Terra Proibida - Essência

By EvaSans86

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Em um entrelaçar de passado e presente, mergulhe em uma trama que desafia os limites da razão e da sanidade... More

Nota da Autora
[Agora] A queda
[45 anos atrás] A proposta
Cap. 1 - Sentimentos Ocultos
Cap. 2 - Tormenta
Cap. 3 - Ecos do Passado
Cap.4 - A medalha
Cap. 5 - Revelação
Cap.6 - O nada
Cap. 7 - Oráculo
Cap. 8 - Isadora Moraes
Cap. 9 - Elizabeth Detzel
Cap. 10 - Segredos ao pôr do sol
[45 anos atrás] A Alma à venda
[45 anos atrás] A casca
[Agora] O Salto
Cap. 12 - Despertar
Cap. 13 - O Animal que me tornei
Cap. 14 - Presente de grego
Cap. 15 - Feito de lágrimas e cinzas
[45 anos atrás] Ninguém se lembrou
[45 anos atrás] Inferno
[45 anos atrás] Quando todos os homens falharam
[45 anos atrás] Mais que morrer
[45 anos atrás] Seus pensamentos
[45 anos atrás] Miserável
[45 anos atrás] Esse tipo de amor...
Cap. 16 - Versões de uma mulher
Cap. 17 - A casa
Cap. 18 - Terceira morte
Cap. 19 - Primeira vida
Cap. 20 - Alguém tem que morrer
Cap. 21 - Sete Palmos
Cap. 22 - O Centro do Universo
Cap. 23 - Essência

Cap. 11 - Sangue quente

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By EvaSans86


Elizabeth

Vestida em um elegante vestido branco cravejado de diamantes, Elizabeth sentia-se pronta para reivindicar sua posição entre os líderes da Terra. Ao seu lado, Santiago fazia perfeitamente jus ao seu glamour em seu terno italiano azul.

— Minha rainha - disse ele ao beijar-lhe a mão. - você está maravilhosa.

— Obrigada. - disse ela, complacente. - Você está preparado?

— Eu nasci pronto. - respondeu com um sorriso gaiato.

Santiago ofereceu o braço a Elizabeth, que logo aceitou. Se desfizeram, para logo surgir na enorme sala de reunião dentro de um palácio árabe.

O lugar era adornado em ouro, marfim e mármore. As muqarnas, abóbadas em formatos de favos de mel, exibiam os mais requintados padrões.

Homens conversavam animados, despreocupados, confortáveis, até verem Elizabeth e um dos Del Toro.

— Como ousam vir até aqui, suas aberrações? - disse bruscamente um velhote, vestindo um manto dourado, se apoiando em um cetro de madeira com uma enorme esmeralda na ponta.

Algumas pessoas ao redor cochichavam sobre como a dupla tinha conseguido ultrapassar todo o sistema de segurança.

— Eu vim buscar o que é meu.

Vários seres se posicionaram à volta de Elizabeth e Santiago.

— Suas linhagens foram banidas. Vocês não têm direito algum. - gritou de longe um homem magro, alto, pele esverdeada e cabelos ralos grudados na cabeça, com uma voz estridente.

Elizabeth o encarou altiva. O olhou de cima a baixo. Em sua mente, memórias vindas de suas ancestrais mostraram quem todos aqueles homens eram. Maldito patriarcado.

Todos os homens presentes ali pertenciam às famílias colonizadoras. Expulsas de seus devidos planetas de origem. Cada linhagem encontrou uma forma de se adaptar e resistir aos cruéis efeitos do tempo, com o objetivo de um dia voltarem para casa. Dividiram-se em reinos de acordo com seus mundos originais: Aquáticos, aéreos, terrenos, faunos, flora e etéreos. Todos tinham aparência humana.

A grande particularidade terrestre, era ser a caixa de pandora do universo.

Todos aqueles seres queriam voltar para casa e só uma fórmula, talvez, fosse capaz de proporcionar esse feito. O famoso elixir da vida eterna.

As Detzels e os Del Toro eram anomalias.

As Detzels eram terrenas originais e para sobreviver tiveram que se adaptar aos intrusos. Já os Del Toro, a perfeita junção sanguínea de todos eles. Por via de regra, uma vez que sangues de linhagens diferentes se cruzassem, os poderes eram anulados, porém com o trio aconteceu ao contrário. Ao longo dos séculos e milênios juntaram todos. E eles despertaram. Não que isso tenha acontecido uma única vez, mas eles tinham sido os únicos audazes o suficiente para resistir e sobreviver.

Elizabeth ergueu a mão e o cetro repulsou o velhote e flutuou até ela.

— Isso claramente é meu. - disse ela. - alguém se atreve a me desafiar?

Todos a olhavam mortificados.

— Você acha que terá um fim diferente do de Diego? Ele se atreveu a nos importunar e onde ele está agora? - disse o homem esverdeado. Seu nome era Jabalah.

— Mais perto do que você imagina vovô. - disse Thiago. - meu irmão está mais vivo do que você imagina.

— Vivo na sua memória, caro irmão! - Disse Alejandro aparecendo por trás das pessoas, entrando como se mandasse no lugar.

— Alex! - Santiago estava surpreso. Como assim? Você vendeu os iluminados? Perguntou mentalmente em vão.

— Eu o matei pessoalmente. - disse sorrindo.

Nesse momento, Elizabeth sentiu o ímpeto de testar a força de seu recuperado cetro. Seus olhos brancos reluzentes e com o corpo emanando o poder das almas, apontou o artefato para Alejandro, que foi arremessado pelo teto.

Todos os presentes estavam horrorizados. Eles se preparavam para atacar, mas estavam receosos, Elizabeth e Santiago tinham entrado naquele lugar extremamente protegido sem esforço algum.

— Lide com seu irmão, desses velhos nojentos aqui, cuido eu. - disse Elizabeth.

— Certeza?

— Absoluta.

Ali estavam os representantes dos reinos, mas não os verdadeiros líderes. Elizabeth queria passar um recado para eles. Matou quase todos, deixando vivo apenas um: o velhote de quem tomou o cetro.

— Diga a eles que eu vou bagunçar tudo de uma forma, que ao invés de voltarem pra casa, como eles desejam, serão exterminados de vez. Minha família os salvou quando foram jogados aqui e vocês nos fizeram de escravas, nos mataram, abusaram, torturam. Eu vou devolver a dor e se tentarem se aproximar de mim ou de qualquer um dos meus aliados, devolverei a dor potencializada. Tomarei reino por reino. Um por um. Entendeu?

O velho assentiu temeroso. O piso do Palácio coberto por pessoas mortas e ao centro do grande hall, estava ela, pleníssima brincando com seu cetro. Agora como vou guardar isso? Não dá pra ficar andando com essa coisa enorme... De repente o cetro começou a derreter, no chão adquiriu a forma de uma cobra com olhos de esmeralda. Elizabeth sentiu uma enorme vontade de tocá-la e ao fazê-lo, o animal começou a se enroscar em seu braço esquerdo, se estendendo por todo antebraço, se petrificado em ouro. Agora sim! Um belo de um bracelete.

Thiago

Com as mão na cintura e cara de poucos amigos, Santiago confrontava Alejandro.

— Que ironia do destino, matamos Diego por ter se aliado aos malditos reinos e por ter matado mais da metade dos iluminados, para você fazer o mesmo anos depois.

— Você não pode me julgar, irmão. Você também virou pet de uma Detzel. - Alejandro se levantava com dificuldades, enquanto tentava limpar a poeira dos escombros. Antes que se erguesse por completo, Santiago o chutou na cara.

— Cale a sua boca. Assim que os reinos perceberem o quanto você é inútil, eles vão te descartar. Agora que sabem como nos matar, não hesitarão em nos eliminar, é isso o que você quer?

— Eu desenvolvi um elixir melhor que o do Diego.

— Você fez o quê? - Santiago estava incrédulo.

— E te digo mais, sem vampirismo como efeito colateral. Se eu fosse você, fechava comigo e não com a bruxa Detzel.

Santiago sorriu de desgosto. Conheci bem as artimanhas de Alejandro.

— Então vamos lá, me mostre. Quero ver os testes.

— Largue a Detzel e me traga o cetro que eu divido com você. Te dou dois meses para considerar.

Alejandro desapareceu em um piscar de olhos. A ideia de um elixir sem efeitos colaterais do vampirismo era algo que Diego pesquisava há anos. Acompanhou diversos ensaios e nenhum foi acurado o suficiente na redução de efeitos. Havia uma enorme possibilidade de Alejandro estar blefando. Mas e se não estivesse?

Elizabeth o esperava sentada em um dos degraus internos do Palácio. Ela estava visivelmente cansada.

— Você poderia ter voltado pra casa.

— Viemos juntos. Voltaremos juntos.

Thiago se sentou ao lado dela. Ele estava confuso. Começou a se apaixonar por ela, mas também queria os irmãos próximos. Sabia que não seria correspondido por ela. Mas mesmo assim, queria ficar mais um pouco.

As medalhas protetoras se aqueceram. Elizabeth rapidamente mudou a expressão cansada, para incrédula. Thiago estava assustado.

— Liz...

— O Henri!?

— Nem eu estou entendendo...

— O Benício está sem a medalha.

— Putz! - ele tirou celular do bolso e tentou fazer uma chamada internacional para Henri.

Telefone desligado ou fora da área de serviço...

Benício

Para ele, o encontro com Isadora estava de encomenda. Quando a viu, sentiu um Deja-vu, mas não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim. Ela o encarava de uma forma estranha e aquilo passou a incomoda-lo ao longo da noite.

Eu deveria ter pedido um whisky... - pensou, após pedir a cerveja.

Do nada Isadora começou a falar sobre sua carreira em uma multinacional, trabalhos sociais na África, astronomia e um monte de outros assuntos que não eram chatos, mas ela os faziam ser.

Como calar a boca dessa garota sem ser grosseiro? Ela tem um ego, que minha nossa senhora... Será que se eu a beijar, ela para de falar um pouco?

Ela fechou os olhos ao perceber que ele se aproximava. Deu um beijo lento e intenso. Sentiu o corpo dela desejando seu toque. Ela estava entregue. Já ele, estava apenas entediado. Ao ouvir o ritmo animado do pisêro, lembrou-se de Olívia e do quanto ela gostava de dançar, tinha aprendido apenas para agradá-la. Convidou Isa para a pista de dança. Era impressionante e até engraçado o quanto ela sensualizava para ele. Sem dúvidas quando ele fosse pra casa, bloquearia o número dela.

Seu mundo se desfez quando seu olhar cruzou com os de Olivia.

Puta que me pariu!

Ele queria ver o capeta, mas não queria ver Olívia. Ela realmente estava fazendo da vida dele um inferno. Quando a viu se aproximar, disse à Isadora que precisava ir ao banheiro. Afastando as duas antes que o pior acontecesse.

— Já tá com outra, senhor Speltri? Quanta rotatividade. - a voz de Olívia já dava sinais de embriaguês.

— Olívia... O quê que você quer? Outro processo?

— Eu quero te ver morto, é isso que eu quero!

— Me deixa em paz.

Benício preferiu não continuar com a discussão, Olívia estava visivelmente bêbada. Deu as costas à ela e foi ao encontro de Isadora. Para ele, aquela noite podia se dar por encerrada. Antes que pudesse se despedir de Isadora, ela se levantou dizendo que também precisava ir rapidinho ao banheiro.

De repente o vibrar das notificações do celular chamaram a atenção de Beni. Ele sentiu um calafrio, mas olhou para o visor, eram em torno de umas cinquenta mensagens de Henri, umas vinte de Thiago e duas chamadas de tia Elizabeth.

Priorizou abrir as mensagens de Henri. Quando viu o vídeo do lugar onde o primo estava, sorriu ao imaginar alguém tão fora da caixa em um ambiente paz e amor como aquele. Desceu a mensagem e viu a selfie de Henri. Seu humor começou a melhorar, até que começou a ouvir gritos vindos do banheiro. O coração apertou. Levantou-se da mesa e se aproximou do banheiro. Era a voz de Olivia aos berros.

Ai caralho!

Decidiu entrar no banheiro feminino. E rapidamente um de seus pesadelos veio a lume: O dia em que Vivian sumiu. Tá de sacanagem? Eu sabia que conhecia a Isadora de algum lugar! Mais uma vez no banheiro...


Júlia

Fazia aproximadamente três meses que tinha comprado o ingresso para o "Secrets in the sunset". A sua ideia inicial era passar um final de semana simples e zen, aproveitando o melhor da natureza ao lado de Anita, mas com o término das duas, se via sozinha no meio do grupo de pessoas desconhecidas.

Chegou no local do evento depois do pôr do sol. Se sentiu extremamente bem recebida pelas pessoas, mesmo não se identificando muito com a vibe do local. Ela só queria acender um beck e ficar de boa.

Quando viu Henri todo o seu corpo ficou em alerta. O que ele faz aqui? Só deus e ela sabiam o quanto esse homem atazanou sua vida quando terminaram. Fazia um bom tempo que não o via, mas mesmo assim, vê-lo despertava sensações e lembranças desagradáveis. Lembrou da ponto quarenta que tinha dentro do carro, mas antes de ceder ao impulso de buscar a arma, ponderou que talvez ele estivesse ali inocente de sua presença. Antes estava morrendo de vontade de tomar uma bebida, mas depois de ver o inimigo próximo, rejeitou qualquer coisa que a ofereciam.

O cheiro da fumaça que a grande fogueira ao centro produzia começava a incomodar. Ela era sensível a perfumes, não gostava de nada com cheiro forte. Esse lugar definitivamente não é pra mim. Decidiu ir embora, quando seu olhar encontrou o de Henri. Maldito idiota. Ele estava no meio de um sanduíche humano. 

Quando Júlia experimentou olhar ao redor, tudo era esquisito demais. A multidão de pessoas ensandecidas se beijando, transando e fazendo, sabe-se lá o quê mais, a chocou instantaneamente. Sentiu alguém puxar seu braço, mas se desvencilhou. Olhou em pânico achando ser Henri e para sua surpresa era um completo desconhecido. Sentiu algo segurar sua perna e uma leve picada. Olhou pra baixo e viu uma mulher mordia sua canela. O desespero tomou conta de seu corpo, mas não conseguia fugir. Ouviu a conhecida voz de Henri a chamando e  nunca na vida pensou que responderia ao chamado.

— AQUI!!! - gritou ela tentando erguer o braço, para que ele a visse.

Quando sentiu a mão de Henri a alcançar, era como se uma corrente elétrica passasse pelo seu corpo repelindo os maléficos seres ao seu redor. Correram.

Júlia não tinha mais coragem para olhar ao redor. O medo fazia com que apertasse a mão esquerda de Henri como se agarrasse à vida. Ele a protegia com o corpo enquanto com a outra mão segurava uma ripa de madeira e batia em quem quer que se aproximasse. Mas agora estavam cercados.

— Henri... - disse trêmula.

— Fica atrás de mim Ju. Eu vou tirar a gente dessa. - ele proferiu a última frase com tanta segurança, mas Júlia sabia que ele estava com tanto ou mais medo do que ela, só que em situações de perigo ele ativava o modo "cachorro louco" e seja o que Deus quisesse.

Os seres avançaram em sua direção.

Henri soltou sua mão a contra gosto e ela se encolheu com os braços protegendo a cabeça e a visão das coisas horrendas que os atacavam.

Ele usava a ripa de madeira como uma espada, mas a cada golpe que dava, levava de dois a três contra-ataques.

Meu Deus, nós vamos morrer!

Aos poucos ele ia acertando mais do que era acertado.

— Jú! - gritou ele - seu carro está onde?

— está... está... - ela não conseguia raciocinar direito - está perto da cerca...

— Qual cerca? Consegue nos levar até lá?

Júlia voltando a si, viu parte dos monstros caídos no chão, enquanto Henri golpeava outros. Ele parecia mágico, divino. Ela correu e ele a seguia dispersando os monstros. Chegando no carro, ela tinha dificuldade em acertar o botão do alarme que abria o carro.

— me empresta aqui. - disse Henri destravando o carro, uma SUV vinho.

— deixa que eu dirijo. - disse Júlia, pois sabia muito bem o péssimo motorista que Henri era.

— Você dá conta? - ela assentiu com a cabeça - massa.

Entraram no carro, colocaram o cinto de segurança e arrancaram. As criaturas os seguiam e Júlia se desvencilhava de forma magistral.

— Henri, dentro do porta-luvas tem uma arma e dois carregadores, acho que dá pra alguma coisa.

— Jú... pra quê você tem uma arma? - perguntou ele incrédulo.

— A princípio pra me defender de você, mas agora...

— Se defender de mim? - interrompeu ele assustado.

— Sim. Você me perseguia feito um louco. Pra me matar era um pulo.

— Jú a última pessoa que eu mataria no mundo é você! Eu prefiro morrer a viver em um mundo onde você não existe.

— Henri, eu não posso te dar o amor que você quer...

— Eu sei. - disse ele enquanto carregava a pistola. - e tá tudo bem. Eu vou ficar bem. - Ele abriu a janela do carro e mirou em um dos monstros. BANG!

— Acertou?

— Sim, só não sei se morreu.

— E você sabe atirar desde quando?

— Tu não lembra que eu servi as forças armadas?

BANG!

— ah sim e odiava, pelo que me lembro. - Henri descarregou um cartucho da pistola nos seres. Mas quanto mais atirava, mais os monstros se multiplicavam.

— Henriiiiiiiii - Júlia pisava fundo. Enquanto Henri mirava e atirava.

Quando de repente Júlia bateu violentamente em algo que parecia um animal silvestre. Ela perdeu o controle da direção, rodopiando pela pista. Até o carro parar sozinho. Quando voltou a si, Henri gritava seu nome. Ela recuperou a consciência assim que o ouviu disparar a arma contra algo que tentava puxá-la do carro. Ele sangrava.

— Jú, você tá bem? Consegue se mexer?

— Consigo. - disse experimentando mexer os membros do corpo.

— Então, é o seguinte... - eu vou descer e vou atrair a atenção desses monstros.

— E você? - perguntou temerosa.

— Eu vou dar um jeito. Você vai acelerar e promete que não vai olhar pra trás.

— Henri... - disse consternada. Ele deu um tiro em outro monstro e desceu do carro.

— CORRE JU!

Júlia acelerou com o carro deixando Henri para trás. As lágrimas desciam torrenciais sobre seu rosto e não conseguia pensar em nada além de tê-lo deixado para trás. Nunca tinha pisado tão fundo no acelerador. Os monstros não a seguiram.

Como vou contar isso para a família dele?


Thiago

Alguns minutos atrás, ainda nos Emirados Árabes, Thiago e Elizabeth focavam no amuleto e no que Henri sentia.

A materialização em um lugar desconhecido era bastante complicada e o que podia fazer de imediato era se comunicar mentalmente com Henri.

— Liz, vá atrás do Beni, como ele está sem o amuleto, pode ser que algo ruim esteja acontecendo com ele... ou não. Eu vou até o Henri.

Elizabeth desapareceu atordoada.

"Henri, você pode me ouvir? Faça o seguinte, pegue o que puder usar como arma e se defenda, estou projetando a minha energia através do seu amuleto para repelir o quê quer queira te ameaçar."

"Ai meu deus, eu só posso estar ficando louco, passei a ouvir coisas agora?!"

"É esquisito, eu sei, mas... foco, encontre algo, rápido!"

Thiago sabia que Henri estava na Chapada dos Veadeiros, mas não sabia exatamente onde. Se materializou no lugar que se hospedavam quando viajavam juntos e nada.

"A Júlia, eu tenho que salvar a Júlia!" - pensava Henri atordoado.

Quanto Henri pensou na Júlia, Thiago lembrou de Anita. Afinal, Júlia era sua namorada agora, não?

Não hesitou em mandar uma mensagem de texto para Anita.

[Anita, preciso de você. AGORA]✔✔

[Agora não posso, estou em uma missão.]

[Dane-se a sua missão, sua namorada está em perigo.]✔✔

[Como assim?]

[Venha para a chapada dos Veadeiros. Siga pela estrada, 

preciso que você limpe o caminho, mas antes, 

veja pra mim se Alejandro deu alguma ordem aos iluminados]✔✔

[Para os iluminados... espera...]

[Alex colocou a cabeça do Benício e do Henri à prêmio, 

mas para os outros]

[Largue tudo o que que estiver fazendo e venha me ajudar]✔✔

[Mas e o Benício!]

[A Liz se encarregará dele]✔✔

Voltando ao diálogo mental com Henri, Thiago tentava catar pistas de onde ele estava exatamente.

"Tá bom, vamos salvar a Júlia, mas você precisa me ajudar a te defender!"

"Será que essa ripa serve?"

"Serve, você vai sentir uma coisa estranha passar pelo seu corpo, mas não se assuste, continue!"

"Putaquepariu mano! Da onde saiu essas pragas!"

"Foca Henri, não tenha medo!"

"Ahhh muito fácil não ter medo... facílimo quando não é o teu na reta. Seu filho da puta!"

"Isso aí, na força do ódio!"

"Thiagooooooo!"

"Como você sabe que sou eu?"

"Eu conheço bem a sua voz, filho da puta. Agora como você está falando na minha cabeça é que eu não sei... Júliaaaaaa!"

"O que foi?"

"Achei a Jú! Mano do céu, que merda, que merda, que merda!"

"Segura a mão dela, vou projetar energia e repelir o que quer que seja dos dois."

"Sinistro isso!"

"Agora corre, tenta achar um lugar seguro."

"Iiiiihhhh fudeu, estamos cercados"

"O quê você vê? Ainda está com a ripa na mão?"

"Estou, mas tá foda, eu vou morrer mano! Eu e a Júlia vamos morrer!"

"Calma, segura a onda, lembra das lutinhas com o Beni quando eram crianças? Pensa que é só uma brincadeira."

"Difícil pensar que é só uma brincadeira, eu tô na merda mesmo, viu? Até alucinando eu tô!"

"Foca em bater nos monstros caralho! Me ajuda a te ajudar!"

Para a ajuda ser mais eficiente, Thiago sabia que precisaria quebrar o selo de Henri. Assim poderiam não somente conversar mentalmente, mas ver o que ele via e também transmitir memórias para que ele soubesse exatamente o que fazer. Só que uma vez com o selo quebrado, Henri não seria mais o mesmo.

"Henri, conseguiu fugir?"

"Sim, estamos no carro. A Júlia tem uma arma, acredita? Mas você não sabe o pior, tá preparado?"

"Porra Henri, até sob ameaça tu fofoca? Caralho..."

"Vai se fuder, preciso me distrair e parecer, no mínimo corajoso na frente dela! Voltando aos fatos... espera um pouquinho..."

"O que foi?"

"Acertei um maldito!"

"Boa, mas eles vão continuar, você precisa..."

"Cala um pouco a boca, quero ouvir a Júlia!

"Agora pronto!"

"Tu acredita que ela achou que eu ia matar ela? Por essa mulher eu dou a vida! Ai caralho!

"Que foi? Henri?"

"Batemos em um animal... eu tô zonzo... me ajuda!"

"Força! Foca na Julia!"

"A Júlia... JÚLIA!!!!"

"Como ela tá?"

"Ela tá bem... eu acho..."

"O carro ainda funciona?" - Thiago finalmente achou Henri e Júlia. O som da batida, o cheiro do sangue do lobo atropelado haviam lhe mostrado o lugar exato.

"Acho que sim." - respondeu Henri.

"Tu vai fazer o seguinte, cê vai descer do carro e vai mandar a Júlia acelerar e fugir."

"Mas porque eu tenho que descer? Isso é suicídio?"

"Não, não é. Faz o que tô falando! RÁPIDO."

"CARALHO IRMÃO! TÔ CERCADO! VEY... EU VOU MORRER!!!"

Thiago se materializou ao lado de Henri, que trêmulo segurava a arma.

— E aí? Pronto pra batalha?

— Que porra é essa... - disse Henri em uma perfeita mistura de susto com surpresa.

— Foco Henri. Me dá a mão.

— Pra quê?

— Me dá a PORRA da mão e tu vai entender.

Henri deu a mão a Thiago.

Era a hora exata para quebrar o selo. Thiago viu a expressão de Henri mudar assim que proferiu as palavras em latim que quebravam o feitiço. 


Elizabeth

Já tinha perdido as contas de quantas vezes havia se desmaterializado e se materializado naquele dia. Benício não estava na casa de Anita, lugar onde a medalha estava. Também não estava em casa, ou nos lugares que costumava frequentar. Elizabeth o procurava minuciosamente.

"Santiago, eu não consigo achar o Benício."

"Alejandro colocou a cabeça dele e do Henri a prêmio Liz, só vou destruir uma das hordas, tirar o Henri daqui em segurança que te ajudo encontrar ele"

Ela estava exasperada e desesperada.


Benício


Life is a waterfallWe're one in the riverAnd one again after the fall
Swimming through the void, we hear the wordWe lose ourselves, but we find it all

[Aerials - Sistem Of A Down]

Ainda na festa, Benício sabia que Olívia faria alguma coisa contra Isadora se a encontrasse. Ao ouvir os gritos da ex, correu até o banheiro onde elas estavam. Os seguranças do evento também se aproximavam.

Entrou no banheiro feminino e deu de cara com Olívia caída ao chão com o pescoço rasgado, o sangue jorrava de sua jugular e ela estava morrendo lentamente. Correu para ela, a segurou em seus braços, tentando conter seu sangramento. Embora estivessem em uma separação nada amigável, ele não a queria morta. Jamais ia querer seu mal. Tentou socorrê-la, mas seu corpo ficou petrificado ao olhar para Isadora.

O rosto da mulher estava manchado de sangue e olhos escurecidos com aspectos bestiais, a pele seca e enormes presas marfim. Suas mãos pareciam com as garras das aves de rapina. A composição exata do que ele imaginava ser um vampiro.

O medo tomou conta do corpo de Benício a uma escala, que ele lentamente soltou o corpo de Olívia se acuando para trás, até conseguir se apoiar na pia do banheiro com os olhos colados na besta a sua frente. Com a visão periférica localizou a porta e com a certeza de que se ficasse seria o próximo a morrer, correu como nunca havia corrido na vida.

Esbarrou nas pessoas que estavam no bar, driblou os seguranças, pulou a cancela da entrada do evento, e quanto mais corria, mais sentia que estava sendo seguido e observado.

Pessoas ainda chegavam no evento e deixavam o carro nas mãos dos manobristas. Assim que um casal desceu do carro e deu a chave para um dos homens, Benício a tomou e arrancou com o carro acelerando o máximo que podia.

Não acreditava que algo do tipo estava realmente acontecendo, que as tais coisas que ele só tinha visto nos pesadelos realmente existiam. Ou será que ele estava ficando louco? O que seria mais crível?

Caralho, caralho, caralho, caralho! Que porra é essa que tá acontecendo?

Olhou pelo retrovisor e se assustou ao ver que a vampira corria tão veloz quanto ele no carro. Merda!

Sentiu um impacto na lataria do carro. Tinha uma figura humanoide batendo contra o vidro. Chacoalhou um pouco o carro para ver se monstro caia. Ufa! Consegui me livrar.

Pegou a saída que dava para a Ponte JK. Pensou em Elizabeth e pensou que se algum dos pesadelos fosse verdade ela saberia como destruir os monstros que o perseguiam. 

Agora tinham duas criaturas agarradas no carro. Acelerou o máximo que podia e freou bruscamente em seguida, lançando-os no chão. Passou por cima de um a toda velocidade.

Essas porra parece que multiplica! Ai meu Deus!


Isadora

Ela não tinha previsto que se exaltaria tão rápido ao encontrar a famosa ex de Benício. 

Ainda mais quando Olívia a puxou pelos cabelos dentro do banheiro. Se havia algo que a tirava do sério eram as mulheres que cercavam Diego e agora as que cercam Benício também lhe pareciam insuportáveis. Ela empurrou Olívia para longe gerando um arranhão onde um sangue tão carmesim e suculento escorria de seu braço. Aquele foi o gatilho.

Isadora estava sedenta por sangue fresco e também ávida para acabar com a ex do Benício de uma vez por todas. Não queria ninguém interferindo no encontro perfeito dos dois. 

O problema é que ela era descuidada demais. 

No momento em que rasgou o pescoço de Olívia, o sabor do sangue a inebriou. Nada era melhor do que aquilo, mas seu clímax foi interrompido quando Benício apareceu.

Jogou o corpo de Olívia ainda sangrando no chão. Ela ainda estava morrendo. Seu ciúme aflorou quando viu Benício correr em socorro da ex. Não conseguiu esconder sua forma vampírica. Ele dava a Olívia um olhar tão consternado e tão preocupado que Isadora ardia em ódio. Derrubou um dos itens de decoração do banheiro no chão. Os olhos de Benício a alcançaram. E ela viu eles mudarem de preocupação a medo em uma fração de segundos. Ele se afastava dela, vendo o monstro que era. Ele tinha medo dela.

Em súbito ele correu. E Isadora correu atrás dele e quando o alcançou sentiu o ataque de outro ser a deter. Ela o viu ser seguido por outros vampiros. Ele seria emboscado em breve.

Lutou bravamente contra os outros, mas demorou um pouco para conseguir vencê-los.

Ela precisava farejar Benício para encontrá-lo.

Ele seguiu para a ponte...


Benício

Ele estava em altíssima velocidade. Em sua cabeça, tinha conseguido se livrar dos monstros que o seguiam. Olhou pelo retrovisor e nada viu. Suspirou aliviado, quando do nada algo pulou na frente do carro. O impacto foi tão grande que o fez perder completamente o controle.

Tudo agora estava em câmera lenta. As coisas voavam dentro do carro. Sentiu o impacto da primeira capotada e seus ossos quebraram. Na segunda, sua pele se rompia, na terceira, seu sangue esvaía, na quarta seu corpo foi arremessado para fora do carro.

Estava fora do corpo.

Ah... Puta que me pariu!

Ah não!

Não!

NÃOOOOOOO!

Olhava para o próprio corpo desesperado. Eu preciso voltar! Eu não quero morrer!

Benício não via nada além do próprio corpo desfigurado e destroçado. 

Olhou ao redor e tudo o que via era inanimado.


Anita.

Correndo em direção à Chapada dos Veadeiros, Anita sentia-se contrariada. Queria correr para Benício, mas não podia ir contra as ordens de Santiago. Tudo o que podia fazer era avisar Elizabeth onde ele estava.

Sabia bem do surto que a bruxa teria por ele estar com Isa, mas antes com Isa do que sozinho. Não era possível que Isadora não fosse capaz de protegê-lo. Pegou o celular e digitou a mensagem:

[Beni está no Noitada do Sertão com a Isadora]✔✔

Se deparou com no mínimo trinta vampiros no trajeto até ver o carro de Júlia passar em velocidade máxima. Sentiu um alívio imenso em vê-la sã e salva.

Quando encontrou Santiago e Henri, os restos mortais dos vampiros que ousaram atacá-los estavam amontoados no chão.

— Alejandro não brinca em serviço. - Disse a loira ao ser avistada por eles.

— Ele terá uma bela de uma represália. - Anita nunca tinha visto Santiago tão sério em toda a sua existência.

Sua visão foi atraída para o humano que andava de um lado para o outro freneticamente conversando sozinho.

— Preciso que cuide dele e de toda essa situação por aqui. - Disse Santiago. - Esse é o famoso Henri.

— Ele estava com a Júlia? - perguntou ela estarrecida.

Graças a ele a Júlia tá viva. Seja legal com ele. Preciso ajudar a Liz. E ah... Faça ele esquecer tudo.

Santiago se desmaterializou, a deixando a sós com Henri. Ele estava em choque, tremendo igual vara verde. Anita se aproximou dele e seus olhos a reconheceram.

— Você é a namorada da Jú?

— A própria.

— E também a ficante do Beni?

— Também.

— Como você foi capaz de deixar a Jú sozinha nesse inferno? E o Beni? Cadê ele? Como ele está? Me diz que ele está bem!...

Henri fazia uma enxurrada de perguntas que Anita não estava disposta a responder no momento. Primeiro porque não sabia de nenhuma novidade sobre Benício e, segundo, já estava achando ele demasiado irritante.

— ...Porra, fala alguma coisa? O Thiago é o quê? E você?... - Anita massageava as têmporas tentando encontrar a solução mais rápida para acabar com a bagunça, mas Henri começava a lhe tirar a concentração. A melhor solução era calar a boca dele fazendo-o dormir. O encarou por alguns segundos em silêncio enquanto ele falava sem parar. — ... nunca que eu ia acreditar que no mundo existiam seres fantásticos e tantos demônios, e tanta... — Anita o golpeou na nuca o fazendo desmaiar.

— Nossa! Que alívio!

Esse desgraçado não calava a porra da boca!


Elizabeth

Quando viu a mensagem de Anita, o pior já tinha acontecido.

O segundo sétimo de sua vida corria para Benício o que a desestruturou, mas também facilitou com que o encontrasse.

Sentada no asfalto manchado de sangue, Elizabeth abraçava o corpo disforme de Benício aos prantos, a situação estava tão feia que não sabia ao certo quanto tempo ele levaria para se refazer.

Estava exausta. Seu corpo já sentia o efeito da ancoragem.

Os vampiros à espreita recuaram ao sentir a energia da Detzel, mas o recuo não os escondeu da fúria da bruxa.

Envolta de tristeza e fúria. Decidiu que mataria qualquer ser sobrenatural que ousasse se aproximar dela e de Benício. O bracelete deixava seu braço e se tornava uma lança. Os olhos de Liz se tornavam uma mítica luz branca e o artefato voava transpassando todos os seres em trajeto espiral.

Quando a lança ia transpassar Isadora, que chegava assustada e esfarrapada ao local, Santiago apareceu. Seus olhos se cruzaram com o de Elizabeth e em um milésimo de segundos, ele segurou Isadora pelo pescoço e se desmaterializou com ela.

Liz já tinha coisa demais para se preocupar naquela noite e não se importou em deixar passar o delito que Santiago acabava de cometer.

Ela se agarrava ao corpo de Benício doando sua vida, sua energia, sua mortalidade.

Santiago

Se materializando juntamente com Isadora a alguns quilômetros do acidente, na beira do lago. Santiago soltava Isadora a arremessando no chão.

— Seu BABACA! - Gritava ela.

— Babaca? É assim que você me agradece por salvar tua vida? Se a lança da Detzel te atravessa, não há nada que te traga de volta!

— E por que você se importa? - perguntou ela afrontosa.

— Eu te transformei no que você é hoje. A linha do meu sangue segue nas suas veias e você acha que eu sou capaz de deixar a minha prole morrer?

— Prole? Eu quebrei a nossa ligação há anos!

— Sim, você quebrou, mas eu não. - ele engoliu a saliva em seco. - Porque quando eu quebrar, Isa, será o momento em que a matarei com as minhas próprias mãos.

— Você é um covarde Santiago, você não tem culhão o suficiente pra isso. - disse Isa, com um sorriso irônico na face.

— Sabe o que me deixa feliz, Isa? Você nunca terá o que quer.

— Idiota. Agora eu tenho o Benício.

— Morto? Por que pelo que eu sei, a bonita não é capaz de defender uma mosca. Inclusive, o corpo dele está estirado no chão nesse exato momento. Sem contar que você não faz e nem nunca fez o tipo dele.

— Nós tivemos uma noite incrível! - disse ela irritada.

— Ah é? Os fatos me mostraram completamente o contrário.

Santiago se desmaterializou e voltou para Elizabeth.

Ela apenas chorava. Ele sabia o tamanho da dor física e emocional que ela estava sentindo e isso deixava um sabor amargo em sua boca. Tudo o que podia fazer era potencializar a recuperação do corpo de Benício.

Precisavam mantê-lo em um lugar seguro de seres sobrenaturais. Um lugar protegido de tal forma que feitiço algum fosse capaz de romper a segurança. As sirenes dos bombeiros e da polícia soavam cada vez mais altas até eles chegarem ao local.

Elizabeth desfaleceu.

Os paramédicos socorriam Benício. Ele já estava quase inteiro outra vez, seus danos internos já tinham sido curados por sua energia misturada a de Elizabeth, finalmente seu coração batia, mas ainda exibia horrorosas lacerações na pele.

Santiago abraçou Elizabeth, fechou os olhos e mentalizou: "vai ficar tudo bem, Liz..."


Benício

Parecia uma eternidade que estava ali olhando para si mesmo. 

Observou seus ossos voltarem lentamente ao lugar certo, seus ligamentos e nervos se reconectando e curiosamente estava entretido com aquilo.

Em toda a sua existência, aquela era a quarta vez que via o próprio corpo se reconstruir.

Na primeira vez que morreu, tornou-se a mítica aberração através do fogo.

Na segunda, quando os irmãos o traíram, voltou humano.

Na terceira, quando o burro do Benício se intoxicou com remédios, conseguiu produzir rachaduras no selo criado por Elizabeth para mantê-lo adormecido.

E agora, pela quarta vez, estava pronto para ressurgir.

Eu estou voltando.

É melhor que se preparem, pois eu vou virar a vida de vocês de ponta-cabeça.

E Liz... eu te amo.

Mesmo assim. 

Fim da primeira parte.

[Nota da autora]

Daqui pra frente, só ladeira abaixo. 

Hihihi!


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