Eu e Carmen nos aproximamos de Kate e Tanya, que se abraçam em silêncio. É óbvia a devastação pela qual estão passando agora.
— Sinto muito, meninas — digo com honestidade. Irina não era a melhor pessoa do mundo, mas era irmã delas, afinal. E minha criadora, o que é um laço importante na vida de um vampiro.
— Obrigada, Rox — sussurra Tanya, vulnerável como nunca vi antes.
— Sentimos muito também — Kate diz.
— O que vocês acham de fazermos um enterro para ela? — Tento, querendo aliviar a dor delas de algum jeito.
— Sem corpo? — Tanya questiona, confusa.
— Temos... As cinzas — faço uma careta ao olhar para pequena pilha há alguns metros de distância.
— Podemos trabalhar com isso — Carmen concorda suavemente.
— Eu vou recolhe-lá — todas concordam e vamos até a pilha. Eu me agacho e é difícil assimilar que isso é Irina. Fico uns segundos apenas olhando para ela, tentando destacar os momentos não tão ruins que tivemos juntas.
Me surpreendo quando Seth fica ao meu lado, colocando a mão em meu ombro com gentileza.
— Obrigada, lobinho — sorrio fracamente. Ele apenas assente.
O Volturi se aproxima, assim como outros. Ele retira sua capa e arranca o capuz, estendendo para mim. Demoro alguns segundos para entender que ele está o oferecendo como algo para colocar Irina.
— Obrigada — agradeço, pegando o tecido macio e começando a colocar as cinzas nele. Acabo colocando um pouco de neve também, sem querer perder nada.
— Onde vamos deixá-la? — Carmen questiona.
— Casa? — Eleazar sugere. Ele está ao lado de Carmen, a abraçando de lado firmemente.
— Casa — concordam as irmãs.
— Então vamos lá — concordo, me levantando. Seth também.
— Correndo? — Ele pergunta.
— É o jeito mais rápido — Eleazar responde.
— Com licença, perdão pela interrupção — o Volturi diz, extremamente educado. Que ironia — espero que entenda minha situação, Eleazar. Não é o ideal, entretanto não vejo outro jeito. Posso acompanhá-los?
O queeeeeeeeeeê? O encaro surpresa.
— Eu entendo, Demetri. Pode vir conosco — Eleazar responde calmamente.
— Vamos nos despedir dos Cullen e partir — Carmen diz, parecendo não gostar muito da decisão do marido.
— Eu não quero — Tanya recusa, se afastando.
— Sejam rápidos — Kate a segue.
— Vamos? — Carmen me pergunta. Assinto, amarrando bem o capuz e segurando como se fosse uma bolsa. Oh, Deus. É Irina. As cinzas dela. Irina se foi. É tudo tão surreal.
Demetri se aproxima de mim, mas Seth se precipita em tocar meu ombro com gentileza novamente, o bloqueando.
— Vai ficar tudo bem — garante ele — suaviza com o tempo.
— É tão estranho — conto — não parece verdade.
— Eu sei — sorri compreensivo — no tempo certo a ficha vai cair para valer. Essa é a parte mais difícil, eu acho. Quando, do nada em um dia normal, algo nos faz perceber que a pessoa morreu mesmo.
— Eu sinto muito — coloco minha mão por cima da sua.
— Nós vamos ficar bem. É uma promessa.
Sorrio para ele. Demetri se aproxima, fazendo Seth recuar. O vampiro fica ao meu lado, sem falar nada, apenas encarando seriamente o lobo. Olho de um para o outro, sem entender. Será que está rolando alguma tensão sexual aqui? É cada uma que me acontece...
— Com licença — diz Demetri à Seth, que cerra o olhar para ele.
Ignoro seja lá o que eles estejam tendo e sigo Carmen e Eleazar. Vários já foram até a mansão dos Cullen, inclusive boa parte dos Cullen. Apenas Carlisle e Emmett restaram.
— Entendemos se não quiserem voltar após o enterro — Carlisle diz, compreensivo — mas saibam que os estamos esperando ansiosamente. Somos família.
— Obrigado, Carlisle — Eleazar sorri fracamente — apesar de tudo, estamos felizes com o rumo que tudo tomou para vocês.
Me aproximo de Emmett, que me olha com carinha de cachorro que caiu da mudança.
— Vou sentir falta de vocês — choro do jeito esquisito dos vampiros. Sem lágrimas, mas com a expressão de choro.
— O que vou fazer sem minha parceira de crime? — Emmett questiona.
— Carreira solo?
— Jamais. Apenas um hiatus — diz.
— Um hiatus — concordo.
— Aliás... Você tem o número de uma costureira? — Sorri. — Porque quando te vi, perdi a linha.
Isso arranca uma risada minha, baixa e breve, mas genuína.
— Podemos aproveitar e pedir para ela juntar nós dois! — Retruco.
— É melhor irmos, as meninas estão se afastando rápido — Carmen avisa. É lógica sua preocupação. Nos despedimos de uma vez e vamos atrás de Kate e Tanya. Depois que as alcançamos, Tanya pega o capuz de mim, ficando abraçada à ele.
Todo o longo caminho até nossa casa no Alasca é silencioso. Nem eu me atrevo a falar nada. Todos ficam perdidos em seus próprios pensamentos, se afogando em suas emoções. Eu não consigo parar de repassar o embate várias vezes em minha mente, é doentio.
Quando finalmente chegamos, Demetri se afasta para nos dar privacidade. Vamos para a parte de trás da mansão, onde Tanya cai ajoelhada em um certo ponto. Kate fica ao seu lado, começando a cavar um buraco com as próprias mãos. O resto de nós se junta a elas, também cavando. Tanya sai do seu topor e levanta uma mão, nos indicando para parar. Ela despeja as cinzas e até mesmo passa neve no capuz para não sobrar nada lá. Colocando o pano de lado, joga toda a neve de volta, tapando o buraco.
— Alguém quer dizer algo? — Carmen pergunta, sua voz trêmula.
— Não é justo — Tanya comenta, raivosa.
— Não mesmo — concordo.
— Fomos ajudar os Cullen e nós que acabamos perdendo alguém — continua ela, seus olhar focado nas mãos cravadas na neve à sua frente.
— Mas Irina causou tudo isso e depois assumiu toda a responsabilidade — rebato — não podemos ser injustos também.
— Se Irina não tivesse causado, outra pessoa causaria — Tanya retruca — não se pode esconder alguém como Renesmee para sempre, como eles planejavam fazer.
— É, mas Irina deu azar de ser ela a X9 — repito a gíria que Bia me ensinou — e todos sabem que X9 morre cedo. É até um ditado popular no Brasil...
— Eu não me importo — Tanya me corta, com desprezo.
— Não adianta ficarmos discutindo isso — Eleazar se pronuncia — a culpa é dos Volturi com suas punições fora de proporção. Eles são os culpados. E nós não podemos fazer nada quanto a isso.
— Agora — Carmen completa, sombria como eu nunca vi antes — porque eu tenho esperança de que um dia eles cairão.
— E, nesse dia, teremos nossa vingança — Kate concorda.
— E falando em Volturi... Alguém pode me dizer o que diabos está acontecendo entre eu e Demetri? Porque eu ainda não saquei. — Digo, quebrando o clima.
Tanya revira os olhos e foca no túmulo improvisado novamente, enquanto Carmen e Eleazar trocam um olhar cauteloso.
— Vocês são almas gêmeas — Kate me diz.
Arregalo tanto os olhos que eles poderiam voar para fora.
— Katerina! — Carmen diz em tom repreendedor.
— Só Kate! — Retruca como uma verdadeira adolescente.
— O que ela quis dizer, Roxy, é que você e Demetri são parceiros. Na nossa espécie, todos têm um parceiro. A descoberta do laço varia, alguns descobrem imediatamente, outros gradativamente de acordo com a convivência — explica Eleazar.
— Alguns sentem e já entendem, outros sentem e não entendem, outros não sentem nada à princípio — Carmen continua.
— Um ano como vampira e eu ainda estou aprendendo coisas — reclamo — é saco.
— Ainda tem muito tempo pela frente, querida. — Eleazar sorri.
— Ou nem tanto — Tanya comenta, mórbida.
Credo. Xó, energia negativa!
— Então eu e Demetri somos parceiros... Para sempre? — Volto ao assunto.
— Sim. Para sempre — assente Carmen, dando uma olhada amorosa em Eleazar.
— Mas você não é obrigada a ficar com ele — Kate comenta.
— Ou ele com você — adiciona Tanya.
— É, às vezes almas gêmeas podem ser além de românticas também. Você pode ver Demetri como um amigo ou até uma figura paterna. Almas gêmeas são duas pessoas que estão ligadas e estarão juntas para sempre, não importa como — Kate continua — pelo menos foi o que eu ouvi sobre.
Eu já tenho Eleazar como pai, ele é ótimo. Emmett é meu melhor amigo, com certeza. Então acho que Demetri se encaixará como meu gostoso marido um dia.
Marido.
Céus, isso está indo rápido demais. Em que momento eu decidi sonhar tão alto mesmo?
— Isso é... — Não tenho palavras.
— Processe no seu tempo, querida. Não precisa decidir nada agora — Carmen me consola.
— É, mas logo Demetri estará aqui — Kate comenta.
— É bom tentar não parecer boba na frente dele — Tanya diz — apesar disso ser difícil para você.
Reviro os olhos me levantando. Ok, já entendi, eu sou o alvo preferido dela para descontar a dor do luto. Ótimo.
— Vou me recompor, com licença — digo, indo para casa.
Está tudo exatamente como deixei da última vez. A poeira acumulada faz eu torcer o nariz, principalmente quando ela se levanta enquanto eu ando em passos rápidos até meu quarto. Tranco a porta e abro as janelas, deixando a brisa fria entrar. Ligo meu aparelho de som e coloco ABBA para tocar.
Tomo um banho demorado, limpando cada parte do meu corpo em velocidade humana. Aproveito para chorar um pouco, a água do chuveiro fazendo papel de lágrimas. Quando me dou por satisfeita, vou até meu guarda-roupas e coloco meu vestido favorito, que eu tenho de quando eu ainda era humana. Ele me faz sentir confortável e segura, o que me deixa um pouquinho melhor para conversar com Demetri.
"The winner takes it all" termina e Demetri bate na porta nos segundos de pausa até "Dancing Queen" começar.
Abro a porta e sorrio nervosamente, abrindo espaço para ele entrar.
— Então... Como isso vai funcionar?
a atualização tarda, mas não falha!
juro, deu um bloqueio enorme. fiquei meses escrevendo de pedaço em pedaço, até estar agora (momento em que escrevo, o que vai ser diferente do momento em que vou postar), meia noite de uma quinta-feira feira, escrevendo sem parar em várias fics e FELIZMENTE nessa! a relação de roxy e demi é mais complexa do que eu previ 🤡
sim, tanya de luto vai ser pior que a tanya normal então se preparem. sério. SE PREPAREM 😈
vocês merecem mimos após tanto tempo longe. quais interações vocês gostariam de ver acontecendo?
e já que chegou até aqui, dá uma passadinha no meu perfil e me segue 😘