#pandagravidinho 🐼
🌑🌘🌗🌖🌕🌔🌓🌒🌑
"Jimin"
Meus olhos eram incapazes de se desprenderem do rosto bonito do meu namorado.
Me sentia eufórico, enfim era primeiro de setembro e naquele segundo eu sussurrava para que ele acordasse, mas tudo o que via era o sorriso bonito que ele dava, tocando minha cintura para me puxar para colar o corpo ao dele.
ㅡ Acorda, bebê. ㅡ chamei, afastando seus cabelos da testa.
Jungkook resmungou e ergueu o rosto ainda com os olhos fechados e tocou meus lábios com os seus. Sorri, afastando-me para vê-lo abrir os olhos inchadinhos devagar.
ㅡ Feliz aniversário, bebê.
Outra vez ele sorriu.
Me aproximei, tocando seus lábios outra vez e suspirei, deixando que o selar fosse o nosso bom dia.
ㅡ Tenho uma surpresa para você. ㅡ avisei.
Me ergui da cama, saindo aos tropeços e ouvi Jungkook sorrir antes de bocejar e se sentar na cama, ainda muito preguiçoso.
ㅡ Fecha os olhos. ㅡ pedi segurando a bandeja com o café da manhã.
Espiei até que ele fechasse os olhos e caminhei de volta para a cama.
ㅡ Pode abrir os olhos.
Jungkook abriu primeiramente um olho. Seu sorriso a todo momento estava presente, mas foi quando ele enfim abriu os olhos de vez e mirou a bandeja, que ouvi seu riso outra vez, junto com seu biquinho involuntário que indicava como ele estava feliz ao receber aquilo.
ㅡ É só um mimo.
Jungkook me deixou pôr a bandeja sobre suas coxas e lhe apreciar analisando cada coisinha feita por mim mesmo para ele.
ㅡ Você acordou mais cedo? ㅡ ele perguntou com a voz rouca.
Assenti, tocando um de seus olhos para afastar uma remelinha que havia lá.
ㅡ Queria te fazer algo memorável. É o seu primeiro aniversário comigo, quero que não se esqueça nunca mais.
ㅡ Não vou esquecer nem se quisesse. ㅡ ele diz sorrindo, buscando um morango para morder e em seguida me dar um pedacinho também. ㅡ você já tomou seu remédio?
Revirei os olhos de forma divertida, mas assenti.
Em minha última ㅡ e primeira ㅡ consulta com a ginecologista obstetra, recebi a orientação de ter que ingerir algumas vitaminas até encerrar meu primeiro trimestre.
Quando o dia da consulta chegou, foi engraçado porque Taehyung e Jungkook estavam mais ansiosos do que eu mesmo.
Na verdade, estava mesmo com medo. Sentia insegurança de ir a um médico designado a pessoas com úteros e vaginas, mas sentia um frio na barriga me consumir por simplesmente poderem me julgar.
Mas eu sabia que precisaria me acostumar com aquilo, tanto pelo meu bebê quanto pelo meu trabalho. Como Yoongi mesmo alertou com a equipe, logo meu nome seria conhecido, minha gravidez seria pública e seria inevitável me esquivar de comentários ruins e olhares de julgamento.
Mas a minha médica era legal. Se eu pudesse, é claro, escolheria o doutor Choi para ser até mesmo meu ginecologista por ter completa afinidade, segurança e respeito com meu gênero, mas ele é um médico clínico geral, ele mesmo me disse o que seria melhor para mim nesse momento, e um especialista dedicado à área médica na qual eu preciso agora, é o essencial.
Então foi ele mesmo quem me indicou a doutora Seo MinHu. Ela é legal, descontraída e também respeitou meu gênero e a consulta fluiu de forma natural.
Precisei responder algumas perguntas, me pesar, medir minha barriga e refazer exames de taxas, já que meu corpo estava uma bagunça pelo bebê e o estresse gerado na minha estreia na Dae-min.
Os resultados saíram rapidinho e meu retorno até ela também foi breve. Não havia nada muito bagunçado nos meus resultados, apenas precisava de mais ferro para que meu corpo tivesse o suficiente para dividir com o pequeno hóspede que agora tinha.
Jungkook experimentou a torrada com queijo que fiz para ele e riu quando buscou uma na parte debaixo que estava um pouquinho queimada.
"Pouquinho" nível: está quase pretinha.
ㅡ Desculpa, eu queimei essa. ㅡ falo envergonhado, mas ele apenas nega, comendo-a de uma só vez, mastigando com empolgação enquanto eu o olhava e analisava se ele estava mesmo gostando ou só fingindo.
ㅡ Está tudo muito bom, Jiminie. Mas come comigo.
ㅡ Não, é o seu aniversário. Eu já comi.
ㅡ Mesmo? O quê?
ㅡ Quando fui à padaria comprar as torradas, lá tinha uns pães doce muito bonito. Comi um com um pouco de maionese e o molho de peixe, ficou tão gostoso.
Jungkook franziu o nariz. Sabia que ele achava aquilo nojento, mas não era nem um pouquinho.
Era tão, tão, tão gostoso...
ㅡ Você comeu bem, ao menos?
ㅡ Comi três pães. Minha barriga está até redonda. ㅡ a toquei.
Jungkook riu, mas retirou a bandeja de suas pernas e a colocou ao lado. Em seguida, ele se arrastou pela cama ficando um pouquinho mais perto de mim e tocou minha barriga. Estava mesmo redonda, eu havia comido bastante, mas ele a acariciou, sorrindo como um bobo.
ㅡ Ele cresceu.
ㅡ Ele é? ㅡ sorri.
Jungkook me olhou nos olhos, dando de ombro.
ㅡ Sonhei que tínhamos uma garotinha. Mas minha mãe sempre diz que sonhos enganam e quase sempre quer dizer alguma coisa que não é aquilo que está ali. Então acho que teremos um garotinho.
ㅡ Mas na semana passada você sonhou com um garotinho, então deu o palpite de ser uma garotinha. Precisa se decidir.
ㅡ E se forem dois? ㅡ ele pergunta tranquilo, me fazendo arregalar os olhos.
ㅡ Misericórdia! Amarra, Jungkook! ㅡ bato três vezes no móvel de cabeceira, fazendo-o rir. ㅡ eu não dou conta de dois bebês. Não dou mesmo.
ㅡ Mas você sabe que às vezes acontece, não é? Os ultrassons mostram um bebê, mas quando é a hora de nascer vem dois.
ㅡ Ah, vira a boca pra lá. Ou melhor, virá pra cá. ㅡ O beijo, buscando uma nova torrada, enfiando na boquinha linda dele logo em seguida. ㅡ Vamos levantar, o dia será incrível. Vamos à empresa e depois vamos direto ver o apartamento. Yoongi disse que se quisermos, podemos ver só nós dois.
ㅡ Ele disse isso? ㅡ Assenti, vendo-o negar ainda sorrindo. ㅡ você sabe que com isso ele está achando que nós dois podemos acabar transando no primeiro dia do apartamento, né? Ele é tão doido.
ㅡ Ele é muito doido, mas até que a ideia não é ruim...
Jungkook cerrou os olhos para mim outra vez, mas decidi me erguer, caminhando até o guarda-roupa para vestir algo digno.
ㅡ Acho que nunca te vi de calça jeans. ㅡ Jungkook diz quando busco uma branquinha que tenho. A única peça de baixo na cor branca que tenho.
ㅡ É porque ela é bem apertada, não uso nos dias comuns, só quando quero parecer bem gostoso.
ㅡ E hoje você quer?
Assinto, retirando a calça de moletom que uso junto a camisa, ficando apenas de cueca. Jungkook continua me observando e eu até gosto, mas quando ergo a calça, notando como minha bunda ficou bem redondinha nela, ergo na cintura para fechar acima do umbigo, mas sequer o primeiro botão fecha.
Tento outras vezes, até tentando comprimir a barriga, mas nada é feito. Desisto, causando um riso alto em Jungkook.
ㅡ Para de rir de mim, poxa. Eu queria ficar gostoso pra você. Agora não dá mais.
Jungkook se ergue. Viro-me para si, sei que ele irá me abraçar, mas me surpreendo quando o vejo parar a minha frente e se abaixar, tocando minhas coxas antes de me puxar e me erguer do chão. Deixo um gritinho no ar, mas rio, tocando seu peito despido que agora é iluminado pela luz fraca do sol da manhã que adentra o quarto. Ele beija minha barriga na altura de sua boca, desejando "bom dia" ao nosso bebê como sempre faz, mas me abaixa devagar até que nossas bocas estejam na mesma altura e ele esteja com uma mão tocando diretamente a pele da minha cintura.
Abraço seu pescoço, encarando seus olhos negros e toco seu nariz com o meu.
ㅡ Você não precisa ficar gostoso para mim, você é gostoso.
ㅡ Mas queria ficar gostoso mesmo. Tipo, por onde eu for quero que todos olhem e pensem: Caramba, que gostoso.
Ele ri outra vez, caminhando até sentar na beirada da cama e não ousa me largar.
ㅡ Tenha certeza, Jimin, todos já pensam. Mas essa calça não vai mais fechar em você, sua barriguinha cresceu.
ㅡ Não cresceu...
ㅡ Claro que cresceu, veja.
Me ergo de seu colo, abaixando a calça que não fecha e viro-me de lado no espelho.
Meus dedos descem até tocar abaixo do meu umbigo. Sorrio, é engraçado como parece que há um pequeno limão ali.
ㅡ Eu ainda não havia reparado. ㅡ falo, olhando-o através do reflexo.
ㅡ Reparei ontem a noite. Você agora tem barriguinha, Jimin. Nosso bebê está crescendo.
Sorri perdido com aquilo. Meus olhos não conseguiam se desprender do voluminho.
ㅡ Será que isso será ruim? ㅡ pergunto, acariciando-o. ㅡ será que logo vai crescer mais?
ㅡ Certamente. Mas Yoongi disse que tem um plano, vamos acreditar nele.
Assenti, enfim suspirando apaixonado por minha própria barriga e voltei a buscar uma roupa.
Busquei uma nova calça, mas essa era em tecido leve, folgado e também ficava acima do meu umbigo. Existiam dois tipos de peças de cima que eu gostava de usar com aquela calça, camisas muito longas e folgadas ou croppeds apertados para não marcar os meus seios ainda existentes.
Naquela manhã, eu ainda queria parecer um gostoso, e dessa forma, decidi buscar por um cropped, mas sem encontrar nenhum que apertasse o suficiente para que ninguém me olhasse na empresa, optei por usar meu binder pretinho e um casaco alguns números maiores do que eu realmente usava por cima.
Casaco esse que eu também roubei do Taehyung.
Jungkook comeu todo o café que preparei para si e em seguida se banhou. As roupas dele não eram nada incríveis ou diferentes, eram simples em sua maioria, mas era incrível a forma em como ele conseguia ficar lindo com elas.
ㅡ Acho muito engraçado que já tem três calças e duas camisas sua aqui. ㅡ falei, passando sutilmente o delineador por minhas pálpebras. ㅡ já estamos nos casando e eu não sei?
Ele riu, vestindo um casaco também.
ㅡ Talvez. ㅡ respondeu.
Jungkook parou atrás de mim, me provocando quando se encaixou bem na minha bunda. O olhei, mas o safado apenas continuou penteando os cabelos com os dedos, buscando um pouco do meu perfume em seguida.
ㅡ Estou pronto. ㅡ avisou.
ㅡ Isso não vale. Comecei a me arrumar primeiro que você, mas ainda tenho que escolher um brinco.
ㅡ Não tem pressa. ㅡ disse, deixando um beijo em minha testa.
Jungkook seguiu para a sala, me deixando terminar no quarto. Tentei ser rápido, não era bom deixá-lo esperando demais, mas sequer ele parecia se importar mesmo. Quando saí do quarto, o encontrei na cozinha encerrando uma ligação.
ㅡ Alguém da empresa? ㅡ perguntei, organizando meu celular e carteira, na bolsinha pequena de ombro que levaria comigo.
ㅡ Não, era o advogado. Ele avisou que a reunião com Dahyun já foi marcada.
ㅡ Ah... ㅡ ainda era extremamente esquisito estar namorando Jungkook quando seu estado civil ainda era casado e a esposa também estava gravida. ㅡ então logo tudo vai acabar. ㅡ tentei sorrir e soar positivo.
Não era mesmo uma mentira, logo tudo acabaria e, talvez, eu fosse começar a me sentir menos estranho com tudo aquilo.
ㅡ E o exame? ㅡ ousei perguntar. ㅡ ela também fará logo?
Jungkook guardou o celular no bolso e comprimiu os lábios.
ㅡ Ainda não perguntei a ela quando fará. Acho que ela precisa da permissão médica para isso.
ㅡ É, é um exame invasivo. ㅡ falei enfim dando as costas para ele, buscando a chave da Betty. ㅡ vamos?
Jungkook também parecia incomodado com algumas coisas, uma delas era andar comigo todas as manhãs na Betty.
Não entendia o medo bobo que ele tinha. Numa pista de cem, por exemplo, eu o respeitava e ia a oitenta. Tudo pra ele se sentir confortável.
Mas outra vez estávamos sobre a Betty e lá está Jungkook, apertando minha cintura como se quisesse me partir ao meio.
Quando chegamos à empresa, cumprimentei alguns funcionários na entrada e logo vi Seokjin à nossa espera.
Ele abraçou Jungkook com força, dessa vez quase partindo o meu namorado ao meio.
ㅡ Você tá ficando velho.
ㅡ Só não tão velho quanto você, hyung.
Seokjin chiou com a brincadeira de Jungkook e o bateu devagar na cabeça. Ambos riram. Seokjin o abraçou pelos ombros e caminhou junto conosco, mas ergueu a mão na altura do peito de Jungkook o fazendo suspirar antes de enfiar a mão no bolso e buscar a chave do apartamento dele.
ㅡ Por favor, não façam aquelas coisas no meu apartamento. ㅡ ele pediu, indignando Seokjin outra vez.
ㅡ Você acha que eu sou o quê? Um selvagem? Eu só faço sexo com meu namorado na nossa cama! Ou na cama de um hotel, às vezes é legal.
Jungkook arregalou os olhos ao ouvir Seokjin falar aquilo sem pudores nenhum e logo suas bochechas estão rosadas. Mas Seokjin parecia não ligar, parecia até mesmo que ele falava aquelas coisas para causar "pânico" no meu namorado. Porque após falar aquilo, o safado ainda me olhou e piscou, satisfeito.
Quando chegamos ao andar do chefe, meu estômago revirou e o frio tomou meu corpo. Não conseguia explicar o porquê, mas Yoongi, mesmo tendo sido sempre legal comigo, ainda me dava um pouquinho de medo.
Jungkook, por outro lado, parecia muito à vontade com ele.
Não fomos para uma sala de reuniões como antes, fomos direto para a de Yoongi, e para ser bem sincero, me surpreendeu a quantidade de luz que adentrava aquela sala. Mas as paredes principais eram feitas inteiramente de janelas longas e largas, e com as cortinas abertas, a luz do sol tomava conta de quase tudo.
Haviam dois sofás brancos no centro da sala e foi até lá que Yoongi nos guiou a sentar.
Jungkook sentou-se ao meu lado, tocando minha mão por talvez perceber como eu estava ansioso e nervoso e Yoongi sorriu, erguendo-me uma pequena pilha de papéis.
ㅡ Essa é a cópia do seu contrato. Todas as clausulas que você assinou estão aí.
Agradeci, olhando a primeira página com o nome da empresa e sorri, ainda me sentindo desacreditado de que aquilo estava mesmo acontecendo.
ㅡ Gostei do que está vestindo. ㅡ o chefe falou, me fazendo lhe olhar com os olhos arregalados. Desviei para as roupas que vestia e ri baixo.
ㅡ Obrigado...
ㅡ Hyung, sabia que a barriga do Jimin já está crescendo? A calça não fechou nele hoje.
ㅡ Jungkookie! ㅡ briguei baixinho, sentindo-me queimar.
Yoongi riu outra vez, desta, um pouco mais relaxado.
ㅡ Acho que precisamos começar com as promoções logo. Você precisará gravar uma prévia da letra que Seokjin preparou. A melodia ainda será finalizada, mas acho que conseguimos finalizar tudo a tempo. Só é um saco ter que fazer tudo às pressas, a Dae-min tem o selo de ser uma das três maiores empresas da coreia, não podemos errar.
ㅡ Prometo que darei sempre o meu melhor, chefe Min.
Yoongi assentiu ainda sorrindo e desviou os olhos para a entrada da sala. Taemin nos cumprimentou, carregava consigo seu ipad de sempre e também uma caixinha.
Ele sorri quando a entrega a Yoongi e me olha com expectativa.
ㅡ Essa é a senha do seu apartamento.
Busquei a caixinha, já surtando por dentro por Yoongi entregar a senha em uma caixinha, mas a abri, suspirando quando vi os seis dígitos escritos de modo torto em um papel mal rasgado.
ㅡ Eu sei, mas foi Taemin quem quis entregar a senha assim, eu não tenho nada a ver. Ia mandar por mensagem mesmo.
Olhei para Yoongi e ri. O agradeci e o vi erguer a mão direita.
ㅡ Seja oficialmente bem-vindo a Dae-Min, Park Jimin.
Apertei sua mão e senti meu peito explodir.
ㅡ Muito obrigado, chefe Min. Não vou decepcioná-lo.
Yoongi assentiu, se pondo de pé. Jungkook e eu fizemos o mesmo, e em seguida pude apreciar meu chefe se aproximar do meu namorado e o abraçar, desejando feliz aniversário.
ㅡ Nos vemos a noite. ㅡ Yoongi diz, e mesmo que eu já soubesse que Seokjin tentaria levá-lo para a comemoração no apartamento de Jungkook, me surpreendeu ele realmente confirmar presença.
ㅡ Tudo bem. ㅡ ele disse e olhou para Taemin. ㅡ você também vai, não é?
Taemin abraçou o ipad e assentiu.
Jungkook havia me contado do breve momento que teve com nosso colega de trabalho e que ele namorava um policial, então Jungkook estava animado para que Taemin levasse o tal policial para que todos nós pudéssemos conhecer também.
Quando já estávamos do lado de fora da sala, encontramos com Hoseok ao lado de Lee Heeseung, um dos idols de um grupo que havia recentemente debutado e já era sucesso no mundo inteiro.
ㅡ Produtor Jeon. ㅡ Ele cumprimentou Jungkook primeiro. Hoseok desejou feliz aniversário a Jungkook e isso fez Heeseung lhe desejar também. Mas quando seus olhos vieram até mim, fiz uma breve reverência junto a ele, o que causou riso em nós dois. ㅡ Sou Lee Heeseung. ㅡ ele se apresentou como se fosse mesmo preciso.
ㅡ Sou Park Jimin. ㅡ ergui minha mão para si.
Ele a apertou, sua palma era macia, assim como toda sua pele parecia ser. O olhei por alguns segundos, perdido em sua beleza. Heeseung era jovem, havia acabado de se tornar um adulto, mas era tão alto quanto Jungkook.
E por falar no meu namorado, pisquei desviando meus olhos quando o ouvi coçar a garganta.
ㅡ Soube que hoje irão comemorar seus vinte e sete anos. Seokjin me convidou, mas pediu para que eu não falasse com o namorado dele. Ele ainda lembra que eu o chamei de gostoso...
ㅡ Ele é doido, não liga. ㅡ Jungkook falou.
ㅡ E meu irmão é gostoso mesmo. Mas você vai, não é, Hobi-hyung?
ㅡ Uhum, vou com Yoongi.
Arqueei minhas sobrancelhas ao lembrar dos boatos de que o chefe e o idol estavam namorando e sorri contido.
ㅡ Você também pode ir, Heeseung. ㅡ falei, não querendo deixá-lo deslocado. ㅡ pode levar os outros também.
Olhei para Jungkook, observando se ele aprovava meu dito porque "os outros" seriam todos os seis garotos que faziam parte do grupo com Heeseung e que também já eram maiores de idade, então não haveria nada ilegal levá-los para uma comemoração onde haveria muita bebida e comida.
ㅡ Mesmo, hyung?
ㅡ Uhum. Leve os outros, eu queria mesmo uma foto com vocês, sou um fã.
Ele riu e agradeceu verbalmente.
ㅡ Pode deixar que eu passo o endereço, agora vamos logo. Heeseung disse que há uma cafeteria no andar debaixo que tem o melhor café do prédio. Estou necessitando de cafeína de boa qualidade.
ㅡ Tudo bem, até a noite, hyung.
Hoseok seguiu com Heeseung e meu sorriso agora deveria ser ainda maior. Jungkook me abraçou pela cintura, beijando minha bochecha, demonstrando como ele também estava animado.
Não havia nada naquele dia marcado para que eu fizesse, mas Jungkook ainda tinha trabalho, e para não ficar completamente sem fazer nada, busquei a letra da música que eu teria que gravar com Seokjin e fiquei animado quando ele mesmo disse que eu poderia ajustar no que quisesse, ele avaliaria depois.
Então, enquanto Jungkook mantinha a atenção no computador e balançava a cabeça ao ouvir o que quer que ele editasse ali, tentei ler a letra da canção e me adaptar ao sentimento que ela passava.
Era uma canção sobre amor, como Seokjin já me conhecia e havia me ouvido cantar músicas com letras como aquela, talvez ele tenha decidido que cantar notas mais baixas e calmas fosse o melhor. E como eu seria um artista solo, letras mais melancólicas certamente seria o que eu mais cantaria. A demanda para as novelas, filmes e coisas do tipo, eram maiores e assim poderiam usar ainda mais do meu talento, mas haveriam momentos em que músicas alegres seriam cantadas, e tal como prometi a Yoongi, essas eu também daria o meu melhor.
Mas passamos boa parte do dia assim, enquanto Jungkook editava, eu rabiscava. Não quis estragar o trabalho de Seokjin, mas anotei numa folha avulsa citações que poderiam se conectar com a letra e assim deixá-la ainda mais marcante.
ㅡ Terminei. ㅡ ele avisou, me causando até mesmo espanto por ser tão rápido. ㅡ o que está fazendo?
ㅡ Só estou lendo. Podemos ir?
Jungkook assentiu, mas pediu a folha e, mesmo com vergonha, o entreguei, deixando-o ler a frase que escrevi ao lado.
ㅡ O universo se move para nós. Não houve nem uma pequena falha. Nossa felicidade era pra ser, porque você me ama e eu te amo.
Minhas bochechas queimaram, mas meus olhos se fixaram nos dele e pude contemplar seu sorriso calmo.
ㅡ É bonito.
ㅡ É só uma frase boba...
ㅡ Não, é muito bonito. Muito mesmo.
Jungkook se aproximou e me abraçou. Suspirei quando seus lábios tocaram os meus mais uma vez no dia, me sentia tão bem o tendo, era como se tudo sempre estivesse em completa paz.
Quando descemos juntos, já era quase o fim da tarde. Me senti mal por ter que soltar sua mão ao sair da empresa. Não pudemos ir até o apartamento com a Betty, Yoongi havia reservado um carro para me levar junto a Jungkook e uma Staff que gravaria aquilo com algum propósito.
Gangnam-gu era conhecida pelos arranha céus que em sua maioria eram espelhados. O prédio residencial da Dae-min era bem no centro do bairro. Jung Hoseok já havia morado ali, mas agora ele morava no próprio apartamento cujo comprou com o próprio dinheiro.
Mas como eu ainda não tinha sequer condições de pensar em comprar um lugarzinho para mim, aquele apartamento seria o auge das conquistas da minha vida. Enquanto eu fosse um idol da Dae-min ele seria meu.
A staff avisou que iniciaria a gravação e pediu para não nos importar e apenas olhar para a câmera quando ela sinalizasse.
Era estranho? Muito!
Me senti desconfortável e até sendo observado, mas era como queriam, então eu não podia dizer não.
Um novato quase nunca pode dizer não.
Jungkook não pôde se aproximar de mim, sequer pôde caminhar ao meu lado. Ele precisou ficar atrás dos limites da câmera e isso sim, me incomodou completamente.
Seguimos para o prédio. O porteiro me cumprimentou e me desejou boas-vindas. O elevador do prédio era quase três vezes maior do que o do prédio de Jungkook. Meu apartamento ficava no nono andar, mas como era apenas um por andar, precisei pôr a senha padrão que me foi entregue e logo depois vi as portas fecharem-se.
Eu poderia trocar a senha por uma que fosse da minha escolha, mas faria isso depois. Aproveitei o tempo que a câmera não estava focada em mim e abracei Jungkook, surtando internamente junto a ele por tudo o que já havia visto até ali.
Quando as portas se abriram, já dentro do apartamento, foi preciso voltar a todo o teatro de que ele não era nada além de um colega de trabalho me acompanhando.
A staff voltou a gravar, capturando minha reação ao notar o corredor que antecedia a entrada na sala.
Retirei meus sapatos, surpreso em como aquele espaço era maior do que pensei ser. Não era nenhum palácio, mas por pensar que talvez seria apenas eu ali, achei que Yoongi fosse me enviar para um lugar menor.
Tudo era excessivamente branco. Os sofás posicionados um em frente ao outro sobre um tapete felpudo que tomava conta de quase todo o piso, era iluminado pela luz natural do sol do fim da tarde. A parede principal, assim como na sala de Yoongi, era tomada por janelas altas e largas, proporcionando uma maravilhosa e única paisagem do pôr do sol de Seul.
Era possível até mesmo ver a torre Namsan que logo estaria iluminada.
Olhei brevemente para Jungkook, sorrindo quando ele ergueu os polegares, mas desviei a atenção para a staff que sinalizou para que eu olhasse para a lente da câmera.
Em seguida, caminhei até a cozinha. Não havia nada muito surpreendente lá. Era uma cozinha comum, mas bastante organizada e bonita. O segundo corredor da casa dava passagem para um lavabo e seguindo um pouco mais eram os quartos.
O primeiro quarto tinha móveis como o restante do lugar. Uma cama bastante king estava no centro, um novo tapete felpudo e bege estava abaixo dela e cortinas fechadas cobriam as janelas grandes que também proviam a parede lateral.
As portas a frente de onde a cama estava dava passagem para o banheiro e o closet.
Fomos primeiro no closet, era grande, supria muitas prateleiras e provavelmente eu não iria conseguir preencher sequer um terço delas com o que tinha de roupas.
O banheiro, entretanto, me deixou completamente boquiaberto. Era feito para um casal e isso me fez olhar outra vez para Jungkook, sorrindo pequeno quando ele também sorriu.
A pedra da pia era lisa e branquinha, mas tinha duas cubas e duas torneiras, uma ao lado da outra. No box existiam dois chuveiros e no canto do cômodo ficava uma banheira, o que não demarcava ser para dois, mas era grande o suficiente para caber com tranquilidade.
Sentei na beirada da cama, pedindo apenas um minuto sem uma câmera me cercando e chamei Jungkook para sentar ao meu lado. Quando ele o fez, busquei o controle das cortinas e deitei minha cabeça em seu ombro, abrindo-as enquanto a paisagem de Seul outra vez nos dava o prazer de apreciá-la.
ㅡ Imagina dormir e acordar olhando para a cidade, Jungkookie...
ㅡ É belo, não é?
ㅡ É incrível. ㅡ o olhei.
Jungkook tocou meu rosto, fazendo carinhos em minha bochecha.
ㅡ Seus olhos estão tão brilhantes. Me faz bem te ver animado assim, sabia?
ㅡ Você também parece feliz.
Jungkook me deu um novo beijo, o que talvez causasse desconforto a staff que esperava no corredor, mas eu não quis me importar, só queria aproveitá-lo ainda mais.
Meu corpo pedia por carinho e Jungkook sempre me enchia deles.
Mas quando a realidade precisou retornar, caminhei sozinho enquanto era gravado para o segundo quarto.
Ele estava vazio, mas eu sabia que aquilo era uma estratégia de Yoongi para fazer com que quem visse aquele vídeo, se sentisse mais perto de mim.
ㅡ Aqui será o quarto do bebê. ㅡ falei, olhando para a câmera. ㅡ ainda não pensei em um projeto, mas consigo imaginar o bercinho no canto e... prateleiras com coisas fofas espalhadas por todas as paredes.
ㅡ E a cadeira de amamentação? ㅡ a staff perguntou.
Olhei-a, arqueando as sobrancelhas. Meu corpo arrepiou, até então eu não havia sequer parado para pensar que de fato eu terei que amamentar o bebê.
ㅡ Você pode, por favor, parar de gravar? ㅡ Jungkook pediu baixo e educado.
A mulher lhe olhou, em seguida me olhou e assentiu. A gravação parou.
ㅡ Me desculpe se te deixei desconfortável.
ㅡ Tudo bem. Só que... é um assunto que ainda preciso me adaptar para conseguir falar abertamente.
ㅡ Tudo bem, podemos editar essa parte e não será encaixada.
A agradeci outra vez, finalizando a gravação do apartamento em seguida.
Quando a staff desceu para nos deixar a sós agora com mais privacidade, abracei Jungkook de modo forte, repousando em seu peito.
ㅡ Sinto muito. ㅡ ele pediu, mas neguei.
ㅡ Tudo bem, eu vou precisar me acostumar com isso se quiser amamentar nosso bebê.
ㅡ Mas você quer? Sei que hoje isso não é necessariamente obrigatório, há fórmulas muito boas. Não precisa te causar desconforto.
ㅡ Eu sei, mas o leite produzido por meu próprio corpo sempre será o melhor para ele. Eu só preciso mentalizar isso até soar natural ou o mais perto do natural... Acho que vou voltar para terapia, talvez ajude...
ㅡ Você já fez terapia antes?
ㅡ Desde muito jovem. ㅡ sorri sem jeito. ㅡ no início foi minha mãe que me forçou a fazer para que eu desse "um jeito" na minha cabeça... Mas acabou que eu realmente dei, consegui entender quem eu era e que isso não era ruim. Me libertei quando enfim disse a ela que eu era um homem. Depois disso vim fazendo terapia principalmente por causa da TH e as mudanças que ela causava, e também as que eu pretendia alcançar com procedimentos estéticos, lá eu sempre falei sobre a disforia que sentia e não era visto como uma frescura minha ou algo assim.
ㅡ Claro que não é uma frescura, é o seu bem-estar.
ㅡ É... mas agora eles vão crescer, eu... ㅡ fechei meus olhos, negando. ㅡ não consigo nem imaginar como será, Jungkookie...
ㅡ Hey. ㅡ ele tocou meu rosto com ambas as mãos e olhou no fundo dos meus olhos. ㅡ sabe que você é muito forte, não é? Talvez seja difícil passar por esse período, mas eu vou estar sempre ao seu lado, então não fique com medo. Eu vou sempre olhar nos seus olhos para dizer: vai passar, logo vai passar.
Sorri e o abracei mil vezes mais forte. Me pus sobre as pontas dos pés e beijei sua boca com desejo.
ㅡ Como pode ser tão fofo, Jungkook? Você é quase como um homem perfeito, bebê.
ㅡ Não sou perfeito, tenho meus defeitos como todos, só que essa gravidez também é minha. Quero que vocês fiquem bem, e enquanto o bebê não nascer, é meu dever cuidar de você para que sempre se sinta bem. Estresses desnecessários não fazem bem.
Assenti, desviando os olhos para as janelas ainda descobertas.
ㅡ Você quer escolher o quartinho do bebê comigo? ㅡ perguntei.
ㅡ Tem certeza? Sabe, eu tenho fama de ser brega e simples.
Estalo a língua, negando.
ㅡ Você não é nem brega, nem simples, Jungkookie. E como você disse, essa gravidez também é sua, vamos fazer tudo sobre ela, juntos. Inclusive escolher o quartinho do bebê.
ㅡ Tudo bem, será divertido.
Logo o céu começava a escurecer, e por mais que eu quisesse ficar ali o restante da noite, precisava ir com Jungkook para seu apartamento encontrar com Taehyung e Seokjin.
O carro nos levou até lá e só então nos despedimos da staff. Jungkook parecia ansioso para ver o que Taehyung e Seokjin haviam feito em seu apartamento, mas não conseguimos sequer adentrar o elevador.
Abraçados, paramos juntos no saguão do prédio. O rosto familiar da mulher me fez arquear as sobrancelhas ao ver um buquê de rosas em suas mãos.
Olhei para Jungkook quando ele também a olhou e vi como sua mandíbula travou.
Porém, ela não se intimidou. Se aproximou de onde estávamos e sorriu para ele, sequer me olhando.
ㅡ Acabei de chegar, eu vim te...
ㅡ Vá embora. ㅡ Jungkook falou, sequer querendo ouvi-la.
ㅡ Hoje é seu aniversário só quis te trazer um presente. Sei como gosta de flores.
Ela ergueu o buquê. Jungkook o buscou, encarando as flores antes de encarar os olhos dela.
Em seguida, seu corpo foi até a lixeira ao lado do estofado que ficava no saguão. As flores foram jogadas ali com brutidão. Me encolhi, olhando a mulher de soslaio e pude ver como ela ficou boquiaberta com a forma em que ele se desfez do tal presente.
Jungkook retornou e parecia ainda mais chateado.
ㅡ Vá embora.
ㅡ Mas, Jungkook.
ㅡ Vá embora. ㅡ pedi. Ela enfim me olhou, sua mandíbula travou, seus olhos desceram por meu corpo, mas ela respirou fundo, voltando a olhar para ele.
ㅡ Hoje é um dia feliz, Dahyun, estava sendo maravilhoso até você aparecer, então vá embora, não estrague mais a minha vida.
Dahyun usava um casaco longo e fechado, mas ela fez questão de o abrir, deixando que nós dois visse o vestido justo que usava, marcando tão bem sua barriga redonda.
Não consegui entender o que senti vendo aquilo, mas meu coração acelerou. O modo em como ela sorriu para mim, me fez se encolher, mas a mão de Jungkook circulou meus ombros, fazendo o sorriso dela se desmanchar.
ㅡ O que quer com isso?
ㅡ Nós seremos três, Jungkook. Você não pode se esquecer disso.
ㅡ Não, não existe "nós", Dahyun. Se esse bebê for meu, será ele, eu, Jimin e o nosso bebê.
A mulher franziu o cenho ao ouvir aquilo, mas a mão de Jungkook desceu até minha barriga e a tocou de forma que cobriu a pequena protuberância por completo.
O olhei, ele sorriu ao olhar nos meus olhos.
ㅡ Nós teremos um bebê. ㅡ falou.
A mulher respirou fundo, parecia que a notícia não lhe causava sensações boas.
ㅡ Você tá bem? ㅡ perguntei. De modo verdadeiro, me preocupei com ela.
Ela se afastou, erguendo a mão como se sequer me quisesse perto dela. Não entendi, meu corpo continuava no mesmíssimo lugar, mas ela agora parecia brava.
ㅡ Você fez isso para terminar de estragar tudo, não é? ㅡ perguntou a Jungkook.
ㅡ Eu fiz isso porque finalmente encontrei alguém que consegue ser transparente comigo, que me faz bem sem que me diminua para se sentir superior. Nós fizemos um bebê porque nós nos gostamos.
A mulher negou. Sua destra se ergueu, mirou-a na face de Jungkook, mas antes que ela pudesse lhe agredir, eu pude a segurar firme.
A mulher me olhou outra vez, mas desta vez era eu quem já estava irritado. Soltei seu punho, olhando-a nos olhos.
ㅡ Tenha ao menos decência e amor próprio. Vá embora, você não é bem-vinda aqui.
Dahyun bufou, olhou nos olhos de Jungkook outra vez, mas caminhou para fora do prédio.
Ela deveria ir embora naquele segundo, mas freou os passos quando um homem adentrou o prédio e a olhou, surpreso.
Encarei Jungkook, não conhecia aquele homem, mas ele parecia irritá-lo ainda mais.
Jungkook fez menção a ir até ele, mas eu o segurei firmemente.
ㅡ Vocês planejaram isso? Vocês estão tentando estragar o resto de felicidade que restou em mim?
Foi incrível a forma em como o homem pareceu deixar Jungkook ainda mais abalado, ainda mais irado, sem controle.
Presumi que aquele era o tal Namjoon, o homem que Jungkook tinha como irmão e que o traiu junto a Dahyun.
ㅡ Vamos entrar, Jungkook. Não precisamos ficar aqui. ㅡ falei baixo, puxando sua mão.
Jungkook me olhou, suspirando e assentindo, mas o homem adentrou o saguão mesmo assim, parando a alguns metros de onde estávamos.
ㅡ Irmão...
Jungkook apertou minha mão.
ㅡ Por favor. ㅡ o homem deu um passo adiante.
Jungkook se aproximou dele, mesmo que eu tentasse lhe manter longe do homem, Jungkook se aproximou, olhando-o na altura dos olhos.
ㅡ Namjoon... ㅡ Dahyun chamou, tocando-o na mão, o puxando para se afastar de Jungkook.
Eu também ainda me mantinha preso a Jungkook, não queria que ele brigasse no dia de seu aniversário, tampouco que fosse preso por agredir alguém.
O tal Namjoon manteve-se olhando Jungkook nos olhos, mas diferente de como Jungkook mostrava-se irritado, ele parecia culpado.
Tão culpado que seus olhos cintilantes exalavam um pedido de perdão.
ㅡ Namjoon. ㅡ Dahyun chamou outra vez.
O homem deu um passo para trás, mas simplesmente começou a chorar. Seu corpo caiu aos pés de Jungkook, sua cabeça abaixou e ele implorou.
ㅡ Me perdoa. Por favor, irmão, me perdoa.
Jungkook ergueu o rosto, respirando fundo para talvez não chorar também.
Suas mãos fecharam-se em torno do colarinho da camisa polo que o outro usava e Jungkook o forçou a ficar de pé. Seus dedos apertaram ainda mais, conseguia ver em seu modo de agir que seu desejo era de bater naquele homem, mas Jungkook o soltou depois de alguns segundos, controlando-se para não gritar quando se virou e passou as mãos pelo rosto de forma bruta.
Ouvi seu suspiro, quis me aproximar, mas Jungkook se virou, mirando os outros dois que ainda se mantinham perto e assustados.
ㅡ Se a partir de hoje, vocês invadirem o meu espaço pessoal, irão se arrepender. Estou feliz, estou com alguém. Vou ter um bebê que é meu, vou ter uma família de verdade, então, por favor, vão para a casa do caralho juntos e me deixem viver feliz.
O tal Namjoon voltou a chorar, mas Dahyun o puxou, enfim levando-o para fora do prédio.
Mantive-me quieto, em silêncio, mas me assustei quando Jungkook me abraçou de modo forte e se curvou completamente para deixar que seu rosto se afundasse em meu pescoço.
Lamentei que ele ainda passasse por coisas assim, mas o abracei, acalentando-o ainda em silêncio, pedido no que fazer.
ㅡ Me desculpa, Jimin. Me desculpa.
ㅡ Shh, está tudo bem agora. Eles já foram embora.
ㅡ Eu os odeio tanto. ㅡ Jungkook ergueu o rosto e seus olhos estavam vermelhos. Afaguei suas bochechas e sorri, selando a pontinha de seu nariz.
ㅡ Só os esqueça. Sequer valem o seu ódio. Não os lembre, e não se importe. Vamos ser felizes, apenas isso, tá bem? Vamos fazer isso juntos e com o nosso bebê.
Jungkook fez um breve bico, talvez ele sequer percebesse como aqueles dois o deixava completamente fora de si sem controle emocional algum. Mas ele assentiu, voltando a tocar minha barriga antes de me beijar.
O abracei outra vez, queria poder fazer com que ele esquecesse tudo.
ㅡ Ora, ora, estou atrapalhando o casalzinho?
Ouvi a voz da minha sogra e sorri. Ela adentrava o prédio também e segurava uma caixa grande o que presumi ser o bolo.
Seus olhos eram meigos para nós dois, mas quando ela enfim olhou para Jungkook, a preocupação de uma mãe foi pintada em sua face.
ㅡ O que houve? ㅡ ela perguntou, deixando a caixa sobre o balcão do saguão.
ㅡ Dahyun e o outro rapaz vieram aqui. ㅡ falei.
ㅡ Namjoon?
ㅡ Aquele filho da puta. ㅡ Jungkook sussurrou com cólera.
Sua mãe suspirou.
ㅡ Como tiveram coragem?
ㅡ Eles não têm vergonha na cara, mamãe. Aqueles dois traidores são iguais!
Minha sogra parecia lamentar ouvir Jungkook falar com tanta mágoa também, mas ela me olhou, como se também não tivesse muita coisa a fazer além de pedir para que ele os esquecesse.
ㅡ Vamos subir, já chegou muitas pessoas?
ㅡ Nós estamos chegando agora também. Vamos subir juntos. ㅡ chamei.
Abracei meu namorado, o levando para seu apartamento, implorando ao universo para que ele se divertisse à noite, esquecendo o que havia acontecido.
Quando chegamos ao andar de Jungkook, a porta estava fechada, mas não estava destrancada.
E quando a abrimos, pude sorrir com a decoração infantil de todos os heróis possíveis da Marvel.
Os olhos brilhantes do meu Jungkook se arregalaram.
ㅡ Ainda bem que chegaram! ㅡ Taehyung apareceu ali. Sorri quando o vi com um chapéu de papel da Barbie, mas ele buscou outros três de heróis e encaixou nas nossas cabeças. ㅡ é o bolo? ㅡ perguntou a minha sogra, apontando para a caixa.
Hye-won o entrega a caixa, assentindo.
Adentro a casa com Jungkook ao meu lado. A luz principal não está mais branca como sempre foi, está vermelha. Os quadros de heróis de Jungkook estão no mesmo lugar, mas agora há mais quadros na parede. Há outros heróis e isso o faz ficar bobo.
Seokjin se aproxima, entregando uma cerveja a Jungkook, enquanto eu ganho uma caixinha de suco natural com canudo.
ㅡ Gostou? Esse é o meu presente para você.
Jungkook o agradeceu com um abraço.
ㅡ Agora vem ver aqui. ㅡ Seokjin chamou.
Caminhamos com ele até a mesa de jantar e outra vez tive que sorrir. Os salgados e doces eram todos temáticos. O bolo estava no centro da mesa e se não tivesse um par de velas fazendo o número vinte e sete, certamente aquela festa seria confundida com a de uma criança.
A TV estava ligada no karaokê e um quadro estava montado ao seu lado para anotar pontuações caso alguém desafiasse outra pessoa.
Jungkook e eu ainda fomos tomar banho para nos trocar, já que não dava para comemorar com a roupa que havíamos ficado o dia inteiro.
Ele optou por uma calça moletom preta e uma camisa lisa e comum. Eu, aproveitando Taehyung, o pedi para levar meu vestido para lá. Era o vestido que usei no dia em que conheci Jungkook, sabia que ele gostava pela forma em como a peça fazia minhas pernas ficarem à mostra.
E foi certo, assim que ele me viu colocar o vestido, sorriu, me derrubando sobre a cama para deslizar a mão por uma das minhas coxas, ditando como eu ficava gostoso com ele.
Nos beijamos, mas precisei me controlar para que o beijo não cedesse para algo a mais já que estávamos sobre a cama.
Voltamos para a sala e esperamos os convidados chegarem enquanto me entupia de docinhos.
A campainha tocou e Jungkook se apressou a abrir a porta. Era Taemin, Jungkook o abraçou com euforia e apertou com firmeza a mão do namorado dele.
Sequer parecia que minutos atrás ele sentia desejo de socar o homem que um dia foi seu melhor amigo.
Pouco a pouco os nossos convidados foram chegando e foi engraçado ver a mãe de Jungkook quase surtando com Heeseung e seus amigos e companheiros de grupo.
Segundo a ela mesma, eles eram o maior grupo do mundo. Logo ela se entregou que era uma grande fã deles.
Seokjin fez um teatro engraçado para apresentar Hoseok a Taehyung, mas meu irmão estava quase surtando por dentro.
O modo em como ele sorriu para Hoseok e não quis largar a mão dele quando o cumprimentou, explicava o medo de Seokjin.
Meu irmão mais parecia que havia acabado de se apaixonar.
Após os parabéns e até a divisão do bolo bonito e decoração com os heróis e o nome de Jungkook, sua mãe se despediu por já passar das onze da noite e nós mesmo fizemos questão de chamar um táxi para levá-la em segurança.
Quando minha sogra enfim se foi, mais parecia que éramos todos uns adolescentes esperando que os pais fossem embora. Não que ela não fosse bem-vinda, mas não dava para se beijar no sofá com alguém no seu colo, como Seokjin e Taehyung faziam na frente de todo mundo.
Ok, não era nada de mais, visto que Hoseok e Yoongi não saiam da cozinha de Jungkook a mais de vinte minutos e, mesmo que tentasse se esconder, qualquer um que chegasse ali os via juntos, quase um sugando a alma do outro.
Os garotos do grupo de Heeseung foram os que mais me surpreenderam. Todos são aclamados por seus fãs e mesmo com rumores, nenhum deles assumidamente namora. Mas quando passou da meia-noite e algumas garotas e garotos chegaram ali, Jungkook e eu entendemos que não se tratava mais de uma comemoração pequena. Era uma festa real e ele parecia não se importar com todas aquelas pessoas na sua casa.
Ao contrário, Jungkook parecia se divertir tanto, que parecia que nos anos anteriores onde ele se manteve casado com a mesma mulher em que namorou desde os dezessete, nunca havia participado de uma festa com tantas pessoas jovens e libertas, com desejo de curtir o momento.
Quando a madrugada se estendeu, alguns dos garotos brincavam com o karaokê junto a Seokjin e Hoseok, outros dois se beijavam com as garotas e garotos ou até faziam aquilo entre si, me fazendo surtar um pouquinho mais por já ter visto alguns rumores dos fãs que os shippavam.
Mas eu tentava não ligar muito ou não parecer um stalker, é claro, mas era difícil quando eu era o mais sóbrio de todos. Jungkook já havia bebido bastante junto com Taemin e seu namorado. Ele sorria, me beijava, e às vezes me puxava e falava coisas sujas em meu ouvido, me divertindo por conhecer mais do seu lado sem vergonhas.
A comemoração se estendeu até o amanhecer. Me sentia cansado e pesado. Havia bebido muito suquinho de caixa e comido bastante doce e salgado. Jungkook bocejava e me deixava lhe levar até a cama após todos irem embora.
Eu o despi e o senti me abraçar pela cintura quando o fiz sentar na beirada da cama para que eu pudesse buscar roupas para ele dormir.
Jungkook repousou a cabeça em minha barriga e suspirou.
ㅡ Obrigado, Jimin-ssi.
ㅡ Está me agradecendo pelo quê? ㅡ perguntei, fazendo carinhos em seus cabelos.
ㅡ Por chegar na minha vida e ficar. Agora sou muito feliz.
Sorri, sentindo meu coração apaixonado por si, se derreter. Deixei um beijo em sua testa e o fiz deitar, esqueci as roupas, apenas cobri seu corpo nu e me deitei consigo vestindo apenas uma camisa e uma cueca.
ㅡ Você quer fazer coisas? ㅡ ele perguntou sussurrando.
Ri, negando.
ㅡ Você está bêbado.
Ele negou, mas bocejou e me abraçou na cama, se encaixando no meu corpo.
Palavra nenhuma mais saiu de sua boca. Logo Jungkook estava dormindo com a boca aberta, roncando baixinho.
Logo eu também me entregaria ao sono, mas antes que ele chegasse, me permiti fazer carinhos naquele rostinho perfeito e imaginar pela primeira vez como nosso bebê poderia ser.
Não dava para ter certeza, mas ele certamente seria muito bonito.
[Continua]