Korean Killer • Jjk + Pjm

Por euautoragi

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Poderia, o caso, aparentemente sem solução, de um assassino em série, causar uma catástrofe emocional? O agen... Más

Epígrafe
Prólogo
Diaba
Havaí para Washington
Perigosa
O homem invisível
Cena do crime & prática de tiro
Dores e sabores
Sobre confiar
Culpa e agonia
Desentendimentos
Era uma vez um taco de golfe
A razão quase perdeu a guerra
Faíscas e olhos traiçoeiros
Território inimigo
Sobre dividir e compartilhar
Decisões necessárias
Sobre mergulhar e transbordar
Tiro no escuro
Quebra de rotina
De volta à Virgínia
Segredos, favores e conselhos
Um sonho de amor
Imersão
Tarde demais para pedir perdão
Sobre promessas vazias
Me acorde quando setembro acabar
Sobre malas da Barbie
Projeto Killer
Sincero, íntimo e suficiente
Sobre se afogar em imensidões
Portuga, Zezé e o Pé de Laranja-Lima
Alertas e desconfianças

O amor é bonito

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Por euautoragi

⚠ AVISO DE GATILHO! ⚠

(Este capítulo contém curtas menções ao acidente, além de descrições rápidas e leves de lesões. Se você se sentir desconfortável, NÃO LEIA!)

Não esqueça de deixar o voto ⭐ e de comentar bastante para apoiar a história. Boa leitura e QUE COMECE A SEGUNDA FASE!


Park Jimin

Cruzamento da Avenida Massachusetts — Washington, D.C

14 de maio de 2022


Agente federal do departamento de justiça ferido em acidente de trânsito, no cruzamento da avenida Massachusetts com a quinta.

Solicitando a unidade de emergência mais próxima.

Essas são as frases que ecoam na minha cabeça incansavelmente.

— Senhor, tente manter os olhos abertos. — uma voz desconhecida desperta os meus sentidos. — A ajuda está à caminho!

Tento forçar os meus olhos a se manterem abertos, mas as minhas pálpebras começam a pesar cada vez mais.

A minha cabeça parece estar entrando em um estado de dormência, me impedindo de sentir qualquer parte do meu corpo. A dor excruciante que eu sentia há pouco tempo, estava se transformando em um grande nada, na minha mente. O mais difícil era tentar não adormecer, mas o meu cérebro começava a ficar lerdo, e uma sensação de sono trabalhava à todo vapor para dominar o meu corpo inteiro.

Pisco, ainda sentindo lágrimas molharem os meus cílios e escorrerem pelo meu rosto, ao que a luz do sol penetra dolorosamente os meus lumes.

Está tão difícil de respirar.

Meus pensamentos estão uma bagunça, completamente desalinhados. A minha visão cada vez mais embaçada, turva, e os meus ouvidos em colapso, sem conseguir captar corretamente um som sequer. Todos os barulhos se misturavam entre si, causando uma tormenta, me deixando enjoado, perturbado.

Preto.

Quando meus olhos se cansam, tudo o que vejo é preto.

Sinto as minhas orbes revirarem contra a minha própria vontade, ao que as minhas pálpebras descarregam o peso de uma tonelada sobre elas.

Balanço.

Mais tontura.

A minha mente rodopia.

Acho que estão movendo o meu corpo.

Não consigo distinguir o que as pessoas estão dizendo, mas de alguma forma me sinto menos desesperado por acreditar que estou finalmente sendo levado para o hospital, embora seja difícil de raciocinar.

Consigo enxergar um paredão branco acima da minha cabeça, o que deduzo ser o teto da parte interna da ambulância.

Estou assustado.

Eu estou aqui, loirinho.

Posso jurar que ouvi a voz do comandante sussurrar essas palavras para mim.

Mesmo acreditando ser uma projeção da minha mente, numa tentativa de me fazer sentir mais tranquilo, meu coração erra uma batida. Com os olhos encharcados, sinto o meu corpo desligar, se apegando à sensação de sua mão segurando a minha.

Saia da minha imaginação e venha me encontrar de verdade.

Por favor, não me deixe sozinho.

Quando consigo encontrar forças para reabrir os meus olhos, uma agonia estranha toma conta de mim. Luzes brancas perfurando a minha íris, sons desconexos transportando-se de um ouvido para o outro, sem deixar informação nenhuma pelo meio do caminho. Uma ânsia provoca turbulências desde o meu estômago, até a minha garganta. Inspiro, tentando me acostumar à tontura, mas a dificuldade para respirar me atinge.

Tem algo em meu nariz.

Movo meus olhos rapidamente pelo ambiente, não conseguindo enxergar muita coisa além de borrões, que ao pouco começam a se ajustar.

Onde eu estou?

Por que a minha cabeça está latejando tanto?

Eu não consigo falar.

Por que eu não consigo falar?

Onde foi parar a minha voz?

O que aconteceu?

A aflição toma conta de mim, fazendo os meus batimentos cardíacos acelerarem consideravelmente. Pisco várias vezes, tentando pigarrear, mas a minha garganta está tão fraca. Tento mover a minha mão, mas o meu cérebro não está enviando os meus comandos, o que me faz entrar em pânico.

Meus dedos se movem de maneira estranha, quase imperceptível.

Passo a língua por entre os lábios com dificuldade, os umedecendo, antes de pigarrear mais uma vez, sentindo o som baixo sair rasgando a minha garganta. Meus ouvidos, agora um pouco mais acostumados, conseguem captar o barulho de algo caindo, o que faz a minha cabeça doer. Vozes e mais vozes soam pelo cômodo, me atordoando ainda mais, de maneira descontrolada.

Algo quente envolve a minha mão esquerda, mas a sensação é tão fraca que eu mal consigo distinguir o que é.

Pisco repetidas vezes, tendo o campo de vista tomado por fios negros que se agitam em minha direção. Não consigo enxergar bem quem é. Não consigo ouvir e entender o que essa pessoa está dizendo.

Mas o meu coração reconhece.

Meu coração sabe exatamente quem é, quando fecho meus olhos no momento em que essa pessoa encosta, delicada e suavemente, o que parece ser a sua testa, na minha. A quentura de seu toque em minha pele, a umidade de algo líquido e leve escorrendo pelo meu rosto. A delicadeza com a qual seus dedos abraçam os meus, me fazendo sentir vivo, me fazendo sentir cuidado. O meu coração conhece tudo isso muito bem.

Ainda que a minha mente esteja conturbada, o meu coração tem plena ciência dele.

— Você acordou. — aquela voz desperta docemente a minha audição, em um tom de alívio.

Tusso, uma, duas, três vezes.

— Comandante? — murmuro, com a voz falha e trêmula, completamente arranhada pela rouquidão.

Ar quente é soprado rente ao meu nariz e boca, me fazendo esboçar um sorriso torto.

— Sou eu, loirinho. — sussurra, a respiração batendo contra os meus lábios.

Loirinho...

Eu me derreto inteiro quando ele me chama assim.

Ficamos assim, com as testas e os narizes coladinhos por breves segundos, até que ele se afasta devagarinho. Abro meus olhos lentamente, sentindo saudades de seu toque de imediato, o fitando. Suas pedras, tão escuras quanto as profundezas do oceano, brilham em minha direção, tão belas e charmosas. Vejo pequenos pés de galinha se desenharem nos cantinhos de seus olhos, ao passo que suas bochechas ficam levemente salientes, e sua boca se estende vagarosamente em um sorriso encantador.

Sorrio de volta, desejando ficar preso nesse momento.

Nesse sorriso.

— Senhor Park? — outra voz me chama, me atraindo a atenção. Tento mover um pouco o pescoço, para encarar o dono da voz, mas mal consigo enviar comandos para o meu corpo. — Não se esforce tanto, você acabou de acordar.

Levo meus olhos de volta para o comandante, franzindo o cenho, confuso.

— Esse é Augustus. — comenta, em voz baixa. — Ele é o enfermeiro que está cuidando de você.

— E-Enfermeiro? — questiono, sem entender nada, sentindo a minha mente rodopiar mais uma vez.

Ele assente, sorrindo torto para mim.

— Você está no hospital. Não se lembra do que aconteceu?

Nego com movimentos curtos de cabeça. O enjoo volta, acompanhado das batidas descompassadas do meu coração.

— Hospital? — é tudo o que consigo perguntar, com a garganta seca.

— Hm, Jeon, não é? — o enfermeiro solta, antes que ele possa me responder.

— Sim. Jeon. — responde o comandante, virando-se para o encarar, parecendo perdido.

— Essa conversa deve ser conduzida com calma. O senhor Park está mentalmente confuso, devido à lesão recente. — lesão? O que está acontecendo aqui? — Pelas reações do paciente, sua memória foi afetada em razão da concussão.

— É-É grave? — indaga meu parceiro, demonstrando preocupação.

— Aparentemente não, pode ficar tranquilo, por enquanto. Todo o restante de seu corpo está voltando a atender os comandos de seu cérebro. — explica.

Eu sequer consigo reagir a tudo o que estão conversando, porque uma parte do meu cérebro não é capaz de processar todas as informações, e a outra está entrando em colapso com o fato de que eu estou em um hospital, e que alguma coisa aconteceu comigo, ocasionando em minha internação, e em todos os sintomas que o enfermeiro está descrevendo.

Entro em um momento de apagão, me desligando completamente da realidade, de olhos fechados. Inspiro e expiro várias vezes, devagar, calmo, tentando controlar o surto que parece estar à caminho.

A pior parte é não conseguir me lembrar desse acontecimento.

Sopro o ar com força, percebendo que eles saíram do quarto para conversarem em particular. Se eu não tivesse noção de que isso é necessário para não afetar ainda mais a minha condição atual, eu me sentiria irritado por estar sendo negligenciado e não inteirado da minha própria situação.

Ao que parece, o meu dia seria extremamente difícil.

E, mais difícil ainda, seria não surtar com o fato de que eu estou na cama de um hospital.

— Loirinho? — Jeon me chama, voltando a entrar no quarto, sendo acompanhado pelo enfermeiro.

— Finalmente a conversa particular sobre o meu estado chegou ao fim. — brinco, o fazendo rir.

Odeio que ele não esteja com o rosto coladinho ao meu, para que eu possa ver seu sorriso agora.

— Ele recomendou que respeitássemos o seu tempo de recuperação, mas também disse que eu poderia conversar com você sobre o que aconteceu. — explica. — Com calma e todas aquelas coisas... — seu tom é leve, o que me faz imaginar que ele está balançando a cabeça enquanto fala e gesticulando com as mãos.

— Ótimo. Pode começar!

— Você nem me deixou terminar de falar! — sussurra, acariciando a minha mão.

Ele está mais perto agora.

Não perto o suficiente para que eu consiga me perder admirando seus traços.

Mas perto o suficiente para que eu o veja, sua imagem um pouco embaçada, me olhando de volta, com todo o carinho do mundo banhando seus olhos.

Meu coração dispara loucamente.

— E tem mais? — solto, fingindo estar atônito, o fazendo gargalhar.

— Primeiro, você precisa se alimentar e descansar um pouco. — discorre. — Está com fome?

— Um pouquinho. — assumo, sentindo a minha barriga roncar baixinho ao ouvir aquelas palavras. — Uma caixinha de rosquinhas cairia muito bem agora.

Ele estala a língua no céu da boca repetidas vezes, murmurando: — Nem pensar! Você precisa comer algo leve e decente agora.

— Quer algo mais leve do que aquela massa fofinha? — faço um biquinho, exibindo a expressão mais adorável que eu consigo fazer, nesse estado. — Ai! — exclamo, sentindo a minha cabeça doer ao franzir a testa.

— Você se machucou? — pergunta o comandante, se aproximando rapidamente de mim, para conferir.

Nego.

— Estou com uma dor de cabeça terrível.

— O médico disse que era por causa da lesão. — o encaro, curioso. — Se você se alimentar e descansar bem pra melhorar logo, eu prometo que te conto o que aconteceu.

— Promete me comprar caixinha de donuts também?

Jungkook assente, sereno.

— Uma caixinha repleta de donuts. Do sabor que você quiser.

Instantaneamente recordo do acordo que fizemos durante a prática de tiro, logo quando cheguei em Washington, sorrindo feito bobo.

Ele sorri também, mas com certa confusão em seu rosto.

Tão bonito.

— O que foi?

— Eu acho que dessa vez sou eu que quero um adicional de limão. — falo. Suas sobrancelhas se erguem e um sorriso largo se abre em seus lábios, em resposta. — E, se possível, com mel.

— Não posso te beijar agora, danadinho. — suspira, fazendo uma carinha triste.

— Nem um selinho?

Ele ergue a cabeça, olhando para o outro lado do quarto, onde eu suponho estar Augustus, o enfermeiro.

— Você está pedindo permissão para o enfermeiro?

— Não quero estragar nada! — rebate. Segundos depois, volta a olhar para mim, com um sorriso sacana no rosto. — 'Tá liberado.

Reviro os olhos, sem conseguir tirar o sorriso do rosto.

Sem se demorar, ele escorrega a ponta dos dedos pela minha mão, que reage no mesmo segundo, entrelaçando-se aos dele lentamente. Cuidadoso, ele desliza o polegar pela minha pele, ao que aproxima o rosto do meu. Pisco devagar, mais uma vez mergulhando perdidamente em suas orbes celestiais, antes de fechar os olhos e me perder na sensação magnífica que são os seus lábios indo de encontro aos meus.

A maciez de sua boca, tocando singelamente a minha, como uma estrela pequena cintilando em meu céu. Leve, discreta. Terna, mágica. Seu brilho remete à saudade.

Parece que não nos beijamos há muito tempo.

— Eu também senti saudades. — ele sussurra, rente aos meus lábios, sabendo exatamente o que estou pensando.

Os meus batimentos aceleram como carros de fórmula um.

— Invertemos os papéis? — questiono, brincalhão, sobre sua leitura apurada dos meus pensamentos.

— Acho que é o convívio. — diz, encostando o nariz no meu com delicadeza.

— Estou surtando por dentro. — revelo.

Não preciso especificar sobre o que é.

Ele sabe.

— Eu sei... Você vai ficar bem.

O modo como ele diz me deixa pensativo.

É como se ele quisesse dizer isso mais para si mesmo, do que para mim.

— Não foi grave, 'né?

— Se sua situação fosse grave, eu sequer conseguiria andar de tanto que as minhas pernas estariam molengas. — cicia, me fazendo rir.

— Isso é um alívio.

— Sim. — suspira, me dando mais um selinho.

— Obrigado por estar aqui comigo.

— É o meu lugar, loirinho. — declara, como se fosse óbvio.

Não consigo segurar a gargalhada no momento em que ele começa a brincar com o meu nariz, em um beijinho de esquimó.

— Para com isso, bobo. — peço, sentindo algumas partes do meu corpo doerem devido ao movimento, tentando esconder esse fato dele, para não o preocupar. Ele se afasta, sorrindo para mim, como se eu fosse o único em seu mundo, me fazendo corar, envergonhado. Desvio o olhar, nervoso. — Quero comer.

— Seu desejo é uma ordem.

O comandante recua, parecendo estar sem jeito também, sumindo do meu campo de vista por algum tempo, voltando com algumas coisas em mãos logo depois. Ele me ajuda a sentar, adaptando a parte superior da cama de hospital, de modo que eu me sinta confortável e não tão dolorido, e então começa a tentar me alimentar.

Em alguns momentos, acabo me distraindo, ao olhar para o meu corpo e finalmente conseguir ver como estou.

É assustador perceber que algo assim me aconteceu.

O médico, que se apresentou como senhor Armstrong, aproveitou o meu interesse no assunto e me explicou que, felizmente, eu só havia ganhado uma concussão e alguns ossinhos quebrados, além de alguns hematomas.

É, eu quebrei o braço direito e a mesma perna que havia sido atingida pelo tiro que um dos capangas de Beron havia disparado contra mim, na noite em que "invadimos" a sua boate para investigar o Thomas White, que era um dos suspeitos no caso que estamos investigando.

Por pouco, não machuquei gravemente a minha coluna. Além disso, ele me disse que eu dei sorte de não ter quebrado a bacia, devido à pancada, ou eu estaria em um estado muito mais crítico.

Como isso aconteceu?

Eu realmente adoraria saber.

Mas acabei recebendo um atestado médico de quinze dias, que poderia ser atualizado no meu retorno para checagem.

Odiei saber disso.

Eu não queria ter sido afastado do trabalho.

Eu sequer preciso de um atestado para essa brincadeira. Consegui lidar muito bem com tudo, quando eu fui trabalhar com curativos mal feitos durante semanas, depois de ser baleado em dois lugares diferentes. Porém, tive que aceitar a situação porque a diretoria do FBI já estava sabendo do ocorrido, e dessa vez eu não poderia esconder os meus ferimentos para continuar trabalhando.

Quando o médico se retirou do quarto após checar o meu estado, e me indicar repouso até que eu pudesse receber alta, o que ele deixou claro que não demoraria muito para acontecer, aproveitei a oportunidade para pedir ao comandante que me contasse o que havia acontecido, alegando que já me sentia melhor para receber toda a notícia. E eu estou melhor, mas ele se recusou a conversar comigo sobre o acidente, enquanto eu não estivesse completamente tranquilo, com a mente menos afetada, e pelo menos um pouco mais recuperado das lesões.

— Senhor Park. — ouço a voz do enfermeiro reverberar pelo cômodo, atraindo a minha atenção.

Agora que estou sentado, consigo vê-lo pela primeira vez, entrando no quarto e se aproximando de mim. Levo meus olhos até seu corpo em forma, envolto pelo uniforme de tom azul, que contrasta bem com sua pele clara. A voz grave, os cabelos escuros e o canto interno dos olhos levemente puxado.

Sua aparência é jovial, mas o seu jeito entrega a sua idade.

Está na faixa dos trinta, claramente.

Me estapeio mentalmente por estar julgando a idade de alguém.

— Sim? — digo, ignorando meus pensamentos.

— O horário de visitas começou. Algumas pessoas estão esperando para te ver, posso liberar a entrada? — seus lumes vão de mim para Jeon, como se ele quisesse a permissão dele também.

Os encaro, confuso, mas decido ignorar.

— Nomes. — meu parceiro responde, antes que eu abra a boca.

Isso faz meu coração disparar pela centésima vez ao dia, só que dessa vez por causa de um sentimento que eu não consigo identificar. Eu não sei se estou incomodado com o fato de que ele respondeu no meu lugar, ou se isso foi causado por sua tentativa de cuidar de mim, o que só me deixa mais perturbado.

Por que ele está agindo de maneira tão protetora?

— Kim Taehyung e Lee Ji-Hoon.

— Eles podem entrar. — expresso, antes que Jungkook diga alguma coisa. O enfermeiro parece preso entre nós dois, provavelmente esperando a outra permissão, o que me deixa levemente ofendido. — Eu estou dando a permissão.

O comandante assente para ele, como se estivesse lhe dando a resposta que ele esperava para seguir ao meu pedido.

— Sim, senhor Park. — murmura, se retirando do cômodo.

Aborrecido.

É assim que me sinto.

É sobre mim, então por que a palavra dele importa mais do que a minha?

— Por que está agindo assim? E, se o horário de visitas só começou agora, como você conseguiu ficar aqui comigo? E por tanto tempo? — disparo as perguntas em sua direção, não conseguindo guardar a confusão em meus questionamentos.

Eu odeio estar por fora de tudo.

Principalmente quando se trata de mim.

— Depois eu me explico pra você. — torço o nariz, chateado. — Quanto ao restante das perguntas, eu sou um agente federal, 'né. Você também. Usei isso ao meu favor.

— Você ameaçou alguém? — indago, sério, mas ele ri, negando com a cabeça. — Estou falando sério.

— Eu também, loirinho. — devolve, agora sem sorrir. — Não fiz, mas ameaçaria, se fosse preciso.

— Eu sei que você está pensado no melhor, em razão da minha situação, mas, por favor, não tome decisões por mim. — peço, em voz baixa.

Ele nunca se mostrou o tipo de cara que faria isso comigo, mas esse é um limite que eu preciso estabelecer, porque tenho medo de me encontrar numa prisão novamente. Mesmo que ele seja incrível e nada sobre ele se compare ao inferno que eu passei.

Jeon me fita, sem expressar tanto, parecendo estar analisando bem as palavras que vai me dizer.

Seu cuidado para fazer isso me deixa aliviado.

Olhando em seus olhos, eu sei que tomar a minha voz e responder por mim não está em seus planos.

— Me desculpe por isso. — seu tom é rouco, levemente embargado pelo medo de pensar que eu compreendi de maneira errônea sua atitude. — Eu não...

— Eu sei. — dou um pequeno sorriso, sentindo o meu coração martelar. — Obrigado por cuidar de mim.

Suspiramos ao mesmo tempo, guardando tudo para nós no momento em que meus visitantes entram no quarto. Tudo o que consigo expressar é alegria, ao ver Lee e Tae caminhando até mim, parecendo preocupados, ainda que tranquilos. Ambos acenam para Jungkook, que apenas agita a cabeça, os cumprimentando de volta.

— Que alívio que você 'tá bem. — diz Lee, sentando na beira da cama, ao lado das minhas pernas.

— Sim, você me deu um baita susto. — Taehyung complementa, levando a mão até a minha cabeça, acariciando os meus fios com cuidado.

Jeon pigarreia, antes de alertar: — Não toquem no assunto do acidente.

O encaro, emburrado, e ele desvia o olhar.

— Eu não me lembro de nada sobre o acidente, e ele está me punindo. — reclamo, desejando muito conseguir cruzar os braços sem sentir dor.

Lee e Kim se entreolham, voltando a olhar para mim mais uma vez.

— Você comeu? — Hoon pergunta, mudando de assunto.

— Já comi. Já descansei. Eu só preciso de respostas. — bufo, cansado.

— Jimin, não é a hora... — Tae comenta. — Sua mente precisa estar bem estável.

— Tanto faz. — sopro, descansando a cabeça no travesseiro e respirando fundo.

Me sinto um adolescente.

— Você deveria descansar, chefe. — pronuncia Taehyung, olhando de mim para o comandante. — Vá para casa dormir um pouco. Eu e o Lee ficaremos por aqui.

— E-Eu não quero... — vejo o pavor em seus olhos.

É como se todos os seus pensamentos estivessem expostos.

Ele não quer me deixar sozinho.

E isso me assombra.

Por que ele não quer me deixar sozinho?

— Você ficou comigo a tarde inteira. — o recordo, apontando para o relógio de parede, mostrando que a noite já havia chegado. — Vá para casa descansar, por favor.

Jeon parece impassível, negando constantemente com a cabeça, mas quando seus olhos encontram os meus, eu faço o que posso para lhe transmitir que estou bem e que é importante para mim que ele descanse, e isso parece desestabilizá-lo um pouco, já que ele seus ombros caem e sua expressão murcha.

Ele está me olhando como quem diz "não me peça isso, por favor", como ele sempre faz quando lhe peço algo que ele não sabe como negar.

Sorrio, sabendo que venci.

Relutante, ele se levanta e vem até mim, desviando o olhar para os outros dois agentes que estão ao meu lado, ponderando se chega mais perto ou não. Assinto, tentando não rir da situação, mas fica impossível segurar a risada com o Taehyung levando a mão à boca, para cobrir seu sorriso.

— Não me diga que você achava que ninguém sabia... — Kim o caçoa.

Lee cai em gargalhadas ao ver a reação envergonhada do comandante, que está coçando a nuca, com os olhos fixos nos pés e as bochechas completamente vermelhas.

— Para, 'tá deixando ele sem graça. — é tudo o que consigo dizer entre as risadas que estou tentando controlar. — Não fomos muito bons em esconder. — admito.

— Vocês nem tentaram, 'né. — argumenta Lee, me fazendo rir ainda mais.

— Me dá um desconto! — choramingo, olhando para o comandante.

— Eu só vou tomar um banho rapidinho, 'tá? — Jungkook avisa, tocando o meu rosto com suavidade, arrastando o polegar pela minha bochecha. — Não pense que vai se livrar de mim.

— Você deveria dormir um pouco. — insisto.

— Eu posso dormir aqui na poltrona. — ele se recusa mais uma vez, decidido.

Balanço a cabeça em negação, certo de que nada vai o convencer do contrário, então apenas me rendo.

— Não precisa se preocupar tanto comigo.

— Não é algo que eu sou capaz de controlar, tente colocar isso na sua cabeça. — balbucia, tocando a minha testa com o indicador, antes de levar seus lábios até lá, deixando um selar doce e respeitoso. — Não vou demorar.

— Tudo bem... — faço um biquinho, ignorando a presença dos outros dois agentes e o esperando me dar um beijinho antes de ir embora, e ele o faz, tímido, separando-se logo após e me encarando envergonhado, com as orelhas vermelhas. Quem vê nem imagina que é um canalha safado entre as quatro paredes. — Se cuida.

— Você também. — toca o lóbulo da minha orelha com a ponta dos dedos, me fazendo arrepiar em resposta.

Se ele tem noção de como seu toque me deixa mexido, então ele é maldoso por me torturar dessa forma.

— Não se esforce muito, e siga as instruções do doutor Armstrong, 'tá bom? — assinto, arqueando as sobrancelhas numa indicação de que é sua hora de ir.

— Se você enrolar mais um pouco, vai acabar não indo. — brinco.

Ele estala a língua no céu da boca, esboçando um sorriso bobo, ao que se afasta de mim para finalmente dar as costas e ir embora. O assisto desaparecer ao passar pela porta do quarto, só me dando conta de que estou parecendo um boboca apaixonado quando meus dois colegas de quarto estalam os dedos em frente aos meus olhos.

— Você fica muito manhoso quando está com ele. — Tae revela. Coro instantaneamente, sem conseguir o encarar. — É um lado seu que não costumamos ver. É bonito.

— É. O amor é bonito... — diz Lee, como se estivesse pensando em voz baixa.

Seu tom de voz é cheio de dor e melancolia, e o fato de que eu sei a razão disso é o que me causa uma angústia enorme no peito. Quero dizer algo, mas as palavras se perdem no meio dos nós que se formam em minha garganta, ao que constato que esse não é o momento certo, nem o lugar certo.

Taehyung parece congelar, muito provavelmente sentindo o peso das palavras ditas por JiHoon, e isso só contribui para que o clima fique mais tenso ainda.

— Há quanto tempo eu estou aqui? — pergunto, tentando mudar o clima com um questionamento que eu não fiz desde que acordei, sabendo que ao tentarem me tirar essa dúvida, eles deixariam escapar alguma informação sobre o acidente.

— Ninguém te contou? — Kim indaga, semicerrando os olhos, desconfiado.

— Eu não tinha perguntado a ninguém. — declaro. — Não vão me contar?

— Não faz muito tempo. — sua resposta é o suficiente para me deixar aliviado. — Recebi a notícia assim que cheguei ao meu apartamento. — senta-se ao meu lado, passando a mão pelo cabelo. — O BoGum me avisou o que havia acontecido, e pediu para ficar tranquilo, só que eu entrei em choque, porque quando olhei para o meu celular, tudo que eu conseguia ver eram as suas chamadas não atendidas, que eu não percebi porque estava no trânsito.

Eu havia ligado para ele?

O BoGum ficou sabendo?

Eu não me lembro de ter telefonado para o BoGum...

Pra falar a verdade, eu não me lembro de nada.

— Seu bocudo! Você fala demais, 'né? — Lee o empurra levemente, percebendo o meu estado.

Pisco algumas vezes, voltando a encará-los.

— Foi mal. — Tae se desculpa, sorrindo torto.

— Eu gostaria de lembrar o que aconteceu, mas a minha cabeça começa a doer quando tento, e tudo o que eu consigo visualizar são imagens borradas do céu. — cochicho, fitando a minha perna.

Como isso tudo aconteceu?

Eu sou tão cuidadoso no trânsito...

Isso foi realmente um acidente?

Fecho os olhos, preso nesse mar de pensamentos confusos e incertos, apoiando a cabeça no pequeno travesseiro, sem dar muita importância para o que os agentes estão falando para mim, até que eles resolvem mudar de assunto e me convencem a esquecer a questão do acidente por um momento.

É muito injusto todo mundo saber o que aconteceu comigo, e eu não saber de nada.

— Senhor Park? — Augustus me chama, ao entrar por uma pequena brecha na porta, encarando meus dois visitantes.

— Pois não? — indago, prestando atenção em seu comportamento.

— Peço desculpas pela interrupção. — é a primeira coisa que diz, referindo-se ao momento que eu estava tendo com os agentes.

— Está tudo bem, prossiga.

Ele ajusta o jaleco, parecendo um pouco ansioso.

— O diretor do hospital solicitou um tempo para falar com o senhor, em particular.

Lee e Kim se entreolham, antes de virarem-se para mim, perguntando silenciosamente se deveriam se retirar. Aceno positivamente com a cabeça, ainda pensando na razão para o diretor do hospital estar querendo falar pessoalmente comigo. Seria pelo fato de eu ser um agente federal, ou sobre a minha condição? Eu realmente gostaria de saber.

— Pode chamá-lo. — permito, fitando os olhos castanhos do enfermeiro.

Algo cintila em seu olhar.

Ele também está curioso.

— Certo, senhor Park. Vou me retirar agora. — avisa, curvando-se brevemente antes de sair porta afora.

Aguardo ansiosamente a chegada do diretor, repassando na minha mente todas as razões que ele teria para me procurar, e, principalmente para ser estranho o suficiente para causar curiosidade em um de seus enfermeiros. Ao menos o doutor Armstrong me informou que a minha situação não é grave e que logo mais poderei ir para casa, então fico mais tranquilo, com a certeza de que ele não tem más notícias para me dar.

No entanto, nenhuma das possibilidades que passaram pela minha cabeça foi certeira.

Nenhuma foi capaz de me preparar para o que realmente era.

Nenhuma delas deixou claro que a visita do diretor conseguiria fazer o meu coração despencar até o estômago e a minha bile subir à garganta, no momento em que ele colocou os pés no cômodo.

Eu poderia esperar qualquer coisa.

Qualquer razão.

Qualquer pessoa.

Mas não essa.

Não.

Não depois de tudo.

Não depois de tanto tempo.

Apenas... não.

— Jimin. — o modo como meu nome é pronunciado em voz baixa, mediando as minhas reações, ao que ele caminha, cuidadoso, até a cama onde estou, é o que basta para que eu me sinta perturbado ao extremo.

— Então é você... — faço questão de expressar o quão descontente eu estou.

Respiro fundo, erguendo o olhar até seu rosto, me obrigando a aceitar o fato de que o diretor do hospital é alguém que eu não via há anos, e que eu preferia que tivesse continuado dessa maneira, longe da minha vista e da minha vida.

Im Jae-bum.

O meu ex-namorado.


🚓

ESTAMOS DE VOLTAAAAAAAA

Senti tanta saudade aaaaaaa

PRIMEIROS COMENTÁRIOS:

Estamos de carinha nova! A Tori entregou tudo mais uma vez, e ainda lançou a braba, fazendo os personagens de Korean Killer.

Já viram? OLHEM SÓ PRA ISSO!!!

(Não reuse, não reposte, não reedite. Plágio é crime!)

(LEMBRANDO: Não reuse, não reposte, não reedite. Plágio é crime!)

Gostaram do capítulo? Ele foi bem mais tranquilo, como eu prometi.

O ex babaca resolveu dar as caras no momento mais inoportuno possível...

POR QUE ELE TINHA QUE SER LOGO O GOSTOSO DO JAEBUM???

Anyways!

Daqui pra frente é só pra trás kkkkkkkkkk

OBRIGADA DE TODO MEU CORAÇÃO PELOS 57K AQUI! AMO VOCÊS <3

Quero fazer um agradecimento à Danda, por me presentear com um cupcake temático de Korean Killer e me fazer chorar bastante essa semana. Você é um anjo, neném!

Quem quiser ver o docinho que ela fez, corre lá no meu instagram @euautoragi ou no dela @docinhosfic para conferir.

Não esquece de me seguir nas redes sociais, e de usar qualquer uma das hashtags #KoreanKiller ou #diabaetinhoso para comentar sobre a fic, e de me marcar, pra que eu possa ver tudinho.

Para quem também lê Ossos em Chamas, esse domingo teremos capítulo novo por lá!

DIA 11 COMEÇAMOS A MARATONA DE #justiceiros RODANDO AS PLAYLISTS DA #NAMUWEEK, EIN?

É isso...

Até o próximo capítulo.

Amo vocês 💜

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