Como de costume dormi apenas algumas horas, mesmo assim dormi um pouco à mais que os outros. Quando desci para tomar café todos já estavam na mesa, exceto Sávio.
- Achei que tinha aproveitado a noite de núpcias com meu cunhado?- Vlad brinca.
Apenas mostro o dedo do meio para ele.
- Petrov ainda está vivo?- meu avô questiona.
Me junto à eles na mesa, o dia mal começou e já estão me enchendo de perguntas.
- Está sim- respondo tomando um pouco de café- Meu plano é deixar ele sofrendo muitos dias antes de mata-lo.
- Quero falar com ele- meu avô fala.
- Vlad pode te levar, tenho uma reunião daqui a pouco com Damon e tenho certeza que meu irmão vai querer " conversar" também.
Vlad me dá um sorriso sádico concordando. Todos terminam de comer e cada um toma seu rumo ficando apenas eu para trás.
- Polina quando Sávio acordar fala para ele me encontrar no escritório que quero conversar com ele.
- Você não dormiu com seu marido?
Reviro os olhos para a curiosidade de Polina.
Depois de alguns minutos no escritório Damon aparece, ele sempre foi pontual.
- Bom dia cobrinha.
- Bom dia, que bom que já chegou.
- Não era para a senhora estar aproveitando a vida de recém-casada?
- Até você Damon- bufo irritada- Me poupe.
- Tá bom parei- levanta as mãos em rendição- Pode falar.
- Você viu a cara de Petrov?
- Não- ele fala confuso.
Pego o celular mostrando uma foto que tirei na noite anterior.
- Esse aqui não é o Ivan Petrov, lembra um pouco mais as feições são diferente- Damon diz.
- Não Damon, esse é Ivan Petrov pedi exames da arcada dentária e as digitais, tudo bate, menos o rosto.
- Ele fez operação para mudar a aparência?- parece que finalmente pegou o fio da meiada.
- Exatamente... nós que conhecíamos Petrov tivemos dificuldade em reconhecer ele. Como uma pessoa que não o conhecia Petrov seis anos atrás sabia quem ele era? A aparência dele está muito mudado.
- O que você está sugerindo cobrinha?
- Eu não sei- jogo a cabeça para trás- Imaginei inúmeras possibilidades e ainda não achei nada concreto.
- Para reconhecer ele a primeira coisa que me surge é ser alguém da nossa máfia que deu essa informação para Matteo.
- Um ex-aliado de Petrov? Não seria mais valioso vender essa informação para mim pessoalmente?
- O que ganhariam dando essa informação para Salvatore? Ainda mais para lucrar um casamento com você?
- Não sei- volto a encarar Damon- E odeio ficar no escuro. Peça para Vânia dar um checada em Atlanta. Qualquer coisa errada...- passo o dedão pela garganta.
- Pode deixar. Tem uma carga indo para a França para fechar o novo acordo. Não vai ir supervisionar?
- Vou passar uns dias trabalhando em casa- respondo.
Damon abre um sorriso de orelha à orelha.
- Sempre soube que você tinha um fraco por criaturinhas fofas e indefesas.
Tenho que rir da comparação de Damon.
- Sávio foi usado pelo irmão, claro que não gosto dessa situação, desse casamento...- suspiro- Mas não vou tratar ele mal, se ele me obedecer vou ser boa para ele e dentro de um ano estará de volta para sua antiga vida.
Antes que Damon possa falar algo, alguém bate na porta. Deve ser Sávio.
- Já tem suas ordens. Entro em contato quando for para começar o treinamento do bebê. Pode ir- dispenso Damon.
Damon saí, deixando a porta aberta para Sávio entrar.
- Queria falar comigo?
- Sim... tava pensando de ir fazer umas compras para você.
- Trouxe bastante roupas comigo.
- Fala sério, acha mesmo que aquelas roupas finas vão te proteger do inverno russo?- questiono- Se sair com aquilo no forte do frio , você vai congelar.
- Não tinha pensado nisso.
- Quero aproveitar e comprar umas coisas para mim.
- Isso é tipo um programa de casal?
- Acho que é um programa de casal, feito por um não-casal.
Sávio ri da minha comparação.
- Assim que você vai ser boa para mim?
- Pense em mim como uma irmã mais velha, e um programa de irmãos.
- Você é minha esposa não irmã.
Respondo apenas com um sorriso. Quero desipar um pouco o medo que Sávio tem de mim, ele vai estar um ano preso à mim. Se ele me obedecer não tenho por que encarnar o papel de demônio com ele.
Vamos para uma loja de roupas que meu irmão gosta. Ao chegar as vendedoras trazem as melhores roupas de inverno, vou escolhendo casacos, luvas, calças, blusas e sapatos de frio. Deu uma pilha enorme.
- Vai escolher as roupas para mim como se fosse criança?- Sávio questiona.
- Não- falo meio sem jeito, estava fazendo exatamente isso- Agora você vê o que gosta.
Vou para outras parteleiras e olho algumas coisas para mim, ao voltar para o provador Sávio está provando um sobre-tudo cinza.
- Como vou me mexer com isso?- ele questiona.
- Você não está acostumado com o clima aqui, melhor levar as peças mais grossas.
- Não pode ser tão frio?- ele me olha- Pode?
- As vezes torturo deixando pessoas nuas no frio, perder os dedos é comum nos meses mais rigorosos.
- Você sempre tem uma história bizarra.
- Ossos do ofício.
- Vai ficar me olhando trocar de roupa?
- Sou sua esposa, por que não ficaria-sorrio com deboche.
Sento na poltrona, fico mexendo no celular tentanto não prestar atenção em Sávio, mas em um momento meus olhos encontram seu peito nu. O corpo dele tem músculos na medida, os gominhos da barriga são bem definidos. Disfarço olhando novamente para o celular, quando Sávio percebe meu olhar.
Levo Sávio para um restaurante de comida italiana, como a família dele tem descendência italiana imaginei que ele gostaria. Pedimos uma lasanha e um vinho para acompanhar.
- Você tinha alguém antes dessa loucura do nosso casamento?- ele questiona.
- Não, nunca tive um relacionamento.
- Nunca?
- Você já?- devolvo a pegunta.
- Não, nunca namorei.
- Eu sei.
- Como você sabe?- Sávio junta as sombrancelhas.
- Acha mesmo que ia levar alguém pra minha casa sem saber tudo sobre a pessoa.
- Você stalkeou minha vida toda?- aceno que sim- E eu não sei nada sobre você- faz um biquinho parecendo de uma criança emburrada.
- Tá bom bebê- tento disfarçar o sorriso que brotou em meus lábios- Pegunte o que quer saber. Mais provavelmente terá sangue envolvido.
- Como vai funcionar nosso relacionamento? A gente não tem contato físico...
- O mínimo que espero do meu marido é fidelidade- falo com sarcasmo.
- Será fiel a mim também?- Sávio pegunta num tom de deboche.
- Sempre bebê- brinco- Tenho certas regras na Máfia Vermelha, uma das principais é fidelidade no casamento...
- Senão?
- Acho que não vai gostar da resposta- tomo um gole de vinho- Próxima pergunta.
Sávio engole em seco, fica alguns segundo calado, parece que avalia se deve falar o que tem em mente.
- O que você gosta na hora do sexo?- fala bem rápido.
Eu fico estática, não esperava essa pegunta. Será que falo a verdade?
- Pra quem morria de medo de mim, as coisas estão evoluindo.Bem gosto de algemas, cordas, chicote, palmatória, coleira, castigo...
- Espera BDSM???- aceno que sim- Você é dominadora? Merda sabia que era mandona, mas até na hora do sexo?- ele ri alto.
Fico observando Sávio falando um monte de coisas aleatórias. Ele achar que sou dominador é hilário, é bom as vezes perder o controle, e relaxar.
- Sávio- seus olhos param em mim- Eu sou submissa.
A boca de Sávio abre e fecha inúmeras vezes, vejo a surpresa estampada na sua cara. Melhor parar com esse assunto sobre meus gostos peculiares. Falo para mudar de assunto. Passamos uma tarde divertida, vez ou outra Savio me olhava meio estranho, mas resolvi não dar bola.