

Após a trágica morte do meu vôzinho, minha mãe recebeu uma proposta de emprego na cidade em que vivemos hoje, e com isso tivemos que nos mudar, mesmo eu implorando a ela para não irmos porque, não queria abandonar a casa do meu avô, queria continuar morando ali para sempre. Eu temia que, se me afastasse demais de tudo que me lembrava a ele, eu iria esquecê-lo. Mas com o tempo, entendi que ele sempre estará comigo, não importa onde eu esteja. Meu avô sempre estará comigo em meu coração. 

Quando vi Jimin, pela primeira vez, ele estava chorando, e mesmo não o conhecendo, eu enxerguei ele, uma criança perdida e triste, não sabia o motivo de suas lágrimas, mas naquele momento eu senti a necessidade de me aproximar. Mesmo sem saber o nome daquele garoto de cabelos marrom, pele clara, olhos e bochechas inchadas, eu me sentei ao seu lado. O fiz companhia sem fazer uma única pergunta, pois sabia que não era o que ele precisava. 

Fui pego de surpresa quando ele me abraçou, no primeiro instante relutei a retribuir o ato, porém, suas mãos apertavam meu corpo tão desperadamente que lembrei de como me senti quando presenciei meu avô morrer. Levei minha mão até seu cabelo e fiz um leve cafuné.
Ele deixou uma macha nojenta de meleca em minha camisa, mas aquilo fez ele sorrir e não aguentando, acabei sorrindo também.

Pela primeira vez em dois meses, consegui sorrir novamente. 

A partir daquele dia viramos amigos. 
Melhores amigos inseparáveis. 

Passamos por muitas aventuras juntos. 

Ambos tínhamos 14 anos quando em um dia comum, estavamos na minha casa, vendo um novo lançamento de uma série de terror que havia acabado de estrear nos cinemas, quando ele pausou o que assistíamos para dizer: 

Eu acho que gosto de homens, Hoseok. 

— Como assim? Você quer dizer gostar, gostar ou só gostar?

— Eu tô dizendo gostar, gostar mesmo! Eu sinto vontade de beijar garotos, você me acha estranho por isso? — ele abaixou o olhar tristonho. 

— Claro que eu não acho você estranho Ji, mas me diz, então você não sente vontade de beijar garotas? 

— Pelo contrário, eu amo beijar garotas, mas eu também sinto vontade de fazer isso com os caras! Eu nasci quebrado, Hobi? Por que eu sou assim? 

As perguntas de Jimin me pegaram desprevenido, eu estava há um tempo pensando em dizer a ele que eu também me sinto diferente, mas fiquei com medo, porque sei que o pai dele é homofóbico, e eu temia que Jimin pudesse me olhar diferente por influência do pai. 

— Você não é quebrado Jimin, talvez você seja um garoto bissexual! — me olhou desentendido. 

— Bissexual? O que é isso, é tipo um bicho que gosta de fazer sexo? — dei risada, muita risada na verdade. — O que foi, eu tô falando sério, nunca tinha escutado essa palavra na minha vida. Eu achei que eu era gay, mas você tá dizendo que eu sou esse outro aí, agora tô confuso. 

Sorri tanto que fiquei ofegante, quando recuperei o fôlego falei: — Tem diferença entre os dois Jimin, por exemplo: um homem que se sente atraído fisicamente e emocionalmente por um outro homem, ele é considerado homossexual, mas quando se é bi, que é a abreviação de bissexual, a pessoa sente atração por homens e mulheres, têm outros gêneros envolvidos nisso também, mas é basicamente isso, entendeu? 

— Ah sim, agora acho que entendi. Mas Hoseok, como você sabe tanto sobre esses assuntos? 

— Eu pesquisei porque queria aprender mais, queria tentar me encontrar. 

— Se encontrar? Espera, Hoseok, você também é bi? 

— Não, Jimin, eu sou gay. — deixei que as palavras que eu havia guardado comigo durante anos saíssem, foi como tirar um peso das costas. 

— Por que você nunca me contou, Hobi? 

Minhas lágrimas simplesmente decidiram sair, sem que eu percebesse já estava chorando. 

— Eu achei que você não fosse mais falar comigo, você sabe o quanto o seu pai é homofóbico, eu tive medo, Ji. — ele me puxou para um abraço. 

Jimin sempre gostou de abraços. 

— Não chora Hobi, por favor. — passou a mão pelos meus cabelos. — Eu nunca vou me afastar de você, não importa o que aconteça, sempre ficaremos juntos, lembra? Amigos para sempre. — concordo fungando.

Depois de uns minutos consegui me acalmar. 

— Então é isso, nós dois gostamos de homens? — questionou sorrindo. 

— É o que parece. — sorri também. 

Vivemos muitos momentos felizes juntos, como a vez em que eu cortei o cabelo em casa e tive que usar boné por um mês porque um lado tinha ficado maior que o outro, Jimin me zuava diariamente por conta disso. Na época fiquei chateado, mas lembrar disso hoje, me deixa feliz. 

Também teve a vez em que ele resolveu furar a orelha, escondido do pai obviamente, porém, desistiu quando viu a agulha, ele ficou com tanto medo que saiu correndo do estúdio. Eu fui o único a furar minha orelha naquele dia.

Foi cômico e de longe um dos dias em que mais sorri na vida. 
Passamos por muitos momentos tristes também, afinal eles fazem parte da vida. 

Mas Jimin em particular teve que superar muitas coisas, seu passado já era conturbado antes de me conhecer, e mesmo nunca querendo falar sobre esse assunto, eu sabia que era algo ruim. 

Ele sofreu bullying na escola devido ao seu peso, entrei em duas brigas por conta disso, aqueles idiotas se achavam no direito de zuar meu amigo só porque ele não era magro.

Foi aí que eu tomei a iniciativa de pintar o meu cabelo de uma cor bem chamativa e como amo a cor vermelha, acabei escolhendo ela. O diretor quase me expulsou da escola, porque naquele tempo era proibido pintar o cabelo. Mas hoje nossa escola é mais liberal, eles adotaram novos costumes por conta dos estrangeiros.

Minha mãe quase ficou rouca de tanto gritar comigo quando viu meu cabelo completamente vermelho. 

Tive que contar a ela o motivo dessa minha mudança radical de visual. Disse que havia pintado meu cabelo para que os idiotas do colégio parassem de implicar com o Jimin,e como todos se achavam machões demais com certeza iriam começar a zombar do meu cabelo e iriam esquecer Jimin, ela se acalmou. E me abraçou dizendo estar orgulhosa por eu ser um filho tão bom com os outros. 

Mas eu era uma criança burra demais. 
Eles passaram a zuar nós dois, eu era a bixinha ruiva e Jimin o frigobar. 

Tudo era pior por conta do nosso amor pela dança. 

A dança foi minha luz no fim do túnel em vários momentos de tristeza. Posso não ter ninguém por perto, mas sei que sempre terei a dança comigo. 

Jimin também pensava assim.
Isso fez com que nós nos dedicássemos mais ainda nas aulas de balé. Éramos os melhores da turma, dentro da sala de dança éramos elogiados, mas fora dela éramos humilhados. 

Os anos foram se passando e veio o tão esperado ensino médio. Eu e Jimin decidimos não ligar mais para a opinião dos outros, seríamos novos homens do ensino médio. 

E é incrível o quanto as coisas mudam quando você simplesmente liga o foda-se. 

Eu já amava a cor vermelha em meu cabelo, então continuei com ela, Jimin resolveu mudar a cor do cabelo para um loiro claro, o que combinou perfeitamente com ele. Seu corpo também não era o mesmo de antes e eu comemoraria se não soubesse o motivo dele ter mudado. 

No fim descobrimos que pessoas talentosas no ensino médio são considerados os melhores, certo que também precisa ir bem nas matérias, mas ter um talento pode te trazer muitas vantagens. Nosso primeiro ano foi incrível, conhecemos Lisa, uma garota da nossa sala que acabou virando namorada do Jimin. No meio do ano uma novata chamada Leia entrou na nossa sala, nós quatro viramos amigos. No segundo ano éramos conhecidos como um dos grupinhos dos populares. 

Mas não ligamos muito para esse status. 

E me dói saber que hoje infelizmente outra pessoa deve estar sofrendo bullying por conta da aparência, gosto pessoal, ou até mesmo por motivo nenhum. 

Os seres humanos são cruéis com o desconhecido. 

Dias atuais 

Eu e Jimin chegamos juntos na escola. Aproveitei a carona do motorista dele, que por sinal parece ser uma boa pessoa. 

Entramos na sala e caminhamos até nossas cadeiras. Coloquei minha bolsa em cima da mesa e virei para ele que já estava sentado. 

— Ji, vou rapidão lá na sala do Yoongi, quer ir comigo? — perguntei torcendo para ele dizer um não. 

— Não, tô de boa aqui. Pode ir lá. 

— Então ok. 

Ando pelos corredores em direção à sala do Gi, quando ele me vê parado na porta admirando sua beleza, me oferece um sorriso lindo. 

Ai, como resistir aos encantos desse gatinho? 
Sorri de volta e caminhei até ele. 

— E aí Jungkook. — cumprimentei seu primo que custou responder porque não tinha me ouvido falar, por conta dos fones de ouvidos. Mas me respondeu um "oi" simples, assim que os tirou. 

— Yoongi, a gente pode conversar? 

— É mentira! — disse de repente. — Se alguém tiver falado alguma coisa de mim pra você, pode crer que é mentira. Eu não fiz nada e o Jk está aqui de prova, né primo? 

Jk não respondeu, estava ocupado demais cantarolando uma música. 

— Primeiro que eu não acusei você de nada e segundo, que você ficou nervoso demais — estreitei os olhos. — Está com culpa no cartório Yoongi? 

— Que isso vida, eu só estou brincando com você. 

Senti minhas bochechas esquentarem, ele pegou no meu ponto fraco, sabe que eu fico sem jeito quando ele começa com esses apelidos. 

Eu e Yoongi não somos namorados, mas nessas horas sinto como se fossemos. 

— Idiota. — bati em seu ombro. Ele gargalhou exclamando um "ai". — Então você pode conversar comigo, ou eu preciso marcar hora? 

— Achei que a gente já tava conversando. 

— Yoongi. — disse firme. 

— Você acordou muito mal-humorado hoje. 

— Estou estranhando você de bom humor. — revelei. 

— Você notou que hoje é sexta-feira? É o melhor dia da semana. — se levantou da cadeira avisando Jungkook que iria sair. 

Saímos em direção a um dos nossos lugares preferidos da escola. 
A sala de aula de cerâmica. 
Ela fica a maior parte do tempo vazia. 
Eu e Yoongi já demos uns bons amassos dentro dela.

— Por que você me trouxe ao nosso ninho de acasalamento meu amado? — perguntou forçando a voz para parecer mais grossa.

Olhei para ele com tédio. 

— Você deixou seu humor dormindo em casa, foi? Nem para sorrir da minha atuação digna de Oscar. — Continuei olhando em silêncio dessa vez de braços cruzados. Ele se aproximou me abraçando. — Você tá tão lindo hoje, sabia? — Beijou meu queixo. — Mas estaria mais lindo ainda se estivesse sorrindo. — Beijou meu nariz. — Dá um sorriso, vida. — Que ódio, não consigo me controlar e acabo deixando um sorriso escapar. Empurro ele de leve. — Era esse sorriso mesmo que eu queria ver. — Ele se aproxima novamente, mas dessa vez me dá um selinho.  

Como não resisto aos seus lábios acabo aprofundando o beijo. Nossas línguas se tocam enquanto movimentamos nossas cabeças. Em uma pegada bruta, Yoongi me puxa pela cintura me fazendo suspirar.  

Mesmo a contragosto, sou obrigado a impedir que nosso beijo dure por muito tempo. Lhe dou um último selinho e começo a falar:  

— Jimin me contou todo o resto da história dessa vez. — Ele se sentou em um banco colado à parede, me sentei ao seu lado também.  

— E o que o pai dele fez? — colocou uma de suas pernas sobre minha coxa. Ele ama fazer isso.  

— Tudo que eu posso dizer é que aquele homem é um filho da puta! Mas o que ele faz não importa. O que eu quero é tentar ajudar o Jimin. Não aguento mais ver ele tão pra baixo, você entende?  

— Claro que eu entendo Hobi. — levou a mão até minha bochecha acariciando com o polegar. 

Mesmo que não tenhamos nada sério, Yoongi sempre é tão carinhoso comigo que me faz esquecer que somos apenas amigos que se pegam, às vezes, quase sempre. 

— Também não aguento mais ver o Jungkook deprimido, foi por isso que eu acabei contando o que você me disse sobre o namoro do Jimin e da Lisa ser tudo fachada. Desculpa, sei que você pediu pra guardar segredo, mas ele também é uma pessoa importante pra mim e eu achei que ele merecia saber a verdade.  

— Não posso te julgar, afinal, eu contei para você mesmo o Jimin pedindo que eu guardasse segredo. Sou um péssimo amigo, né?  

— Não, a gente só tá preocupado com eles. — se aproximou do meu rosto e me deu um selinho demorado. — Eu adoraria continuar aqui namorando você, mas tenho que voltar pra sala. Meu professor é casca dura em relação ao horário. — disse se levantando.  

— Tudo bem, tenho que ir pra sala também. — Fiquei de pé. — Hoje no terceiro horário eu vou estar na sala de dança, você vai ao seu treino?  

— Vou. O treinador disse que temos que começar a nos preparar pro campeonato, então temos treino hoje.
  

— Ok, então eu te encontro na quadra quando acabar minha aula, pode ser? Assim, a gente conversa com mais calma.  

— Por mim tudo bem. Vamos?  

Empurrou a porta para abrir, passo na frente. Quase grito quando sinto um tapa forte sendo desferido contra minha bunda.  

— Yoongi? — repreendi ele com o olhar, não é novidade que Yoongi é um safado, mas fazer isso pelos corredores da escola pode nos trazer problemas. 

— Desculpa, eu não resisti, é que sua bunda é tão atraente.  

— Você que é sem vergonha demais. — Puxei ele para que andasse rápido. Logo tivemos que nos separar no corredor e cada um foi para sua sala.  

[•••]

Assim que termino minha aula de dança, deixo a sala, com uma toalha de rosto no ombro, a uso para limpar o suor em minha testa e pescoço. Como Jimin preferiu ficar na sala, tive que vir sozinho, Leia matou a aula porque disse que precisava fazer algo importante. Lisa aproveitou que Jimin não veio para ficar grudada nele.  

Finalmente entro na quadra de basquete, de longe vejo os garotos do time, todos com o uniforme, que é camisa branca e shorts vermelho, muito suados, uns até sem camisa.  

E nossa, que corpos sarados.  
Me aproximo e assim que Gi, percebe minha chegada ele vem até mim. 

Vejo a cena em câmera lenta: ele correndo com uma bola de basquete debaixo do braço com a camisa de tecido fina marcando os mamilos e o suor descendo pela testa. Alguns fios de cabelo grudados em seu rosto.  

Suspiro.  

Que cara gostoso.  

— E aí, ainda vai demorar muito pra acabar seu treino? — perguntei.  

— Não, na verdade o treinador só estava explicando umas regras para os novatos, mas já terminei. — Ele se vira para a quadra procurando alguém. — Ô Heeseung, pensa rápido. — Diz jogando a bola para Heeseung, um dos garotos mais cobiçados do colégio. O que adianta ele ser lindo e ser um babaca? Ele estuda na nossa sala e o Ji já deu uns pegas nele em uma festa. — Tenho que trocar essa roupa logo, vem comigo.  

Ele sai me puxando pelo braço até estarmos no vestuário dos jogadores.  
Ele começa a tirar a camisa.  

— O que você pensa que está fazendo? — questiono, tentando fingir que não estou afetado. 

— Eu preciso tirar a roupa para poder por outra Hoseok. — disse o óbvio. Revirei os olhos. E me sentei no banco ao lado dos armários, ele caminhou até os armários e abriu uma das portas, tirando sua roupa limpa de dentro. — Vou tomar banho rapidão. Quer vir comigo? 

— Eu até iria, mas a gente não tem tempo pra essas coisas na escola.

— Essas coisas o que? Tomar banho? — fez cara de desentendido. Dei um tapa de leve em sua bunda. E disse para ele se apressar. — Olha que eu gosto de levar tapas fortes, hein. — provocou indo para o banheiro.

Aproveitei que não estava fazendo nada e peguei meu celular mandando mensagem para Jimin, perguntando o que ele estava fazendo. 

Quase um minuto depois a resposta veio. 

"Conversando com a mãe da Lisa por chamada de vídeo" 

Deixei uma risada escapar e respondi a mensagem. Com um: "Boa sorte amigo, você consegue!" 

Logo, minha atenção recaiu sobre os outros garotos do time entrando para fazer o mesmo que Yoongi. 

Alguns deles me cumprimentaram, e começaram a fuçar os armários procurando por seus pertences e depois entraram nas cabines de banho.

— O que faz aqui, Hoseok? Esperando seu namoradinho? — Heeseung que foi um dos últimos a entrar pergunta.

Enrijeço minha postura deixando o ar pesado escapar por minhas narinas. 

— Não é da sua conta. 

— Qual é, todo mundo aqui sabe que vocês se pegam, né pessoal? — fala em um tom zombeteiro enquanto sorri olhando para seu grupinhos de amigos que acompanham sua risada. — Vou tirar minha camisa, mas vê se não fica babando no meu corpinho, viu? 

Odeio esse garoto.

— Vê se cresce Heeseung, você fica querendo pagar de machão, mas todo mundo aqui sabe que você gosta de uma pica também. Ou vai me dizer que seus amiguinhos não sabem que nas festas você pega homens? 

Seu semblante confiante se transformou em constrangimento quando seus amigos começaram a rir da sua cara, ele arrancou a toalha do ombro e entrou em uma das cabines do banheiro. 

Não demorou muito para que Yoongi saísse da cabine ao lado, vestido em uma calça preta de tecido mais grosso e uma camisa branca  de mangas curtas. Com uma toalha no pescoço ele caminhou até o armário. 

— Aconteceu alguma coisa, Hobi? 

— Não, não foi nada. Só o Heeseung sendo babaca como sempre. 

— O que ele fez dessa vez? Eu juro que se ele continuar implicando com você, eu dou uma surra nele.

— Não precisa disso, e se ele continuar me provocando, pode deixar que eu mesmo quebro a cara dele. 

Não gosto quando Yoongi banca o protetor, eu sei muito bem me defender. 

Ele pega um hidratante corporal e passa nos braços e barriga. Depois de guardar suas coisas avisa que está pronto para irmos. 

Após sairmos da quadra pegamos as escadas indo para o segundo andar da escola, local onde fica a lanchonete. 

— Nossa, qual a marca desse hidratante? Ele é tão cheiroso. 

— Pior que eu não sei, foi minha mãe que comprou. 

— Sabe, deu até vergonha agora, eu saí da aula de dança e fui atrás de você, estou aqui todo preguento de suor e você aí limpinho. Isso não é justo! 

Ele sorriu. — Relaxa vida, você está normal.

— Ah, então o meu normal é ser sujo e suado?

— Você entendeu Hoseok. 

Iria implicar com ele novamente, mas noto Leia e Taehyung vindo na direção oposta do corredor. Tae segura uma câmera, que logo passa para as mãos de Leia, ela comemora algo que ainda não tenho conhecimento. Assim que nos vê eles param.

— Vocês não vão acreditar no que temos aqui! — disse Leia. Apontando para câmera. 

— Nem eu acredito que conseguimos. — completou Taehyung. 

— O que, não vai dizer que conseguiram as provas? — Perguntei de imediato, pois aquilo se tratava de um assunto sério e o quanto antes fosse resolvido, melhor. 

— Pois é, justamente isso que temos aqui, Hoseok. — respondeu Leia. 

— E como vocês conseguiram? — assim, como eu, Yoon também estava curioso.

— Instalamos uma câmera ao lado contrário da entrada do banheiro feminino, Leia disse que tinha certeza que aquele homem iria voltar e infelizmente estava certa. Fomos hoje verificar as imagens e achamos o salafrário nas gravações. 

— E agora eu vou esfregar esse vídeo na cara daquele diretor idiota. — Leia disse firme! — Vocês querem vir com agente? Quem sabe com mais pessoas ele se sinta pressionado, e como vocês são homens, já que ele não me escuta, talvez escute vocês. — Revira os olhos pondo a mão na cintura. 

Yoon me olhou buscando respostas. 

— Tudo bem, a gente só ia na lanchonete comer algo, mas podemos fazer isso depois. 

Nos direcionamos para a diretoria, tivemos que esperar para sermos atendidos, porque o diretor estava em uma reunião. 

— Garotos, o que desejam? — pergunta o diretor ao abrir a porta e notar nós ao lado de fora esperando. 

Leia se aproxima e logo sua expressão se fecha. 

— Senhorita Leia, já lhe disse que a escola não tem verba para os seus projetos ecológicos. Mas se quer tanto fazer a mudança na escola, por que não entra para o grêmio estudantil?

LeLe, tentou segurar a risada, mas não conseguiu e deixou que ela escapasse, porém, ligeiramente se recompôs pois estávamos na presença do diretor da escola. 

— Não seria uma má ideia, porém esse não foi o motivo que me trouxe até aqui hoje. O senhor disse que queria provas, não é mesmo? — O diretor olhou confuso, parecia não lembrar do que ela estava falando. — Nessa câmera, tem a prova de que o professor é um tarado, que invade o banheiro feminino. — Levantou a câmera enquanto falava. — Agora não tem mais desculpas, o senhor vai ter que fazer algo a respeito. 

Ele recebeu a câmera nas mãos. 

— Ok. — disse simples. 

— Então, agora o senhor vai entregar isso para a polícia, não é? — Leia perguntou esperançosa. 

— Preciso checar as imagens primeiro senhorita, e preciso ter certeza que isso não é nenhuma brincadeirinha de criança. 

— O senhor acha mesmo que iríamos fazer algo assim por brincadeira? — Tae falou indignado. Todos paramos ao lado de Leia, cercando o diretor. 

— Essa não é a questão jovem, agora podem voltar para suas salas, vou analisar essas imagens e depois vejo o que posso fazer. — o homem nos deu as costas e entrou batendo a porta. 

— Mas que cara nojento! Aaaaa — Leia exclamou batendo com o pé no chão. — Eu juro que se ele não fizer nada, eu mesmo vou na polícia! 

— Vamos juntos! É um absurdo isso que ele está fazendo. — falei. E os meninos concordaram. 

— Tá mas, ele levou minha câmera, como vou gravar meus vídeos agora? 

— Ai amigo, desculpa, eu que pedi pra você usar sua câmera. — Leia abraçou Taehyung de lado. 

— Tudo bem, eu nem queria gravar nada hoje mesmo. Mas saiba que se ele não me devolver você vai ter que comprar outra. 

— Vocês iam na lanchonete, né? — Leia pergunta se distanciando de Taehyung. 

— Sim. — Gi responde. 

— Venham com a gente. — chamo eles que aceitam. 

Logo chegamos na lanchonete da escola. Um lugar espaçoso com portas e janelas de vidro, e mesas redondas para os clientes sentarem. 

Eu e Yoongi pedimos um Milk Shake de baunilha com flocos em cima, Leia um sanduíche natural e Taehyung apenas, suco de morango. 

— Vocês acham que o diretor vai fazer algo a respeito? — Leia, questiona antes de levar seu sanduíche a boca. 

— Sendo bem sincero? — balança a cabeça confirmando. — Acho que não. — respondi. 

— Desculpa falar, mas na verdade vocês foram bem burros. Vocês deveriam ter salvado as imagens em um pen-drive antes de mostrar pra ele, assim caso ele não fizesse  nada vocês teriam provas. — Diz Yoongi, e eu acho que ele tem razão. 

— Foi o que eu falei pra fazer, mas ela não quis me ouvir. — Tae disse baixinho.

— Eu sei, ah que ódio! Eu confesso que deveria ter feito isso mesmo, mas eu tava tão puta da vida com aquele cara por ele não fazer nada, que só queria esfregar na cara dele que eu tava certa o tempo todo! 

— Mas agora já foi, não tem mais o que fazer, a não ser esperar pra ver o que vai acontecer. — falei saboreando meu milk-shake. 

Ficamos em silêncio por um tempo, cada um ocupado comendo seus lanches, até que Leia começou a falar:

— E se eu entrar para o grêmio? 

— Mas você é do terceiro ano, acha mesmo que vão aceitar você? — perguntei. 

— Ela pode participar como mentora, uma das meninas que está participando do grêmio me chamou para participar como mentor, mas não aceitei porque vou começar em um curso de audiovisual, vou ficar sem tempo. 

— Que legal Tae, boa sorte. — disse Yoongi, Taehyung agradeceu. 

— Então, está decidido, entrarei para o grêmio e farei a mudança nessa escola com minhas próprias mãos. — Leia disse seriamente parecendo um diplomata.

— Mudando de assunto um pouquinho cadê o Jimin? Achei que vocês estavam andando juntos. — Tae perguntou. 

— Tá com a  "namorada" dele — fiz aspas com os dedos. 

Taehyung deu de ombros. — Não vou mentir pra vocês, eu achei que ele tava trocando ideias com o Jungkook, mas aí de repente ele apareceu namorando com a Lisa, eu não entendi nada. Os jovens de hoje em dia estão rápidos demais nos relacionamentos, viu. 

— Né?? — Leia pareceu indignada. — Foi muito aleatório, mas o pior nisso tudo é que a única pessoa contente nesse relacionamento é a Lisa, porque claramente o Ji fica desconfortável quando ela fica beijando ele em público. 

— Ah, talvez ele só seja tímido. — Tae comentou. 

— Estamos falando do Jimin, Taehyung acorda, ele nunca teve vergonha de ficar se agarrando na escola. 

— É verdade. Vocês dois estão muito calados, o que houve? — Tae, perguntou apontando para Yoongi e eu. 

Olhei para Yoongi, como se estivéssemos nos comunicando mentalmente. Ele deu um leve aceno de cabeça o que me fez pensar que ele concordava com o que eu estava prestes a fazer, por isso tomei a iniciativa de começar a falar: 

— É tudo mentira. 

— Como assim? O que é mentira? — Leia me fitou atenta querendo entender melhor a situação. 

— O Jimin e a Lisa não estão namorando, quer dizer, a Lisa acha que é tudo real, mas para o Jimin é tudo mentira. 

— Oi? Eu não entendi nada, você entendeu alguma coisa Leia?

— O lance é que o pai do Jimin, obrigou ele a pedir a Lisa em namoro, entendeu? — Yoongi concluiu para mim. 

— Mas como assim? O que ele fez para fazer o Ji aceitar isso? — Leia questionou curiosa sobre a situação assim como Taehyung. 

— Ele ameaçou mandar o Ji embora para Seul. Afastar ele de todos nós para sempre, e força ele a abandonar a dança para focar somente nas coisas da empresa. — revelei tudo de uma vez. Yoongi e os outros ficaram desacreditados. 

— Esse pai dele é louco? Credo, ainda bem que minhas mães não são assim. 

— Nossa, mas que tipo de pai obriga o filho a namorar com uma pessoa que ele nem gosta assim do nada? Isso não faz sentido algum. 

— Concordo com você, Leia. — disse Taehyung. — Tem alguma parte dessa história que não foi contada direito porque isso é muito estranho. 

Concordo com ele.  

Quando conversamos tive a sensação que Jimin queria me contar algo a mais, porém, ele nada disse. Não quis forçar a barra já que ele estava passando por uma situação ruim. Mas com toda certeza tem muito mais coisas envolvidas nessa história. 

— Pois é, mas a questão aqui é que isso não tá certo. O Jimin não merece passar por isso, eu ainda não entendo como a Lisa não enxerga o quanto ele fica desconfortável com ela. — expus algo que realmente me incomodava.

— O problema é que a Lisa sempre gostou do Jimin. Só não vê quem não quer, lembra como ela ficava quando o Ji ficava perto do Jungkook? Ela morria de ódio, tentava disfarçar, mas para mim era notório demais o ciúmes dela. 

— Isso é. — falou Tae. — E pelo que eu percebo na sala, o Jungkook não está sabendo lidar muito bem com esse afastamento do Jimin, ele geralmente é um aluno atento às aulas, mas nesses dias anda muito avoado. 

— Então, eu contei pra ele sobre o Jimin e a Lisa. 

— E o que ele disse? — perguntei. 

— No primeiro momento ele ficou sem acreditar, mas quando a ficha caiu começou a se sentir culpado. 

— Culpado, por quê? — Leia questionou. 

— Porque ele acha que o Jimin está sendo punido pelo pai por culpa dele, porque semana passada ele teve uma briga com o pai do Ji e acabou dando um murro na cara do velho. 

— Estamos falando de qual Jungkook? Porque o que eu conheço não tem cara de quem faria isso. 

— Acredite se quiser, querida Leia, mas ele fez sim, fez e agora se condena por isso diariamente. 

— Eu tô realmente sem acreditar. Sabe o tipo de coisa que você precisa ver para crer? — disse Tae. — Eu estou assim agora. 

— Mas e aí, como vai ficar essa história?

— Quando eu conversei com o Jimin ofereci minha ajuda, mas vocês sabem como ele é. Odeia colocar os outros em problemas, e acha que dá conta de resolver tudo sozinho. — respondi para Leia. 

— Jimin sendo Jimin. — ela completou. 

— Exatamente. Mas eu não aguento mais ver meu amigo triste, e ele queria muito se desculpar com o Jungkook, então eu estava pensando que se a gente não consegue acabar com esse namoro ridículo, a gente pode ao menos tentar fazer ele e o Jungkook conversarem. 

— Mas qual é a dificuldade? Não é só pedir para um ligar para o outro e pronto? Ou até mesmo colocar um de frente pro outro e falar: Pronto crianças se resolvam. — disse Taehyung, fazendo aquela situação parecer simples. 

— Ah, Taehyung, mas essa não parece o tipo de situação que é boa de ser resolvida por ligação, mas gostei da segunda ideia.

— A Leia tem razão. — concordo. — Mas a segunda opção também não é a melhor, porque o Ji está proibido de sair de casa ou seja, esse encontro teria que rolar aqui na escola, mas o pai dele colocou o motorista como segurança pessoal dele, e tem a Lisa que não desgruda do pé do Ji. 

— Então é por isso que aquele cara fica sempre atrás do Jimin? — concordo. — Então agora tá explicado. — fala Yoongi.

— Mas a segunda opção não é impossível, Hope. É só um de nós distrair a Lisa e juntar os dois na escola e pronto. Tudo resolvido. 

— Vocês sabem que isso só dá certo em fanfic, né? — Taehyung pergunta, enquanto olha algo em seu celular. 

— Ou em filme americano. — Yoon acrescentou. 

— E como a gente faria isso? — perguntei cruzando os braços.

— Olha, eu e o Tae podemos distrair a Lisa com algumas coisas, enquanto isso o Yoongi pode buscar o Jk e levar ele pra alguma sala vazia. — sala de cerâmica. Pensei. — Aí você dá um jeito de levar o Jimin pra lá sem que o segurança dele perceba.  

— Gostei da ideia. — disse Yoongi. — O Jk vai aceitar de boa já que ele tá querendo falar com o Jimin. 

Não sei, tô com o pressentimento de que isso pode não dar certo, mas não custa nada tentar, né? 

— Tudo bem. Vamos fazer isso. 

Como todos já haviam terminado seus lanches, começamos a colocar o plano em prática. 

Yoongi foi para sua sala dizendo que convenceria Jungkook a ir até a sala de cerâmica. 

Leia, Taehyung e eu voltamos para nossa sala. Quando entramos vimos Jimin sentado em uma cadeira e atrás dele, Lisa o abraçava fazendo sinal de "V" para câmera frontal do celular. Jimin forçou um sorriso para a foto, quando ela se afastou ele revirou os olhos. 

— Oi, gente. — Lisa falou animada. — Querem tirar uma foto com a gente também? 

— Não, na verdade eu e o Taehyung queríamos saber se você pode ajudar a gente em uma ideia de vídeo incrível que tivemos. 

— Eu, mas porque eu? 

— A gente explica os detalhes depois, agora vem com a gente. — Leia se aproximou da Lisa, segurando em seu braço a puxando para fora da sala, meio relutante ela acabou cedendo e saíram as duas de braços dados. Taehyung seguiu atrás, virando o rosto rapidamente para me dar uma piscadela. 

Cocei a garganta em um pigarro antes de começar a falar: — Ji você confia em mim, estou certo? 

Ele suspirou fundo antes de dizer: — Claro. 

— Então vem comigo, preciso te mostrar uma coisa, prometo que vai ser rápido. 

— O que você aprontou Hoseok? 

— Não foi nada demais. — Puxei ele pelo braço, para levantar. — Tenho certeza que depois você vai me agradecer por isso. 

Na verdade eu não tenho certeza de nada. Mas espero de verdade que esse plano dê certo. 

Saímos da sala, o motorista de Jimin por sorte não estava por perto, o que facilitou muito. 

Depois de andar por uns minutos estávamos em frente a sala de cerâmica. Antes de chegarmos, recebi uma mensagem de Yoongi avisando que Jungkook já estava dentro da sala. Então tudo que fiz foi dar duas batidas leves na porta esperando que ela fosse aberta. 

— Hoseok, me explica o que está acontecendo logo, vai! Quem está dentro dessa sala? E por que você me trouxe até aqui? 

Eu abri a boca para falar, porém, fui impedido quando a porta foi aberta revelando um Jungkook muito ansioso à espera do Jimin. 

— Oi Jimin. — disse Jungkook. 

Jimin ficou em silêncio por um breve instante olhando para Jungkook. Não vou mentir, senti que estava atrapalhando algo, mas nem tive tempo de deixá-los a sós porque logo o olhar de Jimin caiu sobre mim. 

— Hoseok? 

— Olha Jimin, eu sei que você disse para eu não me meter nessa história sua e da Lisa porque você ia fazer algo a respeito, mas eu queria te ajudar e eu sei que você estava querendo falar com o Jungkook, então eu só dei um empurrãozinho. Desculpa Jimin, mas eu juro que não fiz por mal, me agradeça depois e tchau. — não deixei que ele me desse uma bronca e dei as costas saindo em passos apressados, ouvindo ele gritar o meu nome. 

Quando finalmente virei a esquerda no corredor, parei para dar uma espiadinha e de longe pude ver ele entrando na sala, e Jungkook fechando a porta. 

Fui para o andar de baixo e encontrei o Yoongi, escorado na parede debaixo da escada mexendo em seu celular, quando me viu caminhou na minha direção. 

— E aí, conseguiu? 

— Acho que o Jimin muito provavelmente vai querer brigar comigo depois, mas sim, consegui juntar aqueles dois, agora tudo depende deles. 

Jungkook 🐰


Eu estava quase fazendo um buraco no chão de tantas voltas que eu dava na sala. Yoongi me disse para esperar que logo o loirinho iria chegar. 

— Mas que demora meu Deus. — reclamei vendo no meu celular que já fazia um minuto e meio que eu esperava e nada dele chegar. 

A nossa última conversa, que não foi exatamente uma conversa, não terminou bem. Na verdade fiquei bem mal a tarde inteira até chegar às 20h da noite e meu primo me ligar, atendi aquele telefone com a maior vontade do mundo, só que não! 

E foi nessa ligação que ele me contou algo que custei muito acreditar. 

Como assim Jimin e Lisa não estão em um namoro real? Se eles se beijam e saí por aí se agarrando, dizendo para todo mundo que são namorados. Para mim isso é um namoro.

Mas quando Yoongi me contou que o pai do Jimin obrigou ele a pedir ela em namoro. Eu entendi o porquê do Jimin ter me ignorado esses dias. 

Isso com toda certeza só aconteceu porque eu bati no pai dele. 

Eu não consegui dormir bem a noite inteira, fiquei tempo demais me culpando, eu me sentia tão mal que chorei, não sei explicar se minhas lágrimas eram de arrependimento.

Não me sinto arrependido por bater naquele homem, mas sim, por ter causado um problema na vida de Jimin. 

Se houvesse uma única chance de voltar no tempo, eu aceitaria sem pensar duas vezes, e evitaria toda essa situação. 

Jimin não merece passar por isso por minha culpa, ele não merece. 

Ouço duas batidas na porta. Meu corpo congela. Respiro fundo passando a mão pela roupa e caminho em direção à porta, assim que abro me deparo com Jimin e Hoseok. 

— Oi, Jimin. — Ele parecia não saber que eu era a pessoa que estava à sua espera, fica me olhando em silêncio, fiz o mesmo pois minha boca não sabia dizer em palavras tudo que meu coração pedia naquele momento. 

— Hoseok? 

— Olha Jimin, eu sei que você disse para mim não me meter nessa história, sua e da Lisa porque você ia fazer algo a respeito, mas eu queria te ajudar e eu sei que você estava querendo falar com o Jungkook, então eu só dei um empurrãozinho. Desculpa Jimin, mas eu juro que não fiz por mal, me agradeça depois e tchau.

Hoseok nos deixou a sós, ignorando completamente os pedidos de Jimin para que ele não saísse sem explicar o que estava acontecendo. 

Quando viu que não ia adiantar de nada ele parou de chamar e se virou para mim. 

Meu coração disparou. 

— Oi, Jungkook. 

— O-oi. É se você não estiver a fim de conversar tudo bem, mas eu não vou mentir e dizer que é isso que eu quero.

— Tudo bem Jungkook, a gente precisa mesmo conversar. 

Abri passagem na porta e deixei que ele entrasse, em seguida a tranquei, respirando fundo antes de me virar para ele dando um sorrisinho tímido. 

— É, então eu fiquei sabendo — Não achei que essa conversa fosse tão difícil. Não sei nem o que falar, mas preciso continuar por isso prossegui: — Não, eu não fiquei sabendo, na verdade o Yoongi me contou, então eu acabei sabendo… — alguém cala minha boca, por favor? — Tá eu fiquei sabendo que o seu namoro com a Lisa, não é algo que foi escolha sua. 

— Certeza que foi o Hobi, que falou pra ele. — murmurou. — Eu…desculpa Jungkook. 

Eu deveria estar pedindo desculpas, não ele.

— Porque você está se desculpando, Jimin? Você não estaria nessa situação se eu não tivesse batido no seu pai— Disparei as palavras, mesmo sem saber se esse era o real motivo do pai dele ter feito isso. — Foi por minha culpa, não foi? 

— Não Jungkook, não é sua culpa meu pai é que não gosta de me ver feliz. — ele olhou em volta e viu o banco encostado na parede sentou-se antes de continuar a falar: — E eu te pedi desculpas pelo jeito que tratei você na nossa última conversa. — lembrei de suas palavras. Elas doeram em mim mais do que eu imaginava. — Eu não queria ter falado o que eu falei, aquilo tudo é mentira Jungkook. — ele abaixou a cabeça tentando esconder de mim seus olhos marejados. — Eu não acho que ter encontrado você de novo foi um erro. — me encontrado de novo? Ele deve está tão nervoso que está confundindo as palavras — Não acho que nossa relação foi um erro, pelo contrário você foi uma das melhores coisas que me aconteceram nesses últimos dias. Me desculpa por ter dito aquilo Jungkook, me desculpa mesmo. 

Fiquei um tempo parado observando ele cabisbaixo.

Minha cabeça estava em uma completa confusão, Jimin não está namorando Lisa por vontade própria, mas quando estávamos na minha casa fazendo trabalho não tinha ninguém, além de nós, e suas palavras sobre eu ser um erro em sua vida me machucaram de verdade. Eu nasci em um mundo onde amar alguém do mesmo sexo é errado, ser diferente é errado, tudo que não se encaixa em um padrão imposto pela sociedade é julgado como errado. 

E ouvir que você é um erro da boca da primeira pessoa que você gosta na vida não é uma lembrança simples de esquecer. 

Porém, não aguento ver ele chorando isso parte meu coração por isso nem pensei muito, apenas me abaixei ficando da altura dele o puxei para um abraço apertado e desajeitado. 

Eu fiquei com raiva, raiva por ter feito Jimin chorar, raiva por ele ter um pai tão babaca e raiva principalmente por não poder fazer nada para ajudar. 

— Ei calma. — me olhou fungando, levei minha mão até sua bochecha e limpei a lágrima que escorria. — Acho que nós dois nos sentimos culpados demais um pelo outro. — Constatei o que parecia mais correto naquela situação. — Eu fiquei muito triste ontem quando você me disse que a gente era um erro, sabe eu sei que não temos nada sério, mas eu achava que você realmente gostava de mim. 

— Não fala assim, Jungkook eu gosto de você g- 

— Deixa eu terminar de falar enquanto eu estou com coragem, por favor. — pedi antes que ele entendesse errado o que eu tinha para dizer. Ele se calou e eu continuei: — Eu nunca falei isso para você, mas nunca namorei antes, e não é porque eu sou um cara romântico que idealiza o primeiro amor perfeito e tudo mais, foi apenas porque eu não me sentia pronto para estar em uma relação. Não conseguia me imaginar compartilhando uma vida com outra pessoa, eu tinha medo de não saber ao certo o que fazer, eu pensava: E se eu fizer a pessoa sofrer? Ou se eu encontrar a pessoa errada e ela me fizer sofrer? Eu sei que não sou perfeito, então esperar por um erro era o mais correto a se imaginar. 

Fiquei em silêncio por um tempo apenas analisando ele me observar. Dei um sorriso tímido e continuei: 

— Mas aí eu vi você no palco no dia do show de talentos. Você dançava como um anjo brincando nas nuvens. E pela primeira vez eu não pensei em coisas negativas, na verdade eu não conseguia pensar em nada que não fosse você. — Ele sorriu o que me deixou feliz. — Queria eu ter uma coordenação motora igual a sua. 

— Se quiser posso ensinar você a dançar. 

— Por favor! — brinquei só porque queria escutar mais vezes aquela risada gostosa. — Mas continuando, em pouco tempo você me conquistou com esse seu jeito atrevido de ser. 

— Ei é só o meu jeitinho. — falou fazendo um biquinho fingindo inocência, estreitei os olhos em sua direção prendendo um sorriso nos lábios. — Quer dizer que você gosta de caras atrevidos? Bom saber. 

— Seu atrevimento não foi a única coisa que me fez gostar tanto de você. — Ele parou de sorrir para escutar atentamente. — Na verdade é até estranho dizer isso, mas eu simplesmente me sinto bem quando estou com você, não sei se acredito nisso de vidas passadas ou não, mas sinto que nós nos conhecemos há muito mais tempo. É como se você e eu fossemos amigos de infância, sabe? Você também sente isso? 

Vi seu gogó subir e descer. De repente ele pareceu nervoso.

— Eu, eu acho que não mereço você Jungkook. — disse com a voz um pouco trêmula evitando contato visual. Me surpreendi, pensei que o clima entre nós estava melhorando, mas acho que me enganei. — Sério, porque você tem que ser tão fofinho desse jeito? — falou apertando minhas bochechas com os polegares enquanto sorria. — Se continuar assim eu vou me apaixonar. 

Fiquei mais aliviado, quando percebi o clima pesado desaparecer. 

— Aí Jimin! Para com isso. — ele parou e colocou sua mão uma de cada lado do meu ombro. — Aí minhas pernas estão cansadas de estarem nessa posição. — reclamei levantando e alongando um pouco minhas pernas que estralaram  quando estiquei. 

— Eita que eu estou na presença de um senhor de 200 anos e não me falaram. 

— Eu te chamaria de idiota, mas vou perdoar porque agora estou feliz. — revelei. Ele levantou ficando parado de frente para mim. 

— Eu posso saber o que aconteceu para você ficar feliz? 

— Você. — suas bochechas coraram— Eu consegui fazer você sorrir, e isso me deixou feliz. 

— Nossa Jungkook você foi tão gay agora. — colocou as mãos no meu ombro. Involuntariamente levei as minhas até sua cintura, apenas encostando no local. 

— Talvez eu seja um pouquinho gay por um tal Park Jimin.

— Ele tem muita sorte, viu?

— Você acha? — perguntei um pouco baixo, devido nossas faces estarem próximas uma da outra. 

— Acho. — sussurrou quando seus lábios rasparam os meus. — Sabe outra coisa que eu acho? 

— O que? — minha respiração já se misturava com a sua. Engulo em seco, ansiando pelo próximo passo. Firmo minhas mãos em sua cintura o trazendo para mais junto do meu corpo.

— Acho que a gente deveria se beijar agora.

E com isso acabamos com a distância que nos separava. 

Ele selou meus lábios em um beijo necessitado. Levei minha mão até sua nuca segurando sem fazer pressão, quando nossas línguas se encontraram pude me sentir nas nuvens. Jimin pode até não ser um anjo, mas sua boca é capaz de me levar aos céus. 

Nos afastamos por um instante, apenas para respirar, porém não observei seu estado, pois, mantia meus olhos fechados, totalmente rendido pela sensação prazerosa que reinava em minha boca. 

Senti suas mãos agarrarem minha camisa me puxando para de encontro aos seus lábios. 

Não demorou para que nossas línguas se tocassem mais uma vez e o beijo se aprofundasse. 

Toc toc.

Tive a impressão de ter ouvido alguém batendo na porta, mas estava tão imerso na loucura que são os lábios de Jimin que acabei ignorando o barulho. 

Quando nos afastamos por falta de ar, ele pareceu escutar o mesmo barulho e parou o beijo que iríamos iniciar  novamente. 

Toc, toc, toc, toc, toc. 

— Jungkook, tem alguém batendo na porta. 

— Deve ser algum dos meninos. 

— Jimin eu sei que você está aí dentro, abre essa porta agora! 

Abro meus olhos em espanto quando reconheço a voz que grita ao lado de fora da sala. 

— É a Lisa. — Diz tão surpreso quanto eu.

— Jimin, se você não abrir essa porta agora eu vou ligar para o seu pai. 

— Lisa, eu já disse que o Jimin não tá aqui para de gritar, o diretor pode escutar se você continuar com isso.

Reconheço a voz da Leia tentando convencê-la de que não tem ninguém na sala, logo reconheço as vozes de Yoongi, Hoseok e Taehyung todos tentam convencer ela a sair. 

— Jungkook eu acho melhor a gente abrir a porta. 

— Mas e se ela conta para o seu pai? 

— Você não ouviu o que ela disse? Ela vai contar se eu não sair. 

— Mas ela não sabe que você realmente está aqui. 

— Se ela veio até aqui gritando o meu nome é porque ela tem certeza que eu estou aqui dentro Jungkook. — Ele se aproxima da porta segurando a maçaneta. 

— Você tem certeza disso? — ele acenou de leve. E abriu a porta. 

— Jimin o que você pensa que está fazendo trancado nessa sala com… — ela repara bem dentro da sala e me vê parado mais atrás do loirinho. — Jungkook? 

———————

O que acharam do capítulo?

Próximo capítulo sai no sábado: 30/07

Continue Reading

You'll Also Like

99.8K 14.5K 44
「passará por correção」 "Jungkook está desesperado por um lugar para morar e acaba encontrando um quarto disponível no apartamento de Jimin, um empres...
25.2K 3K 24
O dono daquele mar azul que se assemelha a intensa mansidão, guarda um caos jamais vivenciado capaz de gerar uma guerra entre origens. Todavia, além...
12.7K 737 15
𝗢neshots de diversos shipps do stray kids. ━━ 𝗮𝗹𝗹 𝘀𝗵𝗶𝗽𝗽𝘀 🍄 𝗌𝗍𝗋𝖺𝗒 𝗄𝗂𝖽𝗌. ━━ coletânea oneshots ━━ TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ©zZz...
864K 38.6K 88
📍𝐂𝐨𝐦𝐩𝐥𝐞𝐱𝐨 𝐃𝐨 𝐀𝐥𝐞𝐦𝐚̃𝐨 - 𝐑𝐢𝐨 𝐃𝐞 𝐉𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨, 𝐁𝐫𝐚𝐬𝐢𝐥 "dois corações unidos num sentimento, novinha e guerreiro em um só...