Serendipity of a dream

By Estrela_rana

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[ LIVRO FÍSICO EM BREVE PELA EDITORA SINGULARITY 📖 ] [Em andamento] Jeon Jungkook, um adolescente que tem s... More

AVISOS!
Lembranças
O loirinho bonito.
Tudo que sinto é... medo.
Sorvete de menta
Quase um encontro
Molho de pimenta
Rosa azul
Sombras do passado
Foi só um beijo bobo, né?
Viva sem medo
Verdade oculta
O meu único refúgio
Pelo teu sorriso
sinceridade
Foi tudo um sonho
Me apaixonando mais a cada dia
Um passo de cada vez
Perdido por você
Meu coração palpita por você
Eu sou você...
Você sou eu
Amizade em primeiro lugar
Mudanças
onde a verdade se revela (1)
uma palavra dá autora :)
Onde a verdade se revela (2)
Arrependimento
Ainda há esperança?
Memorias perdidas
Coração quebrado
NOVA TEMPORADA
Novo cronograma
Pesadelo
Sem forças
Desavenças
Um momento de paz
Uma volta no tempo
Confusão
Grupo novo no Instagram
Calmaria
Sofrimento
Mostrando as garras
A dor que sempre volta
"Nervos a flor da pele"
Melhor amigo
A última briga
Apenas Continue
Dores do passado
O seu lado da dor
Uma nova chance
Incerteza
Estou com você
Um momento só nosso
Me deixe ser feliz
A noite em que fizemos amor
O monstro se revelou
A realidade machuca
Aviso
Escolhas difíceis são necessárias
Eu sou o medo

Cheirinho de morango

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By Estrela_rana

Ainda não consigo acreditar
Tudo isso parece que foi um sonho
Não tente desaparecer
(Butterfly— BTS)

Entro pelo portão da escola correndo, depois de gritar da estrada, para que o segurança segurasse o portão aberto por mais um tempo.

— Muito obrigado moço, você salvou minha vida. — agradeço com as mãos nos joelhos tentando recuperar o fôlego depois da maratona que corri. 

— De nada garoto, mas vê se não chega atrasado de novo, viu? Você e aquele garoto deram sorte que eu acabei perdendo a chave e demorei a fechar o portão. 

Garoto, que garoto? O segurança ainda continuou falando mais algumas coisas, as quais não consegui ouvir pois, levei meu olhar, até o "tal garoto" que o homem havia citado. Engolindo em seco quando percebo que se trata de Jimin, então ele chegou atrasado também. A farra deve ter sido boa na noite passada, né?

Além do seu atraso, o que mais me chamou atenção foi o moletom roxo que ele está usando. Geralmente ele vem com o uniforme e ainda faz questão de desabotoar alguns botões pra ficar exibindo a pele branca do peito dele. Por que será que hoje ele resolveu vir embalado igual um bombonzinho?  

— Tira uma foto que dura mais garoto. — Me espanto quando o segurança fala ao meu lado. Fiquei tanto tempo assim admirando o loirinho? — Acho melhor você ir logo, seu amigo tá esperando você, e se o coordenador pegar vocês nos corredores, já sabe, detenção na certa.

— Ah, certo, muito obrigado senhor — me curvei em agradecimento antes de sair, caminhando até o corredor dos armários, em passos desajeitados onde o loirinho me esperava exibindo um sorriso de canto de lábios.

— Oi Jungkook.

— É-É, oi Jimin. — Calma Jungkook, respira e aja naturalmente como se nada demais tivesse acontecido entre vocês dois ontem. — Você não respondeu minha mensagem ontem, aconteceu alguma coisa? — Resolvi questionar já que estava realmente curioso. 

Jimin abaixou o olhar encarando os próprios pés. — Então… é que ontem, sabe depois que eu mandei aquela foto? — Acenei com a cabeça, apertando a alça da minha mochila com as mãos. — Eu fui ao banheiro com o celular na mão, e pra minha infelicidade ele acabou caindo no vaso, tentei secar, mas de nada adiantou. Desculpa se te deixei preocupado.

— Ah sim, entendo, mas não precisa se desculpar, o importante é que você está bem. 

— É sim, estou muito bem — falou me oferecendo um sorriso lindo. 

— Você acha q-

Iria perguntar a ele se ainda deixavam a gente entrar nas salas, porém sou surpreendido por seu aperto em meu pulso me puxando para dentro do quartinho de limpeza do zelador. 

— Jimin, o que você pensa que está fazendo? 

— Shiiii Jungkook, o coordenador tá bem ali — fala ele, em um sussurro. Olho pelo pequeno espaço de vidro que tem na porta, vendo o coordenador Min, passar pelo corredor. Quando volto minha atenção para o loirinho percebo que ele usava sua mão para cobrir minha boca. 

Observo os arredores do cômodo notando baldes e produtos de limpeza no chão, com alguns esfregões pendurados na parede próximo da cabeça de Jimin.

Depois de alguns segundos no aperto daquele espaço, tentando me concentrar ao máximo na tensão da situação e não no corpo do Jimin muito próximo ao meu. Ele finalmente se afasta tirando a sua mão pequena dos meus lábios, e levando até o seu nariz para cheirar?

— O que foi? Não vai me dizer que eu tô com bafo, eu me escovei bem antes de vir pra escola — expus soprando o ar quente da minha boca contra a palma da mão próximo ao meu rosto, para que eu mesmo pudesse sentir meu hálito. — Minha boca não está fedendo, deve ser a sua mão! — falei me defendendo quase choroso do sorriso que ele segurava no rosto. 

Ele deve ter passado essa mão dele no C e U, e fica querendo colocar a culpa em mim agora.

— Você precisa parar de ficar criando coisas nessa sua cabeça sem antes saber o motivo real das coisa, viu. — Falou balançando a cabeça negativamente. — Mas agora me diz, você passou alguma coisa na boca? Ela tá com cheiro de morango. 

Eu passei sim, mas você não precisa ficar sabendo dessa informação. — O que? Não, é o cheiro natural dela. — Menti descaradamente. — É genética de família, sabe? 

Jimin arregalou os olhos me olhando de cima a baixo.

— Genética de família, sei... — falou se aproximando. Coloquei ambas as mãos para trás na parede segurando em algo que eu não pude ver. — Mas ontem ela não tinha esse cheiro. — Infeliz! Tava demorando pra ele me desconcertar todo. 

 — É que os morangos só amadureceram hoje. — Disse rindo da cara dele, que pareceu entender meu humor de centavos. Deduzi isso quando ele deitou com a cabeça no meu ombro sorrindo feito uma hiena. — Mas é sério, você não quer provar um pouquinho? — Continuei brincando vendo que ele tinha realmente achado engraçado.

Mas parei de rir, no instante em que ele levou seu olhar até o meu. — Ah, eu quero sim! — Espera, ele quer? Eu só estava brincando…

Jimin colocou uma das mãos em minha cintura me puxando para mais perto de si em uma pegada quase brusca. 

— A-ah, então eu compro pra você na hora do intervalo — disse a primeira coisa que me veio à mente.

— É o que? — me olhou confuso.

— Você não disse que quer provar os morangos? Eu compro pra você.

Aaaaa por que eu sou tão idiota assim? Não é que eu não esteja afim de poder beijar ele mais uma vez, eu só não sei se vou conseguir fazer isso certo de novo. 

— Você tá de zoeira com minha cara, né Jungkook? — Desviei meu olhar do seu. — Tudo bem, vamos sair daqui logo antes que o coordenador apareça de novo. 

Saímos de dentro do quartinho depois de verificar se o corredor estava vazio. 

— É, acho que é melhor a gente ir pra sala agora. — disse ele.

— Você tem razão, mas Jimin, eu posso fazer uma pergunta? — Ele assentiu. — Por que você veio de moletom pra escola? É que geralmente você não usa muito isso aqui.

— Ah, não é nada demais, só queria usar algo diferente hoje. 

Acenei com a cabeça fingindo acreditar no que disse, não sei, mas não senti tanta firmeza em suas palavras. — Então… até a hora do intervalo?  

— Até, e depois eu vou cobrar meus morangos, viu? 

— Morango, o que seria isso? Uma faculdade?… — perguntei sorrindo antes de nos separarmos no corredor. 

Paro em frente a porta da sala batendo na mesma, antes de abrir. 

— Até que enfim o doutor mistério apareceu. Entra logo Jungkook, o professor de matemática ainda não chegou. — ordena meu primo quando me vê parado na porta. 

Sem dar a mínima para todos os alunos que conversavam em seus lugares uns com os outros, vou até a cadeira que ele reservou para mim e me sento.

— Ainda bem! Achei que seria expulso da sala! — comemorei retirando a mochila das costas. — Sabe por que ele não chegou até agora? 

Yoongi levantou do seu lugar pondo ambas as mãos na minha mesa me olhando com intensidade. — Deixa o profe de matemática pra outra hora, agora explica pro pai aqui Jungkook, onde você tinha se metido ontem? 

— O Jimin me chamou pra sair. — disse simples. 

— E você foi? — perguntou arregalando os olhos.

— Sim. 

— Sim? Quando sou eu que chamo, você sempre diz não ou fala que não gosta de sair, agora o Jimin estala os dedos e você faz o que ele pede, é isso?

— Não exagera Guinho, agora me diz, você acha que hoje ainda tem horário de matemática? 

— Eu não tô exagerando, você que tá valorizando mais os machos do que sua família — encarou os próprios pés. — Mas tudo bem, eu aguento isso, a vida é assim, né. A gente cria os filhos pro mundo mesmo. — Eu juro que tento levar ele a sério, mas não dá, isso é impossível. — Mas agora me conta, pra onde vocês foram? — Perguntou novamente, voltando a sentar na cadeira ao lado da minha.

— Em um jardim. — respondi organizando meus materiais sobre a mesa.

— E desde quando você é fã de flores? 

— Ah, eu não gosto muito, mas o Jimin parece gostar bastante, bom… pelo menos daquele jardim ele gosta. 

— E como foi o beijo? O safado do Jimin não tentou te comer lá no meio das flores, né? O Hobi me disse que ele é bem selvagem no sexo.

Comecei a tossir de repente me engasgando com minha própria saliva. Yoongi se levantou do seu lugar para bater em minhas costas em uma tentativa de me ajudar. — Calma aí JK, eu tava só brincando cara, respira.

— Quer brincar com minha morte também não, seu palhaço? — perguntei depois de me acalmar. 

— Olha o que temos aqui meus brotinhos, uma discussão familiar logo pela manhã. — Falou Taehyung brotando do nada, com o celular na mão. — Meus seguidores estão curiosos para saber, do que vocês estavam falando? — Perguntou focando a câmera frontal em nós.

— Não era nada demais, só o corno do Yoongi atormentando minha paciência. — Disse mirando meu olhar em Yoongi, de uma forma ameaçadora. Se ele ousar abrir essa boca para falar algo, eu juro que pulo no pescoço dele aqui mesmo! 

— E tem como ser corno sem ter namorada?

— No seu caso é namorado né Yoongi, esqueceu do Hoseok? — comentou Taehyung.

— Mas você já foi corno. — relembrei apenas para implicar com ele.

— Pelo menos eu já namorei.

— Grande coisa, namorar e ser traído pela escola toda. — falei debochando da cara dele.

Yoongi odeia relembrar do seu trágico namoro de anos atrás. Na verdade, foi o seu primeiro amor, ele vivia gritando aos quatro ventos o quanto era feliz e tudo mais, porém o conto de fadas durou poucos meses porque, logo ele descobriu que não era o único o qual ela dizia ser loucamente apaixonada. Ele não gosta nem de mencionar o nome "dela". 

— Olha aqui Jungko-

— Opa! Gente. Vamos acalmar os ânimos. — Pediu Taehyung. — Tô aqui gravando um vídeo escolar, meu canal é um canal da paz, todo mundo é namastê. Então respirem e sem briga.

— Esse idiota que começou! — resmungou Yoongi virando o rosto para o outro lado.

— Ah, não vai dizer que você ficou realmente zangado por conta de uma brincadeira boba como essa? — questiono.

— Ah, mas você também pegou na ferida, né Jungkook? Você sabe que o Yoon ainda não superou ela. 

— Que ferida o que? Eu já superei ela há um milhão de anos. 

— Então por que você ficou todo nervosinho assim? — resolvi perguntar. 

— Ah! Vá tomar no cu Jungkook! — disse levantando da cadeira quase derrubando a mesa. 

— Ei Yoon, calma cara, onde você vai? — me levantei.

— Mandar ilustrar meus chifres. — falou antes de sair batendo a porta da sala.

— Não achei que ele fosse levar isso tão a sério. — falou Taehyung.

— É, eu também não.

— O que houve com o Yoongi para sair da sala pisando fundo daquela forma? — Perguntou o professor de matemática entrando na sala. — Menos um para me dar trabalho. — Disse baixo colocando sua pasta em cima da mesa — Agora crianças, todos em seus devidos lugares porque a aula já vai começar. E perdoem o atraso, ocorreu um imprevisto com meu automóvel.                   

Bom, acho que terei que me desculpar com o cabeçudo depois. 

                               [•••] 

— Ei, Yoon me espera aí cara. — pedi me apressando em guardar meus materiais.

Após sair da sala todo esquentadinho ele só voltou dois horários depois. E não quis trocar uma palavra comigo a aula inteira. 

Estamos indo para a cantina. É a oportunidade perfeita para um pedido de desculpas. 

Tive que correr para acompanhar ele que já estava a metros de distância de mim, no corredor. — Me desculpa, ok? Eu pisei na bola, eu sei, mas era só uma brincadeira, não achei que você fosse levar tão a sério assim. 

Ele continuou andando em silêncio. 

Tive que parar ele usando meu corpo para  bloquear seu caminho. — Chega Yoongi! Você sabe que nossas brincadeiras são sempre nesse nível, por que você está sendo tão dramático agora?

— Você sabe que eu não gosto de relembrar o que aquela pessoa me fez passar Jungkook.

— Eu sei, eu sei, por isso estou aqui te pedindo desculpas. Vai cara, quero meu irmãozinho de volta. — pedi tocando em seu ombro.

Ele sorriu de lábios contraídos, revirando os olhos. — Só se você dizer que me ama! 

— Ah, não, Guinho não abusa da minha boa vontade também. 

— Sendo assim, saia da minha frente, tenho que ir pro refeitório, tô brocado de fome. — começou a andar de novo.

Aaaaa eu não acredito que ele vai me obrigar a fazer isso, aqui, no meio desse tanto de alunos. — Ok, Yoongi eu digo! — O desgraçado parou virando sobre os calcanhares para voltar à minha frente.

Ele tirou o celular do bolso apontando para o meu rosto. — Pode falar agora. — Mandou sorrindo.

— Nem a pau que eu vou deixar você gravar isso! — falei, se ele acha que eu vou me humilhar nesse nível, ele está muito errado. 

— Você que sabe. — fez o gesto de que fosse guardar o celular, no entanto, segurei em seu braço impedindo que o fizesse.

Eu te mato Yoongi. — Eu te amo, satisfeito? 

— Eeee eu tremi a câmera, fala de novo. — O olhei com tédio. — É brincadeira JK — sorriu, ficando do meu lado, pondo a mão em volta do meu pescoço como sempre costuma fazer. — Agora escuta aqui. — Se aproximou do meu ouvido. — NUNCA MAIS ME FAÇA TER LEMBRANÇAS TÃO RUINS ASSIM. 

Gritou em meu ouvido se afastando logo em seguida, quando percebeu que eu não deixaria aquilo barato.

Comecei a correr atrás dele, que desviou em meio aos alunos que passavam nos corredores. Paramos de correr quando finalmente chegamos na porta do refeitório.

— Você me paga Yoongi! — disse recuperando o fôlego.

— Você bem que mereceu. — falou ele levantando a barra da camisa para limpar o suor do rosto. 

Passamos pela entrada da cantina.

Olhei de um lado a outro vendo os grupinhos de alunos em cada mesa. Voltei meu olhar para o centro onde o loirinho acenava chamando por nós. 

— Vocês demoraram. — comentou Jimin assim que nos aproximamos da mesa onde, como de costume estava Jimin, Hoseok e Lisa. A única que não está presente é Leia. 

— E aí, Jimin qual é a do moletom? — Yoongi perguntou antes de sentar ao lado de Hoseok. — Tá com frio nesse calor? — Sorriu.

— Ah, não é nada demais. — respondeu abaixando o olhar.

— Verdade Yoon, onde vocês estavam? — Perguntou o foguinho assim, que meu primo se sentou ao seu lado. — Eu comprei comida pra você, aqui. — Disse ele entregando uma tigela com bolinho dentro.

— Não precisava ter comprado nada Hobi. — Disse Yoon desviando do olhar de Hoseok. — Foi esse cara de batata do JK que me atrasou demais. 

Mentiroso! 

Pensei revirando os olhos.

— Eu também comprei algo para você Jungkook. — Fiquei sem reação quando o loirinho me entregou uma caixinha de leite de banana. — Aqui, pode ficar com o meu arroz e carne também. 

— Obrigado Jimin. — agradeci sorrindo envergonhado. 

— Minha nossa, que gay. — Me assustei quando Tae apareceu sentado ao meu lado no banco. — E aí pessoal. — Todos na mesa o cumprimentaram. — Podem continuar o papo de vocês, me sentei aqui só pra editar meu vídeo. — Explicou começando a mexer em seu celular.

Graças a Deus, não tenho problema de coração. Caso contrário teria morrido agora mesmo. 

— E o que o JK fez para te atrasar tanto? — perguntou Lisa sem tirar os olhos do celular que ela teclava a todo instante, sentada ao meu lado.

— Eu não fiz nada, ele que é dramático demais. — me defendi. 

— Nessa eu vou ter que concordar com o Kookie, Yoongi porque você é realmente dramático. — acrescentou o lindo do Jimin.

— Claro que você concorda, tá doidinho pelo meu primo. 

— É O QUE? — Perguntou Lisa pondo o celular com força sobre a mesa, surpreendendo a todos nós, com o tom de voz que foi usado para fazer a pergunta. — Quer dizer — fingiu uma tosse coçando a garganta —, não viaja Yoongi, o Jimin e o Jungkook não tem nada a ver um com o outro, né Minnie? Você não tá afim dele, está? 

O clima na mesa mudou, Hoseok e Yoongi se entreolharam fingindo iniciar uma conversa aleatória. Eu levei meu olhar para a única pessoa que estava à minha frente. Jimin. Aguardando uma resposta sua. 

— Lisa, eu e o Jungko- 

Não foi possível concluir sua frase porque fomos surpreendidos mais uma vez com uma pessoa aparecendo na mesa.

— Eu tô muito puta da vida! — Bateu com as mãos na mesa. — Eu odeio a merda do diretor dessa escola! 

— Calma Leia, o que aconteceu? — perguntou Jimin. 

— Deixa eu adivinhar, ele negou seu projeto de conservação ao meio ambiente de novo. — deduziu Hoseok.

— Antes fosse só isso mesmo. Mas não, aquele BABACA — fez questão de falar bem alto chamando a atenção de todos no refeitório —, está defendendo um abusador que se diz professor dessa escola! 

— Como assim, explica isso direito — pediu Taehyung, atento à conversa. 

— É, conta isso direito, Leia. — insistiu meu primo. 

— Você, o TaeTae, e o JK não devem conhecer ele porque ele não dá aula para vocês. Mas nós temos um professor de educação física que já vem me tirando a paciência há uns meses. — Todos paramos de comer para prestar atenção no que viria a seguir: — Aí, hoje ele fez o que eu temia que ele fizesse há muito tempo.  

— Não vai me dizer que ele? — Leia concordou com Tae, pondo as mãos para cima em completa indignação.

— Vocês lembram que eu fui ao banheiro no terceiro horário hoje? — seus amigos concordaram.

— Inclusive você sumiu e só apareceu agora, achei que você estava se pegando por aí com alguém. — Comentou Lisa. — Mas continua, agora fiquei curiosa.

— Então, eu saí da sala e fui ao banheiro, quando eu estava em frente ao espelho para arrumar meu cabelo. Ouvi uns barulhos estranhos vindo da quinta cabine. Porém achei que não era nada demais e continuei arrumando meu cabelo. Mas notei que tinha algo de errado quando antes de sair totalmente do banheiro, escutei uma voz abafada pedindo por socorro. Então caminhei devagar até a porta e perguntei se estava tudo bem. A pessoa de dentro respondeu que sim, mas não senti tanta firmeza por isso decidi me esconder do lado de fora até ver quem estava dentro do banheiro. 

— E quem era a pessoa do banheiro? — curioso assim como todos na mesa, Taehyung perguntou.

— Eu não a conheço por nome, mas já vi ela pelos corredores e sei que é uma aluna do primeiro ano. Enfim, depois de um tempo essa menina saiu do banheiro se segurando pelas paredes com um semblante nada feliz. 

— Se ela não estava feliz, já deu pra perceber que o sexo não foi com consentimento. — pontuou Hoseok. 

— Verdade, mas quem era a outra pessoa que estava junto com ela? — perguntou Yoongi.

— Já está bem claro quem era o idiota, mas vai Leia, continua. — disse Jimin com um semblante fechado.

Ele tem razão, essa história não precisa nem de conclusão para sabermos o final.

— Você está querendo dizer que foi o nosso professor de educação física que ficou com a garota do primeiro ano, Ji? — perguntou Lisa. 

— Ele mesmo! — Exclamou Leia de imediato. — Era ele a pessoa que saiu do banheiro feminino após a garota. Eu depois de ver essa cena corri para avisar o diretor, que deveria ser a pessoa a tomar as atitudes corretas em relação a isso, mas aquele boca de bueiro não acreditou em uma só palavra minha, e ainda me humilhou por ser bolsista na escola, e disse que se eu quisesse realmente justiça, que levasse provas concretas de que o professor tinha feito aquilo. 

— Que absurdo! E não tem como olhar as imagens das câmeras de segurança? — perguntei.

— Isso! Não tem como olhar? — Tae também perguntou.

— Infelizmente o babaca do nosso diretor falou que são informações pessoais da escola e não me deixou provar porra nenhuma. É por isso que eu digo, ele está defendendo esse infeliz! 

— Acho que você está exagerando demais Leia, se essa menina não gostasse, ela mesmo teria ido falar com o diretor. Se você for se meter nos problemas dos outros vai acabar sofrendo as consequências, então aconselho você a deixar esse assunto morrer. — argumentou Lisa.

— O problema não é se ela gostou ou não Lisa, mas sim o fato de um professor de no mínimo quarenta anos ter feito isso com uma aluna menor de idade. — Jimin é sensato! 

— Sabe Lisa, você é tão linda quando tá calada. — Disparou Yoongi a olhando com tédio.

A conversa não se estendeu por muito tempo, poucos minutos após, finalizarmos nossas refeições o sinal do final do intervalo bateu. E tivemos que voltar para sala de aula.

                                [•••]

— Vocês acham que tiraram uma nota boa na prova de física? — perguntei para Yoongi e Taehyung que andavam ao meu lado. 

— Eu aposto todas as minhas fichas que minha nota foi menos zero! — exclamou Yoongi quando paramos próximo a árvore do pátio na frente da escola.

— Eu acho que me dei bem, física não é tão difícil assim. — falou Taehyung parecendo ter muita certeza no que diz.

Queria eu achar física tão fácil assim.

— Com licença, desculpa estar aparecendo do nada aqui, mas hoje eu vi você — apontou para mim —, sentado na mesa do Jimin e te reconheci de um vídeo no YouTube. É você o garoto da voz de anjo? — Perguntou uma moça que não conheço assim que se aproximou de nós.

Ah, não! Aquela caramba de vídeo chegou até no pessoal da escola? Eu deveria processar quem gravou aquilo sem minha permissão. 

— Ah, eu…

— Meu garotão da voz de anjo não está podendo falar agora meu anjo. — Disse Yoongi se aproximando de mim para colocar o braço sobre meu ombro. — Mas sim, é ele. 

— Ah, mas eu posso tirar uma foto com ele? — Perguntou vagando seu olhar por todos nós. — Vai ser rapidinho, eu prometo! 

Yoongi e Taehyung me olharam aguardando uma resposta. — Ok… — A moça sorriu contente por ter conseguido o que desejava. 

Me fazendo sentir arrependimento segundos depois quando ela acena com a mão para um grupinho de cinco meninas, não muito longe de nós. Pedindo que elas viessem até nós, assim que as outras chegam, todas começam a formar uma espécie de círculo em minha volta. 

O que eles estão querendo fazer, um ritual? 

Tiraram seus celulares do bolso para tirar uma foto comigo.

Eu quero fugir daqui.

Penso enquanto a última garota se aproxima demais do meu rosto para tirar a foto.

— Muito obrigada, e sua voz é muito linda — diz a garota de bochecha avermelhada antes de sair. 

— Jungkook, o rei delas — diz Taehyung entre sorrisos.

— O rei delas, mas que já tem um rei para chamar de esposo. 

— Cala a boca Yoongi. — falo antes que ele comece a falar demais.

— Como assim? Não vai me dizer que o menino Jeon já está de rolo com alguém? — pergunta Taehyung me olhando com curiosidade.

— Eu não tenho nada com ninguém, tá?! 

— Diz o cara que falta babar olhando para um certo loirinho. — eu vou te matar Yoongi. 

— Espera, é o loirinho do terceiro ano? Que safado Jungkook, hein.

— Eu tô falando do Jimin, seu bocó! — explica Yoongi dando um tapa na nuca do amigo. Que passou a massagear o local logo em seguida.

— E precisa me agredir pra falar as coisas, sua mula de quatro cabeças? 

Eles continuaram com suas implicações, mas não dei muito ouvidos, porque meu olhar estava focado em alguém realmente importante que saia da escola vindo em minha, quer dizer, vindo em nossa direção. 

JIMIN. 

— Oi, Jungkook, e aí Taehyung, Yoongi — nos comprimentou com seu sorriso lindo nos lábios. 

— Oi. — falei, os outros mal educados que pararam de se estapear segundos depois, só acenaram com a cabeça. 

Será que eles não perceberam que o loirinho falou com eles? Cadê o respeito, não custa nada falar um "oi", não liga Jimin, eu falo por todos eles. 

— Eu estou indo para o Ho'omau, sua casa fica no mesmo caminho. Queria saber se você não quer ir comigo Jungkook.

— Cê tá sentindo isso né Tae? — perguntou Yoongi.

— Ô se tô, meu gaydar apitou aqui, e pelo que parece é uma frequência muito alta dessa vez.

— Então, sendo assim acho melhor a gente se afastar, vai que isso é contagioso. 

— Concordo com você. — disse o outro palhaço.

— Falou então Jungkook, vou pra casa com o Taehyung, a gente se vê por aí. — disse meu primo tocando em meu ombro.

— Até mais Yoongi. — me despedi antes que eles saíssem. 

— Não liga pra esses sem neurônios. — falei.

— Relaxa, eu já me acostumei com o jeito deles. — Viu como o Jimin não tem um defeito? Ele até sorri da palhaçada desses dois. — Bom, então… vamos? 

— Vamos. 

Saímos finalmente da escola.

Passamos boa parte do caminho conversando sobre coisas aleatória do tipo:
O que aconteceria se os animais pudessem falar? 

Ou

Se uma água viva morre, ela vira uma água viva morta ou ela continua sendo água viva? 

São tantos questionamentos sobre esse mundão. Mas pensando bem, acho melhor não sabermos de tudo, porque isso faria tudo perder a graça. 

Saber de tudo é chato.

Jimin também me pediu para ajudar ele a convencer a senhora Choi, sobre a ideia da festa que ele comentou comigo ontem. 

Entramos no Ho'omau.

Como de costume, nesse horário estava vazio. 

— Jimin, querido que bom que você chegou. — Comemorou a senhora Choi, assim que nos aproximamos do balcão. — Hoje pela manhã o café lotou de gente, eu achei que não ia dar conta de tudo sozinha. — Sorriu. 

— Desculpa o atraso senhora Choi, prometo ser mais pontual da próxima vez. — Choi balançou a cabeça negativamente, em sinal de que Jimin não precisava se preocupar com aquilo.

— E Jungkook, eu já estava com saudades da sua visita. Achei que tinha esquecido de mim outra vez.

— Eu jamais me esqueceria da senhora, e nem faz tanto tempo que a gente se viu. — falei assim que ela se aproximou me dando um abraço.

— Quando gostamos de uma pessoa, até mesmo segundos distantes parecem uma eternidade. — completou ela antes de se afastar. 

— Senhora, vou trocar meu uniforme para começar o trabalho. 

— Certo, querido. — respondeu para Jimin.

— E com você Jungkook, como anda as coisas, já conversou com sua mãe?

— As coisas andam bem. — Sorri olhando para o mesmo lugar que fica o quartinho, onde o loirinho entrou para se trocar. — Eu não falei ainda pra valer com minha mãe, mas hoje tivemos uma conversa que me deixou mais aliviado. 

— Fico feliz que as coisas estejam indo bem para você filho. E você e o Jimin? 

— O que tem nós? 

— Vocês parecem muito próximos, são amigos há muito tempo e eu não sabia?

— Ah, não, não é isso, é só que o Jimin e eu somos da mesma escola e ele… — Eu preciso aprender a me controlar e não sorrir feito um idiota toda vez que penso no loirinho. — Ele e eu… 

— Ok, acho que entendi. — disse sorrindo.

Como assim ela entendeu? Eu não disse nada. 

— Voltei. — Avisou Jimin. Já vestido com seu uniforme de trabalho. — Senhora Choi, eu e Jungkook queríamos falar sobre algo importante com a senhora.

— Eu não fiz nada de errado, hein. Foi tudo culpa do Jungkook. — falou a senhora Choi levantando os braços em rendição.

Ambos sorrimos do seu jeito fofo.

— Brincadeira crianças, podem falar, sobre o que seria essa conversa? 

— Então, a senhora lembra que comentou comigo sobre a situação financeira do Ho'omau? — Ela parou de sorrir dividindo seu olhar entre eu e Jimin. — O Jungkook já sabe de tudo senhora, me desculpa, eu achei que não teria problemas contar pra ele, já que vocês se conhecem há muito mais tempo. — Explicou. 

— Tudo bem Jimin.

— Quanto tempo o banco deu para quitar essa dívida, senhora? — Decidi perguntar.

Ela pediu para que nós sentássemos antes de começar a explicar toda a situação. E pelo que me foi dito a coisa está realmente complicada, ela precisa desse dinheiro o mais rápido possível. 

Geralmente quando o banco não toma o imóvel de imediato para colocar em um leilão. Ele acaba vendendo em antecipação para um comprador que tem bastante dinheiro e contatos no banco, e quando isso acontece, eles fazem de tudo para se livrar do imóvel o mais rápido possível. Infelizmente é nessa situação que a senhora se encontra agora, já que um homem importante está de olho no Ho'omau.

— Esse homem importante que quer comprar o Ho'omau é o meu pai, senhora Choi. — Jimin revela nos deixando surpresos. 

— O que? — eu e a senhora Choi perguntamos em uníssono.

— Aquele homem que veio aqui no outro dia, lembra? — Ela concordou. — Mesmo que eu não tenha visto ele naquele momento, sei que se trata do meu pai. Porque desde que eu comecei a trabalhar aqui, ele me proíbe. Mas eu não quero ter que depender dele pra sempre, por isso nunca saí do Ho'omau, mas conhecendo ele como conheço sei que ele não vai sossegar enquanto eu não sair daqui de vez e me dedicar aos negócios da família. 

Então é por isso que ele quer tanto ajudar a senhora Choi? Por que ele se sente culpado pelo que está acontecendo?

— Nossa, eu não sei nem o que dizer querido. Sinto muito por seu pai ser tão rígido com você. — confortou a senhora Choi.

— Não senhora Choi, eu que preciso pedir desculpas, isso tudo só está acontecendo por minha causa. — falou ele abaixando o olhar, que percebi estar levemente marejados por conta das lágrimas que começaram a se formar.

— Você não tem culpa alguma Jimin, se eu não tivesse assumido a responsabilidade de pagar as dívidas da minha família, não precisaria estar passando por tudo isso. — Senhora Choi levou sua mão até as de Jimin que descansavam em cima da mesma. — Não se culpe, ok? Nada nessa vida acontece por um acaso, e quando eu contratei você para ser meu ajudante eu quis justamente que fosse você, porque vi em seus olhos que você é um garoto muito forte e de bom coração. Não precisa se preocupar com o Ho'omau, eu vou dar um jeito nessa situação.

— Ela tem razão Jimin, você não tem culpa, mas senhora Choi. — Ela olhou pra mim. — Não precisa lidar com tudo sozinha, vamos ajudar a senhora. 

Eu e Jimin explicamos sobre a festa que ele teve a ideia de fazer para conseguir dinheiro para o cyber café. Foi um pouco difícil para a senhora, concordar com a ideia. Mas sejamos sincero, quem seria, monstro o suficiente para dizer um não para Park Jimin? 

No final das contas ela acabou cedendo aos nossos pedidos.  

Fiquei jogando nos computadores enquanto Jimin limpava as mesas e atendia alguns dos clientes que apareceram. 

É legal ver o quanto ele se preocupa em deixar tudo perfeitamente limpo e organizado. E a forma que ele sempre procura atender os clientes com um enorme sorriso no rosto. 

Tenho que admitir que um grupinho de meninas que veio aqui passou do ponto, faltou comer o coitado com os olhos, que ele é lindo, isso é um fato! Agora precisa ficar olhando ele daquele jeito? 

No final elas não compraram nada, ou seja só fez o loirinho perder o tempo dele.

Me levantei passando por Jimin que atendia uma das mesas, quando me viu passar ele piscou um dos olhos em minha direção. 

Sorri balançando a cabeça negativamente antes de ir para o banheiro. Quando acabei minhas necessidades voltei para o centro do cyber, notando que ele não estava mais lá. 

Caminhei até a senhora Choi, que lutava dando leves batidas na máquina de café para que funcionasse.

— Onde está o Jimin, senhora Choi? 

— Ah, ele foi limpar a biblioteca. 

Concordei com a cabeça antes de subir pela escada.

Me deu uma vontade repentina de ler um livro. Bom, acho que estou precisando repor meus mangás, vou aproveitar que estou aqui para dar uma olhada, não é mesmo. 

Abri a porta da biblioteca sentindo o clima mudar por conta do ar-condicionado do cômodo. 

Jimin estava agachado com uma das mãos na barriga, sua expressão não era nada boa. Quando notou minha presença ele disfarçou pegando uma flanela vermelha do chão e passou a tirar a poeira dos livros. 

— Veio me ajudar a limpar? 

— Isso mesmo! — Disse me aproximando. — Por onde eu começo, chefe? — Ele sorriu de lábios contraídos, balançando a cabeça negativamente antes de dizer: 

— Pega esse pano e limpa tudo isso. — Apontou para os livros. — Eu vou descansar um pouquinho. — Falou se afastando para sentar em cima de uma das mesas.

— Folgado, você quer que eu limpe isso tudo sozinho? — perguntei indignado.

Exploração de menores nessa hora?

— Foi você que se ofereceu.

Droga! Ele tem razão. 

— Mas eu vou cobrar depois. — afirmei me virando, para começar a limpar a estante de livros. 

— Você que está me devendo algo, esqueceu? 

— E o que seria esse algo? — peguei um livro de capa vermelha escura para limpar. Minha sorte é que não entra poeira nesse lugar. 

— Meus morangos, lembra? — Parei de limpar. — Primeiro você me fez querer te beijar e recusou. Depois, como desculpa falou que ia comprar morangos pra mim, e até agora nada! Agora seria uma boa hora para esse pagamento, viu? 

Engoli em seco lembrando do que tinha prometido.

Deixei o pano entre os livros na estante antes de me aproximar da mesa onde ele estava sentado, com os cotovelos apoiados na superfície da mesa, e as pernas um tanto abertas.

Que visão. 

Ele me olhou de cima a baixo umedecendo os próprios lábios. 

Concentra-se Jungkook, não olha pra boca dele! 

Pensei enquanto retirava um origami no formato de morango do meu bolso. 

Fiz ele hoje no intervalo da aula de química. 

— Tá aqui seu morango. 

Ele me olhou com uma sobrancelha levantada, fazendo uma cara engraçada. — Esse não vale Jungkook! Eu queria sentir o gosto do morango, e não os morangos da feira. Eu estou me referindo ao gosto de morango que está na sua boca. 

Engoli em seco novamente passando a língua pelos meus próprios lábios. Sentindo que o gosto ao qual ele estava se referindo já não estava presente. — A-A-Ah, mas não tem mais nada de morango na minha boca. — Contei desviando meu olhar para o chão. 

Ele afastou os cotovelos da mesa. 

Me surpreendendo quando me puxou pela cintura obrigando o meu corpo a ficar mais próximo ainda do seu. 

— E quem disse que isso faz diferença? — Não faça contato visual Jungkook, não faça contato visual. Olha que maravilhosa aquela mancha na parede. — O que eu quero é sua boca, o morango foi só uma desculpa. — Ele passou uma das mãos por trás do meu pescoço, segurando em minha nuca.

O que importa se eu não conseguir beijar ele direito? Isso não vai mudar nada, então quer saber?

Que se foda!

Que estranho, isso era algo que o Yoongi diria. Tô andando muito com ele. 

Meio incerto do que estava prestes a fazer, aproximei lentamente minha boca do seu ouvido e disse em um sussurro: — Então me beija logo Jimin. Deixa eu sentir sua boca na minha de novo. 

— Jungkook… não brinca com minha sanidade agora, por favor. — pediu baixo intensificando seu aperto em minha cintura. 

Irei fazer algo que nunca imaginei que faria em toda minha vida agora, e espero profundamente não me arrepender no futuro.

Aproveitando que minha boca estava próximo de sua orelha, encostei meus lábios no local dando uma leve chupada sem usar muita pressão nos dentes. 

Jimin suspirou, me puxando para mais perto de si, colando de vez nossos corpos. 

Agora eu entendi porque ele ama tanto me provocar assim, é incrível a sensação de ver que ele ficou tão afetado com minha ação. 

— Puta merda Jungkook, você não era tímido até um minuto atrás? — perguntou quando voltei a olhar para ele. 

— S-se você não tiver gostado eu não faço mais. — me desculpei envergonhado.

Em que eu estava pensando pra fazer uma coisa dessa? 

— Não fala mais nada Jungkook, só me beija logo. — foi o que ele disse antes de me puxar, para iniciarmos o beijo. 

Levei minha mão até sua coxa usando de apoio para me segurar. 

Nossas bocas começaram a se tocar com mais sede do que a primeira vez em que nos beijamos. Foi como se tivéssemos passado anos sem nos ver, e só agora, pudéssemos matar toda essa saudade em um único beijo. 

No vai e vem de nossas cabeças, me atrevi a puxar seu lábio inferior entre meus dentes. Jimin pareceu gostar bastante disso em nosso primeiro beijo.

Tive que me segurar firme para não cair quando senti sua mão saliente pressionar com força em meu bumbum.

Esse aperto foi estranhamente muito bom. 

— Ah Jimin. — deixei um gemido escapar contra sua boca quando senti nossos pênis se encostarem.

Ele passou seus dois braços em volta ao meu pescoço. Me puxando para cima da mesa. 

Com cuidado coloquei uma mão de cada lado para evitar que meu corpo não pesasse tanto em cima do seu. Seus lábios se afastaram dos meus, nos permitindo respirar por uns segundos. Observei os lábios dele entreabertos, não me contive e iniciei mais um beijo. 

Continuamos trocando beijos e mais beijos, até o momento em que coloquei uma de minhas mãos em sua cintura pressionando o local com a mesma intensidade que ele havia feito antes em mim.

— Aí Jungkook! — exclamou em dor. Me afastei envergonhado quando percebi que tinha o machucado. 

— D-desculpa Jimin, e-eu… — o que eu estou fazendo da minha vida? Me afastei por completo dele, passando a mão por meu cabelo que estava completamente assanhado devido às mão do loirinho. 

Esperei que Jimin fosse falar algo, porém nada foi dito. foi quando notei que ele permanecia com as mãos contra o abdômen, mantendo no rosto uma expressão de dor. 

— Jimin eu te machuquei tanto assim? — perguntei preocupado.

Idiota Jungkook, você é um idiota! 

— A-ah, não Jungkook, não foi você que me machucou. Na verdade eu estou super bem, olha. — abriu os braços, na tentativa de me provar que estava bem, no entanto, no mesmo instante voltou a encolher seu corpo quando sentiu dor no mesmo local de antes.

— Jimin… — Me aproximei novamente ficando de frente a ele. — Me conta o que aconteceu Jimin. — Pedi a ele, que não disse nada, além de levar seu olhar para a barra da própria camisa. 

Não foi preciso me dizer mais nada para que eu entendesse que ele havia me dado a liberdade para ver com meus próprios olhos, o que tinha por debaixo do tecido branco de sua roupa. 

Meio incerto se realmente queria descobrir o que havia acontecido com ele. Segurei na barra da camisa levantando lentamente, vendo que ele mirava seu olhar no outro lado da sala, para evitar contato comigo. 

Quando levantei a camisa por completo, fiquei completamente sem reação, ao notar os vários hematomas roxos em seu abdômen. 

Jimin foi agredido? 

— Jimin o que, como isso aconteceu? 

Ele soltou uma risada frouxa, antes de tirar sua camisa das minhas mãos. Para sair de cima da mesma. Ainda sem proferir uma única palavra. 

— Você foi a uma festa e se meteu em uma briga, foi isso? — chutei a primeira hipótese que me veio à mente. 

— Antes fosse isso. — falou ele indo até a estante onde eu havia deixado o pano antes. 

Caminhei indo atrás dele. 

— Então o que foi isso? — Quem foi o idiota que teve a coragem de fazer isso com o loirinho? — Me responde Jimin, não me ignore agora, eu estou falando com você! 

— E vai adiantar de que Jungkook? Já foi, não adianta fazer nada agora. — Argumentou sem me olhar. — E além do mais, isso nem tá doendo, ok?

— Se isso é verdade, diz isso olhando nos meus olhos Jimin! — Ele parou de fingir limpar os livros, mas continuou virado de costas para mim. — Foi seu pai que fez isso com você? 

O pai dele não faria algo assim, faria? 

— Foi… — Disse depois de um tempo em silêncio ainda de costas. — Mas não precisa se preocupar Jungkook, não está doendo mais. — Virou-se de frente pra mim.

— Você não precisa mentir pra mim Jimin. — Seguro em sua mão. — Me deixa cuidar disso, deixa eu cuidar de você. — Pedi, vendo ele observar meus dedos entrelaçados ao seu. 

Tudo que recebi como resposta foi um aceno tímido de cabeça. 

Saí da biblioteca pedindo que ele me aguardasse sentado. 

Desci as escadas avisando a senhora Choi, que logo estaria de volta. Após sair do Ho'omau caminhei até a loja de conveniência mais próxima, entrei no local e comprei uma pomada para machucados. 

Quando voltei para o Ho'omau, estranhei ao ver um carro de luxo preto estacionado na frente do estabelecimento, ao entrar no local me deparo com a senhora Choi, conversando com um homem de terno azul e muito elegante. Ao seu lado tinha um motorista que o aguardava 

Mas não dei muita bola para eles, pois precisava cuidar de Jimin.

Quando abro a porta da biblioteca lá está ele, deitado sobre a mesa. Se levanta assim que me vê no cômodo.

— Não precisava ter gastado seu dinheiro mais uma vez comigo. — ele diz quando puxo uma cadeira para me sentar de frente a ele.

— O dinheiro não importa Jimin, o que vale é sua saúde. Agora levanta a camisa pra mim poder passar um pouco dessa pomada, por favor. — ordenei a ele, que logo fez o que foi pedido. 

Coloquei uma quantidade não muito exagerada do que continha na embalagem em meu dedo e comecei a passar levemente em seu abdômen, ele vez ou outra contorcia a barriga, não sei bem ao certo se por sentir cócegas ou por conta da frieza da pomada. 

— Prontinho! — Disse quando terminei, guardando a pomada. — Vem vamos descer, não precisa limpar mais nada já está tarde. — Ofereci minha mão para o ajudar a levantar.

— Obrigado Jungkook. Você está me deixando muito mal acostumado, viu? 

Sorri para ele. 

Deixamos a biblioteca, porém antes de descer as escadas por completo sou impedido de andar por conta do braço de Jimin em minha frente. — O que foi? — Perguntei analisando seu olhar de espanto.

— Meu pai tá aqui.— diz ele visivelmente nervoso, olhando de relance para o andar de baixo, onde a senhora Choi continuava conversando com o homem engravatado.

— Espera, aquele homem é seu pai? — perguntei tirando as mãos dele de mim.

— Sim, sim, Jungkook agora, vamos voltar pra biblioteca, por favor ele não pode me ver aqui. 

— Não Jimin!

— Jungkook… — Me olhou sério. 

— Eu vou falar com o seu pai! 

— Ah, mas não vai mesmo. — Segurou em meus pulsos. — Vem, vamos lá pra cima. 

Arranquei meus braços do seu aperto, e em meio aos pedidos de Jimin para que eu ficasse, desci as escadas de vez. Parando próximo do infeliz que teve a cara de pau de bater nele daquela forma.

— Você. — Chamei o homem que me olhou com tédio. — O senhor, não tem vergonha na cara não? 

— Jungkook, querido tenha mais respeito pelos mais velhos. — pediu a senhora Choi.

— Quem você pensa que é, em garoto? Isso é jeito de falar comigo.

Escutei passos vindo da escada, quando me viro percebi que Jimin estava se aproximando de nós. 

— E a senhora ainda teve a coragem de dizer que meu filho não trabalhava nessa espelunca. — falou o homem após ver Jimin.

— Pai, o que o senhor veio fazer aqui? 

— Isso não interessa Jimin, agora ande, vamos para casa. Aqui não é lugar pra você.

— Ele não vai a lugar nenhum com você. — afirmei segurando no pulso de Jimin.

— Jungkook querido, acho melhor você não se meter. 

— Não, senhora Choi! Esse louco bateu no Jimin e sabe se lá o que ele pode fazer com ele quando chegarem em casa. 

— Jungkook para com isso, por favor. Não vai acontecer nada comigo, ok?

— Era só o que me faltava, ter um pirralho igual você bancando de valentão pra cima de mim. — debochou o homem da minha cara. — Escuta aqui garoto — se aproximou mais de mim segurando na gola da minha camisa.

Jimin tentou interferir, mas recebeu um empurrão do babaca do pai dele. O que fez meu sangue esquentar ainda mais. 

— Eu vou perguntar mais uma vez… quem você acha que é pra falar assim comigo, hein? 

Com uma coragem repentina que me invadiu, fechei meus dedos contra a palma da mão em um punho. Me aproximando mais ainda do verme para poder falar:

 —  Sou Jeon Jungkook — disse vendo os olhos dele se arregalarem em espanto, como se estivesse ficando um tanto surpreso com o que ouviu. Quase em estado de choque o homem deu um passo para trás, ainda sem quebrar o contato visual comigo — E mesmo se eu fosse um zé ninguém, ainda assim, o senhor não teria o direito de me humilhar, porque mesmo que meu nome não tenha um pingo de valor aqui na terra pode apostar que eu tenho muito mais caráter do que um merda igual você. — foi tudo que disse antes de levar meu punho fechado de encontro ao seu rosto, lhe dando um murro de direita.

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