Mariana narrando:
A sensação de choque toma conta da lateral da minha cabeça, formando então uma dor insuportável.
Após isso, levanto as minhas pesadas pálpebras e sinto por volta dos meus olhos um leve inchaço, como também uma forte ardência em minhas córneas.
Meu coração logo se amolece ao notar que é o meu filho implorando por atenção, ele me despertou.
Me mantenho sentada e sinto tudo em minha volta girando. Além de está cansada desses últimos meses que vivi, eu dormi bem tarde.
Jake logo se levanta, poucos segundos depois de mim.
Começo a levantar com a intenção de caminhar em direção ao berço, mas Jake me impede.
- Eu fico com ele. Durma. - Pede.
Meus exaustos olhos imploram para que eu os feche só por mais alguns minutos.
Visualizo a janela, já tinha amanhecido, mas ainda era cedo.
- Ele está com fome. - Digo sonolenta.
- Tem leite em fórmula na estante da cozinha da sua mãe. Vou cuidar dele. Durma! - Insiste.
Fico em silêncio com a sensação de que meus olhos estavam caídos e amassados.
Visualizo-o levantando completamente da cama e indo descalço até o berço de Miguel.
Ele se curva em direção da grade e o pega carinhosamente em seus braços.
- A mamãe está muito cansada e quem vai cuidar de você sou eu. O papai - Diz tentando expressar ternura mesmo com a sua grossa e sonolenta voz.
Jake deita Miguel de bruços em seu peito e o balança, enquanto deixa vários e leves tapinhas seu bumbum.
Não consigo expressar o quão lindo achei isso.
Eu aproveitaria a distração dele para ficar horas assistindo essa cena, que por sinal, não achei que viveria. Mas o dor de cabeça me consome e o sono ainda me rodeia.
Jake vira para mim novamente, com Miguel em seus braços... - Não se preocupe. - Pede.
- Se ele precisar de mim, me acorde. Por favor! - Sussurro para ele.
- Pode deixar. - Responde.
Me deito de bruços como um bebê, puxo o cobertor até a altura do meu pescoço e fecho meus olhos.
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Acordo novamente...
Dessa vez um pouco mais tarde.
Me levanto assustada ao notar que seus gritos pararam.
Analiso Jake e Miguel dormindo lindamente.
Jake estava de barriga para cima, contudo, sem blusa, ao contrário da forma que fomos dormir.
Miguel estava sobre seu peito, de bruços, dormindo de forma aberta e profunda.
A enorme mão esquerda de Jake, apalpava os dois pezinhos de Miguel. E o outro braço estava dobrado sustentando o peso de sua própria cabeça.
Admiro a parte superior de seu corpo nu, seus músculos, pelos e como sempre suas enormes tatuagens.
Ontem passamos uma boa parte do tempo agarrados. Ele grudado em minhas costas, nitidamente ereto.
Eu nem sei porque deixei me levar!
A verdade é que sempre achei o irresistível, e eu não sou a única a achar isso.
Noto ao lado da cabeceira da cama, encima da mesinha, havia um copo de vidro vazio no qual bebi água ontem de madrugada, como também havia uma chuquinha infantil suja de leite que também está vazia.
Jake alimentou o Miguel.
Me sinto aliviada.
Uma das gavetas do berço estava parcialmente aberta, lá é um dos locais que guardo as fraldas de Miguel, chego à conclusão então que aparentemente foi utilizada.
Os cubro carinhosamente, deito-me novamente e fecho meus olhos.
A dor de cabeça ainda permanecia, mas pelo menos havia diminuído.
Viro-me para eles e encosto minha testa cuidadosamente na lateral de seu braço, acaricio os cabelos de Miguel e fecho meus olhos.
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De bruços e com os braços abertos, eu desperto sobre minha cama.
Não sinto cansaço nos olhos dessa vez, mas a dor de cabeça permanece apesar de ter dormido mais. Jake não estava ao meu lado mais e nem Miguel.
Viro meu corpo de barriga para cima, esfrego meus olhos e o encontro... Sentado na beira de minha cama, ainda sem blusa e com o celular no ouvido.
Ao notar que acordei, ele me analisa e continua falando com alguém do outro lado do telefone.
-- Sim, por gentileza. -- Ele consente algo.
-- Quanto é cobrada a taxa de entrega? -- Questiona em seguida.
-- Ok! Tudo bem. -- Finaliza.
Apesar de ter pego uma parte final da conversa, eu consigo entender o óbvio... Ele pediu alguma coisa.
Jake encerra a ligação, olha para o lado e mantém sua atenção totalmente á mim.
- Está se sentindo bem? - Pergunta com a voz grossa e rouca.
- Apesar da dor de cabeça, eu estou bem. - Respondo.
- Peço desculpas pela inconveniência, mas peguei a receita médica que é referente ao dia da sua alta e pedi para a farmácia trazer os medicamentos. Ajudará na sua melhora. - Diz.
Gaguejo e mantenho meus lábios entre abertos.
- Eu... Na verdade eu estava esperando passar o natal para voltar no hospital, a farmácia de lá devem ter esses medicamentos... E de forma gratuita. - Respondo baixo.
Jake sorrir sarcasticamente.
- Eu duvido que tenha. - Opine.
- Quanto antes você começar a cuidar dessa anemia, melhor. Essa dor de cabeça é um dos sintomas da sua falta de nutriente e repouso. - Finaliza.
Ele não mentiu.
Esfrego meus olhos com as duas mãos e bocejo logo em seguida. A dor está estagnada desde ontem.
Assim que abro meus olhos e volto meu foco ao Jake, noto que estou sendo observada.
- Se essa dor persistir, vamos a clínica. - Diz preocupado.
Balanço a cabeça em positivo e digo... - Ok, obrigada.
Jake assente, levanta da cama se espreguiçando e começa a procurar sua blusa entre os lençóis que usamos.
Uso esse momento para admira-lo.
Analiso todas suas tatuagens, como fazia antes... Seu bumbum avantajado, ombros, inclusive seus músculos...
Como havia comentando antes, reafirmo...
Tenho a sensação que de ele tenha voltado a realizar programas.
Continua vaidoso e com a aparência ainda mais atraente. Não sei se é pela idade há mais... De qualquer forma, se for verdade é mais um motivo para mantermos a amizade e evitar que eu me magoe novamente.
- A sua mãe preparou café da manhã. Vamos? Você precisa se alimentar. - Diz com a voz rouca.
Desvio meus olhos rapidamente e foco em meus pés.
Balanço a cabeça em positivo e o vejo vestindo a blusa completamente.
Levanto-me da cama e noto que o berço de Miguel está vazio.
Ao chegar na sala encontro minha mãe com o cabelo preso, rosto massado e semblante de pura ressaca.
Ela estava sentada sobre o sofá, o mesmo que minhas primas adoeceram antes de ir embora.
Minha mãe estava com o Miguel em um de seus braços e na outra mão uma xícara forte de café.
- Bom dia, querida. - Responde.
- Bom dia, mãe. - Respondo.
- Onde está o Darley? - Pergunto.
- Acordou para beber e voltou a dormir. - Responde e eu sorrio.
- Fui na padaria bem cedo, tem presunto, queijo e requeijão, fiquem à vontade. - Ela completa dizendo para mim e ao Jake.
Enquanto preparo o meu café da manhã, passo maior parte do momento analisando o Miguel em seus braços.
Ele já estava acordado, aparentemente desde cedo.
Eu nem acredito! Meu Deus, eu tenho um filho agora! Todinho meu.
Tomamos café, dessa vez silenciosamente.
Desde de que conheço o Jake, o silêncio sempre foi sua personalidade. Ele sempre foi muito na dele.
Mas, hoje em específico, ele parece está planejando ou matutando muito sobre alguma coisa.
- Está tudo bem? - Pergunto.
Droga, porque eu perguntei isso?
- Claro, estou ótimo na verdade. - Responde.
- E você? - Pergunta.
Balanço a cabeça em positivo, como resposta.
Voltamos ao silêncio...
Ele deve estar pensando em como vai explicar para a Amanda que agora tem mais um filho. Da mesma forma que pensando em como mostrará ao público esse acontecimento.
Sua equipe, conhecidos, amigos... Eles não fazem ideia, afinal eu literalmente nunca mais os vi.
- Os seus pais... - Solto sem querer.
- O que tem eles? - Jake diz retirando um pedaço do pão e levando até sua boca.
- Será que vão gostar do Miguel? - Pergunto.
Ele sorrir. - Com certeza! Não tenha dúvidas disso. - Diz
- E eles provavelmente vão te explicar melhor toda a situação em que vivi no meu antigo casamento. - Finaliza.
Começo aos poucos acreditar que de fato esse divorcio aconteceu. O esforço agora é tentar pôr na minha cabeça que eu não fui a causadora disso. Afinal, ela descobriu tudo meu respeito, não é?
- Minha família não teve a intenção de chatear você, a culpa foi inteiramente minha. - Jake explica.
- Eles gostaram muito de você, na verdade. Não que isso importe muito em minhas relações, mas é uma forma de te afirmar que você foi vista de forma diferente do que imagina. - Completa.
Balanço a cabeça em positivo e me mantenho em silêncio.
- Você quer perguntar alguma coisa? - Ele questiona após ter descido dois goles de café.
Eu tenho muitas dúvidas, na verdade. Sempre tive e agora está tudo mais intenso. Eu estou literalmente sempre com alguma dúvida nova, mas perguntar e obter resposta não vai adiantar muito.
Quando não se há mais confiança, é basicamente assim que se vive.
- Hum... - Penso... - Sei lá, seus pais sabem que a Amanda descobriu sobre nós dois? - Pergunto.
Jake engole seco.
- Eu não gosto quando você fala dessa forma. - Retruca. - Sabe? Insinuando que eu estava escondendo você. Que você foi minha amante, não é assim. - Completa.
- Não foi? - Pergunto.
- Não. - Ele responde com convicção.
- Nós estávamos separados. Não judicialmente, mas separados. Ela quis voltar quando soube que tinha outra mulher, só por ego. - Acrescenta.
- E aí você terminou comigo, e disse que eu entenderia quando crescesse. - Completo com amargo.
- Não, e aí ela disse que visitaria um parente e simplesmente desapareceu com o meu filho. - Ele me corta e tenta substituir a minha frase de forma grosseira.
- E só deu as caras para alertar que voltaria se eu desistisse da separação. - Acrescenta.
- E será que isso pode voltar acontecer? - Pergunto.
Porque se for para mim ser descartada novamente, eu prefiro dar um passo atrás e nunca mais deixar o que aconteceu essa madrugada se repetir.
- Não. - Ele responde após mais um gole de café.
Jake lambe rapidamente os lábios e continua falando...
- Foi resolvido, eu consegui provar a manipulação da Amanda. O Juiz determinou que se ela sair do estado com o Júnior, teria que manter contato comigo á cada duas horas até seu retorno, mas isso havendo a minha concordância. - Explica e em seguida afasta o copo vazio deslizando-o sobre a mesa.
- Caso ao contrário, o sumiço por mais de duas horas será interpretado como sequestro... Sendo assim, ela perderá a guarda dele. - Completa.
Engulo seco.
Se for verdade, isso tudo deve ter dado uma briga fodida!
Se for mentira, Jake engana perfeitamente, com a mesma habilidade que tem na hora de foder!
- Entendi. - Respondo.
- Os meus pais souberam pouco sobre o nosso fim, quando estou chateado costumo me fechar totalmente. - Ele responde a minha pergunta anterior.
- Souberam que eu tinha voltado com a Amanda e também do motivo. E que por isso eu nunca mais tinha te visto. Bem resumido. - Finaliza.
- Entendi. - Respondo.
- Eu não quero mais falar dela. - Solto por impulso.
Ouvir o nome dela o tempo todo, estava me causando náusea! Como na gravidez, a diferença é que eu não estou mais grávida e a náusea continua.
Jake sorrir de forma curta e com os lábios fechados.
- Eu também não quero mais falar dela. - Diz.
- Eu passei uma noite incrível sentindo você e não quero estragar mais nada. - Finaliza sem vergonha alguma.
Minhas bochechas coram e eu não contenho meu sorriso.
Tampo meus lábios com as mãos e Jake gargalha.
- Para com isso, Jake. - Sorrindo envergonhada eu murmuro contra as minhas mãos.
- Eu não falei nada demais, minha rainha. - Ele responde entre suas baixas e grossas gargalhadas.
"Minha rainha"
Ele voltou com isso de novo.
Me traz um misto de sentimentos, boas lembranças, ruins...
Sorrio para ele forçadamente e logo em seguida ouço a campainha tocando... Eu imagino que seja o entregador da farmácia!
Antes que eu vá, minha mãe se disponibiliza em atender a porta com o Miguel em seus braços, ouço-a dando bom dia.
Jake se levanta, tira a carteira do bolso de sua bermuda e caminha em direção a eles.
Continuo comendo silenciosamente, eu não sei como agradecer e nem o que dizer...
Finalizo o meu café do mesmo momento em que Jake retorna a cozinha.
Ele estava com uma sacola azul, de tamanho médio e cheia nas mãos.
Jake coloca sobre a mesa, em minha frente, e se acomoda novamente.
- Acompanha os horários das medicações na sua receita. - Ele pede.
- Não esqueça de toma-los corretamente, minha rainha. - Acrescenta.
De novo!
Minhas bochechas coram e eu libero espontaneamente um sorriso tímido.
Jake sorrir de volta com os lábios cerrados, enquanto come, imagino que ele já tenha se acostumado com essa minha timidez sem fim.
Apesar que seu padrão de acostume devem ser aquelas mulheres fogosas, dispostas a tudo e bem indiscretas. Como aquelas que vi no antigo perfil do Instagram e em seu WhatsApp.
Somos um pouco diferentes, eu não sou assim...
Não tenho a mínima ideia do porque ele se interessou em mim lá no início.